sábado, 27 de setembro de 2025

PRINCIPAIS ASPECTOS DA URBANIZAÇÃO TURÍSTICA DE SALINÓPOLIS-PA: A VIABILIDADE DE UM TURISMO CONSCIENTE


PRINCIPAIS ASPECTOS DA URBANIZAÇÃO TURÍSTICA DE SALINÓPOLIS-PA: A VIABILIDADE DE UM TURISMO CONSCIENTE

 

ANTONIO GUSTAVO DA SILVA MAXIMO¹

 

RESUMO

 

Este presente trabalho intelectual visa evidenciar o processo de urbanização e turismo estão inter-relacionados. Permitindo se falar da dinâmica do fenômeno da urbanização turística no contexto do importante município de Salinópolis, situado no litoral da sub-região do nordeste do estado do Pará, onde geralmente acontece de a urbanização gerar o turismo e o turismo gerar a urbanização. Destacando principais aspectos ao longo do tempo relacionados a intensificação desse fenômeno. Além disso, neste estudo científico aborda-se sobre alguns problemas de dimensões sociais e ambientais ocasionados pelo processo da urbanização turística na cidade e em certas praias. Buscando não apenas apontar determinados problemas, mas também diante disso principalmente focar em possíveis alternativas e soluções que contribuam de fato com a questão socioambiental. Para isso, apesar dos desafios existentes, é proposto a viabilidade de um turismo consciente. Objetivando, dentre outras coisas, o turismo gerar benefícios ambientais e econômicos assim como benefícios sociais continuando a promover a sensação de bem-estar nas pessoas. Não obstante, estimulando a elevação da consciência humana através de ideias e ações que certamente podem colaborar em buscar reduzir problemas socioambientais na cidade; combater a contaminação e poluição nas praias; valorizar relações estabelecidas entre ser humano e meio ambiente baseadas na sustentabilidade; promover no espaço a preservação da paisagem do litoral; aumentar aspectos positivos e diminuir aspectos negativos na realização do turismo de sol e praia.

 

Palavras-chave: Urbanização Turística, Turismo Consciente, Litoral, Salinópolis, Pará.

 

¹Pensador Brasileiro, graduado em licenciatura e bacharelado em Geografia pela UNIFESSPA (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará), pós-graduado em Docência e Prática da Geografia pela Faculdade Focus e especialista em Neuropsicopedagogia Institucional pela Faculdade Focus. E-mail: antoniogustavobr@hotmail.com

 

 

 

LISTA DE QUADROS

 

QUADRO 1 – PRINCIPAIS PONTOS TURÍSTICOS SALINÓPOLIS-PA.................................................................................................................18

QUADRO 2 PRINCIPAIS ATIVIDADES QUE PODEM SER REALIZADAS NO TURISMO DE SOL E PRAIA..................................................................22

QUADRO 3 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO RESORT..................46

QUADRO 4 – MATERIALIDADES URBANO-TURÍSTICAS: PRINCIPAIS FORMAS ESPACIAIS PRODUZIDAS EM SALINÓPOLIS-PA......................71

QUADRO 5 – PRINCIPAIS ALTERNATIVAS INDIVIDUAIS E COLETIVAS NO COMBATE AOS RESÍDUOS SÓLIDOS........................................................78

QUADRO 6 – ASPECTOS NEGATIVOS DO TURISMO...............................79

QUADRO 7 – ASPECTOS POSITIVOS DO TURISMO.................................81

QUADRO 8 – POLUIÇÃO SONORA: PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE CAUSA A SAÚDE HUMANA..........................................................................86

QUADRO 9 – PRINCIPAIS DICAS DE SEGURANÇA NO TURISMO DE SOL E PRAIA .........................................................................................................89

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

 

CF – Constituição Federal

COTRAN – Conselho Nacional de Trânsito

CTB – Código de Trânsito Brasileiro

CNH – Carteira Nacional de Habilitação

CNC Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

DPHAC – Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Cultural

EMBRATUR – Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo

ETE – Estação de Tratamento de Esgoto

EACH-USP – Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo

FAPESPA – Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará

FM-USP – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

IBGE – Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

MTUR – Ministério do Turismo

OMT – Organização Mundial do Trabalho

OMS – Organização Mundial da Saúde

ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

ONU – Organização das Nações Unidas

PARATUR – Companhia Paraense de Turismo

PCD’S – Pessoas com Deficiências

PDTIS – Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PND – Plano Nacional de Desenvolvimento

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PNGC – Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

PIN – Programa de Integração Nacional

PF – Polícia Federal

PTA – Plano de Turismo da Amazônia

SUDAM – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia

SBClass – Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

 

SEDOP – Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Obras Públicas

SEEL – Secretaria de Esporte e Lazer

SEGUP – Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social

SEMAS – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade

SETRAN-PA – Secretaria de Estado de Transportes do Pará

SETUR – Secretaria Estadual de Turismo

SEPLAD – Secretaria de Estado de Planejamento e Administração

SNT – Sistema Nacional de Trânsito

UV – Radiação Ultravioleta

VGV – Valor Geral de Vendas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

 

1 – INTRODUÇÃO................................................................................6

 

2 – MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS-PARÁ................................8

 

3 – IMPORTANTES ASPECTOS DO TURISMO DE SOL E PRAIA NO BRASIL: O CASO DE SALINÓPOLIS-PA..........................................10

 

    4 – TURISMO: VOCAÇÃO NATURAL OU PRATICA SOCIAL?........24

 

5 – URBANIZAÇÃO TURÍSTICA DE SALINÓPOLIS-PA...................28

 

6 – URBANIZAÇÃO TURÍSTICA NA ZONA ESPECIAL DE INTERESSE TURÍSTICO: COMPLEXO DO MAÇARICO, PRAIA DO ATALAIA E PRAIA DO FAROL VELHO..................................................................39

 

7 – TURISMO DE HOTELARIA: RESORTS.........................................44

 

8 – “TURISMO” RESIDENCIAL: 2ª RESIDÊNCIA...............................53

 

9 – ORLA DO MAÇARICO....................................................................58

 

10 – NOVA ORLA NA AVENIDA BEIRA MAR.....................................60

 

11 – NOVA PASSARELA DE ACESSO A PRAIA DO MAÇARICO.....63

 

12 – 2ª PASSARELA DE ACESSO A PRAIA DO MAÇARICO............64

 

13 – PAVIMENTAÇÃO DA PA-444 E DUPLICAÇÃO DA PONTE........66

 

14 – MATERIALIDADES URBANO-TURISTICAS.................................67

 

15 – TURISMO CONSCIENTE................................................................74

 

16 – EXEMPLO DA IMPORTANTE CAMPANHA: “PRAIA LIMPA, PRAIA LINDA”.....................................................................................................90

 

17 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................92

18 – REFERÊNCIAS................................................................................94

 

 

 

 

 

 

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1.    INTRODUÇÃO:

 

Ao longo desse trabalho intelectual se destacou os principais aspectos da urbanização e do turismo do município de Salinópolis, litoral da sub-região do nordeste paraense, buscando propor a viabilidade da pratica de um turismo consciente. Observou-se que os desafios e as possibilidades existentes são imensas, sendo assim não houve em nenhum momento a pretensão em esgotar esse assunto até porque seria uma tarefa inconcebível, mas sim em focar nos principais fatores relacionados a essa questão.

O desenvolvimento deste estudo científico está dividido em momentos principais: 1º - município de Salinópolis-Pará; 2º - importantes aspectos do turismo de sol e praia do Brasil: o caso de Salinópolis-PA; 3º- a urbanização turística de Salinópolis-PA; 4º - Urbanização turística na zona especial de interesse turístico: complexo do maçarico; praia do atalaia e praia do farol velho; 5º - turismo de hotelaria: resorts; 6º - turismo residencial: 2ª residência; 7º - orla do maçarico; 8º - nova orla na avenida beira mar; 9º - nova passarela de acesso do maçarico; 10º - 2ª passarela de acesso a praia do maçarico; 11º - pavimentação da PA-444 e duplicação da ponte; 12º - materialidades urbano-turísticas; 13º - turismo consciente; 14º - exemplo da importante campanha “Praia Limpa, Praia Linda”.

Evidenciou-se a explicação de que houve: aumento do turismo residencial com as segundas residências; o aumento da pratica social do turismo do tipo de sol e praia; esclarecimento de que o fenômeno do turismo é uma pratica social e não uma vocação natural; o aumento do turismo de hotelaria com os resorts; o desenvolvimento de políticas públicas e urbanas que implicaram no fortalecimento do turismo através de melhorias de infraestruturas, equipamentos urbanos e de acesso em partes da cidade e nas praias de Salinópolis; formação espacial de materialidades urbano-turísticas; aumento dos problemas de dimensões tanto sociais quanto ambientais na cidade e em certas praias.

 

 

 

 

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Além disso, foi proposto como alternativa e solução a adoção da pratica do turismo consciente visando aumentar aspectos positivos e diminuir aspectos negativos na realização do turismo de sol e praia; reduzir problemas socioambientais na cidade; combater a contaminação e poluição nas praias; valorizar relações estabelecidas entre o ser humano e o meio ambiente baseadas na sustentabilidade.

Para isso, a metodologia utilizada foi a de revisão bibliográfica, levando em consideração como pertinentes apenas a seleção e escolha de conteúdos de qualidades através de informações, dados e conhecimentos prévios (FONSECA, 2002). Constituindo um esforço empreendido em realizar um levantamento amplo e profundo de informações, dados e conhecimentos antigos e recentes que tenham correspondência com a realidade. Explicando melhor sobre o fenômeno da urbanização turística em Salinópolis, os principais fatores relacionados; a realização do turismo de sol e praia; problemas sócios ambientais que afetam a cidade e as praias.

Envolvendo não apenas a definição e contextualização do tema com sua interpretação (ALVES, 1992), mas também apresentando, apesar dos desafios e problemas existentes, possíveis alternativas e certas soluções, sobretudo com a proposta de adoção de ideias e ações do turismo consciente.

Almejando após a produção deste trabalho intelectual a respeito da urbanização e do turismo de Salinópolis: a viabilidade de um turismo consciente com a disponibilidade de um conhecimento assim não apenas importante e atual, mas também bastante útil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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2.    MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS/PA

 

Salinópolis é o principal munícipio da zona costeira do Pará e um dos mais antigos do estado do Pará. Abrange uma área municipal de 226,120 km².  Localiza-se pelas coordenadas geográficas: latitude 00º 36’ 49” sul e à uma longitude 47º 21’ 22” oeste. Estando a uma altitude em média de 21 metros verticalmente distante do mar. Faz limites ao norte com o oceano atlântico, a leste com o munícipio de São João de Pirabas e ao sul e oeste com o município de Maracanã. Pela regionalização do estado do Pará está situada na mesorregião do nordeste paraense (IBGE, 1989).

Possui uma população estimada em 44.772 habitantes e uma densidade demográfica de 198 habitantes por km² (IBGE, 2022). Representando um aumento de 19,46% em comparação com o censo anterior realizado em 2010. Mais recentemente a população, em 2024, segundo dados obtidos pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) já passou a ser estimada em 48.168 (IBGE, 2024).

Isso basicamente significa dizer que, apesar da população flutuante, isto é, o conjunto de pessoas que visitam ou residem temporariamente, continuar se constituindo em uma quantidade expressivamente superior ao da população local no período do verão amazônico com a atividade do turismo de sol e praia, evidencia-se a tendência ao longo do tempo de um gradativo crescimento da população na qual reside fixamente no município de Salinópolis.

O município está a uma distância em média por via rodoviária de um pouco mais de 200 km e em linha reta de aproximadamente 205 km da capital Belém do estado Pará. O acesso a Salinópolis a partir da capital paraense pode ser por rodoviária pelas rodovias BR-316 e PA-324 e também por via aérea após a construção do aeroporto de Salinópolis.

A atividade econômica de Salinópolis se concentra na atividade turística, pesca, serviços, construção civil, nos empregos produzidos e nas oportunidades financeiras rentáveis que fortemente emergem nas altas temporadas por ser um pólo consolidado de atração e concentração turística

 

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sazonal. O turismo se sobressai exercendo uma participação mais significativa do que outras atividades econômicas. Apresentando um ecossistema de grande relevância, constituído por praias, manguezais, dunas, restingas, lagos, matas de várzeas e mares.

Em relação a origem do nome da cidade. Podemos perceber que Salinópolis, como assim é oficialmente chamada atualmente, nem sempre teve esse nome. Inicialmente foi chamada de “Virianduba” ou “Viriandeua” que significa lugar com a presença abundante de pássaros. Nome esse dado pelos índios Tupinambás que foram uns dos primeiros habitantes a ocupar esse espaço do ambiente costeiro amazônico no litoral paraense, bem antes mesmo da chegada dos colonizadores. Na época os índios tupinambás desenvolveram um certo acúmulo de saberes essenciais sobre esse espaço de onde provinha os víveres necessários as suas sobrevivências e a reprodução social.

A segunda denominação relacionada ao município foi de destacado, porque o governador na época considerava insuficiente as formas de sinalizações para as embarcações. Por isso a necessidade de assegurar proteção e segurança da navegação do litoral paraense, destacando práticos que deveriam orientar os navios no alto da ilha do Atalaia, utilizando para isso canhões.

A origem do município, em 1656, remonta a formação de um povoado durante o Governo do Maranhão e do Pará com o Capitão-General André Vital de Negreiros do Maranhão recebendo a denominação de destacado (BRITO, 2004). Mas, a fundação do município, em 1781, é atribuída ao Francisco Gonçalves Ribeiro. A cidade até então na condição uma unidade política-administrativa menor, passa ao longo do tempo, em boa parte, graças ao seu empenho a crescer ao invés de diminuir ou desaparecer.

Logo passou a se chamar de Salinas, ou seja, um local onde se extraí o sal da água do mar. No entanto, em razão da existência de inúmeras salinas ao longo do litoral brasileiro, decidiram mudar o nome para evitar de confundir com outros locais assim também já chamados. A partir do século XX, em 1937, pelo decreto estadual nº 4.505 passando a se chamar oficialmente de Salinópolis.

 

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Nome esse que é um topônimo de origem portuguesa que significa “cidade de Salinas”. Mas, mesmo após o estabelecimento do nome oficial, o município de Salinópolis, ainda continua a ser amplamente mais chamado e conhecido de Salinas pela população do estado do Pará. Denominação essa que desde a sua origem até aos dias de hoje se popularizou e passou a ser mais utilizada.

O clima está classificado na categoria tropical do tipo quente e úmido. Apresentando uma reduzida amplitude térmica, ou seja, pequena diferença de variação de temperatura entre a menor e a maior. O que naturalmente torna as condições favoráveis para a realização da prática do turismo de sol e praia. O verão amazônico em Salinópolis normalmente acontece entre junho e setembro. Logo, não coincide com o verão de grande parte do hemisfério Sul, pois no hemisfério sul costuma ser no período de dezembro e março.

Salinópolis é o município se destaca como principal representante do polo turístico da Amazônia Atlântica. Apresentando um conjunto de atrativos turísticos, sobretudo, naturais com maravilhosas praias e belas paisagens naturais. Sendo as mais conhecidas as praias do Atalaia, Farol Velho, Corvina e Maçarico. Representando os atrativos turísticos mais procurados e, assim, consolidando-se pode se dizer como o melhor destino turístico paraense e da região norte do brasil no segmento sol e praia.

 

 

3.    IMPORTANTES ASPECTOS DO TURISMO DE SOL E PRAIA NO BRASIL: O CASO DE SALINÓPOLIS-PARÁ

 

O turismo não nasceu de uma obra literária, não surgiu de um documento escrito, não aconteceu a partir de alguma pesquisa científica e nem de nenhuma teoria, mas sim de uma pratica humana. Tradicionalmente, os pesquisadores costumam vincular o turismo, em grande parte, a dimensão econômica. O que não deixa em certo ponto, de estar certo. Até porque o fator econômico, muitas das vezes, constitui-se como algo primordial para gerar condições favoráveis a realização dessa atividade.

 

 

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Mas, devemos ter, de certo modo, um cuidado em compreender que a sua pratica, às vezes, está para além de ser entendido como um mero produto e serviço turístico a ser consumido e suprido financeiramente. Pois, ainda que dependa preponderantemente do fator econômico. Essa atividade apresenta outras dimensões: culturais, políticas, sociais e ambientais.

Caracterizando a atividade turística do segmento de sol e mar menos como uma atividade pertencente ao setor primário e secundário, mas sim como setor terciário. Na medida em que pode utilizar recursos naturais, porém não extrai e nem transforma. Mesmo que a ação humana imprima mudanças no ambiente natural, não podemos estabelecer nesse sentido uma comparação com o que corre na indústria na qual transforma em bem de consumo algo retirado da natureza.

A OMT (Organização Mundial do Turismo) define turismo como “o deslocamento para fora do local de residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivados por razões não-econômicas”. Basicamente leva em consideração como critérios fundamentais o tempo (duração inferior a 1 ano), o espaço (não-habitual) e os motivos (lazer, negócios ou outros).

O turismo se constitui na realização do deslocamento de uma área emissora para uma área receptora em função de diversos motivos possíveis. Tendo um caráter temporário e não permanente esse fenômeno. A duração da viagem é contada desde o momento da partida da área emissora e não se encerra com a chegada na área receptora. Mas, sim com o retorno a área emissora após a realização da atividade turística.

O turismo é um daqueles temas existentes que desperta o interesse e tem bastante relevância. Segundo a OMT (Organização Mundial do Turismo) 1,4 bilhão de pessoas viajaram até janeiro de 2024 em todo mundo. Quanto mais passa o tempo a tendência é que o turismo cresça.

A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) referente ao período de alta temporada 2023/2024 registrou o maior volume de receita dos últimos 10 anos.

Mais recentemente, segundo dados levantados pelo Ministério do Turismo, Embratur e Polícia Federal, o Brasil inicia, em janeiro, o ano de 2025

 

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com 1,4 milhão de turistas internacionais. Sendo uma marca considerada recorde, porque em relação a questão da quantidade total de turistas estrangeiros é o melhor janeiro desde 1970 (MTUR; EMBRATUR; PF; 2025).

Os dados levantados equivalem a um aumento na média de 55% em relação ao mesmo período do ano anterior, em 2024, quando houve um registro de 956.737, sendo assim recentemente uma quantidade bastante superior de visitantes vindos de outros países.

É uma das atividades terciárias que mais cresce no Brasil e no mundo. O turismo representa uma importante atividade. Principalmente pelo fato de ser um gerador de renda e empregos. Possibilitando avanço econômico e criando alternativas de expansão do mercado de trabalho. Os dispositivos formais e legais do país no decorrer do tempo passam a reconhecer cada vez essa atividade.

O turismo no Brasil foi reconhecido e consolidado na CF (Constituição Federal) de 1988 no artigo 180, onde estabelece que “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico” (BRASIL, 2015).  Sendo importante para a valorização ainda mais a atividade do turismo brasileiro a criação da Política Nacional de Turismo, em 1995-1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

A extensa costa brasileira em função das diferenças climáticas e geológicas, abriga um rico mosaico de paisagens e variado ambientes, recortada por centenas de praias com predominância de sol praticamente durante todo o ano. A costa brasileira é composta em sua maioria por águas quentes ocupando grande parte tropicais do Atlântico Sul Ocidental.

Pesquisas sobre a demanda turística internacional sinalizam que bem mais da metade dos turistas têm como motivação das viagens a lazer o Turismo de Sol e Praia (BRASIL, FIPE, MTUR, 2019). O estado do Pará, ocupando a 9º posição, se destacou como um dos 10 destinos mais procurados em viagens nacionais (IBGE, 2021).

 

 

                                                                                                                                 

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O turismo pode, ao mesmo tempo, também ser compreendido levando em consideração a inclusão de outras perspectivas possíveis nas quais, ainda que menos reconhecidas, podem fazer parte dessa atividade, tais como os benefícios que proporciona: estimulador de auto realização, bem-estar físico e mental, enriquecedor psicológico, conforto emocional e promovedor cultural.

Sendo o acontecimento dessa atividade basicamente caracterizada por área emissora, área de deslocamento e área receptora. A área emissora, corresponde a origem, ou seja, local de saída dos turistas e visitantes; área de deslocamento, diz respeito a estrutura como rodovias, postos de abastecimentos, portos, aeroportos, isto é, o local aonde se realiza o deslocamento do ponto de saída em direção até o ponto de chegada; área receptora, local de destino dos turistas e visitantes, ou seja, onde de fato acontece a realização da atividade turística. 

Várias acepções têm sido utilizadas para o segmento de Sol e Praia, tais como Turismo de Sol e Mar, Turismo Litorâneo, Turismo de Praia, Turismo de Balneário, Turismo Costeiro, entre outros.

Pode-se entender o turismo de sol e praia como o grupo das atividades turísticas relacionadas à recreação realizada em ambientes naturais de praias, manguezais, dunas, falésias e outros elementos da zona costeira, onde sobretudo se faz presente em conjunto água, sol e calor.

Já que a combinação desses elementos constitui um dos principais fatores naturalmente atrativos. Envolvendo em sua atividade de realização uma gama de ofertas de serviços, produtos e equipamentos, tais como: transporte, hospedagem, alimentação, recepção e outras atividades complementares.

Segundo o Ministério do Turismo, o turismo de Sol e Praia “constitui-se das atividades turísticas relacionadas à recreação, entretenimento ou descanso em praias, em função da presença conjunta de água, sol e calor” (BRASIL, 2006)

Dos diferentes tipos principais de turismo: religioso, negócios, estudos, esportes, ecoturismo e lazer. O turismo de praia se caracteriza, muitas das vezes, como um turismo de lazer.

 

 

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O início da utilização e valorização das áreas litorâneas satisfazendo o desejo de consumo com banhos de mar começa na Europa a partir do século XVIII. No Brasil segundo SILVA (2012) no final do século XIX e primeiras décadas do século XX que se inicia nas cidades brasileiras a utilização pela população do litoral para banhos de mar.

O final do século XIX e início do século XX representou no Brasil a “incorporação das práticas marítimas modernas” (DANTAS, 2006, p.82) por parte da elite econômica brasileira. Sendo essa lógica de uso um novo estilo de vida difundido no seio da sociedade moderna com a ideia de morar as proximidades domar ou com a intensificação do veraneio marítimo.

Inicialmente apenas como uma atividade ligada ao lazer das famílias e pessoas. Posteriormente, atraindo uma quantidade maior de pessoas principalmente desejosas de recreação, entretenimento e de passar férias e feriados apreciando o espaço litorâneo. O litoral dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro foram áreas pioneiras a se consolidarem no segmento de sol e praia como destinos turísticos e logo em seguida áreas litorâneas do nordeste brasileiro. No Brasil o processo de expansão do turismo de Sol e Praia se consolidando na década de 70 com a construção de segundas residências.

No século XIX, no contexto amazônico a atividade do turismo era algo até então ignorado e menosprezado frente a outras questões. A região amazônica era muito isolada do restante do Brasil, possuindo infraestrutura paupérrima e insuficiente. Sendo vista como um exótico destino de aventureiros e exploradores que quando chegavam se deparavam com condições adversas de acomodação e transportes.

Comumente os viajantes que na região chegavam se abrigavam em residências de campo. Segundo Cruz (1973) despertava a curiosidade maior de viajantes que eram em boa parte constituído por pesquisadores e cientistas especialmente interessados nas imensas riquezas naturais da região.

O cenário que vai passar a se apresentar não só no Brasil, mas sobretudo no contexto amazônico a partir de meados do século XX em diante é em vários aspectos indubitavelmente bastante diferente do cenário anterior encontrado durante o século XIX. Emergem novas perspectivas de atuação nessa região

 

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que levam em consideração o desenvolvimento e a integração nacional constituindo-se na égide denominada de nacional-desenvolvimentismo.

Sendo promovido, por exemplo, com os PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), PIN (Programa de Integração Nacional) e a EMBRATUR (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) que viabilizou projetos, financiamentos, incentivos fiscais.

Resultando gradativamente em desenvolver a infraestrutura, construção de estradas, hotéis, atrativos turísticos, estimular atividades econômicas e passar a articular cada vez mais a região ao restando do Brasil por meio da construção de vias e rodovias, ampliação da malha urbana, investimentos em infraestrutura, tornando mais fluida a produção, circulação, fornecimento e consumo de bens e serviços

Especificamente no estado do Pará o turismo até a década de 1970 não despertava o interesse dos investimentos públicos e não possuía ações e nem estratégias definidas por órgão estatal para potencializar a atividade. A partir da década de 1970 inicia as primeiras ações em função do turismo com a criação da PARATUR (Companhia Paraense de Turismo). Diversos empreendimentos produtivos e infraestruturas começam a ser instalados no estado.

A PARATUR (Companhia Paraense de Turismo) que foi criada na década de 70 foi fundamental para impulsionar a atividade turística no estado do Pará. Contribuindo em estimular a realização de políticas públicas. Segundo a PARATUR (2001) dos pólos de turismo paraense existentes o município de Salinópolis foi incluído no pólo Amazônia-Atlântica assim como alguns outros municípios, tais como: Bragança, Marapanim, Vigia, Augusto Correia, Curuçá, Maracanã e Tracuateua. No PDT/PA (Plano de Desenvolvimento Turístico do Pará) Salinópolis é avaliada como uma das poucas cidades pertencentes ao Polo Amazônia Atlântica a apresentar serviços turísticos de qualidade e infraestrutura urbana desenvolvida.

Na região do espaço turístico amazônico também foram pioneiras as ações do poder público para o desenvolvimento do turismo com políticas

 

 

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públicas, em 1977, com I PTA (Plano de Turismo da Amazônia) visava uma ocupação ordenada na Amazônia, causando um impacto positivo na economia regional, buscando viabilizar a geração de emprego e renda. Porém, o plano enfrentou desafios relacionados a falta de infraestrutura turística e a necessidade de melhoria na qualidade dos serviços turísticos.

A partir do II PTA (Plano de Turismo Amazônia), em 1992, permanece a preocupação em promover o desenvolvimento turístico buscando o crescimento econômico. A novidade é que passa a incluir nesse plano noção de desenvolvimento sustentável. Por isso, busca o crescimento econômico com a conservação ambiental. Ambos os planos, cada um apresentando tanto aspectos comuns quanto específicos, foram criados e gerenciados pela SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia).

O turismo apresenta-se na análise geográfica como uma atividade diversificada que não pode ser definida apenas por uma única e exclusiva perspectiva. É muito mais que um fenômeno econômico, pois é, antes de tudo, um fenômeno social que tanto produz quanto consome espaço (CRUZ, 2001).

Esse segmento de Sol e Praia tem sido amplamente associado ao turismo de massa, porque consegue concentrar uma grande quantidade de pessoas na mesma época e em um só lugar. Especialmente nos meses de verão, períodos de férias ou feriados prolongados. Por isso, apresenta altas taxas de sazonalidade. Pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo e da Nexus, em 2024, revela que no Brasil em relação aos segmentos turísticos o turismo de “Sol e Praia” é a categoria preferida com 54%, enquanto que o ecoturismo chegou a 10%, o turismo de aventura a apenas 5% e turismo cultural/histórico só 4%.

O Plano de Desenvolvimento do Turismo do Estado do Pará, em 2001, elaborou os polós turísticos do Estado do Pará. Identificando um total de 6 polos: Amazônia-Atlântica, Araguaia-Tocantins, Tapajós, Xingu, Marajó e Belém. Cada uma tendo sua principal representante: Belém (Polo Belém), Santarém (polo Tapajós), Altamira (polo Xingu), Marabá (polo Araguaia-Tocantins), Soure e Salvaterra (polo Marajó) e Salinópolis (polo Amazônia Atlântica).

 

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Desses pólos turísticos existentes ao longo do estado do Pará, no que diz respeito ao turismo do tipo de sol e praia, Salinópolis, principal representante do polo Amazônia Atlântica, se destaca como um destino turístico consolidado.  Constituindo-se no centro de atração das pessoas (turistas, veranistas e visitantes) que praticam esse tipo de turismo.

Existem três tipos de praia: praias marítimas, praias fluviais e praias lacustres. As praias marítimas basicamente são nas praias marítimas identificadas como os lugares dos maiores atrativos turísticos.

Formada a partir de fatores exclusivamente naturais. Envolvendo principalmente elementos oceanográficos (movimento de marés), atmosféricos (ação eólica) e geológicos (deposição de sedimentos). Compreendendo ambientes adjacentes ao mar que sofrem a influência tanto de marés quanto de ondas. Correspondendo as áreas de linhas costeiras onde se estabelece uma certa inter-relação na interface terra/mar. Sendo, por vezes, compreendida também como uma zona de transição entre o espaço terrestre e o espaço aquático.

É nesse tipo de praia que é responsável pelos maiores fluxos de turistas brasileiros ou estrangeiros no Brasil. Segundo o PNGC (Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro) as praias são espaços públicos com acesso livre garantido, ou seja, nesses termos definido a praia pode ser entendida como bem de uso comum do povo.

Salinópolis apresenta um potencial turístico que não envolve apenas a somatória dos recursos turísticos, sejam esses naturais ou humanos, conforme muitas pessoas tendem a acreditar ou imaginar. Mas, também certamente envolve a existência de condições de acessibilidade ou de proximidade com os locais considerados destinos turísticos. Podemos destacar de principais pontos turísticos: praia do Atalaia, morro da Coca-Cola, praia do farol velho, orla do maçarico, praia do maçarico, orla da avenida beira mar e praia da corvina.

 

 

 

 

 

 

 

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QUADRO 1: PRINCIPAIS PONTOS TURÍSTICOS

SALINÓPOLIS-PA

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- PRAIA DO ATALAIA;

- MORRO DA COCA-COLA;

- PRAIA DO FAROL VELHO;

- ORLA DO MAÇARICO;

- PRAIA DO MAÇARICO;

- ORLA DA AVENIDA BEIRA MAR;

- PRAIA DA CORVINA.

FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025.

 

Muito embora haja diversas formas de classificação. Segundo DIAS (2003) em relação a distribuição espacial do turismo no Brasil. Pode-se distinguir três tipos principais de turismo: o do campo, o do espaço urbano e o do litoral. Sendo assim, o turismo no município de Salinópolis pode ser considerado como um tipo de turismo de litoral acontecendo ao longo do litoral paraense.

Segundo o censo de 2022 do IBGE o litoral continua sendo o lócus privilegiado para a localização das 2ª residências, manifestando crescimento e concentração nos espaços urbanos litorâneos. O estado do Pará tem o 2º maior litoral do Brasil com 1.429, 57 km de linha de costa. Sendo dos estados que compõe a região norte do Brasil o que possui o maior litoral (IBGE, 2023). O Pará possui 47 municípios em sua zona costeira. Destacando-se Salinópolis nesse cenário de cidades litorâneas. A maioria do contingente dos turistas que visitam a cidade de Salinópolis optam por se hospedarem em hotéis ou pousadas (FAPESPA, 2024).

 

 

 

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A sazonalidade que diz respeito a dimensão da temporalidade na qual esse tipo de turismo ocorre por um determinado período. Tem a ver tanto com a questão humana principalmente o fator socioeconômico quanto com a questão natural especialmente o fator climático.

Na medida em que acontece preferencialmente no período habitual de alta temporada (férias, feriados, finais de ano) e no período de verão com o predomínio de condições climáticas favoráveis para a realização da atividade do turismo de sol e praia.

Período esse em que as ofertas de atrativos e de produtos turísticos se fazem mais presentes de forma abundante. Pois, no período de baixa temporada em partes significativas do espaço não são tão comuns seja a disponibilidade ou seja a variedade desses produtos e serviços turísticos. Projetados e acionados para atender a demanda turística não somente, mas sobretudo na época do veraneio marítimo.

Segundo a Booking.com uma das maiores plataformas globais online de hospedagens e viagens. Entre abril e junho de 2025, o Brasil ocupa a 5ª posição como país mais buscado por turistas internacionais. Ficando atrás apenas da França, Espanha, Itália e Estados Unidos. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, em 2024, houve em 2025 um crescimento de 61%.

Pesquisa realizada pelo FEM (Fórum Econômico Mundial), em 2024, o Brasil ficou entre os 30 principais países do mundo no ranking do índice de Desenvolvimento de Viagens e Turismo, subindo 8 posições em relação a 2019, ocupando no momento a 26ª colocação global. Ficando à frente importante de importantes países, tais como: Chile, México e Argentina. Entre os países localizados na América-latina é o que está ocupando a melhor posição.

Mesmo que essas pesquisas realizadas por diferentes órgãos, instituições públicas ou não-governamentais e empresas privadas apresentem resultados diferentes na questão da média de crescimento, ou seja, algumas indicando um crescimento maior e outras apontando um crescimento mais acelerado. Apesar de possuírem assim suas especificidades, o que cada uma dessas pesquisas

 

 

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referentes ao turismo tem em comum é o fato de que evidenciam uma forte tendência de crescimento e interesse maior pelo turismo brasileiro.

Esse crescimento do turismo brasileiro está relacionado a posicionamentos público e privado favoráveis ao desenvolvimento da atividade; elevação do setor de serviços no mundo; disponibilização maior de capitais estrangeiros para financiamentos; melhorias nos transportes.

Em relação a dimensão econômica sobre a importância que assume nos espaços onde há a prática do turismo. O turismo pode, no geral, desempenhar três funções principais: função dominante (quando o turismo é a atividade econômica central); função estruturante (quando o turismo se constitui em um dos fatores econômicos ao lado de outras atividades econômicas principais); função residual (quando o turismo é submetido a cumprir um papel periférico no cenário econômico local).

Nesses termos assim mais simples e claros, pode-se dizer que o turismo no município de Salinópolis desempenha uma função dominante. Porque ocupa uma posição central responsável por dinamizar a economia local e transformar a realidade sócio espacial em função da dinâmica de realização dessa atividade. Já que o turismo envolve diversos serviços, tais como: transportes; alojamentos (hotéis, pousadas e resorts); restaurantes; atrações culturais na cidade e naturais no município. Destacando-se como relevante não apenas na dimensão sub-regional do nordeste paraense, mas também na escala estadual do Pará e regional do Norte do Brasil certamente como um dos melhores atrativos turísticos existentes.

Portanto, pode-se dizer para ser mais preciso que a famosa praia do Atalaia na questão do turismo de Sol e Praia se constitui não apenas como a melhor praia do estado do Pará, mas também na melhor praia da região norte do Brasil. Dentre outras razões pelo fato de possuir um atrativo turístico de qualidade, tendo geralmente uma repercussão positiva e boa de quem a visita e conhece. Atraindo o maior fluxo de visitantes praticantes dessa modalidade de turismo de Sol e Praia, ou seja, das opções disponíveis no litoral paraense e nortista é o ponto turístico que geralmente se constitui na opção

 

 

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preferida. Estima-se que Salinópolis receba anualmente mais de 900 mil visitantes (AGÊNCIA PARÁ, 2022).

Apresentando um conjunto de fatores atrativos: qualidades específicas; aspectos atraentes; capaz de satisfazer desejos; suprir necessidades vinculadas a demanda turística; dotada de importantes serviços, infraestruturas, acomodações e produtos de consumo; produção da sensação de bem-estar aos visitantes e turistas.

A extensão da Praia do Atalaia e da sua vizinha Praia do Farol é de uma média de 20 km. A praia do Atalaia está a aproximadamente 14 km da cidade. Localizada na ilha do mesmo nome, Ilha Atalaia, na qual é ligada ao espaço continental por uma ponte de concreto sobre o rio Sampaio seguida de uma estrada asfaltada. Situada no setor leste do município de Salinópolis.

Revelando neste espaço do litoral paraense uma deslumbrante paisagem tropical com um conjunto peculiar e heterogêneo de formas naturais e construídas. A praia do Atalaia dispõe de mar de águas cristalinas e mornas, longas faixas de áreas finas e brancas, céu azul, sol radiante, brisas suaves soprando no ar dos ventos leves no litoral.

Diferentemente de outras praias é aberta a circulação de carros, vendedores ambulantes, motos e ônibus. Próximo à praia da Atalaia, em meio a alguns trechos de campos de dunas cobertas por vegetação de restinga que, de certo modo, servem como auxílios naturais para conter determinadas ações de ondas e marés na linha costeira, está localizado o lago de água doce chamado de Coca-Cola, assim denominado por suas águas serem perceptivelmente escuras e sensivelmente geladas.

Ao longo da linha costeira da praia possui diversas e importantes barracas e restaurantes como, por exemplo, Ribas Grill, Biruta Charm, Marujos Grill, Verde Mar, Brazeiro e Virianduba Beach, apresentando uma variedade de opções de refeições, tira-gostos e bebidas deliciosas. Apesar de no local, quando comparado com outros lugares, ser elevados os preços dos diferentes produtos disponíveis para o consumo na praia. A pratica do turismo pode ser definido como um turismo de massa. Porque antes o turismo representava algo restrito aos grupos sociais economicamente mais privilegiados, atualmente

 

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esta atividade passou a ser também constitutiva dos grupos sociais economicamente menos favorecidos.

Mesmo ficando uma condição mais favorável de amplo e profundo consumo e serviços para as pessoas de alto poder econômico. A praia é frequentada por uma quantidade expressiva de pessoas, inclusive, mesmo de menor poder aquisitivo, não desfrutando do consumo de maneira tão satisfatória, mas nem por isso deixando de frequentar e visitar também a praia. Na orla da praia do Atalaia a maior parte da área é ocupada hotéis, pousadas e moradias de alto padrão.

Algumas das importantes atividades que podem ser realizadas na praia do Atalaia: observar o nascer do sol; contemplar o pôr do sol; almoçar, lanchar, beber e degustar da saborosa gastronomia local com base alimentar da praia: pratos compostos de pescados, mariscos e frutos do mar; tomar banho de mar; praticar surfe; tomar banho de sol; praticar esportes, vôlei de praia, futevôlei, futebol de areia; realizar caminhadas.

 

 

QUADRO 2: PRINCIPAIS ATIVIDADES

QUE PODEM SER REALIZADAS

NO TURISMO DE SOL E PRAIA:

 

 

- BANHOS E MERGULHOS DE MAR;

- CONTEMPLAR O NASCER E O PÔR DO SOL;

- ESPORTES AQUÁTICOS;

- ESPORTES NA ÁREA;

- CAMINHADAS E TRILHAS;

- APRECIAR A BELEZA DA NATUREZA NA PAISAGEM;

- DEGUSTAR DOS PRATOS TÍPICOS DA CULINÁRIA LOCAL

FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025.

 

A praia do Atalaia em Salinópolis através da Lei Ordinária Nº 9.684 de 2 de setembro de 2022 foi declarada como patrimônio cultural de natureza

 

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material e imaterial, paisagístico e ambiental do Estado do Pará. A ilha do Atalaia também possui o título de Monumento Natural instituído por meio do Decreto Estadual nº 2. 077, de 23 de maio de 2018. A unidade ocupa uma área total de 256, 58 hectares que equivale a Ilha do Atalaia, o lago da Coca-Cola e áreas próximas (IDEFLOR, 2022).

Segundo avalição realizada, em 2022, pela plataforma Airbnb referente escolha de destino de praias, as praias de Salinópolis foram escolhidas como sendo uma das 10 praias mais hospitaleiras do Brasil, ocupando o 8º lugar e sendo avaliada com a excelência de 5 estrelas. Esse resultado foi obtido baseado em avaliações de usuários brasileiros da importante plataforma Airbnb. Para BIGNÉ et al. (2001), a imagem assim do destino é um antecedente direto da percepção da qualidade, da avaliação da satisfação e do comportamento futuro dos turistas.

Essa atividade do turismo de sol e pratica de Salinópolis podemos assim afirmar que tem uma avalição positiva e uma boa repercussão

Porém, é válido fazer uma ressalva no sentido de lembrar que devemos tomar o cuidado para compreender que mesmo se constituindo como função dominante de Salinópolis-PA, há períodos de altas temporadas e de baixas temporadas, ou seja, a atividade turista revela uma dinâmica na qual há momentos em que essa atividade ora se torna mais intensa (alta temporada) e ora menos intensa (baixa temporada).

O turismo doméstico que pode ser também conhecido como turismo nacional, turismo interno ou dentro do próprio país, região ou estado. É o perfil predominante dos turistas que visitam Salinópolis. Resultando no cenário nacional em Salinópolis ser logicamente caracterizada como uma cidade que receptora de turistas e não emissora, ou seja, é local de destino turístico que recebe quantidade significativa de turistas.

O estado do Pará registrou crescimento no número de turistas de 699 mil visitantes no ano de 2021 para 938 mil turistas em 2022, o que equivale a um volume maior de 34%.

E a tendência com a urbanização exercendo influência no turismo e o turismo exercendo influência na urbanização é de continuar a ocorrer assim

 

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forte atração de pessoas, nesse ritmo de crescimento a atividade do turismo no município em muito pouco tempo conseguiu superar a cifra de mais de um 1 milhão de turistas e visitantes.

Haja vista que de acordo com o OBSERVATÓRIO DO TURISMO DO PARÁ (2025) o crescimento do turismo no Pará em 2024 bateu recorde e gerou mais de 871 milhões em receita. Um aumento de 16, 2% em comparação com o ano anterior, em 2024, em que a receita alcançada foi de 750 milhões.

O turismo no Pará segue em uma tendência ascendente, ou seja, sendo uma atividade cada vez mais impulsionada e alavancada ao longo do tempo. Atraindo cada vez mais turistas no estado do Pará. Registrando em 2024 uma média de 1. 204. 944 turistas. Uma quantidade superior a 2023 que o estado recebeu 1. 044. 156 pessoas aproximadamente o que equivale a um crescimento de 15, 4% superior em relação a 2023 (OBSERVATÓRIO DO TURISMO DO PARÁ, 2025).

 

                                                                                                             

4.    TURISMO: VOCAÇÃO NATURAL OU PRATICA SOCIAL?

 

O dilema, muitas das vezes, mal colocado ao pretender encerrar definitivamente esta questão com uma resposta única e fechada sobre a definição do turismo nos termos de ser originário de uma vocação dada as características naturais existentes no local ou de ser proveniente de uma humana construção social.  Induz, no geral, ao erro as pessoas e até mesmo estudiosos do assunto. A atividade turística, por exemplo, foi e, muitas das vezes, ainda é erroneamente associada a vocação natural principalmente por agentes de turismo e políticas governamentais, reproduzindo e arraigando no senso comum da sociedade ideias assim superficiais a respeito do turismo.

Transmitindo uma concepção ultrapassada e defasada que desloca essa questão assim para uma condição limitadamente dicotômica na qual artificialmente tende a estabelecer uma separação entre elementos naturais e

 

 

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elementos sociais. Promovendo na geografia o distanciamento da geografia física e da geografia humana na compreensão dessa questão. Quando do contrário, na verdade, a ciência da natureza e da sociedade revelam no estudo do turismo uma profunda unicidade na relação natureza-sociedade e vice-versa.

O Turismo é um fenômeno social por decorrer de interações envolvendo deslocamentos humanos com o meio receptivo (DE LA TORRE, 1997). No entanto, é válido ressaltar que, apesar de ser um fenômeno social, nem todos os deslocamentos humanos se constituem em pratica do turismo. O deslocamento, na verdade, se caracteriza como uma parte importante, isto é, um dos momentos do turismo quando esse movimento de fato assume essa finalidade.

Uma melhor definição do turismo enquanto pratica social pode ser a de compreender o turismo como sendo, antes de tudo, um fenômeno que basicamente envolve o movimento de pessoas do seu local de residência habitual em direção a outro local, muitas das vezes, motivados pela busca de lazer envolvendo prazer, diversão e sossego. Residindo a essência da viagem no viver, conviver, conhecer e experienciar lugares que geralmente apresentam características distintas dos locais de origem. Além disso, envolvendo na sua realização:  transporte, consumo, hospedagem, entretenimento, uso de equipamentos urbanos, serviços, atrativos e destinos turísticos.

Um fenômeno que se manifesta ao ser humano em determinadas condições, podendo ser não meramente o que aparenta, mas sim o que se manifesta em si mesmo ou na sua essência. Logo, o fenômeno envolve tanto o fato da existência da apresentação quanto a vontade da representação.

Isso basicamente significa dizer em relação ao turismo que abrange dinâmicos e variados elementos naturais quanto sociais relativamente apresentados e representados. O atrativo turístico, por exemplo, já possui certas utilidades reveladas pela condição natural e, por sua vez, passa a produzir significados e até mesmo ampliar e intensificar suas utilidades com o desenvolvimento da pratica social do turismo.

Sendo o turismo um fenômeno diversificado, envolvendo definições, interações sociais, identidades e valores com os conhecimentos e as

 

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experiências incorporadas após a realização dessa prática social, torna o turismo algo suscetível de ser multifacetado e polissêmico, ou seja, acontecer de distintas formas e possuir múltiplos significados, tendo em vista que “o turismo é um fenômeno de experiências vividas de maneiras e desejos diferentes” (PANOSSO NETTO, 2005, P.30) 

Sendo que o fenômeno do turismo deve, na verdade, ser melhor entendido na imbricação dos elementos naturais e humanos, ou seja, na dinâmica da relação que se desenvolve entre a natureza e sociedade e vice-versa. Estabelecendo uma unidade de um conjunto de diferentes elementos na sua totalidade. De acordo com OURIQUES (2005:20) “as paisagens naturais e socialmente construídas tornam-se objetos de consumo turísticos, como se isso fosse uma característica a elas inerente”.

Para Milton Santos (1994) quando os “objetos naturais”, partes dos elementos naturais, assim como as praias passam a ser considerados atrativos para o turismo, transformam-se em “objetos sociais”, partes de elementos humanos. Constituindo o resultado de ações de diversos elementos que se dá em diferentes níveis. Conjugadas no processo de incremento de maior valorização do espaço com o turismo cumprindo um relevante papel na urbanização, produção e transformação espacial.  Sendo assim, não é apenas a urbanização que gera o turismo, mas também o turismo que gera a urbanização.

Os atrativos podem ser naturais ou construídos, embora a OMT (Organização Mundial do Turismo) defina que é necessária alguma intervenção humana para a consolidação do atrativo, pois um recurso natural em sua forma original pode ser apenas considerado um atrativo potencial ou recurso turístico (SANCHO, 2001; OLIVEIRA, MINASSE & MARQUES, 2015).

Sendo assim, a potência daquilo que tem capacidade de ser para que se efetive na realidade é necessário a ação humana, ou seja, perante a condição natural é essencial a construção social. Nesse sentido, é possível afirmar que a realização do turismo pode ser dada primordialmente pelas condições naturais, mas que apenas assume significado e valor essencialmente por se constituir em uma construção social.

 

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Por isso, é impossível a rigor afirmar o turismo como sendo simplesmente uma vocação natural e nem como sendo absolutamente uma construção social. Ainda assim, é mais apropriado de se considerar o turismo como sendo uma pratica social. Porque, apesar de envolver características especificas e gerais desse fenômeno acontecendo em um determinado contexto de espaço, tempo e circunstância, o turismo foi uma atividade criada e desenvolvida a partir do ser humano, logo sem o ser humano não existiria a pratica do turismo.

O espaço pode ser entendido “como um conjunto indissociável de que participam, de um lado, certos arranjos de objetos geográficos, objetos naturais e objetos sociais, e, de outro, a vida que os preenche e os anima, ou seja, a sociedade em movimento” (SANTOS, 1997). A produção, organização e transformação do espaço a partir do fenômeno do turismo é resultante da relação que a sociedade estabelece com a natureza e materialidade advinda ao longo do tempo ocasiona na produção de formas espaciais de cunho urbano-turísticas.

Tendo em vista que basicamente o turismo de sol e mar, por exemplo, acontece assim numa dimensão natural com a combinação de água, sol e calor, elementos típicos de uma praia, ao mesmo tempo, de forma mais ou menos densa, apresenta uma dimensão humana com a presença de turistas, espaços de consumos, serviços, materialidades urbano-turísticas, 2ª residência, resorts, pousadas, restaurantes, bares, entre outros.

Não impedindo em nenhum momento nesse raciocínio a definição de turismo continuar sendo vinculada, dentre outras, ao segmento de turismo de sol e praia e a atividade também de lazer, conjugando aspectos naturais e humanos. Logo, isso significa dizer que as dimensões naturais e sociais aparecem assim indubitavelmente inter-relacionadas.

Por isso, nenhuma abordagem, desde a menos certa e insuficiente que leve em consideração o turismo como vocação de características naturais até a mais certa e apropriada do turismo que percebe como uma pratica social pode ignorar os fatores naturais e humanos nas suas inter-relações e nem, muito menos, esgotar o debate e reflexão conceitual existente sobre essa pratica que pode se revestir de novos significados assumindo diferentes conotações ao

 

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longo do tempo. Contudo, é mais pertinente de levar em consideração a ideia do turismo como uma prática social.

 

 

 

5.    URBANIZAÇÃO TURÍSTICA DE SALINÓPOLIS/PA

 

A urbanização turística não estabeleça vinculo somente com a geografia, porém seria incorrer num erro imenso subestimá-la ou pior ainda ignorá-la. O fenômeno da urbanização turística representa um campo fértil para a geografia. Não é à toa que a geografia se destaca jamais como a única área, mas sim como a principal referência.

A correlação entre o turismo e o urbano é algo legítimo de estudos para a geografia. Já que estabelece uma inter-relação na qual a urbanização gera turismo e o turismo gera a urbanização. Resultando na urbanização turística dos lugares e a urbanização dos lugares para o turismo (CRUZ, 2003)

O turismo é uma prática social que normalmente amplia e diversifica a expansão do comércio e serviço em geral. Configurando-se em um vetor a impulsionar a urbanização. Nesse sentido, pode-se falar que acontece uma urbanização turística. Visto o turismo, ao mesmo tempo, como um produto da sociedade urbana e um vetor de expansão da urbanização.

A urbanização turística conforme define Patrick Mullins pode ser basicamente entendida como “a constatação da existência de formas especificas de produção do espaço urbano engendradas a partir da atividade turística, sobretudo quando esta se impõe como dominante na economia local” (MULLINS, 1991, p.326).

O fenômeno da urbanização pode produzir o fenômeno da turistificação assim como o fenômeno da turistificação pode impulsionar o processo de urbanização. No caso especifico de cidades turísticas do litoral brasileiro como, por exemplo, do município de Salinópolis na zona costeira paraense.

O que podemos evidenciar acontecendo é logo após a urbanização o fenômeno da turistificação estimulando a intensificação da urbanização.

 

 

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Chegando ao ponto em que não poucas vezes esses dois fenômenos chegam a ser concomitantes, ou seja, ganham vida e realizam-se ao mesmo tempo no espaço.   

Urbanização turística corresponde a “forma de urbanização que, ao contrário da urbanização industrial, tem a sua produção de significados e identidades sociais deslocada da produção para o consumo” (LOPES JÚNIOR, 2000). Isso significa dizer que a lógica de desenvolvimento, organização e transformação espacial não é pautada na produção, mas sobretudo no consumo de espaços, bens e serviços.

“Enquanto a urbanização ocidental emergiu no século 19 com base na produção e no comércio, as cidades turísticas evoluíram no final do século 20 como sítios de consumo” (MULLINS, 1991). Uma urbanização que não é centrada no trabalho e na produção, mas sim focada no lazer e consumo.

A urbanização turística cria toda a infraestrutura, a medida do possível, necessária a realização dessa atividade. Fomentando os atrativos turísticos da localidade e visando contemplar a demanda turística.

O processo de urbanização em Salinópolis, ao contrário do que até certo ponto é comum de ser verificado na realidade de outras cidades brasileiras e ao longo do mundo, não teve como vetor de indução o fenômeno da industrialização ampliando a expansão dos espaços urbanos. Mas, sim teve, em grande parte, como fatores fortemente estimuladores em promover a intensificação da urbanização em direção a essa cidade inicialmente a prática do veraneio e posteriormente do turismo se consolidando. Destacando a cidade de Salinópolis como uma cidade turística. Na qual tem cada vez mais na turistificação um fator irradiador da sua urbanização. 

Salinópolis, situada na sub-região do litoral do nordeste paraense, de certo modo, está inserido no contexto maior da dinâmica regional de produção espacial no qual o município passa a assumir diferentes aspectos, deixando na década de 60 de ser baseado no padrão “rio-várzea-floresta” e passando a ser no padrão “estrada-terra-firme-subsolo (GONÇALVES, 2005). Evidenciando, dentre outras coisas, a supremacia do uso das rodovias em detrimento dos rios, dinamizando o processo de urbanização turística.

 

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Construindo um cenário urbano que revela condições favoráveis ao crescimento urbano e ao fortalecimento do turismo através de melhorias infra estruturais e de conexão a outros locais. Transformando Salinópolis a partir de então, por exemplo, em um destino turístico gradativamente mais acessível, chegando ao ponto de consolidar o turismo como principal atividade econômica do município, ultrapassando a atividade da pesca. 

Segundo BRITO (2004), alguns fatores têm contribuído para esse comportamento de aceleração do processo de urbanização em Salinópolis, tais como: aumento do fluxo da população flutuante, o aumento das residências de veraneio, o desenvolvimento da infraestrutura pelo Estado, o projeto Agro-Industrial (AGRISAL), a doação de terras públicas pelo governador Alacid Silva Nunes, o crescimento e melhoramento da infraestrutura local e a instalação de grandes empreendimentos.

A cidade de Salinópolis, em 1966, durante o governo de Alacid da Silva Nunes, por meio do decreto de lei nº 13.798 é elevada a categoria de Estância Hidromineral ficando nessa condição até 1985. É a partir desse período que o espaço urbano de Salinópolis passa a apresentar um certo desenvolvimento na estrutura física através de serviços de saneamento básico, alargamento de ruas, pavimentações de rodovias que conectam a cidade. Passando esse período os espaços de praias são vistos menos por um ponto de vista terapêutico e passam a ser vistos mais como destinados visando o bem-estar com o hedonismo e recreação do turismo litorâneo.

É a partir do contexto do governo de Alacid da Silva Nunes que Salinópolis passa certamente a apresentar em sua lógica de produção espacial novas formas e funções que demonstram cada vez mais características urbanas do que rurais principalmente vinculadas a atividade turística. Pois, algo que contribuiu muito para acelerar a urbanização em Salinópolis foi o governador Alacid da Silva Nunes ter doados terras nas quais foram estimuladas, por exemplo, as construções de 2ª residência.

Apesar de que há diferentes explicações sobre a produção do espaço urbano em Salinópolis, uma delas compartilhada por muitos pesquisadores, geralmente ressalta praticamente a mesma ideia de que aconteceu pelo o que

 

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já foi dito e, sobretudo, em função de dois fatores principais: produção de segunda residência e o incentivo ao turismo. Além é válido lembrar das políticas públicas e urbanas desenvolvidas ao longo do tempo por diferentes governos do estado do Pará.

De acordo com o IBGE se torna um município considerado urbano a partir da década de 70, ou seja, desse momento em diante mais da metade da sua população passa a residir nos espaços urbanos da cidade e não nos espaços rurais do campo. Tendo como vetor de indução da sua urbanização não a industrialização, mas sim principalmente o turismo.

Entre outros fatores relacionados ao crescimento da população urbana fosse superior ao da população rural, pode-se citar: o momento em que Salinópolis passou a condição de “estação hidromineral” pelo decreto nº 3.789 (1966); aumento do fluxo de veranistas correlacionado a intensificação da produção de segundas residências.

E características que também são muitos comuns na realidade de outras cidades brasileiras, ou seja, a busca da população que de deslocou da área rural em direção ao espaço urbano da cidade para residir em função de almejar encontrar melhores condições de vida com emprego, habitação, renda, transporte, serviços e comércios.

Resultando no crescimento do contingente populacional chegar a alcançar índices elevadas como demonstrado no censo do IBGE (2000) uma comparação que pode ser estabelecida da taxa de população urbana em média de 91% já nesse período em contraposição aos aproximadamente 17% de 1950.

Salinópolis se insere, apesar de manter certas especificidades, na tendência predominante da dinâmica da urbanização brasileira verificada no país (SANTOS, 1996). Haja vista que com o êxodo rural, houve a inversão do lugar de moradia da população, ou seja, outrora volumosamente residindo no espaço rural e partir de então se dispersando com o seu deslocamento espacial e se concentrando expressivamente como local agora eleito de moradia no espaço urbano, evidenciando um aumento do número não somente de

 

 

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habitantes, mas também um crescimento do número de cidades de pequeno e médio porte.

Além disso, apresenta aspectos típicos da realidade de outras cidades brasileiras nas quais não são capazes de oferecer emprego, renda, serviços para suprir a necessidade de toda população. A urbanização crescente faz com que as cidades de hoje, ainda que em menor proporção e variando a sua intensidade, apresentem problemas urbanos parecidos até com os de cidades litorâneas bem maiores (MARINHO, 2009).

Nesse sentido, levando em consideração o fator populacional, sobretudo, do ponto de vista local, pode-se dizer que, como a maioria das cidades brasileiras, Salinópolis cresce com uma característica urbanística até certo ponto deficitária. Continuando a ser projetada num alto grau de seletividade espacial para ser capaz em determinados pontos selecionados de suprir a demanda da população flutuante e externa como turistas e visitantes oriundos de outros lugares.

Sendo assim, diferente de outras lógicas de crescimento e avanço da expansão urbana tende a ser menos marcada pela atividade de produção e mais marcada pela atividade de consumo. O objetivo potencializado de produzir um espaço urbano com funcionalidade fortemente direcionada para as atividades que envolve o turismo. Faz com que nas cidades os espaços além de serem vividos também passam a ser consumidos.

Durante o governo de Alacid Silva Nunes, entre 1966-1971, a distribuição de terras públicas somado ao incentivo a construção de segundas residências pela classe média de Belém promoveram, ao mesmo tempo, a expansão da malha urbana em direção à praia do Atalaia.

Buscando, a medida do possível, já naquela época melhorar as condições de acesso à praia com mudanças estruturais. Isso implica de maneira mais evidente ao longo do tempo na mudança com novos tipos de ocupações, novas funções e novos agentes que passam a ocupar e usufruir desse espaço litorâneo paraense. O que permite se denotar é que partir da década de 70 em diante esse processo passa a ser intensificado com uma nova dinâmica assim espacial sendo desenvolvida. Resultando no espaço adquirir outra finalidade,

 

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porque a praia deixa de ser como outrora era um local de trabalho habitado por pescadores e passa a partir de então a ser o local por excelência do lazer e do consumo.

No período do governo de Fernando Guilhon, entre 1971-1975, a construção da rodovia PA-324, em 1974, acelerando o fluxo e diminuindo o tempo de deslocamento numa média antes de 15h para agora a média de 3h de duração a viagem entre Belém e Salinópolis. E a construção da ponte do Atalaia sobre o Rio Sampaio não apenas ligou essa ilha a sede do município, mas também ofereceu as condições necessárias ao mercado imobiliário para comercialização de lotes residências e primeiras pousadas na praia do Atalaia e do Farol Velho.

Durante grande parte desse contexto a centralidade que a capital estadual, Belém, exerce sobre Salinópolis na sub-região do nordeste paraense é de grande influência, pois desde antes com o crescimento urbano a partir da construção de segundas residências compostas predominantemente pela classe média e a elite de Belém até aos dias atuais continua a exercer influência.

Pois, Belém se constitui, muitas das vezes, não apenas em porta de entrada, mas também de onde se destina em direção a Salinópolis o principal mercado consumidor de turistas, ou seja, atrai turistas tanto externos quanto internos para o município de Salinópolis. 

RIBEIRO (2015; 2018) também identifica a cidade de Belém como centro difusor do urbano nessa sub-região. Isso pode ser constatado na relação estabelecida com Salinópolis, tendo o aumento das interações via o uso intenso das rodovias. A centralidade que Belém exerce ora atrai e ora dispersa forças econômicas de acordo com finalidades especificas.

Nesse sentido, dispersa em direção a Salinópolis boa parte da população flutuante da pratica do turismo doméstico, pois foi percebido em diversas pesquisas que, até o momento, a maioria de visitantes nacionais a Salinópolis é proveniente do próprio estado do Pará. O que se caracteriza como turismo doméstico. Principalmente oriundos de Belém, representando o fluxo mais significativo de visitantes.

 

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Além de a capital estadual ser a porta de entrada de turistas nacionais de outros estados, regiões e fora do país que se direcionam para Salinópolis. E atrai as pessoas não somente, mas principalmente em função, por exemplo, de encontrar serviços específicos ou melhores que não encontram em outras cidades pertencentes a sub-região do nordeste paraense, fazendo-se necessário se deslocar até a capital.

Mesmo que a cidade de Salinópolis, situada na zona costeira do litoral paraense, possui suas especificidades, apresenta também características em comum com várias cidades brasileiras na zona costeira das regiões Nordeste, Sul e Sudeste no que diz respeito ao crescimento dessas cidades relacionado ao desenvolvimento do turismo de sol e mar.

Algo típico dessas cidades litorâneas das regiões Sudeste, Sul e Norte. Inclusive, na região norte do Brasil na cidade de Salinópolis situada no litoral paraense é a presença predominante de domicílios de uso ocasional (IBGE, 2010) no qual, por outras palavras, corresponde ao que costumamos chamar 2ª residência.

A produção da 2ª residência foi de grande relevância na reorganização espacial das cidades litorâneas. Representando um dos até principais elementos urbanos. Inclusive, em Salinópolis assim como em certas cidades brasileiras um elemento indutor do processo de urbanização. No espaço urbano de Salinópolis há um considerável número de residências de veraneio. Normalmente situadas em bairros centrais e próximos ao mar.

Válido dizer que na cidade existem problemas que se fazem presente na maior parte das cidades brasileiras, tais como: a expansão de áreas periféricas, crescimento urbano desordenado, problemas ambientais, entre outros.

Sobre a questão do crescimento urbano desordenado podemos citar, por exemplo, entre 1980 a 1990, acontecendo o crescente aparecimento de bairros na cidade que ocorreram por meio de ocupações irregulares, tais como: Jaderlândia, São José, São Tomé, Atlântico I e II, Bom Jesus, Pedrinhas, Nova Brasília e Bairro da Ponte.

Sendo todos esses bairros surgidos a partir de terras que antes eram ocupadas pela AGRISAL (BRITO, 2004). O que demandava, dentre outras

 

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coisas, a legalização dessas áreas ocupadas e a produção de infraestrutura no local (ALVES, 1997).

Outra questão que gera problema foi, por exemplo, durante muito tempo a ausência de um plano diretor na cidade. No qual pudesse bem antes ter realizado um zoneamento urbano, indicando áreas designadas para cumprir diferentes atividades, desde moradia, passando pelo comercial até a industrial. E assim contribuiria para uma melhor organização e uso do espaço urbano.

De acordo com o estabelecido no art. 182 da Constituição Federal em seu parágrafo primeiro “O Plano Diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana”.

O que significa dizer em relação ao caso de Salinópolis que desde 1991 já era para ter o plano diretor. Pois, a partir desse momento a cidade já havia ultrapassado mais de 20 mil habitantes com uma população estimada em 22.670 habitantes segundo o censo demográfico. E o plano diretor posteriormente quando passa a existir vem demonstrando que algumas de suas importantes medidas tem sido atendidas sendo efetivadas através de ações, enquanto muitas outras tem ficado apenas relegadas as intenções.

Antigamente, no município de Salinópolis, o trajeto até a ilha do Atalaia ocorria somente por embarcações a partir da praia do maçarico. Mas, essas condições de deslocamentos passam a melhorar ao longo do tempo com mudanças estruturais realizadas que implicaram em tornar mais fácil o seu acesso, conectando a outros lugares, por exemplo, com a construção sobre o rio Sampaio ligando a cidade de Salinópolis a ilha. E, logo em seguida, com a rodovia estadual PA-444 e a rodovia PA-124.

A duplicação da PA-444 compreendeu uma obra que envolveu a pavimentação e duplicação de cerca de 8 km de rodovia e a média de 200 metros de ponte sobre o rio Sampaio. Foi concluída e inaugurada em 2019. Com melhorias assim na infraestrutura implica na intensificação do já existente processo de urbanização turística. Representada pela presença que passa a ser crescente de empreendimentos e loteamentos voltados para a população

 

 

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flutuante e nas áreas próximas a PA-444 e a ponte que liga a sede municipal a ilha do Atalaia.

O avanço ao longo do tempo da atuação seja do setor privado com empreendimentos imobiliários ou seja com a atuação do setor público por intermédio de políticas públicas estimulam a urbanização turística com a ampliação da expansão urbana, atribuindo maior valor e qualidade aos serviços disponíveis a atividade turística e dinamizando a economia.

Na dimensão econômica podemos verificar a expressão disso, dentre outras coisas, materializada com uma crescente oferta de emprego no setor da construção civil utilizada tanto na construção de equipamentos públicos quanto na construção de empreendimentos privados, por exemplo, com a construção de residências de veraneio, hotéis, pousadas, resorts e condomínios.

Segundo a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), entre 2015 e 2019, o setor de construção aumentou em média numa proporção de 1200% o número de trabalhadores contratados nesse município.

Há uma parcela da população que reside ou se desloca em direção a ilha do Atalaia na qual não representa a população típica de veraneio, mas que se fazem presente em função de exercer atividades temporárias ou, algumas vezes, até permanentes de trabalhos de serviços ou comércios para a população flutuante durante os períodos de realização de atividades turísticas.

A pratica do turismo, em 2023, gerou cerca de 60 mil empregos e mais de R$ 750 milhões em receita para o Estado do Pará (SETUR/PA, 2024). Ainda segundo dados do Observatório do Turismo do Pará, o Pará recebeu, em 2024, 1.204.944 turistas. Um crescimento de 15,4% em relação ao ano anterior, em 2023, quando o volume foi de 1.044.156 visitantes (SETUR/PA, 2025).

Pode-se conjecturar que, apesar de Belém ainda liderar na questão turística exercendo uma certa centralidade e maior participação, uma boa parte dessas quantidades de turistas, empregos criados e receitas geradas são logicamente oriundas também do município de Salinópolis. Haja vista que foi o segmento de Turismo de Sol e Praia constatado na pesquisa como algo decisivo em contribuir potencializando a elevação desses resultados positivos.

 

 

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Logo, Salinópolis pode ser considerada como o município que impulsiona o turismo no cenário do litoral paraense, promovendo o crescimento do turismo exatamente por contribuir fortemente para a realização do segmento de turismo de sol e praia.

Posicionando-se nesta tendência ao longo do tempo ascendente de atração e ampliação da pratica turística no litoral paraense como o atrativo e destino turístico de maior potencial quando o assunto é turismo não do tipo urbano e nem do tipo de campo, mas principalmente do turismo de litoral.

Espaços que se destacam como as praias, a orla e o centro da cidade normalmente apreciados por uma sensibilidade turística são dotados de infraestrutura receptiva e novas áreas são urbanizadas.

Nesse contexto não é apenas a espacialidade que se transforma, mas também a vivência do tempo. O avanço da urbanização turística implica em emergir uma nova forma de relação espacial na qual se desenvolvem, dentre outras coisas, novas maneiras de se relacionar com a natureza; se adotam novos ritmos de trabalho que, muitas das vezes, substituem as relações tradicionais por costumes e hábitos modernizantes. Nessas novas formas de sociabilidade estabelecidas as relações sociais passam a ser caracterizadas por serem cada vez mais hibridas e flexíveis e cada vez menos orgânicas e estáveis.

“A turistificação, enquanto a materialização do controle do espaço pelo turismo, apresenta-se como relevante na compreensão desse cenário complexo que envolve a presença de pessoas fora do seu local habitual e que trazem consigo costumes e hábitos” (SILVA; ARAÚJO, 2023)

O processo de desenvolvimento da turistificação corresponde a um conjunto de aspectos importantes que presentes são capazes de tornar uma determinada localidade em destino turístico. Com a consolidação do município de Salinópolis a partir da década de 90 considerado como principal local de atividade turística de sol e praia no estado do Pará.

Isso é algo que proporcionou atrair mais investimentos, maior especulação imobiliária e o desenvolvimento de políticas públicas e urbanas que objetivassem a melhoria da infraestrutura disponível de tal maneira que,

 

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por exemplo, foram construídas nos bairros centrais ou próximos as principais praias da cidade alguns equipamentos de infraestrutura turística.

Destacando-se que foi financiada pelo governo do estado através do Projeto Novo Pará a Urbanização da Orla do Atalaia (2003), a reforma da fonte caraná (2004) que abriga no seu espaço uma fonte de água potável gratuita e a Orla do Maçarico (2000) na qual tende a ser a principal atração noturna da cidade, onde os turistas e visitantes realizam atividades pós-praia relacionadas com a apreciação de shows musicais, eventos e programações culturais, serviços e consumos de bebidas e alimentos em restaurantes, bares e lanchonetes.

Nesse sentido, posteriormente durante outros governos do estado do Pará houveram a realização de mais políticas públicas e urbanas importantes que somadas as anteriores fortaleceram ainda mais o turismo: pavimentação da PA-444 e duplicação da ponte do rio Sampaio (2019); construção da nova avenida beira mar (2022); nova passarela de acesso a praia do maçarico (2024); segunda passarela de acesso a praia do maçarico (2025).

Na questão urbana da produção espacial que permanece atual o desafio do fenômeno da urbanização turística em conseguir produzir um espaço urbano que seja bom tanto para os moradores quanto para os turistas (FONSECA; COSTA, 2004). Inclusive, se possível, invertendo a ordem da lógica de produção sócio espacial vigente, isto é, passando a ser primeiramente bom para os moradores e depois bom para os turistas.

Porque se for bom para os moradores, logo também poderá continuar a ser bom para os turistas. Por exemplo, os espaços de lazer e entretenimento como dos atrativos e destinos turísticos possam ser desfrutados não apenas por turistas, mas também por moradores locais. Além disso, políticas públicas e urbanas possam, a medida do possível, contemplar com melhorias a vida desses moradores locais.

O que não se pode perder de vista é almejar que a dinâmica da sociabilidade desenvolvida na relação entre moradores e turistas expressem menos aspectos conflitantes e contraditórios e mais aspectos colaborativos e complementares. Nesse sentido, o ideal é que no geral o fenômeno da

 

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urbanização turística possa acontecer satisfazendo, ao mesmo tempo, os anseios internos de moradores e as demandas externos de turistas.

Isso tende a oportunizar, dentre outras coisas, a possibilidade da construção de espaços urbanos e a potencialização da atividade turista a partir do processo de urbanização turística com a configuração de uma disposição sócio espacial não segregadora, mas sim de caráter integradora e inclusiva.

Induzindo a uma organização espacial urbana que continue a se atentar a dinamização econômica sem perder de vista a consideração da dimensão social. Tendo o cuidado de tudo jamais acontecer de ser meramente reduzido a desumanizadora função mercadológica do espaço que nega a vida urbana. Resgatando essenciais noções de espaço como caracterizado por ser plural, diverso e de encontro.

 

6.    URBANIZAÇÃO TURÍSTICA NA ZONA ESPECIAL DE INTERESSE TURÍSTICO: COMPLEXO DO MAÇARICO, PRAIA DO ATALAIA E PRAIA DO FAROL VELHO

 

O plano diretor, em 2018, do município de Salinópolis cita como “zona especial de interesse turístico” o Complexo do Maçarico, a Praia do Atalaia e a Praia do Farol Velho, indicando que as zonas “têm como objetivo servir de apoio aos empreendimentos de turismo e lazer, além de propiciar a contemplação da paisagem natural” (SALINÓPOLIS, 2018).

A localização é um elemento determinante no valor da terra e na prática de maior especulação. Pois, áreas próximas ao mar os solos urbanos ganham um preço superior em relação as demais áreas. O preço tende a aumentar quanto mais e melhor for dotada a área por infraestrutura de acesso, serviços e equipamentos urbanos.

Referente a compreensão da questão do fenômeno urbano no município de Salinópolis tendo como referência as praias mais visadas como atrativos e destinos turísticos, pode-se basicamente compartimentar em três setores principais: setor oeste, correspondendo a área mais urbanizada, com praias da Corvina e do Maçarico, onde está localizado a orla do maçarico.

A faixa litorânea da praia do maçarico foi tombada como patrimônio histórico-cultural.  Tombamento esse realizado, em 1994, pelo DPHAC

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(Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Cultural). Das praias de Salinópolis a praia do maçarico é a que está menos exposta ao oceano.

A praia da Corvina está limitada por dunas frontais, restingas, manguezais e a Orla do Maçarico. O acesso é feito por uma ponte edificada sobre área de manguezal. A praia das Corvinas foi tombada, conforme a lei nº 9.686, como patrimônio cultural, de natureza material e imaterial, paisagístico e ambiental do Estado do Pará.  

Setor central, com a praia do Farol Velho e área com a urbanização, em termos de distância, mais próxima à praia. Tem uma extensão de aproximadamente 3 quilômetros, limitada leste pela praia do Atalaia, ao sul por loteamentos residenciais e oeste pela ponta do Espadarte.

Nela se localizam residências de alto padrão, 2ª residências, mansões e as ruínas do antigo farol. O primeiro farol construído em meados do século XIX, é o que inspirou a denominação dessa praia e que atualmente ainda podem ser encontrados vestígios das suas ruínas. Sendo uma das principais referências espaciais do lugar.

A praia do Farol Velho está situada na parte mais exposta ao oceano na costa de Salinópolis. Tornando-a mais suscetível de sentir os efeitos erosivos de ondas, marés e correntes, sobretudo na área de divisa e entorno. Sendo isso evidenciado em locais de segundas residências construídas a beira mar como, por exemplo, na ponta do Farol Velho (Ranieri & El- Robrini, 2016). BRAGA (2019) também em suas pesquisas define essa área de erosão identificada como localidade vulnerável.

Esse litoral sofre várias modificações que resultam em “destruição de obras de engenharia civil pelo mar, a exemplo do Farol Velho, muros de arrimo”

(COSTA, 1992, p.46). Sendo assim, em Salinópolis “o impacto ambiental foi muito mais contra o homem do que contra a natureza” (COSTA, 1992, p. 46).

Já que determinadas construções urbanas avançaram muito na linha da costa em direção a proximidade do mar o que resultou em uma situação propicia para ocorrer o impacto de intensas atividades erosivas. Ao longo do tempo a praia do farol vem mantendo essa tendência erosiva com a presença de menos proteções naturais como dunas, manguezal e vegetação de restinga.

Pois, os campos de dunas poderiam conter as ações das forças das marés e os manguezais poderiam tanto atuar de barreiras contra tempestades

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quanto servir de filtros de poluição, além de ser um local útil de alimentação e agradável de reprodução de diversas espécies.

Além disso, o aumento do nível do mar tende a potencializar possíveis erosões e inundações na área. O que torna necessário um planejamento de ocupação urbana para evitar a degradação do ambiente e garantir a qualidade de vida dos moradores. Contudo, é válido dizer que as erosões nesses trechos de costa são pontuais, portanto não representam uma tendência generalizada.

Setor leste, com a Praia do Atalaia. Apresentando “características de praia oceânica, com declives suaves, ondas deslizantes, granulometria fina a muito fina, limitada por dunas frontais e permanentes (campo de dunas), e restinga na linha de costa” (RANIERI, 2014, p. 41).

A extensão da ilha é de 1.950,48 hectares, incluindo corpos d’água e de 1.822,27 hectares sem eles. O incentivo a ocupação começou no século XX no final da década de 60 nos governos de Alacid Silva Nunes e do Fernando Guilhon com a construção de uma ponte sobre o rio Sampaio que permitiu conectar a ilha a cidade de Salinópolis. Em seguida uma rodovia estadual (PA-444) e a rodovia PA-124 para facilitar o acesso a ilha (BRITO, 2004).

Em 2003, houve a urbanização da praia do Atalaia com a construção de estacionamentos para ônibus, instalação de sanitários e melhorias aos acessos viários. (BRITO, 2004). Entre 2012 e 2018, houve uma alteração mais significativa das terras na quantidade de parte da Ilha do Atalaia com 8, 89% em que foram convertidas em áreas urbanas decorrente de ações realizadas por agentes públicos e privados (GUSMÃO, TOURINHO; MESSIAS, 2022).

A área urbanizada corresponde, até o momento, a uma média de 20% do espaço, apesar da expansão considerável nos últimos anos (Gusmão; Tourinho; Messias, 2022). É a área de urbanização em notória expansão, diferenciada e valorizada com maior especulação imobiliária.

A expansão urbana foi quase duas vezes maior entre 2000 e 2021 do que entre 1984 e 1999. Levando em consideração a área urbanizada acumulada por hectares em 1984 era de apenas 0,88 hectares passando para 123, 17 hectares entre 1992 a 1999. Mas, de 2000 a 2011 chegou a 140, 43 hectares e de 2019 a 2021 a alcançar uma quantidade expressiva de 364,21 hectares.

 

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Isso significa dizer que as áreas urbanizadas cresceram de maneira intensa na Praia do Atalaia nas duas últimas décadas. Inclusive, numa média bastante superior ao fenômeno da expansão urbana verificado nas duas décadas anteriores (GUSMÃO; TOURINHO; MESSIAS, 2022).

Geralmente dois fatores costumam ser evidenciados como principais estimuladores desse fenômeno: a implantação de políticas públicas com obras de infraestrutura pelo governo do Pará e o aumento de segundas residências.

Preferida pelo segmento de turismo de sol e praia; atraindo a população flutuante; realização da prática do turismo doméstico; concentração principalmente pelo período diurno de turistas e visitantes. Evidencia uma significativa quantidade de barracas de palafitas de uso comercial assim como de elevada concentração de edifícios construídos na parte pós praia. Nas partes mais alteradas por ações antrópicas com construções a erosão costeira, algumas vezes, tem produzido impactos com o recuo de determinadas barracas na praia do Atalaia.

Segundo Ranieri & Robrini (2016) os principais perigos potenciais identificados por banhistas nestas praias são identificados no setor leste na Praia do Atalaia e no setor central da Praia do Farol com o trânsito de veículos e as marés altas. Sendo o trânsito de veículo o que acontece predominantemente na Praia do Atalaia onde há um fluxo intenso de carros disputando o espaço com banhistas. E as marés altas o que acontece com mais frequência na praia do Farol Velho decorrente de maior proximidade com o mar e a praia sendo estreita facilita a maré subir mais rápida.

No geral o que se evidencia é que nos diferentes setores de Salinópolis o fenômeno da urbanização turística se revela como algo mais denso próximo aos limites da praia. Sendo as áreas mais valorizadas, isto é, de especulação imobiliária elevada situadas próximas a Ilha do Atalaia, Orla do Maçarico e bairro do Destacado.

Até antes de meados da década de 60 o ambiente de praia de Atalaia era habitada por pescadores artesanais assim como visitada por pequenos grupos de veranistas em busca de descanso, banho de sol e mar. Mesmo a pesca não sendo mais a principal atividade econômica na cidade de Salinópolis.

 

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Não podemos ignorar que continua com sua parcela de importância. Já que a pesca em Salinópolis é fundamental no abastecimento do comercial local e até chegando, por vezes, a contribuir a nível regional. Podendo ser “caracterizada como pesca artesanal, comercial e de subsistência, e assume papel fundamental na construção da segurança alimentar” (ICMBio, 2017, p.41)

Nessa transição de velhas e novas formas de ocupação e apropriação do espaço, podemos perceber novos conteúdos-formas crescentemente emergindo após o final da década de 60 diferenciando-se de antigas formas, usos e lógicas de produção do espaço que prevaleciam anteriormente a década de 60.

O município de Salinópolis antes era caracterizado por formas espaciais tradicionais relacionadas a atividade de pesca, passam a ser, em grande parte, substituídas por uma lógica sócio espacial que tem a atividade turística como algo central com formas espaciais ligadas ao turismo com a elevação na quantidade de 2ª residências.

Redefinindo as relações sociais e dissolvendo formas tradicionais de organização espacial. Assim a população local é afastada, por exemplo, das orlas e locais próximos as praias para darem lugar além das 2ª residências aos condomínios, hotéis, pousadas e outras casas de luxos.  Em Salinópolis a supervalorização dos imóveis na principal praia de atração turística, Atalaia ou na orla do Maçarico, aumentou o valor da terra e prejudicou a permanência de pescadores.

“Esta nova ordem urbana implica no afastamento e/ou substituição das casas de familiares locais de baixa renda, para a periferia e a instalação de casas de veraneio, prédios de apartamentos e condomínio de alto padrão, destinadas a veranistas com maior pode aquisitivo” (ADRIÃO, 2003, P.36)

Empreendimentos turísticos assim como a Orla do Maçarico e a urbanização da Praia do Atalaia demonstram a tendência a criação de espaços destinados ao consumo e lazer, visando proporcionar no aspecto urbano o conforto e no aspecto do turismo a sensação de bem-estar aos visitantes.

 

 

 

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7.    TURISMO DE HOTELARIA: RESORTS

 

O conceito de resort basicamente tem a ver, no geral, com a ideia de oferecer a possibilidade de encontrar em um único local: hospedagem, alimentação, lazer e entretenimento, preferencialmente próximo a atrativos turísticos. Essa definição, por outras palavras, é em boa parte parecida com compreensão de Silva (2009) porque resorts referem-se em meios de hospedagem que agregam alojamento e lazer em uma mesma área, próxima de atrativos naturais.  

Segundo o Ministério do Turismo (2010) a SBClass (Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem) define os resorts da seguinte maneira: “hotel com infraestrutura de lazer e entretenimento que oferece serviços de estética, atividades físicas, recreação e convívio com a natureza no próprio empreendimento”. 

De um modo ou de outro, são importantes definições existentes de resort, pois tem correspondência com a realidade. Exigindo a capacidade intelectual de discernir o contexto em que qual desses definições ora se faz mais apropriada de ser utilizada.

Os resorts, apesar de manterem suas próprias características, assim como outros tipos de hospedagem, remete também essencialmente a noção de hospitalidade, isto é, o ato humano, exercido neste contexto em âmbito profissional, envolvendo a atividade de recepcionar, hospedar, alimentar e até

mesmo entreter pessoas temporariamente um certo local estando deslocadas de seu habitat natural (CAMARGO,2004).

O imobiliário-turístico representa a articulação do mercado imobiliário com o mercado do turismo. Esses empreendimentos do imobiliário-turístico são planejados de forma a se tornar mais autossuficientes e menos dependentes das sedes municipais. Sua demanda efetiva não é ajustada pela renda local. O funcionamento dos sistemas locais deixa de ser reflexo do resultado das relações sociais em âmbito local. Estabelecendo diversas relações, diretas e indiretas, com outros lugares.

São um grande marco na hotelaria. Oferecendo serviços e acomodações de qualidades que diferenciam de um hotel convencional (MOURA, 2006).

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Sendo o surgimento dos resorts associados ao grande aumento de turistas. Em função desse seu uso predominante ainda chegam a ser definidos também como hotéis de lazer. Não é à toa que quase sempre estão localizados em áreas com atrações turísticas no Brasil com foco nos atrativos litorâneos. Podendo o resort de acordo com sua localização variar a classificação basicamente em três tipos espaciais possíveis: resort de campo, urbano ou de litoral. Sendo o resort do litoral constatado como o que possui a maior taxa de ocupação e melhor receita média.

Portanto, esses empreendimentos imobiliários não são criados em espaços isolados e nem muito menos aleatórios, mas sim em áreas que promovem facilidades de atração de turistas com acomodação (hospedagem) e favorecendo a circulação (proximidade do destino turístico).

Do ponto de vista físico se constituem como sendo a presença de importantes materialidades com características próprias e diferenciadas no espaço que se apresentam ora como uma das causas e ora como um dos efeitos da intensificação da urbanização turística. Além disso, esse tipo de hospedagem de alto padrão passa a crescer no Brasil em função de outros fatores relacionados, tais como: aumento da demanda turística; desenvolvimento de infraestrutura e transportes, tornando mais fácil o acesso aos turistas; crescimento da média de renda dos brasileiros.

Segundo MOURA (2006) os resorts têm apresentando ao longo do tempo a tendência de continuar sendo um dos meios de hospedagem cada vez mais procurados e desejados por turistas.

Um dentre outros principais diferenciais dos resorts é que apresenta como vantagem o fato de que, apesar de também precisar do período de alta estação com o verão quando o movimento de turistas está obviamente maior, não fica tão dependente assim como fica nessa situação o turismo residencial, por exemplo, de 2ª residência. Pois, o serviço hoteleiro do resort no período de baixa temporada pode também funcionar a sua instalação como espaço para a realização de importantes eventos, vendas e negócios, por exemplo, com a realização de reuniões corporativas, conferências, celebrações ou qualquer outra ocasião importante.

 

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QUADRO 3: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO RESORT

 

 

- EMPREENDIMENTO HOTELEIRO DE ALTO PADRÃO;

 

- INSTALAÇÕES E SERVIÇOS DE QUALIDADES;

 

- ESTRUTURAS DIVERSIFICADAS;

 

- ÁREA DE RECEPÇÃO, HOSPEDAGEM E RECREAÇÃO;

 

- LOCALIZAM-SE PREFERENCIALMENTE PRÓXIMO A ATRATIVOS TURÍSTICOS;

 

- OFERECE ACOMODAÇÃO, ALIMENTAÇÃO E ENTRETENIMENTO;

 

- AMBIENTE QUE PROMOVE A SENSAÇÃO DE BEM-ESTAR;

 

- IMPORTANTE VETOR DE CRESCIMENTO DA URBANIZAÇÃO TURÍSTICA;

 

- MELHOR AVALIADO PELO SBCLASS (SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE MEIOS DE HOSPEDAGEM) CLASSIFICADO DESDE 4 ATÉ 5 ESTRELAS.

 

                             FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025

 

Surgiu a partir de 2010 uma versão de classificação de hospedagem brasileira através da SBClass apresentando um modelo diversificado e com exigências especificas para cada categoria. Melhor do que o modelo anterior de 2002 que era de matriz única, ultrapassado e não contemplava a diversidade da hotelaria brasileira existente (hotel, resort, hotel-fazenda, cama e café, hotel histórico, pousada e flat/apart hotel).

Havia dezenas de tipos de hospedagem no Brasil que, na época, na ânsia de garantir maior prestígio e atrair maior quantidade de turistas chegaram até em determinado ponto a colocar resort em seu nome fantasia. Apesar de utilizarem o termo em seu nome fantasia, não cumpriam os requisitos mínimos exigidos pelo MTur (Ministério do Turismo) para assumirem no cadastramento essa tipologia de meio de hospedagem, pois apresentavam características insuficientes (GRAMPA, NASCIMENTO, WADA, 2012).

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Sendo assim, certas quantidades de hotéis na autoclassificação, por um lado, consideram-se resorts, mas na classificação oficial, por outro lado, não obtiveram tal reconhecimento, pois não se adequavam as exigências estabelecidas. Para obter a classificação desejada tinha que, dentre outras coisas, passar tanto pelo preenchimento e validação de documentos quanto pela avaliação in loco de representantes do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

Além disso, ainda é realizado uma avaliação em termos de qualidades por meio de símbolos de estrelas que vão desde 1 estrela condizendo a pior avaliação até 5 estrelas correspondendo a melhor avaliação. Levando em conta três critérios essenciais: infraestrutura, serviços oferecidos e sustentabilidade local. Resultando em um referencial para turistas que buscam informações referente as qualidades dos diferentes serviços hoteleiros disponíveis.

O turismo de hotelaria com os resorts no Brasil expressa a espacialização de um novo modelo de ocupação litorânea. Os resorts surgiram inicialmente no final da década de 70, mas passam a ocupar forte presença no espaço brasileiro, sobretudo no litoral durante o final do século XX a partir da década de 90 e especificamente no município de Salinópolis, principal representante

do polo turístico da Amazônia Atlântica, situado na zona costeira paraense, a partir do século XXI.

O Gav Resorts, por exemplo, corresponde a uma das maiores empresas de multipropriedade no Brasil. Foi fundado em 2014 e iniciou suas atividades no norte do país e logo após se expandiu para o centro-oeste, sul e nordeste. Em cidades, tais como:  Ipojuca/PE; gramado/RS; Pirenópolis/GO; Pipa/RN; Maragigi/AL; Barra de São Miguel/Al. Com mais de década de atuação no segmento de multipropriedade turística. Possui uma gestão caracterizada como verticalizada que vai desde a construção, passando pela incorporação imobiliária até o atendimento ao cliente.

É considerada de padrão internacional em função de apresentar qualidade no seu espaço através da construção, infraestrutura e serviços de atendimento personalizados e diversificados que se ajustam tanto a padrões atuais quanto contemplam critérios exigentes do mercado de turismo.

 

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E é considerada de multipropriedade porque consiste em uma forma de negócio em que um proprietário pode ter direito de posse e uso do imóvel, ou seja, frações de unidades do resort, durante um determinado período especifico de tempo, pois pode dependendo de cada situação variar desde semanas, meses ou anos. Normalmente ocorrendo a duração conforme previsto em contrato e o valor proporcional ao tempo de uso.

A empresa GAV Resorts foi pioneira no lançamento dessa atividade de empreendimento imobiliário turístico do tipo resort na região norte do Brasil. Tendo o município de Salinópolis, maior representante do polo turístico Amazônia Atlântica, como espaço de atuação. Focado no modelo de férias que compreende principalmente ao período de alta estação com a chegada do veraneio amazônico. Situado na rodovia estadual PA-444, próximo à praia do Atalaia.

No município de Salinópolis foi responsável por introduzir uma inovação no cenário local, apresentando um novo perfil de comodidade e um novo nível de sofisticação, elevando o padrão da forma em que o turismo pode ser realizado. O que permite passar a dizer que Salinópolis certamente tem seu potencial turístico assim reforçado com a chegada do GAV Resorts.

A empresa GAV Resorts, até o momento, se faz presente em Salinópolis com 3 importantes empreendimentos: Salinas Park Resort (2018), Salinas Exclusive Resort (2021); Salinas Premium Resort (2023). Com previsão ao longo do tempo de mais inaugurações acontecerem não só em outras regiões e cidades do Brasil, mas também no município de Salinópolis/PA. Especificamente em Salinópolis, segundo a própria empresa GAV RESORTS (2025), é previsto a inauguração do Salinas Beach Resort que se constituirá no maior de todos os resorts.

O Salinas Park foi o primeiro empreendimento de multipropriedade de padrão internacional do norte do país com esse equipamento hoteleiro imobiliário em Salinópolis. Posteriormente aparecendo outros empreendimentos imobiliários turísticos visando esse modelo de férias como o Salinas Exclusive Resort e o Salinas Premium Resort.

Os resorts da GAV em Salinópolis são principalmente conhecidos não apenas por oferecer um serviço de hospedagem de qualidade, mas também de

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outros serviços personalizados e diferenciados que superam o que é convencional de encontrar em outros locais, tais como: a presença de restaurantes e bares com cardápios sofisticados; a disponibilidade de espaços kids e recreação infantil; opções de atividades culturais e esportivas (GAV RESORTS, 2025).

Na ilha do Atalaia o crescimento do setor privado é algo que tem se expandido amplamente com a construção de novos empreendimentos imobiliários e a inauguração de mais hotéis, pousadas, resorts, restaurantes, bares, lanchonetes, entre outras estruturas para melhor atender o fluxo de visitantes.

Confirmando que a realização da atividade turística envolve um conjunto de diferentes agentes e dimensões, pois além de esferas governamentais de Estados e Municípios incorpora a participação da iniciativa privada. Intensificando o fenômeno da urbanização turística com a substituição das antigas formas espaciais por outras mais rentáveis e adequadas à lógica socioeconômica dominante.

O desenvolvimento imobiliário no litoral modela o crescimento da cidade ao estimular a expansão do turismo, o que expande a oferta extra hoteleira através da construção de complexos habitacionais para residentes temporários e/ou segundas habitações (BAÑOS, 2012).

Com o movimento de novos investimentos imobiliários de alto valor situados ao longo da rodovia PA 444, estrada do Atalaia, como, por exemplo, Resort Aqualand e Parque Aquático Aqualand (2016), Salinas Park Resort (2018), Salinas Exclusive Resort (2021), Salinas Premium Resort (2023).

O Aqualand compreende tanto o inovador complexo aquático no qual é o maior parque aquático do Brasil, inclusive com a presença de piscina com ondas quanto o seu Resort. Ambos foram inaugurados em 2016 e o Resort tem se expandido com novas torres de apartamentos e acomodações concluídas em 2023. Até o momento um total de 544 unidades habitacionais distribuídas em 3 torres.

O Aqualand apresenta padrão de qualidade com excelentes acomodações, agradáveis espaços e bons serviços. Tem capacidade para

 

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receber até 5 mil pessoas por dia. Ocupando uma área de 70 mil m² na PA-444. A aproximadamente 3 km de distância da praia do Atalaia.

No Aqualand Park há certos dias que são temáticos. Celebrando algumas importantes datas comemorativas. Contando com a realização de diversas atrações que atendem diferentes idades e muitos gostos. Apresentando atrações que vão desde as mais familiares e calmas até as mais radicais e divertidas.

No espaço do parque estão a enseada de netuno com grande piscina de ondas; o aquakids com playground interativo com 12 metros de altura, 7 toboáguas e uma baldão com capacidade para 3 mil litros de água. Um espaço pensado também na questão da inclusão, tendo em vista que possui estacionamento, entrada e banheiro com acessibilidade para cadeirantes de rodas.

De acordo com Ulli Braga (2024), diretor executivo do Grupo BR, a inspiração para o Aqualand veio dos parques aquáticos de Orlando. Atendendo

aos padrões internacionais de qualidade. Visando não apenas atender a demanda turística da região, mas também ser uma referência no país.

Salinas Premium Resort, Salinas Exclusive Resort e Salinas Park Resort correspondem a um empreendimento de padrão internacional. Dispondo de acomodações e serviços também de qualidades, tais como: apartamentos confortáveis; restaurantes com pratos típicos da culinária regional e até internacional; galeria com áreas de lazer, piscina, quadra poliesportiva, playground, sala de jogos, brinquedoteca e cinema. Localizado na rodovia 444, SN, Estrada do Atalaia. A uma distância de um pouco menos de 3km da praia do Atalaia.

Especificamente os resorts, muitas das vezes, funcionam com base, em boa parte, no modelo econômico de multipropriedade ou all-inclusive. No modelo all-inclusive através do qual todos os serviços já estão incluídos na diária paga pelo hóspede. A tradução de all-inclusive para o português equivale a dizer “tudo incluído” ou significa dizer “tudo incluso”. Esse tipo de sistema incentiva o hóspede a permanecer no hotel o maior tempo e usufruir a maior quantidade possível de serviços.

 

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Já no modelo de multipropriedade, um modelo originário a mais de 60 anos de existência em países desenvolvidos europeus como a França e norte-americano como o EUA (Estados Unidos da América). Posteriormente foi importado e incorporado no Brasil. Teve esse modelo de multipropriedade vigorado na legislação brasileira, em 2018, através da lei 13.777 (MAGNO SILVA, 2025).

Nesse modelo o imóvel pode ser usado de diversas formas. Podendo usufruir da maneira em que decidir, ou seja, desde usar totalmente ou parcialmente o período que tem direito. Por exemplo, pode usar apenas alguns dias de férias e deixar o restante do tempo de uso alugado ou emprestado para outras pessoas. Sendo que a maioria usa para programação de férias.

Uma pesquisa realizada por CALFAT REAL (2024) sobre hábitos de viagens e lazer do multiroprietário brasileiro revelou que as principais motivações que despertam o interesse em adquirir uma multipropriedade reside: na possibilidade de viajar com frequência para o turismo turístico; possibilidade de viajar para outros destinos do Brasil; retorno sobre o investimento; existência de área de lazer.

Um outro estudo de CALFAT REAL (2025) sobre o cenário do desenvolvimento de multipropriedade no Brasil revela que o modelo de multipropriedade vem ganhando força, sendo um investimento bastante rentável e um segmento promissor. Já movimentando uma média prevista de 93 bilhões até 2025. Cresceu 16,6% a mais que o ano anterior de 2024. Alcançando a quantidade expressiva de 92,7 bilhões em VGV (Valor Geral de Vendas). Além desses resultados, o estudo evidencia que a tendência é de contínua expansão do modelo de multipropriedade no Brasil.

Contudo, não existe um padrão único de propriedade e gestão dos resorts. O produto turístico oferecido é cada vez menos rígido e indiferenciado e cada vez mais flexível e diferenciado. Pois, não leva em consideração apenas a quantidade de consumidores, mas também a qualidade, disponibilizando serviços personalizados. O modelo de consumo é assim reinventado em função da demanda turística se tornar mais exigente, tendo a disposição uma variedade de opções. Sendo que nos resorts as diárias costumam ser mais altas do que dos hotéis convencionais.

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José Augusto Costa, conceituado corretor de imóveis, a construção dessas torres e condomínios de luxos, estimularam a valorização imobiliária do local e atraíram mais investimentos no Atalaia (OLIBERAL, 2024). Salinas possui assim a maior rede hoteleira do estado do grupo GAV Resorts; o maior parque aquático do Norte do Brasil de propriedade e gerenciado do Grupo BR e em breve pode contar com o acréscimo de novos resorts.

Marcelo Botelho, importante empresário do ramo imobiliário, na questão do turismo também enxerga um futuro próspero para Salinópolis com a possibilidade de se constituir não mais apenas em uma referência turística estadual e regional, mas sim em algum momento numa referência nacional (OLIBERAL, 2024). Em função da sua localização privilegiada, crescimento acelerado e infraestrutura de qualidade. Tendo em vista que “Salinópolis é hoje o principal foco dos investimentos turísticos do estado a nível privado” (MARCELO BOTELHO, 2024).

Atualmente Salinópolis já conta com uma boa oferta hoteleira que certamente oferece condições de qualidade para a prática do turismo. O município, de certo modo, acompanhou a tendência brasileira dos acontecimentos presentes no século XXI. Porque passou a aumentar em um ritmo maior do que no século anterior, XX, a atuação forte do setor imobiliário precisamente na década de 90, final do século XX, e no início do século XXI, em 2000, a rede hoteleira entra em nova fase de desenvolvimento com a implantação e ampliação de grandes projetos turísticos, por exemplo, com a expansão geográfica de redes hoteleiras.

O que alavanca a urbanização turística vinculada ao segmento de turismo de sol e praia. Evidenciando esse ritmo maior de crescimentos e investimentos imobiliários no Brasil, especialmente no litoral da região nordeste, sudeste e posteriormente em alguns pontos também atrativos de outras regiões como, por exemplo, no litoral paraense da região norte com Salinópolis em um determinado período: Resort Aqualand e Parque Aquático Aqualand (2016), Salinas Park Resort (2018), Salinas Exclusive Resort (2021), Salinas Premium Resort (2023).

Reinventando o veraneio em função de quatros fatores principais: tornam-se mais atraentes investimentos no Brasil; o mercado imobiliário atravessa um momento de intensa elevação com investimentos e crescimentos;

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potencialização da construção civil; saturação de algumas áreas tradicionais do turismo. O que significa dizer que aumento do fluxo de turistas estimula a criação de novos destinos turísticos aumentando a necessidade de ampliação no sentido de quantidade e adaptação no tocante a qualidade das empresas visando atender as exigências que passam a ser em proporção maior e desejosas de melhor.

 

8.    “TURISMO” RESIDENCIAL: 2ª RESIDÊNCIA

 

Os domicílios de uso ocasional assim chamado pelo IBGE, equivale, muitas das vezes, aos domicílios de 2ª residência. O que varia é o nome mais técnico ou mais popularmente utilizado. Pois, tanto os domicílios de usos

 

ocasionais quanto as segundas residências, possuem ambas como característica central em comum: o fato de serem habitações ligadas ao lazer nas quais servem de hospedagem temporária para pessoas que possuem o seu domicílio permanente em outro lugar. Nesse sentido, as segundas residências podem certamente ser definidas também como domicílios de uso ocasional.

Há outros termos menos em voga que também fazem referência a segunda residência, tais como: residência secundária e alojamento de uso sazonal. Quando diz respeito a segundos domicílios situados no litoral brasileiro em cidades assim como no caso de Salinópolis no litoral da zona costeira paraense ainda podem ser denominadas de “casas de praia”, “casas férias”, “casas de temporada”.

Algo bastante comum de ser evidenciado nas cidades litorâneas das regiões sudeste, nordeste, sul e norte do Brasil. Inclusive, da própria cidade de Salinópolis é a presença predominante desse tipo de domicilio. O que não podemos deixar de levar em consideração é que “A segunda residência não é um mero alojamento turístico, mas um dos elementos materializados da constituição do urbano e redefinição de novos espaços” (PEREIRA, 2006).

No Brasil o surgimento da 2ª residência está relacionado a abertura de rodovias e a ascensão da classe média (ARAUJO; VARGAS, 2013). Muito mais

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que isso pode-se dizer que está relacionado a busca de espaços que ofereçam momentos de lazer e descanso, preferencialmente próximas de atrativos turísticos como, por exemplo, as praias do litoral. Inclusive, é valido nesse sentido ressaltar que a maioria das 2ª residências se localizam em estados costeiros. Apontadas nas grandes aglomerações do litoral brasileiro como o fator mais expressivo da urbanização.

Segundo o IBGE o município de Salinópolis pode ser considerado um entre outros municípios que mais possui “domicilio de uso ocasional” não apenas do Estado do Pará, mas também da região norte do Brasil. E isso está fortemente relacionado as chamadas casas de veraneios, tão conhecidas como moradias de 2ª residência. Porque é residência temporária. Não é usado como

moradia principal, mas sim utilizado ocasionalmente para descanso ou lazer nas férias, feriados, finais de semanas, entre outros fins específicos.

No Brasil houve um aumento imenso de domicílios de uso ocasional em relação a 2010. Numa proporção bem superior a 50%, alcançando uma média de 70% (IBGE, 2022). E o município de Salinópolis segundo essa tendência foi verificado um aumento significativo desse tipo de moradia.

A alta no número de domicílios de uso ocasional pode ser atribuída a diversos fatores como, por exemplo, o crescimento do turismo e a busca por espaços de lazer e descanso. Salinópolis tem 39%, praticamente 40%, de domicílios de uso ocasional (IBGE, 2022), muitas das vezes, frequentadas pela parte da população considerada flutuante, ou seja, pessoas que não residem fixamente na cidade. Passam apenas um certo período.

A maioria dos domicílios de uso ocasional, não contando com capitais estaduais dos municípios paraenses, estão localizados no litoral com destaque para Salinópolis. Dependendo da área especifica no seu espaço verificado esse média geral varia e pode facilmente se elevar, por exemplo, na área de urbanização turística da ilha do Atalaia, por exemplo, mais de 90% dos domicílios são compreendidos como de uso ocasional. (IBGE, 2010).

Tem se verificado uma crescente tendência de alterações nas formas de produzir e consumir as 2ª residências com a passagem da produção dos imóveis unifamiliares para a incorporação de empreendimentos multifamiliares, na forma condominial, seja horizontal ou vertical.

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De um modo ou de outro, o uso do tempo livre é a principal característica da segunda residência. Onde seus proprietários vão buscar conforto físico, emocional e mental, na medida em que encontram condições mais favoráveis para descansar e fugir da rotina de trabalho e do estresse da cidade.

As 2ª residências são aquisições de uma parcela de indivíduos que tem condições financeiras de manter 2 residências. A primeira de uso de tempo maior e praticamente permanente. E a segunda residência de uso de tempo menor e certamente temporária.

O perfil social dos proprietários da habitação segunda residência são identificados como classes médias e altas. Por isso, ter uma segunda residência significa ter um lugar para descanso que também representa um símbolo de status social. O fator renda é o que determina a capacidade de construir e manter uma 2ª residência.

O aumento da quantidade de segunda residência representa novas formas de uso e ocupação no espaço litorâneo. Possuindo normalmente como proprietários pessoas com um perfil econômico de alto poder aquisitivo, ou seja, o conjunto de pessoas nas quais as suas condições financeiras permitem consumir e adquirir um grande volume de bens e serviços com seus recursos financeiros, por exemplo, empresários, comerciantes, advogados, engenheiros, administradores, dentre outros profissionais liberais economicamente bem-sucedidos. Sendo impulsionadores de setores que envolve luxo, investimentos e viagens.

Segundo MARINHO (2009) a disseminação de produção de 2ª residência representa uma nova forma de uso e apropriação do espaço litorâneo. Exercendo transformações significativas no espaço urbano dessa cidade costeira paraense ao ponto de se constituir em um dos principais indutores da urbanização em Salinópolis.

As 2ª residências assim se constituem não somente em casa para lazer e descanso dos seus usuários e proprietário (s), mas também em oportunidade rentável com sua venda ou locação. Sendo um importante indutor da urbanização turística.

“A segunda residência tem se destacado e desempenhado importante papel nas transformações da organização espacial, uma vez que se reveste de

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grande interesse para o capital imobiliário, cujos agentes se constituem nos principais atores desse processo” (RIBEIRO, 2008)

O crescimento expressivo de segundas residências em Salinópolis é um dos fenômenos responsáveis por contribuir para que a cidade na dinâmica do seu espaço urbano manifeste um duplo comportamento. Porque, por um lado, apresenta um período de baixa temporada com poucos moradores, menos fluxos de pessoas e menor receita. Por outro lado, possui um período de alta temporada no qual a população flutuante, o fluxo de turistas e visitantes aumenta significativamente em busca de desfrutar paisagens naturais ou construídas assim como consumir os bens e serviços voltados ao lazer e turismo.

A principal diferença que pode ser estabelecida entre usuários de 2ª residência e os turistas é que os usuários de 2ª residência tendem a desenvolver vínculos com o lugar. Enquanto que o turista não necessariamente sempre, mas, muitas das vezes, tendem a não criar vínculos com o lugar no qual visita.

 Nesse sentido, pode-se dizer que os vínculos estabelecidos por frequentadores de 2ª residência com os lugares são normalmente diferentes dos vínculos criados por quem como os turistas frequentam hotéis ou pousadas (SILVA, 2012).

Tendo em vista que é muito comum uma certa frequência do retorno e da pratica reiterada vezes do turismo de sol e praia pelos proprietários e frequentadores de 2ª residência principalmente no período de alta temporada durante o verão amazônico.

 Algo que passa a ser menos comum pelos turistas oriundos de fora do estado e da região.  Os veranistas, por exemplo, conhecem seus vizinhos e estabelecem laços de sociabilidade. De acordo com PEREIRA (2010) o veranista, em local diferente de sua moradia principal, na segunda residência vivência a estadia.

Nesse contexto, para o veranista que pode ser frequentador(a) ou proprietário(a) da segunda residência  na qual se torna uma habitação de lazer. Diferentemente do turista que a segunda residência se transforma em uma espécie de alojamento turístico.

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“Os proprietários de segundas residências estabelecem relações mais profundas com o lugar e a casa construída do que os turistas, devido ao maior número de viagens e ao tempo de permanência no destino” (GUSMÃO; TOURINHO; MESSIAS, 2022, p.5)

 “À medida que o tempo de residência e período de permanência se estendem intensifica-se os valores atribuídos ao lugar e, consequentemente, a relação identitária afetiva e familiar” (FONSECA, 2013). Porque com o tempo vivido possibilita atribuir significados nas relações acontecidas por diversos motivos, tais como: o lazer, a recreação, a quebra da rotina, o descanso, o entretenimento, o contato com o ambiente natural, outros moradores, visitantes e as lembranças. O lugar é assim mais do que um espaço ou uma paisagem nele estão presentes importantes aspectos que fazem parte da história de vida de muitas pessoas constituindo memórias afetivas.

Contudo, em contexto mais recente do século XXI é possível perceber de forma mais clara que “a identidade do lugar é constantemente recriada, produzindo um espaço híbrido, onde o velho e o novo fundem-se dando lugar a uma nova organização socioespacial” (LUCHIARI, 2004).

A segunda residência parece apresentar um movimento ambíguo de recuperação de aspectos tradicionais e de renovação com mudanças (FONSECA, 2013). Porque ora contém aspectos que colabora até certo ponto na recuperação de alguns valores tradicionais, por exemplo, promovendo relações relativamente horizontais e orgânicas com os lugares. E ora de renovação com mudanças promovidas pelos ditames do mercado, promovendo relações mais verticais e artificiais com os lugares.

O que até determinado ponto preocupa é a função de renovação com mudanças tende a ser algo crescente, superando antigas lógicas de relações   com os lugares, interações sociais e até mesmo chega a suprimir os valores tradicionais.

Logo, os proprietários e frequentadores de segunda residência pode tender em certos aspectos a diminuir o vínculo, mas ainda continuam em condições mais favoráveis de criar vínculos abrangentes e profundos com os lugares turísticos do que os turistas estabelecendo relações pontuais e passageiras que optam por hotéis, resorts, pousadas e apartamentos.

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Durante grande parte do século XX predominava em Salinópolis a 2ª residência com essas duas práticas sócio espaciais: o veraneio e turismo de sol e praia. Essas práticas sócias espaciais evidentemente continuam a existir. Mas, acontece que com a intensificação do processo de urbanização turística vão passar a coexistir na cidade de Salinópolis com novas formas espaciais que emergiram como, por exemplo, as advindas da aproximação estabelecida entre o mercado imobiliário e o mercado turístico resultando no imobiliário-

turístico através da construção, instalação e expansão hoteleira dos resorts, dentre outros.

 

9.    ORLA DO MAÇARICO

 

A Orla do Maçarico é um espaço urbano produzido visando atender as necessidades turísticas, ou seja, trata-se de um dos importantes pontos de urbanização turística presentes na cidade de Salinópolis, constituindo-se em um atrativo turístico. Foi resultado do Projeto Novo Pará financiado pelo governo estadual na época do governo de Almir Gabriel (1995-2003).

Governo esse que tinha no turismo um dos focos impulsionadores do desenvolvimento econômico. Esta obra foi considerada pelo Estado “como mais um marco do desenvolvimento do turismo no Pará” (PROVÍNCIA DO PARÁ, 1999, p.4).

A área da Orla do Maçarico, de aproximadamente 80 mil metros quadrados com custo total de R$ 6,5 milhões, foi doada ao Governo do Estado pela SPTU (Superintendência de Patrimônio da União). Construída pela Secretaria Executiva de Transportes. Sendo finalizada no final do ano de 2000 e oficialmente inaugurada, em 2001, pelo governador Almir Gabriel.

Na época da construção da orla foram colocadas esculturas de concreto de camarão, caranguejo; siri, ostra, tartaruga e de peixe corvina. Possuindo estacionamentos, calçadão, sinalização de trânsito, arborização de coqueiros, banheiros públicos, rampa para deficientes físicos e canteiro de flores. A orla do maçarico teve como preocupação dotar a cidade de equipamentos de lazer que somados aos recursos naturais já existentes possibilitasse opções de atratividade ampliando economicamente a atividade.

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Na época a importância deste empreendimento, em 2001, foi destacado no PDT/PA (Plano de Desenvolvimento Turístico do Pará) como principal equipamento de lazer noturno. Algo assim não tão diferente do que continua a acontecer atualmente. Pois, permanece desempenhando essa função.

Haja vista que todos os anos, especialmente no mês de julho, são programados pela PARATUR (Companhia Paraense de Turismo), prefeitura de

Salinópolis, dentre outros agentes e instituições importantes, shows e eventos no local. Shows realizados que contam com a participação de artistas não somente de expressões locais ou regionais, mas tendendo cada vez mais a apresentações de artistas de projeção nacional, atraindo uma grande quantidade grande de pessoas. Foi-se o tempo em que carimbo, boi-bumbá e a dança de quadrilha eram as únicas expressões culturais.

A Orla do Maçarico impulsionou profundamente o turismo doméstico na cidade, valorizando o espaço como principal área noturna de entretenimento e lazer. Inclusive, repercutindo positivamente em estimular posteriormente a sua construção a vinda de novos empreendimentos relacionados a busca de oferecer conforto e satisfação a crescente demanda turística por consumo e serviços.

A orla do maçarico oferece variadas opções de serviços pós-praia já que ao longo da orla há presente vários bares, restaurantes, pizzarias, lanchonetes, sorveterias, vendas de água de coco. Possui também áreas para atividades físicas como quadra de areia, ciclo faixas, academia ao ar livre que possibilitam a realização de exercícios físicos com segurança e bem-estar. Além disso, a prática de caminhadas, passeios de bicicletas, patins, skates, entre outros.

De acordo com Adrião (2003) os moradores utilizam esse principal equipamento turístico noturno de Salinópolis como forma de garantir renda, o que significa dizer que, ao contrário dos turistas e visitantes que sempre usam como espaço de lazer, os morados do local com menos frequência e apenas às vezes utilizam esse espaço em função do lazer.

Antes da orla do maçarico as atividades turísticas em Salinópolis se resumiam, em grande parte, no segmento de turismo de sol e praia a ocupação do tempo dedicado as atrações naturais das praias, lagos e ilhas. Não havia estrutura de entretenimento noturno voltadas para atender a demanda turística

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na cidade. Mas, após a construção da orla do maçarico, sua presença passou a ser tão significativa ao ponto de influenciar na trajetória turística. Pois, passou a partir daí em diante a ser mais comum as praias serem atrações diurnas e a orla do maçarico um dos pontos do espaço urbano da cidade a oferecer atração

noturna. Passando assim a se constituir em um importante atrativo turístico principalmente noturno para o entretenimento e lazer.  

 

10.  NOVA ORLA NA AVENIDA BEIRA MAR

 

Na cidade de Salinópolis, situada no litoral da sub-região do nordeste paraense, a Avenida Beira-Mar, localizada as proximidades da praia do Maçarico, representava no passado não apenas um dos principais destinos das construções das casas de veraneio, mas também até mesmo a costa litorânea mais frequentada da cidade em virtude da maior facilidade de acesso.

 No início dos anos 80 e até meados dos anos 90 foi um lugar normalmente utilizado como de lazer pela população local e visitantes paraenses. Mas, com o tempo a ação das forças das marés danificou determinadas partes do lugar prejudicando a preservação da sua estrutura com o resultante impacto da erosão.

Foi numa boa parte da avenida beira-mar. Abrangendo uma área denominada de antiga pracinha, situada na linha de praia do maçarico, de aproximadamente mais de 1.200 metros de extensão em uma área de urbanização de 16 mil m². Onde foi realizada a obra de reconstrução da nova orla pela SEDOP (Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Obras Públicas) e foi entregue neste espaço pelo governo do Pará, em 2022, como resultado de um investimento de mais de R$ 56 milhões (AGÊNCIA PARÁ, 2022).

Próximo ao histórico e importante Hotel Salinópolis, localizado em frente na avenida beira-mar, que no passado se chamava Hotel Atlântico que corresponde ao primeiro hotel a existir em Salinópolis sendo também uma obra do governo do Pará com a participação da elite econômica e política de Belém.

A partir dessa renovação urbana, o local em Salinópolis passou a ser contemplado por quiosques, equipamentos, praça, calçadão e a contar com um muro de arrimo contendo os efeitos das forças das marés que vinham comprometendo a avenida beira-mar e drenagem prevenindo a erosão.

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O projeto de nova orla a beira-mar com a revitalização dessa área, apresenta uma nova estrutura, reorganizando parte do seu traçado, trazendo

um espaço de convivência e lazer para a população com diversos equipamentos urbanos e públicos, tais como: uma quadra de tênis, academia ao ar livre, quadra poliesportiva e pracinha, quiosques, lanchonetes, parque infantil, iluminação noturna e área de contemplação da natureza.

Do ponto de vista técnico, as transformações que podem ser consideradas as mais importantes do local no sentido de garantir maior segurança foram basicamente duas: a construção do muro de arrimo e a drenagem. Pois, funcionam contendo as forças das ondas do mar e prevenindo a erosão da área.

O governo do Pará teve a intenção de fazer desse equipamento, somado a orla do Maçarico, um novo ponto de encontro para a cidade de Salinópolis. Promovendo o turismo, buscando dinamizar a economia com o local servindo de mais uma opção de atrativo turístico disponível no espaço urbano.

Algo assim que a Orla do Maçarico já vem conjugando esses aspectos mencionados e desempenhando essa funcionalidade há tempos. Inclusive, de forma bastante intensa e ampliada. Agora a nova orla da beira mar emerge renovada de maneira complementar a exercer um papel de atrativo turístico possibilitando o encontro de pessoas.

Guilherme Santos Pereira, morador de Salinópolis, em relação a essa nova orla na avenida beira-mar diz: “agora, com essa obra magnífica, melhorou a vida de todos, além de trazer mais turistas” (AGÊNCIA PARÁ, 2022). A fala desse morador frisa uma característica bastante comum de aparecer na opinião das pessoas, ou seja, que a obra fosse melhorar a vida de todos. Evidentemente que no geral isso não é possível, mas deslocando essa fala especificamente para o contexto da realidade sócio espacial de quem participa e depende mais diretamente dessa área, certamente que passa a fazer até certo ponto sentido mesmo.

Porque não é apenas os turistas que se beneficiam com a possível sensação de bem-estar gerado no lugar ou de ter o desejo de consumo de algum alimento, bebida ou serviço suprido no lugar. Mas, também se beneficia os moradores com pontos assim apresentando mais equipamentos urbanos e

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públicos na cidade e as pessoas que trabalham de vendedores no local ter a oportunidade de garantir renda crescendo as suas vendas.

Rosineide Silva, moradora de Salinópolis, “há muitos anos nos estávamos esperando isso, eu vi o projeto, ficou lindo, então fico feliz porque vai trazer muitos turistas para Salinas, vai desenvolver a cidade e beneficiar os moradores” (AGÊNCIA PARÁ, 2021).

Expressando, por um lado, a satisfação em ver o projeto sendo concluído, podendo passar a contribuir para melhoria da cidade ao gerar benefícios aos moradores oportunizando a geração de emprego e renda com o aumento de turistas. Mas, antes disso, por outro lado, indicando a grande expectativa na sua espera prolongada que assim como outras pessoas há tempos aguardava ver essa nova orla finalmente ser entregue.

Lafayette Nunes, morador de Salinópolis, relata que “ (...). Sempre foi um espaço muito importante para o lazer e diversão para a população, mas com o tempo, por conta dessas erosões, as pessoas foram se afastando e tenho certeza que com a recuperação que está sendo feita fará o povo voltar a frequentar” (AGÊNCIA PARÁ, 2022).

Sua fala destaca que a área recupera a sua importante e histórica característica de ser ponto de encontro de pessoas em função principalmente de proporcionar, de certo modo, condições de lazer. Além de assegurar maior segurança passando após essa renovação urbana a conter os efeitos da erosão que até então representava um dos motivos maiores das pessoas terem deixado de frequentar o local.

Jonathan Oliveira Soares, Turista natural de Marabá, diz: “o que chama mais a nossa atenção aqui é o movimento, a orla é bastante movimentada. A estrutura aqui do local é muito boa, bem preservada” (AGÊNCIA PARÁ, 2023).

O turista com essa fala leva a crer que o objetivo da obra foi, de certo modo, alcançado. Pois, expressa que o local além de movimentado apresenta uma estrutura boa. Causando entre moradores locais e visitantes assim uma boa impressão a entrega dessa obra de renovação urbana da nova orla a beira mar.

Comparado com antes essa revitalização a partir de então ocasionou em melhorar a estética, com o agradável cenário paisagístico; a funcionalidade, produzindo condições mais favoráveis de recreação e lazer; acessibilidade,

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com um calçadão que segue um padrão moderno e seguro facilitando a circulação e o encontro de pessoas.

Inclusive, levando em consideração a questão da inclusão com a presença de piso tátil para auxiliar na orientação e localização durante as permanências e os deslocamentos no local de pessoas que são cegas, ou seja, apresentam nesse contexto mobilidades reduzidas e a viabilidade econômica da área, gerando até certo ponto um aumento de renda com novos empregos e serviços. Oferecendo um espaço público assim mais equipado, moderno e melhor. Constituindo-se em mais uma opção a oferecer atrativo turístico no município de Salinópolis.

 

 

11.  NOVA PASSARELA DE ACESSO A PRAIA DO MAÇARICO

 

Foi inaugurada na sub-região do nordeste paraense no município de Salinópolis, em 29 de dezembro de 2024, pelo governo do estado do Pará, a nova passarela de acesso à praia do maçarico. Sendo resultado de um investimento de 20 milhões pelo poder público. Em uma parceria estabelecida entre governo estadual e a prefeitura municipal de Salinópolis.

Dotando o espaço, parte da costa atlântica paraense, não apenas com a passarela de 360 metros de extensão que moderniza e facilita o acesso à praia do maçarico, mas também melhora o local com paisagismo, acessibilidade e equipamentos urbanos.

Possuindo 5 quiosques, assentos, chuveiros, ciclo faixas, sistema inteligente com luminárias de LED a base de energia solar, 24 banheiros masculinos e femininos, inclusive até adaptados as PCD (Pessoas com Deficiências) e uma área de contemplação com vista para o mar.

Além disso, esta nova passarela ainda conta com a instalação de uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) que basicamente pode ser útil em  garantir na questão ambiental a preservação do lugar e na questão social a saúde pública das pessoas.

Essa obra é algo assim que promoveu uma boa repercussão entre visitantes e moradores. Renee Mercês, morador de Salinópolis, fez uma importante consideração: “a passarela fortalece a vinda de turistas e veranistas

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para essa praia". Pois, a passarela, dentre outras coisas, segundo ele “é mais um local que Salinas ganhou de lazer, entretenimento e claro para contemplar a natureza” (AGÊNCIA PARÁ, 2025)

Nirlene dos Santos, moradora de Salinópolis, a respeito da nova passarela diz que “essa é mais uma oportunidade para o turismo da nossa cidade crescer ainda mais”. O visitante, Wergson Junior, natural de Mato Grosso, também gostou da nova passarela e afirmou: “uma estrutura que, com certeza, vai trazer muitos turistas aqui para a região. Salinas segue sendo uma ótima opção turística, também, para quem é de fora” (SEOP, 2024).

Além dessa 1ª passarela de acesso à praia do maçarico, inaugurada no final de 2024, posteriormente foi entregue, em meados de 2025, uma 2ª passarela de acesso também a praia do maçarico. E, até o momento, mesmo com data ainda não definida, está previsto do poder público realizar a construção de uma 3ª passarela.

 

 

12.  2ª PASSARELA DE ACESSO A PRAIA DO MAÇARICO

 

A segunda passarela urbana de acesso a praia do maçarico se constitui em uma extensão do projeto urbanístico do governo do estado do Pará iniciado, em 2024, quando foi inaugurada a primeira passarela. Ampliando em média com 380 metros de extensão o espaço moderno, público e acessível a visitantes, turistas e moradores da cidade de Salinópolis, localizada na costa Atlântica da sub-região do nordeste paraense.

Assim como a primeira passarela, inaugurada no final do ano de 2024, esta segunda passarela, entregue em meados de 2025, visa não apenas especificamente facilitar o acesso à praia do maçarico, mas também no geral a

contribuir para aumentar o fluxo turístico, gerar emprego, elevar a renda e valorizar através dessa materialidade urbano turística tanto a praia quanto a orla do maçarico.

A área abrange desde a orla do Maçarico até a Rua João Pessoa. Foi construída pela SEOP (Secretaria de Estado de Obras Públicas) e custou aproximadamente 20 milhões. Possui pista de passeio para pedestres; ciclovias

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e bicicletário com capacidade no momento para suportar 30 vagas; espaços de convivência; áreas de contemplação, quiosques fixos para alimentação e bancas de comércio; rampas de acessibilidade e sinalização tátil; postes de iluminação de LED com energia solar; guarda-corpos; banheiros públicos e chuveiros; bancos e lixeiras seletivas.

Na questão da inauguração da 2ª passarela foi evidenciado falha de planejamento do governo do Pará na entrega da obra concluída. Porque a data de entrega da segunda passarela foi cancelada duas vezes, 12 de julho e 19 de julho, sendo finalmente inaugurada em 24 de julho de 2025 em pleno contexto de veraneio quando o fluxo de pessoas aumenta expressivamente.

Mesmo com presença de autoridades confirmadas e estrutura já montada, o governo do Pará cancelou o evento de inauguração nessas datas sem apresentar alguma justificativa plausível, ou seja, sem esclarecer o real motivo e a real razão de ter havido o cancelamento. Essa falta de transparência por parte do poder público gerou uma certa desconfiança na população que aguardava acontecer a entrega dessa obra nas datas anteriormente definidas.

A falha no planejamento do governo do Pará não foi apenas identificada porque foi adiada a data de inauguração, mas também porque a conclusão e a entrega de materialidades urbano-turísticas desse tipo assim, relacionadas a dinamização do segmento de turismo de sol e praia, o ideal é que preferencialmente aconteçam antes do período de alta estação.

Tendo em vista que esses equipamentos urbanos e serviços públicos já tem que está disponíveis quando chega o momento do período de estação no qual certamente há em maior proporção a realização da prática dessa atividade turística.

 

 

 

 

 

 

 

 

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13. PAVIMENTAÇÃO DA PA-444 E DUPLICAÇÃO DA PONTE

 

 

A pavimentação da PA-444 e a duplicação da ponte sobre o rio Sampaio no município de Salinópolis, localizado na sub-região do nordeste paraense, compreende a realização de duas obras que foram iniciadas em 2017 com previsão de finalização em dezembro de 2018, mas sendo de fato concluídas e entregues apenas em 2019. Ambas foram realizadas pelo SETRAN (Secretaria de Estado de Transportes) durante o governo estadual do político Helder Barbalho.

A pavimentação da PA-444, equivaleu a um investimento em média de 20 milhões (20.163.548,49) e ocorreu em um trecho de mais de 8 km de extensão que liga até a praia do Atalaia. E a construção da nova ponte sobre o rio Sampaio, foi resultado de um investimento avaliado em superior a 14 milhões (14.977.75,69) consistindo em uma construção em concreto armado e com pista dupla na qual apresenta praticamente 200 metros de comprimento por aproximadamente 10 metros de largura (G1 PA, 2019).

Sendo assim, as duas obras (pavimentação da PA-444 e a duplicação da ponte) foram avaliadas em mais de 34 milhões de reais. Sendo ambas importantes porque facilitaram ainda mais o acesso à praia do Atalaia. Pois, foram feitas no acesso rodoviário principal a praia do Atalaia.

Isso proporciona condições favoráveis de garantir maior fluidez nesse trecho do espaço. Em função da realização dos deslocamentos de veículos passarem após essas obras a ocorrer não apenas em uma média reduzida de tempo, mas também principalmente melhorando a forma que acontece assim: gerando mais segurança e diminuindo a quantidade de engarrafamentos.

Engarrafamentos não deixam em algum momento de ainda ocasionalmente acontecer, sobretudo no período de alta estação do verão amazônico, pelo fato de haver a existência de um intenso fluxo em direção à praia do Atalaia que representa o principal destino turístico do município de Salinópolis para a pratica do turismo do tipo de sol e praia, mas passam as dificuldades de circulação em função do excesso de veículos ou de algum outro problema na estrada a ser verificado em menor

 

 

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proporção quando comparado com o período anterior à conclusão da pavimentação da rodovia e duplicação da ponte.

Algo assim que é característico de nossa época: criar de forma crescente no espaço condições para produzir maior circulação. É a partir da base material que se viabiliza a realização do movimento. Além de confirmar que o crescimento do turismo certamente atrai investimentos, dentre outros motivos, porque segundo SANTOS (1996) a estratégia dos agentes econômicos pressupõe a mobilidade.

Logo, há investimentos pelo poder público em infraestruturas como, por exemplo, com a criação, a manutenção e neste contexto dotando de maior qualidade esse trecho do espaço com o desenvolvimento de infraestrutura e acessibilidade, gerando a pavimentação da estrada e a duplicação da ponte. Sendo assim, há condições também de investimentos do setor privado por meio de empreendimentos e serviços continuar sendo atraídos, direcionados e instalados em Salinópolis.

Fazendo isso parte de um conjunto de melhorias no sistema rodoviário do estado do Pará que segundo a SETRAN-PA o governo visa com essas obras fortalecer a atividade do turismo (AGÊNCIA PARÁ, 2017), consolidando ainda mais o município de Salinópolis como um grande polo turístico.

 

 

14. MATERIALIDADES URBANO-TURÍSTICAS

 

A intensificação da atividade turística leva a introdução, multiplicação e a concentração de materialidades com características urbano-turísticas, ou seja, objetos espaciais cuja função tem a ver com o desenvolvimento dessa atividade. Originados não necessariamente sempre, mas muitas das vezes a partir de políticas urbanas projetadas e realizadas por diferentes esferas do governo.

“Esses projetos urbano-turísticos são formas de apropriação do espaço através do Estado, que tem o objetivo de desenvolver o turismo, criando no

 

 

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lugar “facilidades” que possibilitem as atividades turísticas, o uso e consumo do município de forma intensas” (BRITO, 2004).

Sendo o estado certamente identificado assim como principal agente participante ao longo do tempo dessa questão do desenvolvimento das materialidades urbano-turísticas como suporte aos atrativos e destinos turísticos em Salinópolis.

Ainda que evidentemente é válido ressaltar que não seja o único agente interessado e atuante nesse contexto. Pois, ora aparecem outras esferas do governo e do setor privado que podem, por exemplo, participar indiretamente exercendo influências nas escolhas e projetos ou participar diretamente exercendo decisões e ações.

Além de outros agentes interessados, sobretudo, nos benefícios advindos com a produção, qualificação e ampliação dessas infraestruturas e equipamentos urbanos. Por isso, pode-se dizer que, apesar do estado se posicionar mesmo como relevante agente, são “diversificados fatores que afetam as políticas públicas voltadas para a atividade turística” (SETUR, 2017).

Apresentando o que se produz (objetos) e a condição de sua existência (ações) com a evidência no processo de estruturação e realização a constituição de formas-conteúdos de um determinado conjunto de objetos espaciais e ações humanas que geram certas condições de ora propiciar novo uso e forma ou de ora reforçar a ocupação e apropriação em função de finalidades urbano-turísticas.

 Sendo a materialidade urbano-turística entendida enquanto um dos elementos constitutivos e importantes no contexto desse espaço. Equivalente, muitas das vezes, por outras palavras, em partes de um conjunto de objetos. Onde basicamente os objetos espaciais por si só não agem, precisam de ação para ter dinâmica social (turística) e as ações dependem do espaço para ter dinâmica espacial (urbano). Logo, objetos e ações não podem e nem devem ser considerados separadamente, mas sim no contexto urbano-turístico que acontece.

Nesse sentido, lembrando a definição do geógrafo brasileiro Milton Santos: “o espaço geográfico é formado por um conjunto indissociável, solidário

e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá”

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(SANTOS, 1996). Superando a perspectiva da geografia tradicional em que o estadunidense Richard Hartshorne limitava a compreensão do espaço atual, aparecendo, muitas vezes, compartilhando da noção de espaço absoluto, sendo um receptáculo que apenas contém as coisas nas quais possuem existências entre si.

Segundo MARINHO (2009) a intenção de transformar a cidade de Salinópolis em um importante espaço turístico adquire mais força a partir de meados da década de 90 e claramente se consolida no início do século XXI, em 2000, com a consumação de obras do projeto do governo estadual denominado “Novo Pará”.

Haja vista que a iniciativa de promover assim a cidade de Salinópolis como um espaço direcionado ao fomento do desenvolvimento da atividade turística corresponde a um dos objetivos que consta nesse projeto político “Novo Pará”.

Revelando que a tecnoesfera corresponde a dimensão na qual os objetos técnicos e tecnológicos fazem parte, resultando na materialidade e artificialização do espaço e a psicoesfera que representa o domínio das ideias, lógicas, crenças, paixões, produzindo sentidos e envolvendo ações que desempenham um papel essencial na organização da vida coletiva e na condução da vida individual (MILTON SANTOS, 1996), pode-se dizer assim que são elementos indubitavelmente indissociáveis que se inter-relacionam e mutuamente estabelecem influência na realidade do contexto sócio espacial.

Pois, a materialidade urbano-turística é um indicativo evidente de finalidade de potencialização dessa atividade turística, ou seja, a presença dessa materialidade corresponde em objetos no espaço (tecnoesfera) que dimensiona uma influência exercendo um certo tipo de comportamento (urbano) e prática (turística) interferindo no estilo de vida das pessoas (psicoesfera) que resulta em ações na sociedade.

Haja vista que “a cada dia, esse município vem impregnando-se de um modo de vida e ideia de conforto que cada vez mais transforma este lugar em um espaço urbano/turístico” (BRITO, 2004).  

Porque passa a ser ocupado e materializado em certos pontos do seu espaço por um perfil de materialidades, muitas das vezes, urbano-turísticas

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com crescentes investimentos no sentido de dotar a cidade de estruturas físicas que aportam serviços voltados principalmente ao desenvolvimento do turismo, visando largamente o benefício dos turistas e relativamente o benefício da população local.

Através da construção da orla do maçarico (2000), a urbanização da praia do Atalaia (2003) e passa essas materialidades urbano-turísticas como suporte aos atrativos e destinos turísticos posteriormente com a atuação de outros governos a ser mais intensificadas a presença de suas formas e usos como, por exemplo, com políticas públicas e urbanas desdobradas pelo governo do estado do Pará.

Passando a ser expandidas a partir de novas construções e reconstruções: pavimentação da PA-444 e duplicação da ponte (2019), nova orla a beira mar (2022), nova passarela de acesso a praia do maçarico (2024), segunda passarela de acesso a praia do maçarico (2025). De acordo com CRUZ (2003) a prática do turismo demanda assim infraestrutura adequada para atender as exigências impostas pela lógica do mercado turístico.

Tendendo na dinâmica do processo de estruturação dessas novas e renovadas formas, condições melhores agora que de outrora de impulsionar a ampliação de conteúdos a animar e funcionalidades a dinamizar o espaço.

Já dispondo nessa época, início do século XXI, não apenas de infraestrutura e acessibilidade urbana considerada desenvolvida, mas também segundo o Plano de Desenvolvimento Turístico do Estado do Pará de serviços de melhor qualidade turística do Pólo Costa Atlântica.

O que poderíamos entender que nas vantagens comparativas em termos de desenvolvimento do turismo com esse espaço se integrando na lógica espaço temporal dominante oferece assim as melhores vantagens através dos atrativos e destinos turísticos do que outros polos turísticos, especialmente no que se refere a perpetuar a atividade do segmento de turismo de sol e praia.

 

 

 

 

 

 

 

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QUADRO 4: MATERIALIDADES URBANO-TURÍSTICAS: PRINCIPAIS FORMAS ESPACIAIS

PRODUZIDAS EM SALINÓPOLIS-PARÁ

__________________________________________________

 

- CRIAÇÃO E MELHORAMENTO DA INFRAESTRUTURA DAS RODOVIAS DE ACESSO À CIDADE E AS PRAIAS;

 

- EXPANSÃO DA QUANTIDADE DE SEGUNDAS RESIDÊNCIAS;

 

- CRESCIMENTO DE HOTÉIS, POUSADAS E RESORTS;

 

- CRIAÇÃO DA ORLA DO MAÇARICO;

 

- URBANIZAÇÃO DA PRAIA DO ATALAIA;

 

- PAVIMENTAÇÃO DA PA-444 E DUPLICAÇÃO DA PONTE DE ACESSO A PRAIA DO ATALAIA;

 

- NOVAS PASSARELAS URBANAS DE ACESSO À PRAIA DO MAÇARICO;

 

- RENOVAÇÃO DA ORLA À BEIRA-MAR NA AVENIDA BEIRA MAR.

 

                       FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025.

 

Evidentemente que a materialidade urbano-turística não é absolutamente usada única e exclusivamente com a finalidade de atender a demanda turística. Ainda que seja essa a sua função principal, estimulando a lógica de produção, organização, ocupação e uso do espaço. Por um lado, há formas espaciais que essa função é predominante (orla do maçarico; passarelas urbanas de acesso à praia do maçarico; segundas residências; orla à beira-mar na avenida beira mar).

 Por outro lado, há outras formas espaciais que essa função pode em algum momento assumir outras características. Por exemplo, as rodovias estaduais estabelecem as condições básicas de deslocamentos com fluxos de diferentes veículos que em algum momento precisam dessa infraestrutura que

conecta as cidades umas às outras. Apresentando deslocamentos motivados por diferentes finalidades.

 

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 No entanto, até mesmo as rodovias estaduais nesse contexto ora podem de certo modo, assumir características de uma materialidade urbano-turística porque revela essa intencionalidade como algo assim central em função de ser o fortalecimento da pratica do turismo, muitas das vezes, a razão principal a certamente influenciar as melhorias como a pavimentação da PA-444 e a duplicação da ponte.

Logo, apesar de sua importância poder ser dimensionada em diferentes aspectos, um desses aspectos centrais reside no fato de se constituir em uma materialidade urbano-turística de suporte aos atrativos e destinos turísticos. Pois, facilita o acesso em direção à Praia do Atalaia melhorando a fluidez.

Garantia essas de infraestruturas e serviços que expressam a combinação de sistemas técnicos e de ações políticas que remetem a palavras chaves da globalização: competitividade e fluidez (SANTOS, 2001).  Competitividade no sentido mais econômico do termo que se consubstancia em tornar Salinópolis referência turística frente a diversos outros possíveis escolhas e destinos. E fluidez no sentido de direcionar um fluxo maior de informações, comunicações, serviços, investimentos e, sobretudo, turistas e visitantes para a cidade.

Os projetos, apesar de serem diferentes, mudando de períodos e governos, passaram a apresentar de características em comum o fato de evidenciar uma cidade sendo estimulada a realização do seu potencial turístico através da urbanização turística, seja inicialmente com a construção já buscando ser modernizadora e seja posteriormente com determinadas renovações urbanas.

Implicando na revitalização de certos pontos da cidade promovendo a ampliação tanto dos equipamentos públicos e urbanos quantos dos serviços disponibilizados para atender à crescente demanda do mercado de turismo de massa que procura não apenas encontrar belezas naturais nos destinos turísticos das praias, mas também comodidade e conforto nos espaços urbanos dos lugares que ofereçam atrativos turísticos.

Dessa forma, pode-se dizer que urbanização turística é realizada tendo, muitas das vezes, como preocupação principal atender aos anseios e as expectativas dos turistas e veranistas produzindo facilidades de acesso e

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elevando a qualidade do local com melhorias de infraestruturas e equipamentos urbanos.

A cidade continua como em qualquer outra cidade tendo problemas urbanos, eles não deixam do existir, outras vezes acontece de aumentarem, devem ser cuidados e resolvidos. No entanto, a atividade turística na cidade resulta não somente em simplesmente suprir aos anseios dos turistas, mas sim em gerar benefícios com valorização e apreciação espacial na atividade do turismo dinamizando a transformação urbana da cidade.

Já que o turismo corresponde a principal atividade econômica da cidade. Acontece a potencialização do desenvolvimento urbano da cidade, por exemplo, com obras paisagísticas, acessibilidades, infraestrutura e aquecimento da economia com a geração de mais emprego e renda, atração de novos investimentos, inauguração de novos empreendimentos, especulação imobiliária, mais equipamentos urbanos.

Na dinâmica do fenômeno da urbanização turística segundo HARVEY (2014) o turismo cria uma paisagem geográfica favorável à sua própria reprodução, apresentando um duplo comportamento: ora de expansão geográfica e ora de concentração geográfica. Porque consegue reduzir as barreiras físicas à circulação de bens e dinheiro no espaço (expansão geográfica) e realiza a construção de infraestruturas de comunicação e transporte em pontos seletivos do espaço (concentração geográfica)

Sendo isso um reflexo de múltiplos fatores, especialmente tanto de ações desdobradas por políticas públicas quanto por ações provenientes de agentes dos setores privados com vistas a atender e ampliar a demanda turística na qual o turista se apresenta com um perfil cada vez mais seletivo e exigente na escolha dos destinos e dos lugares. Despertando o interesse de investimentos, facilitando a acessibilidade de turistas, criando condições de geração de renda, promovendo pontos de atratividade turística valorizando o espaço.

A urbanização turística basicamente resulta na manifestação de uma diferenciação espacial no município de Salinópolis que pode ser estabelecida na evidência, por um lado, de espaços mais equipados, modernos, qualificados e valorizados nos quais são pontos que interessam e acontecem as atividades

 

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turísticas e, por outro lado, espaços menos equipados, não qualificados e nem apreciados nos quais não são considerados como atrativos turísticos.

A dinâmica de funcionalidade desse duplo comportamento da urbanização turística reorganizando o espaço com momentos de preponderante expansão geográfica e momentos de concentração geográfica revela a lógica de seletividade espacial com que acontece a produção do espaço urbano. O que não tende a homogeneização geográfica, pelo contrário reforça assim a diferenciação geográfica.

 

 

15. TURISMO CONSCIENTE

 

 

O turismo consciente mesmo que seja ora mais conhecido por outras palavras como, por exemplo, “turismo sustentável”, “turismo ambiental”, de um modo ou de outro, remete a essenciais noções, ideias e ações que apresentam como características centrais em comum a finalidade de estabelecer relações menos predatórias e danosas e mais harmônicas e benéficas não apenas com relação ao ser humano, mas também principalmente com relação ao meio ambiente.

Levando em consideração o turismo consciente de que é necessário, dentre outras coisas, descontruir a mentalidade estabelecida pelo senso comum de que isso é um compromisso apenas de governos, órgãos e instituições públicas que são realmente mais diretamente responsáveis.

Porque também passa, de certo modo, por um envolvimento maior das pessoas tendo ou adquirindo a responsabilidade socioambiental, visando contribuir com meio ambiente. Com cada qual desenvolvendo a consciência de que é importante fazer a sua parte, por exemplo, não poluindo os mares,  evitando o descarte incorreto de lixos, freando o consumo excessivo, optando por atitudes mais sustentáveis (ANTONIO GUSTAVO, 2025).

Sustentabilidade que pode ser definida como “a capacidade de desenvolver a atividade econômica atendendo as necessidades da geração atual sem comprometer as gerações futuras” (ONU, 2007).  O turismo consciente que leva em consideração na pratica dessa atividade a sustentabilidade como um elemento essencial está de acordo também com o que diz a OMT (2003):

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“apresenta maior potencial para a maximização dos benefícios, sejam eles econômicos, sociais ou ambientais”.

 Até porque não precisa separar crescimento econômico da responsabilidade social e ambiental, pois ao contrário de uma incompatibilidade pode haver o estabelecimento de relações complementares de cunho sustentáveis entre essas diferentes dimensões nas quais estão inter-relacionadas. É a partir dessa possibilidade que o turismo consciente pode tornar os seus efeitos positivos mais efetivos irradiando na realidade em maior proporção e intensidade.

Quando se fala em turismo consciente é quase praticamente inevitável de se falar também da questão do lixo, seja o produzido na cidade ou nas praias. Haja vista que segundo o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) estima-se que mais de 80% dos resíduos encontrados nos mares e oceanos tem origem terrestre. Isso significa dizer que, muitas das vezes, a maior parte da quantidade desse lixo se origina nas cidades e posteriormente polui e contamina oceanos e partes dos mares como as praias.

Porque onde há ser humano há inevitavelmente a produção de lixo. Principalmente em cidades em que há uma cultura consumista enraizada e uma elevada quantidade de pessoas vivendo praticamente em uma determinada área do espaço, isto é, apresentando alta densidade populacional.

A cidade de Salinópolis mesmo normalmente não produzindo muito lixo quando comparado aos grandes centros urbanos brasileiros e nem contando com uma expressiva densidade populacional, porém em função do turismo no período de alta estação, ou seja, o momento temporal de meses, sobretudo no

contexto do verão amazônico, quando a cidade recebe muitos turistas, veranistas e visitantes, a quantidade de pessoas logicamente cresce bastante.

O que significa dizer que onde há, ao mesmo tempo, mais pessoas e o consumismo sendo fortemente praticado, logo naturalmente há mais chances de se constatar uma quantidade maior de lixo sendo produzido. Por exemplo, o crescimento populacional (mais pessoas) verificado, entre 2000 e 2010, somado ao fluxo intenso de turistas (consumistas) durante o período de veraneio em Salinópolis resultou na elevação da geração de resíduos em média de 84.675,50 kg/dia, configurando-se como preocupante problema socioambiental municipal (NUNES, 2012).

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Se em décadas anteriores os resíduos sólidos já eram facilmente identificados como um problema socioambiental, hoje permanecem sendo ainda mais. Tendo em vista que, ao longo do tempo, aumentou o fluxo de pessoas em direção a Salinópolis, ampliando a quantidade de resíduos sólidos produzidos. Por isso, a preocupação com a questão da produção e descarte dos resíduos sólidos é algo permanente. 

Pois, foi verificado impactos ambientais causados por resíduos sólidos produzidos e acumulados em áreas litorâneas das praias de Salinópolis, ocasionando, dentre outras coisas, em negativas alterações como, por exemplo, envolvendo erosões e assoreamento que estão também relacionadas a intensificação do acúmulo de resíduos no solo (RANIERI e EL-ROBRINI, 2015).

Nesse contexto, é válido destacar algumas ações seja no espaço urbano da cidade ou seja no espaço litorâneo da praia do município de Salinópolis que colaboram nessa questão como, por exemplo, ação de limpeza no município de Salinópolis, realizada pela SEOP (Secretaria de Estado de Obras Públicas) em conjunto com a Prefeitura de Salinópolis. Começaram, em 2023, no dia 27 de julho e conseguiram, por exemplo, do 1º dia do mês de julho até 12 de julho coletarem aproximadamente 1.244 toneladas de lixo produzido em todo o município de Salinópolis (AGÊNCIA PARÁ, 2023).

Onde essa atuação aconteceu principalmente nas praias do Atalaia, orla do Maçarico, Avenida Beira-Mar e os demais bairros do município, estiveram

com frentes de serviços para a coleta do descarte irregular de lixo. Ações desse tipo que tratam de respeitar, preservar e valorizar o meio ambiente mantendo-o limpo e combatendo a poluição assim como a contaminação proveniente de descartes irregular de lixos e resíduos sólidos produzidos certamente são positivas.

No entanto, é válido também dizer que devem ser de maneira menos pontual e mais frequente, ou seja, não devem acontecer apenas quando estiver assim próximo ou já no período da alta estação no qual evidentemente há um aumento considerável na presença de veranistas, visitantes e turistas, mas deve ter um caráter permanente de cuidado.

 

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Os principais objetos de resíduos sólidos encontrados nas praias, por exemplo, foram constituídos de: plásticos (sacos, embalagens de alimentos, garrafas pet, copos e demais materiais descartáveis); vidros (bebidas alcoólicas principalmente); metais (latas de refrigerante e bebidas alcoólicas); papéis (guardanapos, embalagens).

Os resíduos sólidos quando dispostos de forma imprópria no ambiente costeiro, podem ser responsáveis por diversos prejuízos em várias dimensões, tais como: gastos relacionados à limpeza das praias pelos órgãos públicos; perda do potencial paisagístico e turístico do local; contaminação da areia por agentes patogênicos.

De todos esses causadores de poluição marinha que foram citados o que se constitui em uma das maiores preocupações é a poluição causada pelos plásticos. Haja vista que o plástico representa não apenas o lixo mais comum de ser encontrado especificamente nas praias do litoral paraense de Salinópolis, mas também o elemento poluidor de resíduo sólido presente geralmente em maior quantidade nos mares e oceanos do Brasil e do mundo. Produzindo impactos negativos na vida marinha em função de que o plástico interfere de forma prejudicial e é considerado não biodegradável, ou seja, demora muito tempo para se decompor naturalmente, acumulando-se nos oceanos e poluindo (ANTONIO GUSTAVO, 2025).

Algumas das soluções individuais ou coletivas que colaboram no combate aos resíduos sólidos consiste: em reutilização, preferir produtos com embalagens retornáveis ou recicláveis, trocando garrafas plásticas por opções metal ou de vidro, ao invés de sacolas plásticas usar sacolas de pano. Otimizar serviços de coleta, diminuindo custo, elevando a qualidade do serviço e aumentando a quantidade de lixo coletado. Presença de aterros sanitários, local, muitas das vezes, de destino final dos resíduos. Descarte correto de resíduos, separando em categorias de recicláveis, orgânicos e perigosos. Reciclagem, com a reutilização de muitos materiais prolongando a utilidade. Guardar e levar o próprio lixo produzido utilizando sacolas.

Além disso, educação ambiental, estimulando o desenvolvimento da consciência evitando desperdícios e o consumo excessivo. Buscando aprender como reduzir resíduos sólidos através de ações, mas, antes de tudo,

 

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conhecendo soluções já existentes e, se possível, até desenvolvendo novas alternativas que colaborem na resolução dessa questão.

 

 

QUADRO 5: PRINCIPAIS ALTERNATIVAS

INDIVIDUAIS E COLETIVAS

NO COMBATE AOS RESÍDUOS SÓLIDOS

 

 

- EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

                   - CONSUMO CONSCIENTE

 

- GUARDAR E LEVAR O PRÓPRIO LIXO PRODUZIDO

 

- OTIMIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE COLETAS

 

- COMPOSTAGEM

 

- RECICLAGEM

 

- ATERROS SANITÁRIOS ADEQUADOS

 

- DESCARTE CORRETO

 

- REUTILIZAÇÃO

 

- REALIZAÇÃO DE AÇÕES COOPERATIVAS

 

FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025

 

 

O ideal no combate aos resíduos sólidos de acordo com a lei nº 12. 305 na qual institui o PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólidos) é que haja a realização de ações em caráter de cooperação entre as diferentes esferas do poder público, setor empresarial e demais segmentos da sociedade. Visando garantir a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental com a redução do volume e da periculosidade dos resíduos através de estímulos à prática sustentáveis de produção e consumo, minimizando impactos ambientais (PNRS, 2010). 

A pratica do turismo implica, ao mesmo tempo, em pontos positivos assim como em pontos negativos, por isso a importância após o conhecimento disso em se ter ou desenvolver um turismo consciente que consista de alguma

 

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maneira em contribuir para diminuir os impactos dos pontos negativos e potencializar os pontos positivos.

Por um lado, em relação aos aspectos negativos do turismo podemos citar: degradação dos ecossistemas; poluição e contaminação dos oceanos; descarte incorreto de resíduos sólidos; aumento da produção de lixo; tendências a padronização de hábitos e costumes; aumento abusivo dos preços dos produtos no local; aumento da segregação sócio espacial; prática do turismo predatório.

 

 

 

 

QUADRO 6: ASPECTOS NEGATIVOS DO TURISMO

 

 

- DEGRADAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS;

 

- POLUIÇÃO E CONTAMINAÇÃO DOS OCEANOS;

 

- DESCARTE INCORRETO DE RESÍDUOS SÓLIDOS;

 

- AUMENTO DA PRODUÇÃO DE LIXO;

 

- POLUIÇÃO SONORA E VISUAL;

 

- TENDÊNCIAS A PADRONIZAÇÃO DE HÁBITOS E COSTUMES;

 

- AUMENTO ABUSIVO DOS PREÇOS DOS PRODUTOS NO LOCAL;

 

- AUMENTO DA SEGREGAÇÃO SÓCIO ESPACIAL;

 

- PRÁTICA DO TURISMO PREDATÓRIO.

 

FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025.

 

 

A percepção dos brasileiros no que se refere a importância dos mares mesmo tendo apresentado uma melhora quando comparado com antes, infelizmente ainda se demonstra incipiente. Pois, percebe-se de maneira geral que ao longo do litoral nacional na realização do turismo de sol e praia há muitas pessoas que ainda não compreendem bem a importância de valorizar o mar.

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Isso fica facilmente perceptível quando visualizamos acontecendo uma das práticas mais comuns de desrespeito no qual as pessoas insistem em fazer o descarte inadequado de lixo no ambiente marinho. Algo que muitos pesquisadores há tempos apontam o quão nossos mares e oceanos são prejudicados pelo descarte incorreto de resíduos sólidos (ANTONIO GUSTAVO, 2025).

Por outro lado, sobre os aspectos positivos do turismo podemos destacar: geração de renda e empregos diretos e indiretos; maior arrecadação de impostos e taxas; promove a valorização do intercâmbio social e cultural; melhora a imagem dos lugares; impulsiona o mercado consumidor; dinamização do 3º setor da economia: serviços e comércios; desenvolvimento de infraestruturas, equipamentos e facilidades de acesso com materialidades urbanas turísticas; sensação de bem-estar contribuindo com a saúde física e mental; estimulo a ações de caráter sustentável com a adoção do turismo consciente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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        QUADRO 7: ASPECTOS POSITIVOS

                       DO TURISMO

 

 

- GERAÇÃO DE RENDA E EMPREGOS DIRETOS E INDIRETOS;

 

- MAIOR ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS E TAXAS;

 

- PROMOVE A VALORIZAÇÃO DO INTERCÂMBIO SOCIAL E CULTURAL;

 

- MELHORA A IMAGEM DOS LUGARES;

 

- IMPULSIONA O MERCADO CONSUMIDOR;

 

- DINAMIZA O 3º SETOR DA ECONOMIA: SERVIÇOS E COMÉRCIOS;

 

- DESENVOLVIMENTO DE INFRAESTRUTURAS, EQUIPAMENTOS E FACILIDADES DE ACESSO COM MATERIALIDADES URBANAS TURÍSTICAS;

 

- SENSAÇÃO DE BEM-ESTAR CONTRIBUINDO COM A SAÚDE FÍSICA E MENTAL DAS PESSOAS;

 

- ESTIMULO A AÇÕES DE CARÁTER SUSTENTÁVEL COM A ADOÇÃO DO TURISMO CONSCIENTE.

 

                          FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025

 

Ações positivas assim que estimulam tanto a valorização quanto a proteção dos mares na questão da utilização sustentável contemplam finalidades previstas, por exemplo, na ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas) que dos 17 objetivos, até o momento, estabelecidos, mais exatamente no objetivo 14 que trata da vida na água. Na medida em que, dentre outras coisas, visa reduzir a poluição e evitar a contaminação marinha; proteger e restaurar ecossistemas marinhos e costeiros. Visando assegurar a conservação e o uso sustentável dos oceanos (ANTONIO GUSTAVO, 2025).

E isso obviamente tem tudo a ver, ao mesmo tempo, com questão da necessária conscientização da humanidade, optando por práticas mais sustentáveis assim como optando por buscar reduzir a poluição dos oceanos

 

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nesta década, 2021-2030, que foi considerada pela ONU como “a década do oceano”.

Visitantes, veranistas e turistas que são conscientes tem compromisso com as questões socioambientais, pois quando estão no destino turístico que visitam ao mesmo tempo em que buscam o seu bem-estar, respeitam o meio ambiente, apreciam a cultura, experimentam a culinária, colaboram valorizando o lugar e interagem com a população local.

Vale a pena ressaltar que o turismo consciente abrange não apenas turistas, veranistas e visitantes, mas também inclui como possíveis participantes em suas ações moradores locais, sociedade civil, organizações, instituições, governos e setores públicos e privados, podendo se constituir em fator essencial de ser levado em consideração na formulação de projetos, elaboração de planejamentos, desenvolvimento de políticas públicas e implementação do turismo de caráter sustentável.

Algo que pode ser levado em consideração nas políticas públicas, podendo ser adotadas na educação. Inclusive isso, de certo modo, é uma questão que consta na legislação municipal de Salinópolis “IV – ofertar sistematicamente programas e projetos de Educação Ambiental nas escolas e comunidades de seu entorno com visitas à consideração das necessidades ambientais” (SALINÓPOLIS, 2018, p. 24).

Pois, onde há a pratica social do turismo é onde há uma produção expressiva de resíduos sólidos, logo é necessário, por exemplo, tomar conhecimento das formas de descartes corretos e adequados dos resíduos sólidos e ter consciência da importância de fazer isso contribui para não se produzir danos e manter o ambiente limpo e preservado.

Para DIAS (2008) o planejamento do turismo deve visar diminuir os pontos negativos com os impactos socioambientais e aumentar os pontos positivos com os benefícios gerados pela atividade turística. O que está de acordo com o que também preconiza o turismo consciente aqui proposto, já que certamente visa ampliar os aspectos positivos e reduzir os aspectos negativos.

Contudo, na perspectiva do turismo consciente se compreende que buscar diminuir os pontos negativos e aumentar os pontos positivos do turismo é algo está para além do momento do planejamento, sendo um fator essencial

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de ser visado em todos os momentos. Porque assim se tem cada vez mais chances de deixar de ser só um ideal e passar a se tornar real.

De tal forma que consiga realmente contribuir para perpetuar a pratica do turismo, porém sem com isso perder de vista a preocupação e o cuidado na questão da conservação e preservação dos patrimônios das localidades nos seus diversos aspectos: sociais, históricos, culturais e, sobretudo, ambientais.

No Plano Diretor de Salinópolis ainda são previstas ações que remetem, por outras palavras, a elementos que fazem parte da noção de turismo consciente. Pois, no artigo. 23 que se refere a “zona especial de interesse turístico” que corresponde as principais praias nas quais apresentam atrativos turísticos do município de Salinópolis.

Deve-se dentre outras coisas: garantir o potencial para o turismo sustentável; evitar a degradação dos recursos naturais; evitar a poluição dos recursos hídricos; propiciar o desenvolvimento do turismo como setor econômico (PLANO DIRETOR DE SALINÓPOLIS, 2018).

Um dos desafios com o avanço econômico da atividade do turismo é não deixar a sua imagem meramente ser reduzida a dimensão mercadológica. Em vista disso se faz necessário um despertar que pode ser social e individual na dimensão inter e intrapsíquica do desenvolvimento do turismo consciente.

Expresso no compromisso humano a nível individual e coletivo com a questão ambiental e com a questão social de expandir o potencial turístico da cidade que deve acontecer de forma que seja economicamente possível, socialmente justo e ambientalmente certo.

Além disso, não podemos incorrer em reproduzir um erro muito comum cometido pelos críticos do turismo que confundem, muitas das vezes, o turismo com política pública. O turismo não pode substituir o papel das políticas públicas e nem as políticas públicas podem substituir a função do turismo. Por isso, é necessário ter a clareza que embora em algum momento uma e outra se tornem em alguns aspectos parecidas quando se complementam, mas são essencialmente distintas.

Logo, pode continuar havendo um incentivo ao turismo com a utilização de recursos públicos na promoção de políticas urbanas e públicas que dinamiza a dimensão econômica e potencializa a capacidade competitiva da cidade sem

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com isso deixar de buscar investir em políticas públicas que visem também o bem-estar social da população local.

A viabilidade do turismo consciente para se concretizar passa antes por um conjunto de fatores, dentre eles a educação que se constitui em um dos mais relevantes fatores existentes, pois é como se representasse o embrião originário do despertar do turismo consciente. Na medida em que não há como valorizar o que não se conhece, sendo assim primeiro é preciso conhecer para logo em seguida valorizar.

Exatamente esse papel positivo que a educação pode desempenhar. Por meio do qual o resultado mais visado do trabalho educativo além da aprendizagem do conhecimento seja a humanização do indivíduo com a conscientização (ANTONIO GUSTAVO, 2025). Por exemplo, as ações dessas ideias do turismo consciente sendo difundidas na educação ambiental e experenciadas pelas pessoas na realidade.

Inclusive, a PNEA (Política Nacional de Educação Ambiental) estabelecida pela lei nº 9.795 dispõe: “A educação ambiental, como componente essencial e permanente da educação nacional devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”.

O que está previamente amparado pelo Constituição Federal de 1988 na passagem VI do seu art. 255 que corresponde ao meio ambiente quando diz: “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.

Lembrando que a consciência pode ser considerada uma das funções humanas mais amplas e profundas. Auxiliando tanto na questão intrapsíquica (individual) quanto na questão Inter psíquica (social) (ANTONIO GUSTAVO, 2025). Por isso, promover a educação ambiental visando a preservação do meio ambiente passa essencialmente pela busca da conscientização pública.

Não é à toa que a consciência é reconhecida como um dos elementos mais elevados que compõe a FPS (Função Psicológica Superior) no ser humano (VYGOSTKY, 1988). Por isso, desenvolver a consciência é algo que poderá motivar as pessoas para importância de adotar ações provenientes de ideias do turismo consciente, passando a valorizar ainda mais o ambiente e a vida humana estabelecendo relações de cunho sustentáveis.

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Outro problema que preocupa e chama bastante atenção na questão socioambiental no contexto do turismo de sol e praia que acontece na praia do Atalaia em Salinópolis corresponde a poluição sonora provocando interferências sociais e ambientais negativas.

A lei Nº 9. 605/98 conhecida como a “lei de crimes ambientais” na seção III que trata “da poluição e outros crimes ambientais” basicamente diz no seu art. 54 que é crime causar poluição de qualquer natureza que resulte ou possa resultar em danos à saúde humana ou ao meio ambiente (BRASIL, 1998).

Ainda de acordo com esta lei nº 9. 605/98, podemos afirmar que as pessoas nos carros de sons automotivos que invadem a praia de Salinópolis e praticam poluição sonora, claramente cometem infrações que se caracterizam como passíveis de punição. Pois, sem dúvida alguma, violam essa lei. Interferindo negativamente nas demais pessoas e no ambiente.

Porque as pessoas normalmente vão para a praia querendo sentir sossego, tranquilidade e descanso que, muitas das vezes, não encontram no cenário urbano do cotidiano caótico, frenético e estressante das suas rotinas.  E os carros com equipamentos sonoros conhecidos como carros de sons automotivos, carretilhas e paredões geralmente geram bastante incomodo e estresse perturbando com o barulho que emitem produzindo poluição sonora.

Chegando ao ponto que apresenta potencial expressivo de afetar a saúde humana e até, inclusive, dos animais presentes no ambiente do litoral paraense como, por exemplo, espantando também as aves do local que certamente ficam desorientadas e incomodadas pelo fato de ser negativamente afetadas por essa interferência.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) os níveis sonoros acima de 65 decibéis podem ser considerados como poluição. A PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) alerta que os níveis de ruído recomendados para ambientes assim externos de áreas são de 55 decibéis. Esse limite de ruído estabelecido e estipulado como recomendável é

algo que costuma ser evidentemente ultrapassado na praia do Atalaia em Salinópolis pelos carros de sons automotivos.

A fonoaudióloga Alessandra Giannella Sameli da FM-USP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) sobre a poluição sonora relata que

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“Além de distúrbios de audição, quanto maiores os níveis de ruído a que as pessoas estão expostas, maior o risco de desenvolverem problemas cardiovasculares e doenças metabólicas” (PESQUISA FAPESP, 2024).

Por isso, a questão da poluição sonora é algo mesmo preocupante, já que os possíveis problemas originados a partir desse tipo de poluição são não apenas auditivos, mas sim de vários tipos, tais como: problema cardiovascular, estresse, dor de cabeça, desorientação, dificuldade de concentração, insônia e mau humor.

 

 

QUADRO 8: POLUIÇÃO SONORA:

PRINCIPAIS PROBLEMAS

QUE CAUSA A SAÚDE HUMANA

 

 

- PROBLEMAS AUDITIVOS

 

- PROBLEMAS CARDIOVASCULARES

 

- ESTRESSE

 

- DOR DE CABEÇA

 

- MAU HUMOR

 

- DISTÚRBIOS DO SONO

 

- DIFICULDADE DE CONCENTRAÇÃO

 

FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025.

 

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) a poluição sonora pode ser considerada, ao lado da poluição da água e do ar, como uma das que mais afeta o meio ambiente. Diferentemente dos outros tipos de poluição nos quais produzem algo tangível como resíduos, a poluição sonora tem como característica ser intangível quando acontece afetando organismos de seres vivos, sejam esses seres vivos humanos ou animais presentes no ambiente.

Dessa forma, são essenciais a existência de leis e a aplicação de diversas ações visando contribuir com a questão socioambiental, por exemplo, combatendo a pratica da poluição sonora provocada por carros de

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equipamentos de sons como no caso do que ocorre na praia do litoral paraense de Salinópolis.

De acordo com o artigo 228 da lei nº 9.503 de 1997 que institui o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) é considerado infração do tipo grave a utilização de equipamento de som em veículo que produza volume ou frequência ao ponto de configurar em poluição sonora, provocando perturbação e atrapalhando o sossego público.

A penalidade prevista com base no COTRAN (Conselho Nacional de Trânsito), órgão máximo de representação normativa e consultiva do sistema de trânsito brasileiro, consiste na aplicação de multa, 5 pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e, dependendo de cada caso, até na retenção do veículo (BRASIL, 1997).

Quando há assim ações como, por exemplo, dos agentes de trânsitos e demais autoridades aplicando a lei no combate a pratica do crime de poluição sonora. Certamente se caracterizam de fato não apenas como ações de defesa da vida, valorizando a preservação da saúde humana e do meio ambiente, mas também segundo o SNT (Sistema Nacional de Trânsito) como ações de caráter prioritário para acontecerem (BRASIL, 1997).

No contexto assim do turismo de sol e praia, o turismo consciente além de se preocupar com aspectos importantes que já foram destacados, revelando fatores essenciais que apresentam possibilidades, desafios, problemas e soluções. O turismo consciente ainda também se preocupa com a aplicação desse conhecimento, pois deve ser útil na pratica do turismo de sol e praia, fornecendo, por exemplo, dicas de segurança para as pessoas.

Uma das questões que gera bastante preocupação nas praias do litoral paraense diz respeito a dinâmica das enchentes das mares. Algo que por si só já evidencia que a natureza longe de ser estática, conforme já houveram estudiosos sobre esse assunto que pensassem errado assim, ela é bastante dinâmica. O que não deve ser motivo para se assustar até porque é um fenômeno natural, logo é normal de continuar acontecendo.

O que deve mesmo gerar mesmo é atenção nas pessoas com relação a pratica do turismo de sol e praia se atentando a questão da segurança. Porque há momentos em que a pratica desse tipo de turismo na realidade acaba

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assumindo condições naturais menos favoráveis e até impropria a sua realização.

Por exemplo, quando nas praias da costa atlântica paraense de Salinópolis o nível da mare está alta a água do mar avança em direção a terra, ou seja, basicamente acontece nos trechos de linha costeira - área de transição entre o mar e a terra - de parte oceânica da água do mar ocupar por um determinado período de tempo parte de algumas áreas continentais, geralmente cobrindo as areias das praias. Tornando suscetível junto com essa elevação do nível do mar, surgirem maiores riscos também com alagamentos, formação de canais, ondas fortes, afogamentos e carros atolados.

Além disso, até mesmo nos momentos em que normalmente as condições naturais são favoráveis e apropriadas a pratica do turismo de sol e praia como de maré baixa com diminuição do nível dos oceanos. Ainda é certamente necessário de levar em consideração a questão da segurança, dentre outras coisas, evitando faixas da praia nas quais não são identificadas como seguras e ocupando faixas da praia onde costumam ser protegidas por guarda-vidas, não nadando longe da margem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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QUADRO 9: PRINCIPAIS DICAS DE SEGURANÇA NO TURISMO DE SOL E PRAIA

- FREQUENTAR ÁREAS PRÓXIMAS A GUARDA-VIDAS

- EVITAR NADAR PARA LONGE DA MARGEM

- ATENÇÃO TOTAL COM AS CRIANÇAS

- MANTER CRIANÇAS À VISTA E A UMA DISTÂNCIA SEGURA

- FICAR ATENTO COM OS HORÁRIOS DE MARÉ

- OBEDECER ÀS SINALIZAÇÕES

- TER CUIDADO COM OS SEUS PERTENCES PESSOAIS

- BUSCAR MANTER PERTENCES PESSOAS CONSIGO MESMO.

- NÃO CONDUZIR VEÍCULOS ALCOOLIZADO

- NÃO CONFIAR A DESCONHECIDOS FILHOS E NEM PERTENCES PESSOAS.

 

FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025.

 

Outras dicas apesar de que básicas que não podemos jamais deixar de lembrar porque também são importantes de levar em consideração durante a realização do turismo de sol e praia corresponde a se proteger do sol com o uso de protetor solar; hidratar-se regularmente; nunca nadar alcoolizado; evitar nadar sozinho; não praticar brincadeiras perigosas na água; optar pelo uso de roupas leves; se possível for utilizar chapéu conhecidos como chapéu de praia para se proteger dos efeitos negativos advindos da exposição prolongada a radiação solar ou óculos conhecidos como óculos de sol que possui proteção contra RU (Radiação Ultravioleta). Por isso, a realização do turismo consciente

também corresponde à pratica de um turismo seguro. Porque preocupa-se além da preservação do meio ambiente com a preservação da vida humana.

 

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16.  EXEMPLO DA IMPORTANTE CAMPANHA “PRAIA LIMPA, PRAIA LINDA”

 

É importante destacar algumas ações que aconteceram como, por exemplo, a da importante campanha “Praia Limpa, Praia Linda” que foi realizada durante alguns anos em certas áreas como a da praia do Atalaia do município de Salinópolis, situado na sub-região do nordeste paraense. E que certamente se caracterizam como práticas socioambientais que levam em consideração o desenvolvimento de um turismo mais consciente.

Contando de maneira integrada com a colaboração conjunta de diferentes agentes ambientais, servidores de órgãos públicos e voluntários, tais como:  SEMAS (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade), SETUR (Secretaria Estadual de Turismo), SEEL (Secretaria de Esporte e Lazer), SEGUP (Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social) com apoio do Instituto Alachaster, prefeitura de Belém e Salinópolis (SEMAS, 2021).

A campanha “Praia Limpa, Praia Linda” foi responsável por promover ações essenciais não apenas de limpeza da praia, mas também de atividades de conscientização através de educação ambiental, distribuindo sacolas, recolhendo diferentes tipos de lixos produzidos na praia e disseminando informações fundamentais da campanha que tinham a ver com a questão socioambiental.

Por exemplo, agentes ambientais, servidos públicos e voluntários percorriam partes do litoral paraense da praia do Atalaia tentando sensibilizar as demais pessoas para despertarem também a consciência sobre a importância de dar destinos apropriados para os resíduos sólidos gerados na praia. Além disso, incentivando as pessoas, principalmente crianças e jovens, a pratica de esporte na praia, promovendo partidas de futebol, vôlei, futevôlei e até fit dance.

O interessante dessa campanha é perceber que além de contribuir com a questão socioambiental focando principalmente em manter a praia limpa é que ainda pode acontecer de ajudar na questão socioeconômica, oportunizando

 

 

 

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condições de gerar renda para empreendedores e cooperativas que trabalham com a reciclagem. Porque da quantidade total de lixo recolhido, uma boa parte ao invés de ser destinado para lixões ou aterros sanitários podem ser reaproveitados.

A campanha “Praia Limpa, Praia Linda” ocorreu também em outros locais além de Salinópolis. Conseguiu arrecadar um total de mais de 2 toneladas e meia de resíduos em Mosqueiro e Salinópolis (AGÊNCIA PARÁ, 2021). Sendo apenas em Salinópolis coletado muito mais da metade dessa quantidade absoluta de lixo. Em uma média de aproximadamente 1 tonelada e 800 quilos de resíduos.

É válido lembrar que a ocorrência de ações desse tipo assim caracteriza-se como o que defende o PDTIS (Plano de Desenvolvimento integrado do turismo sustentável) no polo turístico Amazônia Atlântica do litoral paraense quando diz que “As atividades do Turismo de Sol e Praia desenvolvem-se em áreas consideradas de preservação permanente e ecologicamente frágeis, devendo, portanto, contar com uma gestão adequada, de maneira a evitar e/ou minimizar impactos” (PDTIS, 2019, 42).

O que permite dizer que essa campanha certamente pode ser avaliada como positiva em função de ter manifesto importante contribuição. Atendendo diferentes aspectos da sustentabilidade. Viabilizando assim, apesar dos inúmeros desafios existentes, a possibilidade de realmente acontecer a pratica de um turismo consciente.

Um dos desafios existentes verificado na realidade de Salinópolis consiste em que campanhas assim aconteçam de forma mais frequente e menos esporadicamente, ou seja, não apenas apareçam ou reapareçam de modo pontual em um determinado período do ano, mas que passem a assumir um caráter mais permanente. Nesse sentido, possibilitando ampliar e aprofundar os benefícios socioambientais e até, inclusive, socioeconômicos resultantes dessas ações.

 

 

 

 

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17. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

 

Preocupou-se ao longo desta atividade intelectual em apresentar principais aspectos referente a urbanização e o turismo do município de Salinópolis, pertencente a sub-região do nordeste paraense. Para isso, apresentou-se importantes aspectos de Salinópolis com a urbanização gerando o turismo e com o turismo gerando urbanização.

Através de fatores essenciais relacionados esse acontecimento na realidade. Nesse contexto, evidenciou-se que o município de Salinópolis ao longo do tempo apresentou diferentes dinâmicas de produção espacial, assumindo novas formas, funções e características a partir da década de 60 em diante. Algo que aconteceu no geral em outras cidades litorâneas brasileiras que apresentaram também em comum o fenômeno da urbanização turística.

Confirmou-se que a partir da década de 90 com o estimulo de políticas públicas Salinópolis se consolida como destino turístico. Evidenciando a partir de então a relevância do turismo de Salinópolis como o principal destino turístico não apenas no estado do Pará, mas posteriormente também na região norte do Brasil. Ainda com potencial de Salinópolis ampliar a sua projeção, passando a se constituir além do cenário estadual e regional em uma referência turística no segmento de sol e praia na escala nacional.

Verificou-se o surgimento e crescimento de 2ª residências, resorts, pontos turísticos e importantes políticas públicas e urbanas acontecendo resultando em importantes materialidades urbano-turísticas. Melhorando a qualidade e aumentando a quantidade das infraestruturas, acessos, equipamentos e serviços urbanos. Durante o século XXI, por exemplo, houve a  orla do maçarico; a nova passarela de acesso a praia do maçarico; a 2ª passarela de acesso a praia do maçarico; a nova orla na avenida beira mar; pavimentação da PA-444 e duplicação da ponte.

Entendeu-se na questão urbana da produção espacial que permanece atual o desafio do fenômeno da urbanização turística em conseguir produzir um espaço urbano que seja bom tanto para os moradores quanto para os turistas (FONSECA; COSTA, 2004).  

 

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Antes de tudo, de forma clara e objetiva, se entendeu, explicou e definiu o turismo enquanto uma prática social e não como uma vocação natural. Além disso, ainda foi proposto, apesar dos desafios existentes, a viabilidade da pratica de um turismo consciente com a possibilidade do fenômeno social do turismo continuar acontecendo e crescendo promovendo o bem-estar das pessoas, mas buscando que seja de forma mais consciente e segura.

Levando em consideração ideias e ações que permitam os indivíduos estabelecerem relações na dimensão social e na dimensão ambiental menos predatórias, egoístas e nocivas e mais sustentáveis, colaborativas e benéficas

no ambiente contribuindo com a preservação. Certamente ocasionando em minimizar os aspectos negativas e maximizar os aspectos positivos na realização do turismo de sol e praia com a aplicação da proposta do turismo consciente.

Empenhou-se nesse contexto em destacar não apenas os principais problemas relacionados as questões socioambientais, mas também em focar possíveis alternativas e soluções. Ficou claro assim que a inclusão da ideia proposta de turismo consciente além de ser relevante pode ser bastante útil quando de fato experimentado na realidade. Reconheceu-se durante esta produção intelectual que o valor da ciência deve está não apenas em fornecer informações certas, mas também em ficar a serviço de promover a vida (ANTONIO GUSTAVO, 2025).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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