Lev Vygotsky (1896-1934) é considerado como um dos mais importantes pensadores russos do campo da educação e psicologia principalmente durante o século XX. Não obstante, até os dias de hoje suas ideias permanecem não apenas importantes, mas também exercendo uma significativa influência.
"É preciso ser um realista para descobrir a realidade. É preciso ser um romântico para criá-la" (Fernando Pessoa)
quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL DE VYGOTSKY
sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
FILOSOFIA: O QUE É O ESTOICISMO? QUAL A SUA IMPORTÂNCIA?
O estoicismo é uma interessante perspectiva filosófica originada
durante a Grécia antiga, aproximadamente a 300 anos antes de cristo. Sendo
fundada no século IV a.c pelo importante pensador Zenão de Cítio (334-262 a.c). Foi um dos primeiros a definir de maneira clara, em sua obra intitulada
“Da Natureza do Homem”, uma das características primordiais do estoicismo na
qual entende que o ser humano deve “viver de acordo com a natureza”.
A natureza é a fonte de todas as coisas e estabelece a
interconexão entre todos os seres vivos. Buscar viver em harmonia com ela é
algo essencial. “Nascemos para colaborar e agir uns contra os outros é
contrário à nossa natureza” (Antonio Gustavo). Tudo está conectado e cada um
enquanto parte integrante desse todo tem um propósito especifico a realizar.
Para o pensador Zenão as coisas basicamente podem ser
divididas em boas, más e indiferentes. Ao que é bom, pertence a virtude; ao que
é mau, pertence ao vício; ao que é indiferente, todas as outras coisas
derivadas do que é externo. Nesse sentido, uma das características centrais do
estoicismo é que assim como existe quatro virtudes consideradas principais
(sabedoria, temperança, coragem e justiça) a ser seguidas. Existe quatro vícios
principais (estupidez, intemperança, covardia e injustiça) a ser evitados.
Logo, as pessoas devem não apenas se ocupar em buscar o que é bom como as virtudes e evitar o que é mal como os vícios. Mas, também não se preocupar tanto com as coisas que lhe são indiferentes. O que se denomina de ataraxia, isto é, a ética baseada em manter ou alcançar um estado de serenidade na indiferença de determinados acontecimentos externos.
Em relação a questão das quatros virtudes cardeais isso é
uma ideia incorporada ao pensamento filosófico do estoicismo, cuja origem
provém do pensador grego Platão. Cada uma das quatros virtudes cardeais
(sabedoria, justiça, temperança e coragem) devem ser tratadas em conjunto de
maneira naturalmente interativas e não artificialmente isoladas. Haja vista que
estão integradas a vida.
Correspondendo a sabedoria: a capacidade de discernir o
bem do mal; o certo do errado; o justo do injusto; o verdadeiro do falso.
Afastando de uma percepção distorcida da realidade e aproximando de uma interpretação
melhor. Enxergando as coisas pelo o que são e não pelo o que desejamos que
sejam. “Se não for certo não faça, se não for verdade não diga” (Marco Aurélio)
A justiça: pode ser entendida como dar a cada um o que lhe
é devido. Para o pensador Marco Aurélio essa virtude era considerada a mais
importante: “a fonte de todas as outras virtudes”. Inclusive, ele diz que:
“quem comete injustiça é um ímpio, porque a natureza do conjunto universal
constituiu os seres racionais uns para os outros, de maneira que se
favorecessem mutuamente segundo o seu mérito, sem que, em nenhum caso, se
prejudicassem” (Marco Aurélio).
Por isso, a sabedoria para saber a verdade é algo que
sempre tem de ser essencialmente alinhada à justiça para tomar decisões que
promovam e beneficie o bem e combatam e punam o mal. Tanto na omissão quanto na
ação pode-se constituir uma injustiça, ou seja, quem participa passivamente
assistindo uma injustiça acontecendo e não interfere de alguma maneira para
impedir é injusto assim como é injusto quem ativamente pratica a injustiça.
Devendo ser a justiça tanto punitiva em relação aos que fizeram ou fazem o mal
quanto restaurativa em relação aos que sofreram ou sofrem injustiças. Agir de
maneira justa, apesar da pressão de não o fazer, isso é algo que esse pensador
se preocupava e valorizava. Pois, há vidas em que dependem do uso correto da
justiça e da sabedoria. “A salvação da vida consiste em ver inteiramente o que
é cada coisa em si mesma, qual é a sua matéria e qual é a sua causa. Em
praticar a justiça com toda alma e em dizer a verdade” (Marco Aurélio).
A temperança: o domínio de si próprio. Assegurando o equilíbrio das emoções e razões, valorizando a moderação até mesmo no uso dos bens. Sendo o que tem valor avaliado como superior ao que tem preço. Exercendo autocontrole na atração pela ganância. O que se denomina de autarquia, ou seja, controle de si mesmo, das realidades interiores, cultivando as virtudes.
Coragem: firmeza e constância na busca do bem.
Resistindo as adversidades e superando obstáculos. A pessoa deve sempre fazer o
que é certo mesmo quando tenha medo. Ter coragem é algo que envolve, por
exemplo, a coragem de ser honesto, de defender os outros e de fazer escolhas
difíceis. A causa da coragem assim tem que ser justa. Uma virtude em disposição
da boa causa e em função da justiça.
Além disso, ideias provenientes de Sócrates também
influenciaram o estoicismo, pois os estoicos concordavam com a concepção
socrática de que virtude é conhecimento. Sendo a virtude considerada o bem mais
elevado. Sendo assim, tanto as ideias de Sócrates quanto as de Platão são
incorporadas nesse pensamento filosófico.
Tendo em vista que para entender o funcionamento do cosmo,
ou seja, do universo, da natureza, do ser humano e da vida buscavam a partir principalmente
da racionalidade e do conhecimento. Não se eliminando ou fugindo da emoção dos
sentimentos e nem, muito menos, evitando em absoluto a emoção até porque é algo
impossível, mas sim buscando diminuir o domínio dessas coisas, visando transformar
o afeto irracional em afeto racional.
Há muitos pensadores estoicos, mas os principais filósofos
são: Zenão, Epiteto, Sêneca, Marco Aurélio. No livro “Meditações” de autoria de
Marco Aurélio apresenta ideias fundamentais do estoicismo que é resultado de um
conjunto de anotações pessoais de profundas reflexões desenvolvidas sobre
diferentes acontecimentos diários que são até hoje considerados por muitos
estudiosos do tema como uma das principais referências sobre o estoicismo.
Em uma das diversas passagens desse livro, esse pensador
diz algo que em poucas palavras resume muito sobre o propósito do estoicismo:
“Não perca tempo discutindo sobre o que um bom homem deve ser. Seja um” (Marco
Aurélio). Isso é uma preocupação central que norteia a finalidade do
aprendizado adquirido com o conhecimento filosófico do estoicismo, ou seja, fazer
a nossa parte para construir condições favoráveis de nos tornarmos de fato
seres humanos melhores. Sendo assim, mais desenvolvidos, mais aprimorados, mais
evoluídos em várias sentidos e dimensões.
Portanto, para o estoicismo é importante pensar em ser uma
pessoa melhor e agir nesse sentido. Pois, não colocar ideias em prática é
desperdiçar os pensamentos. As ações passam a ser mais valorizadas do que
palavras. Ao
contrário das demais filosofias existentes, o estoicismo busca assim a
praticidade e o direcionamento para as ações (SANTOS, 2021).
A filosofia
é compreendida não somente como uma atividade intelectual, mas sobretudo como
um exercício (MOURA, 2012). Superando a retórica e sendo praticada. Entendemos
que “só as ações que são efetivamente
capazes de dá sentido as nossas palavras” (Antonio Gustavo). Dessa
forma, as palavras e as ações aparecem articuladas, dentre outras coisas, principalmente
desempenhando a função de desfazerem abismos, criarem pontes e reciprocamente
se aproximarem. Buscando-se, a medida do possível, o que é dito ser feito e o
que é feito ser dito e posteriormente com isso proporcionar matéria para a
realização de valiosas reflexões, por exemplo, sobre o que de melhor pode passar
a ser dito e, sobretudo, o que de melhor pode passar a ser feito.
Contudo,
o mar em que a filosofia navega na direção de alcançar a sua realização não é
feito apenas de maravilhosas calmarias, mas também de turbulentas tempestades.
O que significa dizer que nem sempre encontramos facilidades. Na verdade,
encontramos em maior proporção na sociedade mais limites do que possiblidades. Por
isso, filosofar não raro é nadar contra a maré, pois aonde a atividade
filosófica exerce sua reflexão há quase sempre um conjunto de pessoas
insensatas e ignorantes que não poupam esforços em aviltar contra a dignidade
da filosofia (ALVES E SILVA, 2021).
Mas, é
válido destacar que “a filosofia antes de nos levar a algum lugar, ela principalmente
nos leva a nós mesmos” (Antonio Gustavo). Isso é algo que nos faz lembrar de
outro princípio básico do estoicismo: há coisas que dependem de nós e há outras
coisas que não dependem. Sendo assim, é errado pensar conforme o senso comum
estabelecido no qual costuma dizer que “tudo depende apenas de nós mesmos”.
Por
exemplo, há coisas nas quais dão certas que dependem de nós e há outras coisas
nas quais dão erradas que não dependem de nós. É importante focar os pensamentos
sobre o que está ao nosso controle e concentrar as ações sobre o que está nosso
alcance. Aceitando ou suportando, de certo modo, o que não podemos mudar.
Pois, não podemos controlar outras pessoas, a passagem do tempo, o clima, a economia ou qualquer outra coisa externa a nós. Só temos o poder de controlar nossos pensamentos, crenças, valores e ações. A verdadeira força se encontra dentro de nós. O autêntico autoconhecimento ou a genuína mudança acontece de dentro para fora. “Você tem poder sobre sua mente, não sobre eventos externos. Perceba isso, e encontrará força” (Marco Aurélio).
Não obstante a filosofia estoica permanece auxiliando na vida, promovendo a virtude, a ética, o bem-estar pessoal e a autorrealização. Isso significa dizer que devemos continuar sendo assim pessoas mais virtuosas buscando desenvolver a sabedoria, a justiça, a temperança e a coragem em nossos pensamentos e ações. Pois, a virtude é única coisa ou uma das pouquíssimas coisas que não pode ser tirada de nós.
Por essas e outras razões podemos assim entender porque, apesar de que haja os que equivocadamente ainda insistem em dizer o contrário, a perspectiva filosófica do estoicismo até os dias de hoje de fato existe não apenas como uma boa influência, mas também contribuindo de maneira tão importante na vida das pessoas que sabem reconhecer o valor dessas ideias.
TEXTO: ANTONIO GUSTAVO
REFERÊNCIAS:
AURÉLIO,
Marco. Meditações. Campinas, SP:
Editora Auster, 2021.
ALVES,
Antônio José Lopes; SILVA, Sabina Maura. Conhecer,
pensar, viver ... A filosofia na sala de aula. – Florianópolis: Editoria Em
Debate/UFSC. 2021.
MOURA,
Drayfine Teixeira. A ética dos
estoicos antigos e o estereótipo estoico na modernidade. Cadernos
Espinosanos, n. 26, p. 111-128, 15 jun. 2012.
SANTOS, Rafael
Silva Verdival. A contribuição do
estoicismo no enfrentamento das angústias existenciais no mundo contemporâneo.
Opinião Filosófica, v. 12. 2021.
SILVA,
Antonio Gustavo. Ações. BLOG:
Fragmentos dos Meus Uni-Versos. Disponível em: https://antoniogustavobr.blogspot.com/2022/11/so-as-acoes-que-sao-efetivamente.html. Acessado em: 07/01/2025.
SILVA,
Antonio Gustavo. Colaborar. BLOG:
Fragmentos dos Meus Uni-Versos. Disponível em: https://antoniogustavobr.blogspot.com/2025/01/colaborar.html.
Acessado em: 08/01/25
SILVA,
Antonio Gustavo. Filosofia. BLOG:
Fragmentos dos Meus Uni-Versos. Disponível em: https://antoniogustavobr.blogspot.com/2025/01/filosofia.html.
Acessado em: 06/01/2025.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2025
IGNORANTES
Há pessoas que pode passar o tempo que for, mas nunca aprendem. Continuam a desacreditar de toda verdade e apenas a acreditar no que querem acreditar.
(Antonio Gustavo)
segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
FILOSOFIA
A filosofia antes de nos levar a algum lugar, ela principalmente nos leva a nós mesmos.
(Antonio Gustavo)
NOVOS MUNDOS
Novos mundos sempre se revelam no universo daqueles que veem a vida como um mistério a ser decifrado.
(Antonio Gustavo)
SEJA VOCÊ MESMO
Não se invalide para sustentar as mentiras das outras pessoas. Seja você mesmo. Viva a sua verdade. (Antonio Gustavo)

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Que o motivo da minha alegria continue sendo sempre o que me faz bem e nunca o que ao outro faz mal. (Antonio Gustavo)
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