sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

A MELHOR E A PIOR COISA

A melhor coisa é ser amado pelo o que você é; a pior coisa é ser odiado pelo o que você não é.

(Antonio Gustavo)

sábado, 22 de fevereiro de 2025

SER

O homem que segue a tendência alheia caminha em direção a ruína do ser; o homem que segue a sua essência caminha em direção a plenitude do ser.

(Antonio Gustavo)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

PESSOA DE VALOR

Ser honesto não significa que as outras pessoas também serão honestas com você. Mas, significa que você é uma pessoa de valor em meio a muitas pessoas que já perderam seus valores.

(Antonio Gustavo)

SER HONESTO

Ser honesto é algo que não depende de ter a aprovação dos outros, mas sim de ter caráter.

(Antonio Gustavo)

VENCEDOR

Na vida eu fui um vencedor, porque praticamente tudo que dependeu de mim deu certo. Mas, o que geralmente dependeu dos outros deu errado.

(Antonio Gustavo)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

NÃO DEIXA DE SER

Há pessoas que reconhecem quem você é e há pessoas que não reconhecem. O mais importante disso é saber que, de um modo ou de outro, você não deixa de ser quem você é.

(Antonio Gustavo)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

MAU-CARÁTER

Nada conforta mais as pessoas que são mau-caráter do que acusar as outras pessoas de ser aquilo que elas próprias são.

(Antonio Gustavo)

QUEM SOMOS

Ainda bem que não dependemos da opinião dos outros para ser quem somos. Pois, se dependêssemos da opinião dos outros nunca seriamos quem somos.

(Antonio Gustavo)

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

ELA ERA

Ela era não apenas da arte uma bela obra

Transmitindo profunda inspiração 

Mas, também da vida a mais criativa artista

Transformando o amor em solução.


Ela era como uma luz no meio das trevas

Irradiando intensamente o bem na minha direção

O alivio sereno da paz após tantas batalhas

A mulher que sabia ouvir a voz do meu coração.


Ela era não como muitos tolos a imaginavam 

Simplesmente mais uma qualquer na multidão

Mas, àquela por quem meus olhos brilhavam 

Despertando o encanto da mais doce emoção.


Ela era a musa que todo poeta na vida queria encontrar

Fazendo até do frio do inverno emergir o calor do verão

Sabia assim como ninguém o melhor de mim despertar 

Ganhando o meu tempo com a sua imperfeita perfeição.

POEMA: ANTONIO GUSTAVO


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

AUSÊNCIA

O que compensa a dor da ausência é a alegria de saber que ainda haverá reencontro; o que não compensa a dor da ausência é a tristeza de saber que não haverá mais reencontro. 

(Antonio Gustavo) 

domingo, 16 de fevereiro de 2025

BOM REFÚGIO

O conhecimento é como a luz acesa de um bom refúgio para nos abrigar contra o mau das trevas da ignorância.

(Antonio Gustavo)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

RARAS

Raras não são as pessoas que veem que você não está bem, mas sim raras são as pessoas que realmente se importam em quererem te ver bem.

(Antonio Gustavo) 

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

POESIA DE VERÃO


Ela, eu e o mar tinha tudo a ver 

O mais belo encontro que podia acontecer

Como o verde, o azul e o amarelo a desenhar

Uma doce fantasia na realidade a realizar.


Poesia de verão a recitar: menos dores; mais amores 

No calor do sol a irradiar: festas, afetos e flores

Para mais tarde a noite a lua fascinante convidar

Estrelas brilhando na escuridão a iluminar.


A paisagem tropical do litoral colorida a renascer

Celebrando dias melhores assim sempre aparecer

No horizonte a terra, o céu e o mar juntos a se abraçar

Eu e você na eternidade desse momento a se amar.


Com o encanto desse encontro na praia a acontecer

Confirmo que o paraíso só tem valor se estiver com você

Nos sentimentos, a mergulhar; nos pensamentos, a flutuar

A vida só faz sentido mesmo sentindo o que é amar. 

POEMA: ANTONIO GUSTAVO

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

MELHORES MEMÓRIAS

Nas minhas melhores memórias nunca estiveram presentes coisas, mas sempre estiveram presentes momentos, lugares e, sobretudo, pessoas.

(Antonio Gustavo)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DOS CAMPOS FUNCIONAIS NA TEORIA DE HENRI WALLON

Henri Wallon foi um importante pensador francês considerado como um dos principais pensadores interacionistas ao lado do pensador suíço Jean Piaget e do pensador russo Lev Vygostky. Suas contribuições até os dias de hoje exercem uma significativa influência principalmente no campo psicológico e educacional. Já que apesar de Henri Wallon não ter elaborado uma teoria especifica de ensino, mas criou uma teoria que apresenta ideias nas quais estão relacionadas a explicação da afetividade e dos campos funcionais que ajudam na resolução de algumas questões psicológicas e educacionais.

Além de interacionista ficou especificamente conhecido como “psicólogo da emoção”. Pois, em sua teoria da psicologia do desenvolvimento colocou em lugar de destaque a dimensão afetiva. Na medida em que segundo esse pensador francês a afetividade desempenha um papel central. Afirma que “[...] é nos primeiros vislumbres da vida psíquica, no seu período afetivo, que se encontra a origem da evolução da pessoa” (WALLON, 2007, p. 215).

Sendo assim, podemos dizer que a afetividade precede a cognição, ou seja, a afetividade é um elemento primordial, porque é anterior a formação e desenvolvimento da atividade cognitiva. Porém, é necessário não apenas de ser levada em consideração no início, mas também durante e até o término da vida humana. Por outras palavras, isso significa dizer que existe no início, meio e fim. Logo, esse elemento tem um caráter permanente na vida humana. Por isso, segundo SILVA (2014) a afetividade evidencia-se como um componente permanente da ação.

Mesmo dando uma atenção maior assim a afetividade, revelando a importância dessa dimensão, não podemos esquecer de ressaltar que na concepção de Henri Wallon sobre o desenvolvimento das atividades psíquicas. Existem outros elementos que em conjunto constituem o que ele vai chamar de campos funcionais nos quais são basicamente compostos por: motricidade, afetividade, inteligência e a pessoa. Compreendendo o ser humano na sua totalidade e não na especificidade de cada uma dessas funções.  

Nesse sentido, as contribuições do pensador Henri Wallon superam tanto a concepção idealista quanto supera a concepção materialista. Porque na concepção idealista a dimensão mental era compreendida separadamente da dimensão material. E na concepção materialista a dimensão biológica era compreendida isoladamente da dimensão psicológica. Sua teoria walloniana opõe-se aos reducionismos biológicos e psicológicos e aos limitantes dualismos corpo/mente, organismo/sociedade que tanta marcaram a educação e a psicologia.

Sendo que para Wallon todos esses fatores estão integrados (NUNES E SILVEIRA, 2011). E, assim, devem ser compreendidas essas dimensões nas inter-relações que naturalmente estabelecem na sua coexistência. Tanto no âmbito psicológico com um sujeito visto como integral quanto no âmbito educacional com a educação integral, visando levar em consideração o sujeito na sua totalidade. Ainda que, segundo CARVALHO (2020), no pensador Wallon o foco dessa questão se manifesta, sobretudo, na afetividade e na construção do sujeito.

A motricidade corresponde a um dos principais campos a se desenvolver e que serve de base para o desenvolvimento dos demais campos funcionais. Haja vista que para esse pensador “o movimento já começa na vida fetal” (WALLON, 1995), isto é, durante o desenvolvimento do estágio intrauterino, antes mesmo do ser humano posteriormente existir no mundo, inicialmente em forma de bebe, constituindo-se pluralmente tanto em mais um ser humano quanto singularmente em mais um indivíduo.

Não obstante, o movimento é a tradução da vida psíquica antes também do surgimento da palavra. (WALLON, 1975, p.75). Pois, antes mesmo do ser humano se expressar por palavras oralmente ou verbalmente, expressa-se corporalmente de imensuráveis maneiras pela motricidade. Caracterizada por três movimentos principais: passivo ou exógeno, ativo ou autógeno e reações posturais.

Movimento passivo responsável pelo equilíbrio do corpo no espaço. Movimento ativo responsável pelos deslocamentos do corpo ou partes do corpo no espaço. Reações posturais são reveladoras das expressões faciais e corporais. Sendo o movimento, no geral, o que possibilita o desenvolvimento da percepção e da representação. Por exemplo, o sentido da construção do movimento da criança no seu percurso segue a direção do motor para o mental, indicando que o ato motor possibilita a representação do ato mental.

É válido dizer que não podemos jamais entender esses diferentes tipos e funções de movimentos de maneiras fixas, isoladas e únicas. Mas, no contexto da dinâmica da sua interação em conjunto com o meio e com as outras pessoas. Nesse sentido, na concepção desse pensador o ser humano é um ser organicamente social. Por isso, “Não se pode explicar uma conduta isolando-a do meio em que ela se desenvolve (WALLON, 1986:369).

O meio aparece aqui, ao contrário do que a princípio poderia se imaginar ou pensar, não simplesmente como meio físico, mas sim como algo mais abrangente, sendo para Wallon identificado como três tipos possíveis de meios: meio físico-químico, correspondendo as condições presentes no ambiente; meio biológico, onde o homem estabelece e mantém relações com outras espécies existentes no planeta; meio social, determinando as condições de interações de diversas relações sociais, cujas mesmas são regularmente mais transitórias.

Além disso, o meio ainda pode ser entendido por um certo espaço que assume diferentes conotações. Porque logicamente pode variar, desde ser o meio familiar, passando pelo meio social, o meio cultural e até o meio escolar no qual é fundamental para o desenvolvimento do ser humano.

O meio ainda envolve, ao mesmo tempo, importantes noções como, por exemplo, a noção de conjunto e circunstância; a noção de meio de ação, ou seja, um determinado tempo, espaço e circunstância onde o ser humano assim de alguma maneira atua. Exercendo e realizando os seus movimentos.

A afetividade é a primeira forma de interação com o meio e a motivação primeira do movimento. A afetividade tem origem nas sensibilidades interoceptiva. A afetividade é composta por: emoção, sentimento e paixão. A emoção é a primeira expressão da afetividade; não é controlada pela razão. Segundo DANTAS (2019, p. 138) possui um caráter altamente contagioso decorrente do fato de que é mais visível, abrindo-se do interior em direção ao exterior.

A emoção é quem fornece o primeiro vínculo entre os seres humanos. Como se fosse, de certo modo, a linguagem antes da linguagem, porque as expressões faciais e corporais decorrentes da emoção estabelecem, apesar de menos elaboradas do que outras formas de expressões existentes, um primeiro contato com o contexto que está inserido. A emoção é assim a manifestação mais evidente, mais intensa e menos contida da sensibilidade. Sendo originária dos anteparos biológicos, possuindo impactos físicos e sociais de modo espontâneo (PINHEIRO, 2014).

O Sentimento tem um caráter mais cognitivo. Consegue, a medida do possível, expressar pela fala, por exemplo, o que lhe afeta. Tornando o afeto irracional em uma demonstração de afeto racional. A paixão tem a ver com o autocontrole das emoções e dos sentimentos auxiliando em diversas situações.

Por outras palavras, podemos também dizer que o ser humano tem basicamente na emoção uma ativação preponderantemente fisiológica, exteriorizando os diferentes estados emocionais de reações diretas e instantâneas; no sentimento uma ativação preponderantemente da representação que tende a atenuar a potência da emoção, expressando-se pela linguagem; na paixão uma ativação preponderantemente do autocontrole como competência para gerir alguma situação.

No senso comum estabelecido se costuma ouvir muito as pessoas dizerem que a emoção e o sentimento são duas coisas iguais como se fossem palavras sinônimas, isto é, palavras nas quais uma tem o significado equivalente ao significado da outra. Mas, acreditar nisso está errado. Simplesmente porque, apesar de que, às vezes, pode até parecer uma (emoção) com o outro (sentimento), ainda assim mesmo com a maioria continuando a acreditar nisso não torna isso uma verdade. Pois, ambos são de fato diferentes elementos que constituem a afetividade.

A emoção apesar de também ser social é mais biológica e bem menos racional, enquanto o sentimento é mais social e até um certo tanto mais racional. Além disso, outra característica interessante sobre essa questão que proporciona estabelecer a diferenciação entre emoções e sentimentos é que as durações das emoções costumam ser mais efêmeras, ou seja, as emoções são mais passageiras, enquanto as durações dos sentimentos são normalmente mais duradouras, ou seja, os sentimentos são menos passageiros.

A inteligência está ligada tanto a fatores biológicos quanto principalmente ligada a fatores sociais. A gênese da inteligência é biológica e social. São dimensões indissociáveis e complementares. Mas, segundo o pensador Wallon, em relação a origem da inteligência inicialmente é biológica e, posteriormente, é psicológica. Já que a razão nasce da emoção. É no desenvolvimento da inteligência que se manifesta a realização de dois aspectos relevantes: o sistema de símbolos e a linguagem, os quais são desenvolvidos integralmente para possibilitar a aquisição do indivíduo (DAUTRO; LIMA, 2018).

A pessoa se constitui como a representação da integração de todos esses três elementos (afetividade, cognitividade e motricidade) que fazem parte dos campos funcionais. Coordenando as demais funções. A pessoa é responsável pela identificação do eu e pela consciência.

O desenvolvimento da pessoa se dá numa construção progressiva em que se alternam estágios nos quais ora predominam aspectos afetivos e ora cognitivos. Essa tendência a predomínio de um aspecto sobre o outro, o pensador Henri Wallon nomeou de “predominância funcional” que na sua explicação dessa ideia aparece como sendo um princípio de alternância funcional (GUEDES, 2007, p. 6).

Seja de um modo ou de outro modo, alternando-se em um momento mais cognitivo ou em outro momento mais afetivo. Certamente são dimensões indissociáveis que se complementam na vida do ser humano. Inclusive, nesse sentido, é válido destacar uma interessante reflexão: “não basta apenas o ser humano sentir o sentimento e pensar o pensamento, mas também buscar sentir o pensamento e pensar o sentimento” (Antonio Gustavo). Sentimentos compõem a afetividade e pensamentos integram a cognitividade, mas há em alguma medida sentimentos nos pensamentos e pensamentos nos sentimentos. Porque é impossível encontrar elementos do desenvolvimento que sejam puramente cognitivos ou elementos do desenvolvimento que sejam puramente afetivos. Todo comportamento humano se constitui, dentre outras coisas, na conexão dessas suas dimensões.  Ainda que cada uma dessas dimensões possua suas próprias características, ambas coexistem e se inter-relacionam na pessoa.

Na perspectiva de Wallon na compreensão do princípio da alternância funcional através do qual se alterna a afetividade e a cognitividade, existem basicamente dois tipos de movimentos sinalizando direções diferentes que refletem aspectos funcionais, denominados de movimento centrípeto e movimento centrífugo. Nessa alternância entre esses dois elementos em que ora predomina um e ora predomina outro. Por um lado, quando acontece de ser a afetividade predominando sobre o cognitivo este movimento é chamado de centrípeto. Tende a se orientar por uma direção interna. Tendo como uma das características principais ser o momento em que a criança se volta para si mesma, concentrando a sua busca e interesse na construção do eu. Por outro lado, quando acontece de ser o cognitivo predominando sobre a afetividade este movimento é chamado de centrífugo. Tende a se orientar por uma direção externa. Possuindo como uma das características principais a criança está voltada a sua atuação para a elaboração da realidade externa e atenção ao universo que a rodeia. 

A compreensão do ser humano não pode ser pautada exclusivamente em algum momento especifico de sua vida, pois suas características normalmente se modificam, desenvolvendo e melhorando ao longo do tempo, a medida em que vai constituindo-se como indivíduo e interagindo com as outras pessoas no meio. Por isso, o ser humano deve ser visto geralmente como um sujeito integral na sua individualidade e sociabilidade como síntese de múltiplas dimensões.

A construção da pessoa num certo sentido é uma autoconstrução que quando vinculada ao uso da inteligência pode resultar positivamente na formação e desenvolvimento de personalidades originais e de valores. Nas quais para manter um eu diferenciado em sua individualidade e, ao mesmo tempo, integrado em sua sociabilidade requer de fato a extensão da inteligência (DANTAS, 2019, p.150-151). Porque naturalmente “a afetividade depende, para evoluir, de conquistas realizadas no plano da inteligência e vice-versa” (DANTAS, 1992a: 90).

Para Wallon (1995) a vida afetiva constitui-se a partir de um intenso processo de sensibilização. Tendo em vista que corresponde a praticamente tudo que pode nos afetar promovendo sensações seja de maneira positiva e boa ou de maneira negativa e ruim. Muito embora a motivação desses estudos e pesquisas deve residir, dentre outras coisas, na preocupação em buscar focar a utilização dessas ideias wallonianas sobre a afetividade, sobretudo, visando o bem. Logo, no que sensibilize o ser humano de maneira positiva e boa.

Porque sabemos que “o afeto tem a capacidade de confortar muito mais do que palavras agradáveis” (Antonio Gustavo). Tendo em vista que ao contrário disso o uso somente da racionalidade não é suficiente. Torna-se algo desinteressante e desgastante ao longo do tempo, promovendo aspectos cognitivos em detrimento dos aspectos afetivos. No entanto, quando os aspectos cognitivos e os aspectos afetivos não são entendidos separados, mas sim compreendidos inter-relacionados sendo os afetos utilizados principalmente em função de motivar o ser humano não apenas em se desenvolver na aprendizagem, mas também nas suas relações sociais isso é algo diferente. Porque o ser humano se sente, de certo modo, assim mais confortável para continuar motivado a buscar aprender algo e interessado a se relacionar melhor com as outras pessoas.

A criança, por exemplo, geralmente tende a se sentir mais confortável no processo de ensino do meio escolar para aprender e no meio familiar, social e cultural para se relacionar quando é afetada de forma positiva e boa sendo incentivada a sentir as suas emoções; vivenciar seus sentimentos e, a medida do possível, compreendê-los e expressá-los em gestos, falas, escritas ou ações. Contribuindo a criação dessas condições favoráveis assim para valorizar a criança no desenvolvimento e mobilização de forma positiva e boa dessas quatros dimensões dos campos funcionais em sua coexistência: motricidade, afetividade, inteligência e pessoa.

No âmbito educacional, o educador atendendo as necessidades desta criança nos planos afetivo, cognitivo e motor promoverá o desenvolvimento da criança em todos os níveis (SILVA, 2018). Até porque "É contrário à natureza tratar a criança fragmentariamente" (WALLON, 2007, p. 198).

Sendo assim, as relações que se estabelecem entre o sujeito, o objeto de conhecimento e o agente mediador são, sem dúvidas, influenciadas pela dimensão afetiva, haja vista que causam impactos subjetivos que podem ter como uns dos efeitos conduzir na realização, por um lado, do movimento de aproximação e, por outro lado, do movimento de distanciamento entre o sujeito e o objeto de conhecimento (LEITE, 2012).

“Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva” (Rubem Alves). Sendo assim, a afetividade se constitui em ponto de partida para o desenvolvimento psicológico e educacional do ser humano. “O ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade diferenciou-se, lentamente, a vida racional” (WALLON, 1986, p.120). A afetividade é um elemento primordial para conduzir a aprendizagem ao despertar o interesse pela atividade intelectual, estimular a busca pelo saber e o desenvolvimento da autonomia, potencializando as relações sociais.

Na questão do ensino e afetividade, por exemplo, o professor para que atinja seus objetivos de promover a aprendizagem, deve saber que as emoções, os sentimentos, e as paixões que em conjunto correspondem a afetividade, variam de intensidade em função dos contextos, mas que antes estão sempre presentes na vida, exercendo influência de alguma forma em nossas atividades (BUURON, 2021).

A afetividade geralmente desempenha uma contribuição positiva e boa tanto na aprendizagem quanto na relação professor-aluno. Segundo RIBEIRO (2010) quando existe afetividade em ambas dimensões, o aluno tem possibilidade de apresentar um maior desenvolvimento intelectual, psíquico e emocional. Por isso, a afetividade é algo essencial de haver, dentre outras coisas, no processo de construção do conhecimento.

Resultando, por exemplo, em ampliar possibilidades tanto nas realizações de desempenhos escolares quanto nos acontecimentos de relações melhores com a afetividade representando um elemento de motivação para professores e estudantes. Já que na perspectiva do professor, o afeto demonstra, muitas das vezes, a gratificação por seu trabalho e, para o aluno, em grande parte, a satisfação em estar no ambiente escolar (SANTOS, 2012).

Assim, na teoria Walloniana, refletindo sobre a afetividade e a aprendizagem, podemos perceber o quanto essas ideias são importantes de utilizar no meio escolar para criar um clima menos inóspito e mais confortável. Ao ponto de influenciar no âmbito escolar na pratica de uma educação não apenas de caráter mais integral com o ser humano visto como pessoa completa nos seus aspectos biológicos, afetivos, intelectuais e sociais, mas também tornando, ao mesmo tempo, o ambiente escolar um espaço mais humanizado. No qual, a medida do possível, onde há acolhimento continue havendo e onde não há acolhimento que passe a existir para o ser humano, seja ele não apenas criança, mas também jovem e adulto. Acolhimentos, por exemplo, com determinados momentos no meio escolar onde possa haver a realização de uma roda de conversa com cada criança tendo a oportunidade compartilhar seus sentimentos bem como os seus conhecimentos e as suas experiências.

Contudo, apesar de ser bastante relevante a afetividade assim como qualquer outra dimensão sozinha não é um elemento suficiente, mas quando inter-relacionada com outras dimensões, sendo utilizada de maneira positiva e boa no âmbito educacional pode contribuir sim para ajudar a resolver ou, pelo menos, minimizar problemas de indisciplinas, desatenções, dificuldades de aprendizagem e interações das crianças que acontecem no meio escolar.

Visando desenvolver habilidades socioemocionais nas quais são promovidas pela teoria Walloniana, tais como: empatia, autoregulação emocional e resolução de conflitos. Essas habilidades socioemocionais podem ser manifestadas no âmbito escolar, por exemplo, na interação social, através da construção de atividades colaborativas, nas quais as crianças têm a oportunidade de interagir com os colegas e compartilhar ideias; em jogos cooperativos, incentivando a cooperação e respeito mútuo nessa interação; no estimulo a autonomia, proporcionando possibilidades para que elas tomem decisões que se sintam mais à vontade para explorar e descobrir algo por si mesmas; na motivação, acreditando na capacidade dos alunos como algo essencial não apenas para estimular a autoestima, transmitir segurança, mas também principalmente para que aprendam melhor.

Por esses e outros motivos, podemos entender assim porque as valiosas ideias do pensador Henri Wallon são tão importantes, pois contribuem não apenas em explicar e resolver certas questões psicológicas, mas também sendo levadas em consideração no âmbito educativo contribuem traduzindo-se em influenciar positivamente na prática pedagógica; promover boas relações entre professores e estudantes; compreender melhor a si mesma e as outras pessoas; realizar uma educação de caráter integral; desenvolver habilidades socioemocionais; elevar a qualidade do ensino e da aprendizagem; inspirar em buscar tornar o ambiente escolar o mais humanizado possível.

TEXTO: ANTONIO GUSTAVO


REFERÊNCIAS:

ALVES, Rubem. O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender. Campinas, SP: Fundação Educar DPaschoal, 2004.

BUURON, Beatriz da Silva. A afetividade no processo educativo segundo Henri Wallon. UNESP, São José do Rio Preto, 2021.

CARVALHO, Wanessa Alves. AFETIVIDADE E INDISCIPLINA ESCOLAR: Os Aspectos da Indisciplina Escolar na Perspectiva Walloniana. IFSULDEMINAS. Disponível em: https://www.oasisbr.ibict.br/vufind/Record/IFSULMG-1_616f8d78a09f89aca55ebd828c63e77c.  Acessado em: 01/02/2025

DANTAS, Heloysa. A infância da razão. São Paulo: Manole, 1992.a

DANTAS, Heloysa. A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon. In LA TAILLE, Yves de. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. Yves de La Taille, Marta Kohl de Oliveira, Heloysa Dantas. São Paulo: Summus, 2019.

DAUTRO, Grazziany Moreira; LIMA, Welânio Guedes Maias de. A Teoria psicogenética de Wallon e sua aplicação na educação. In: V CONEDU, 5., 2018, Campina Grande. Anais [...] Campina Grande, PB : Realize, 2018. p. 1-12. Disponível em: https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/46160. Acessado em: 01/02/2025

GUEDES, Adrianne Ogêda. A Psicogênese da pessoa completa de Henri Wallon: Desenvolvimento da comunicação humana nos seus primórdios. Rio de Janeiro: UFF, 2007.

NUNES, Ana Ignês Belém Lima; SILVEIRA, Rosemary do Nascimento. Psicologia da aprendizagem: processos, teorias e processo. 3. ed. Brasília: Liber Livro, 2011.

LEITE, Sérgio Antonio da Silva. Afetividade nas Práticas Pedagógicas. Temas em Psicologia, Vol. 20, p. 355-368. UEC, Campinas, 2012.

PINHEIRO, Gabriel Silva. Contribuições de Rousseau e Wallon para a Educação Contemporânea. In: BARTHOLOMEU, D; MONTIEL, J. M; SILVA, M. C. R. (Org.). Psicopedagogia, Desenvolvimento Humano e Cotidiano Escolar. 1ed. São Paulo: Vetor Editora, 2014.

RIBEIRO, Marinalva Lopes. A Afetividade na relação educativa. Estudos de Psicologia, vol. 27, núm.3 pp. 403-412, PUC, Campinas, 2010. 

SANTOS, Felisnaide Martins dos. A Importância da afetividade no processo de ensino e aprendizagem como mediadora da práxis educativa no ensino superiorRevista UNI, Imperatriz, a. 2, v. 2, p. 111-122, jan./jul. 2012.

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SILVA, Antonio Gustavo. AFETO. BLOG: Fragmentos dos Meus Uni-Versos. Disponível em: https://antoniogustavobr.blogspot.com/2023/12/afeto.html Acessado em: 01/02/2025

SILVA, Antonio Gustavo. SENTIMENTO E PENSAMENTO. BLOG: Fragmentos dos Meus Uni-Versos. Disponível em: https://antoniogustavobr.blogspot.com/2023/11/sentimento-e-pensamento.html.

 Acessado em: 02/02/25

SILVA, Ana Lúcia dos Santos Dino da. Afetividade na Educação Infantil. Disponível em: novaescola@fvc.org.br. Acessado em: 31/01/2025

WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1995b.

WALLON, Henri. Psicologia e educação da infância. Lisboa: Editorial Estampa, 1975.

WALLON, Henri. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole, 1986.

MOTIVAÇÃO

A paixão pelo o que você faz ao invés da necessidade de aprovação é a melhor motivação que você ter.  (Antonio Gustavo)