PRINCIPAIS
ASPECTOS DA URBANIZAÇÃO TURÍSTICA DE SALINÓPOLIS-PA: A VIABILIDADE DE UM
TURISMO CONSCIENTE
ANTONIO
GUSTAVO DA SILVA MAXIMO¹
RESUMO
Este
presente trabalho intelectual visa evidenciar o processo de urbanização e
turismo estão inter-relacionados. Permitindo se falar da dinâmica do fenômeno
da urbanização turística no contexto do importante município de Salinópolis,
situado no litoral da sub-região do nordeste do estado do Pará, onde geralmente
acontece de a urbanização gerar o turismo e o turismo gerar a urbanização. Destacando
principais aspectos ao longo do tempo relacionados a intensificação desse
fenômeno. Além disso, neste
estudo científico aborda-se sobre alguns problemas de dimensões sociais e ambientais
ocasionados pelo processo da urbanização turística na cidade e em certas
praias. Buscando não apenas apontar determinados problemas, mas também diante
disso principalmente focar em possíveis alternativas e soluções que contribuam
de fato com a questão socioambiental. Para isso, apesar dos desafios
existentes, é proposto a viabilidade de um turismo consciente. Objetivando,
dentre outras coisas, o turismo gerar benefícios ambientais e econômicos assim
como benefícios sociais continuando a promover a sensação de bem-estar nas
pessoas. Não obstante, estimulando a elevação da consciência humana através de
ideias e ações que certamente podem colaborar em buscar reduzir problemas socioambientais
na cidade; combater a contaminação e poluição nas praias; valorizar relações estabelecidas
entre ser humano e meio ambiente baseadas na sustentabilidade; promover no
espaço a preservação da paisagem do litoral; aumentar aspectos positivos e diminuir
aspectos negativos na realização do turismo de sol e praia.
Palavras-chave: Urbanização Turística, Turismo
Consciente, Litoral, Salinópolis, Pará.
¹Pensador
Brasileiro, graduado em licenciatura e bacharelado em Geografia pela UNIFESSPA
(Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará), pós-graduado em Docência e
Prática da Geografia pela Faculdade Focus e especialista em Neuropsicopedagogia
Institucional pela Faculdade Focus. E-mail: antoniogustavobr@hotmail.com
LISTA
DE QUADROS
QUADRO 1 – PRINCIPAIS
PONTOS TURÍSTICOS SALINÓPOLIS-PA.................................................................................................................18
QUADRO 2 – PRINCIPAIS ATIVIDADES QUE PODEM SER
REALIZADAS NO TURISMO DE SOL E PRAIA..................................................................22
QUADRO 3 – PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS DO RESORT..................46
QUADRO 4 – MATERIALIDADES
URBANO-TURÍSTICAS: PRINCIPAIS FORMAS ESPACIAIS PRODUZIDAS EM SALINÓPOLIS-PA......................71
QUADRO 5 – PRINCIPAIS
ALTERNATIVAS INDIVIDUAIS E COLETIVAS NO COMBATE AOS RESÍDUOS SÓLIDOS........................................................78
QUADRO 6 – ASPECTOS
NEGATIVOS DO TURISMO...............................79
QUADRO 7 – ASPECTOS
POSITIVOS DO TURISMO.................................81
QUADRO 8 – POLUIÇÃO
SONORA: PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE CAUSA A SAÚDE HUMANA..........................................................................86
QUADRO 9 – PRINCIPAIS
DICAS DE SEGURANÇA NO TURISMO DE SOL E PRAIA .........................................................................................................89
LISTA
DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CF –
Constituição Federal
COTRAN – Conselho Nacional de
Trânsito
CTB – Código de Trânsito
Brasileiro
CNH – Carteira Nacional de
Habilitação
CNC
– Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
DPHAC – Departamento de
Patrimônio Histórico Artístico e Cultural
EMBRATUR – Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo
ETE – Estação de Tratamento de
Esgoto
EACH-USP – Escola de Artes, Ciências
e Humanidades da Universidade de São Paulo
FAPESPA – Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará
FM-USP – Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
FIPE –
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
IBGE
–
Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística
INMETRO
–
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
MTUR –
Ministério do Turismo
OMT
–
Organização Mundial do Trabalho
OMS – Organização Mundial da
Saúde
ODS –
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ONU –
Organização das Nações Unidas
PARATUR –
Companhia Paraense de Turismo
PCD’S – Pessoas com Deficiências
PDTIS
–
Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável
PNAD –
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PND –
Plano Nacional de Desenvolvimento
PNUMA – Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente
PNGC – Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
PIN –
Programa de Integração Nacional
PF – Polícia Federal
PTA – Plano de Turismo da Amazônia
SUDAM – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia
SBClass
–
Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SEDOP
– Secretaria de
Estado de Desenvolvimento e Obras Públicas
SEEL – Secretaria de Esporte e
Lazer
SEGUP – Secretaria de Estado de
Segurança Pública e Defesa Social
SEMAS – Secretaria de Estado de
Meio Ambiente e Sustentabilidade
SETRAN-PA – Secretaria de Estado de
Transportes do Pará
SETUR – Secretaria Estadual de
Turismo
SEPLAD – Secretaria de Estado de
Planejamento e Administração
SNT – Sistema Nacional de
Trânsito
UV – Radiação Ultravioleta
VGV – Valor Geral de Vendas
SUMÁRIO
1 –
INTRODUÇÃO................................................................................6
2 – MUNICÍPIO DE SALINÓPOLIS-PARÁ................................8
3 – IMPORTANTES ASPECTOS DO TURISMO DE SOL E PRAIA NO
BRASIL: O CASO DE SALINÓPOLIS-PA..........................................10
4 – TURISMO: VOCAÇÃO NATURAL OU PRATICA SOCIAL?........24
5 – URBANIZAÇÃO TURÍSTICA DE SALINÓPOLIS-PA...................28
6 – URBANIZAÇÃO TURÍSTICA NA ZONA ESPECIAL DE INTERESSE
TURÍSTICO: COMPLEXO DO MAÇARICO, PRAIA DO ATALAIA E PRAIA DO FAROL VELHO..................................................................39
7 – TURISMO DE HOTELARIA: RESORTS.........................................44
8 – “TURISMO” RESIDENCIAL: 2ª RESIDÊNCIA...............................53
9 – ORLA DO MAÇARICO....................................................................58
10 – NOVA ORLA NA AVENIDA BEIRA MAR.....................................60
11 – NOVA PASSARELA DE ACESSO A PRAIA DO MAÇARICO.....63
12 – 2ª PASSARELA DE ACESSO A PRAIA DO MAÇARICO............64
13 – PAVIMENTAÇÃO DA PA-444 E DUPLICAÇÃO DA PONTE........66
14 – MATERIALIDADES URBANO-TURISTICAS.................................67
15 – TURISMO CONSCIENTE................................................................74
16 – EXEMPLO DA IMPORTANTE CAMPANHA: “PRAIA LIMPA, PRAIA
LINDA”.....................................................................................................90
17
– CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................92
18
– REFERÊNCIAS................................................................................94
6
1.
INTRODUÇÃO:
Ao longo desse trabalho intelectual se destacou os
principais aspectos da urbanização e do turismo do município de Salinópolis, litoral
da sub-região do nordeste paraense, buscando propor a viabilidade da pratica de
um turismo consciente. Observou-se que os desafios e as possibilidades
existentes são imensas, sendo assim não houve em nenhum momento a pretensão em
esgotar esse assunto até porque seria uma tarefa inconcebível, mas sim em focar
nos principais fatores relacionados a essa questão.
O desenvolvimento deste estudo científico está dividido em
momentos principais: 1º - município de Salinópolis-Pará; 2º - importantes
aspectos do turismo de sol e praia do Brasil: o caso de Salinópolis-PA; 3º- a
urbanização turística de Salinópolis-PA; 4º - Urbanização turística na zona
especial de interesse turístico: complexo do maçarico; praia do atalaia e praia
do farol velho; 5º - turismo de hotelaria: resorts; 6º - turismo residencial:
2ª residência; 7º - orla do maçarico; 8º - nova orla na avenida beira mar; 9º -
nova passarela de acesso do maçarico; 10º - 2ª passarela de acesso a praia do
maçarico; 11º - pavimentação da PA-444 e duplicação da ponte; 12º - materialidades
urbano-turísticas; 13º - turismo consciente; 14º - exemplo da importante
campanha “Praia Limpa, Praia Linda”.
Evidenciou-se a explicação de que houve: aumento do turismo residencial com as
segundas residências; o aumento
da pratica social do turismo do tipo de sol e praia; esclarecimento de que o
fenômeno do turismo é uma pratica social e não uma vocação natural; o aumento
do turismo de hotelaria com os resorts; o desenvolvimento de políticas públicas
e urbanas que implicaram no fortalecimento do turismo através de melhorias de
infraestruturas, equipamentos urbanos e de acesso em partes da cidade e nas
praias de Salinópolis; formação espacial de materialidades urbano-turísticas;
aumento dos problemas de dimensões tanto sociais quanto ambientais na cidade e
em certas praias.
7
Além disso, foi proposto
como alternativa e solução a adoção da pratica do turismo consciente visando
aumentar aspectos positivos e diminuir aspectos negativos na realização do
turismo de sol e praia; reduzir problemas socioambientais na cidade; combater a
contaminação e poluição nas praias; valorizar relações estabelecidas entre o
ser humano e o meio ambiente baseadas na sustentabilidade.
Para isso, a metodologia utilizada foi a de revisão
bibliográfica, levando em consideração como pertinentes apenas a seleção e
escolha de conteúdos de qualidades através de informações, dados e
conhecimentos prévios (FONSECA, 2002). Constituindo um esforço empreendido em
realizar um levantamento amplo e profundo de informações, dados e conhecimentos
antigos e recentes que tenham correspondência com a realidade. Explicando
melhor sobre o fenômeno da urbanização turística em Salinópolis, os principais
fatores relacionados; a realização do turismo de sol e praia; problemas sócios
ambientais que afetam a cidade e as praias.
Envolvendo não apenas a definição e contextualização do
tema com sua interpretação (ALVES, 1992), mas também apresentando, apesar dos
desafios e problemas existentes, possíveis alternativas e certas soluções,
sobretudo com a proposta de adoção de ideias e ações do turismo consciente.
Almejando após a produção deste trabalho intelectual a
respeito da urbanização e do turismo de Salinópolis: a viabilidade de um
turismo consciente com a disponibilidade de um conhecimento assim não apenas
importante e atual, mas também bastante útil.
8
2.
MUNICÍPIO
DE SALINÓPOLIS/PA
Salinópolis é o
principal munícipio da zona costeira do Pará e um dos mais antigos do estado do
Pará. Abrange uma área municipal de 226,120 km². Localiza-se pelas coordenadas geográficas:
latitude 00º 36’ 49” sul e à uma longitude 47º 21’ 22” oeste. Estando a uma altitude
em média de 21 metros verticalmente distante do mar. Faz limites ao norte com o
oceano atlântico, a leste com o munícipio de São João de Pirabas e ao sul e
oeste com o município de Maracanã. Pela regionalização do estado do Pará está
situada na mesorregião do nordeste paraense (IBGE, 1989).
Possui uma população
estimada em 44.772 habitantes e uma densidade demográfica de 198 habitantes por
km² (IBGE, 2022). Representando um aumento de 19,46% em comparação com o censo anterior
realizado em 2010. Mais recentemente a população, em 2024, segundo dados
obtidos pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) já passou a ser
estimada em 48.168 (IBGE, 2024).
Isso basicamente significa dizer que, apesar da
população flutuante, isto é, o conjunto de pessoas que visitam ou residem
temporariamente, continuar se constituindo em uma quantidade expressivamente superior
ao da população local no período do verão amazônico com a atividade do turismo
de sol e praia, evidencia-se a tendência ao longo do tempo de um gradativo crescimento
da população na qual reside fixamente no município de Salinópolis.
O
município está a uma distância em média por via rodoviária de um pouco mais de
200 km e em linha reta de aproximadamente 205 km da capital Belém do estado
Pará. O acesso a Salinópolis a partir da capital paraense pode ser por
rodoviária pelas rodovias BR-316 e PA-324 e também por via aérea após a
construção do aeroporto de Salinópolis.
A
atividade econômica de Salinópolis se concentra na atividade turística, pesca, serviços,
construção civil, nos empregos produzidos e nas oportunidades financeiras
rentáveis que fortemente emergem nas altas temporadas por ser um pólo consolidado
de atração e concentração turística
9
sazonal. O turismo se
sobressai exercendo uma participação mais significativa do que outras
atividades econômicas. Apresentando um ecossistema de grande relevância,
constituído por praias, manguezais, dunas, restingas, lagos, matas de várzeas e
mares.
Em relação a origem do nome da cidade. Podemos perceber que
Salinópolis, como assim é oficialmente chamada atualmente, nem sempre teve esse
nome. Inicialmente foi chamada de “Virianduba” ou “Viriandeua” que
significa lugar com a presença abundante de pássaros. Nome esse dado pelos
índios Tupinambás que foram uns dos primeiros habitantes a ocupar esse espaço
do ambiente costeiro amazônico no litoral paraense, bem antes mesmo da chegada
dos colonizadores. Na época os índios tupinambás desenvolveram um certo acúmulo
de saberes essenciais sobre esse espaço de onde provinha os víveres necessários
as suas sobrevivências e a reprodução social.
A segunda denominação relacionada ao município foi de
destacado, porque o governador na época considerava insuficiente as formas de sinalizações
para as embarcações. Por isso a necessidade de assegurar proteção e segurança
da navegação do litoral paraense, destacando práticos que deveriam orientar os
navios no alto da ilha do Atalaia, utilizando para isso canhões.
A origem do município, em 1656, remonta a formação de um
povoado durante o Governo do Maranhão e do Pará com o Capitão-General André Vital
de Negreiros do Maranhão recebendo a denominação de destacado (BRITO, 2004). Mas, a fundação do município, em 1781, é atribuída ao Francisco
Gonçalves Ribeiro. A cidade até então na condição uma unidade
política-administrativa menor, passa ao longo do tempo, em boa parte, graças ao
seu empenho a crescer ao invés de diminuir ou desaparecer.
Logo passou a se chamar de Salinas, ou seja, um local onde
se extraí o sal da água do mar. No entanto, em razão da existência de inúmeras
salinas ao longo do litoral brasileiro, decidiram mudar o nome para evitar de
confundir com outros locais assim também já chamados. A partir do século XX, em
1937, pelo decreto estadual nº 4.505 passando a se chamar oficialmente de
Salinópolis.
10
Nome
esse que é um topônimo de origem portuguesa que significa “cidade de Salinas”.
Mas, mesmo após o estabelecimento do nome oficial, o município de Salinópolis,
ainda continua a ser amplamente mais chamado e conhecido de Salinas pela população
do estado do Pará. Denominação essa que desde a sua origem até aos dias de hoje
se popularizou e passou a ser mais utilizada.
O clima está classificado na categoria tropical do tipo
quente e úmido. Apresentando uma reduzida amplitude térmica, ou seja, pequena
diferença de variação de temperatura entre a menor e a maior. O que naturalmente
torna as condições favoráveis para a realização da prática do turismo de sol e
praia. O verão amazônico em Salinópolis normalmente acontece entre junho e
setembro. Logo, não coincide com o verão de grande parte do hemisfério Sul,
pois no hemisfério sul costuma ser no período de dezembro e março.
Salinópolis é o município se destaca como principal
representante do polo turístico da Amazônia Atlântica. Apresentando um conjunto
de atrativos turísticos, sobretudo, naturais com maravilhosas praias e belas
paisagens naturais. Sendo as mais conhecidas as praias do Atalaia, Farol Velho,
Corvina e Maçarico. Representando os atrativos turísticos mais procurados e,
assim, consolidando-se pode se dizer como o melhor destino turístico paraense e
da região norte do brasil no segmento sol e praia.
3.
IMPORTANTES ASPECTOS DO TURISMO DE SOL E
PRAIA NO BRASIL: O CASO DE SALINÓPOLIS-PARÁ
O turismo não nasceu de
uma obra literária, não surgiu de um documento escrito, não aconteceu a partir
de alguma pesquisa científica e nem de nenhuma teoria, mas sim de uma pratica
humana. Tradicionalmente, os pesquisadores costumam vincular o turismo, em
grande parte, a dimensão econômica. O que não deixa em certo ponto, de estar certo.
Até porque o fator econômico, muitas das vezes, constitui-se como algo
primordial para gerar condições favoráveis a realização dessa atividade.
11
Mas, devemos ter, de certo
modo, um cuidado em compreender que a sua pratica, às vezes, está para além de
ser entendido como um mero produto e serviço turístico a ser consumido e
suprido financeiramente. Pois, ainda que dependa preponderantemente do fator
econômico. Essa atividade apresenta outras dimensões: culturais, políticas,
sociais e ambientais.
Caracterizando a atividade
turística do segmento de sol e mar menos como uma atividade pertencente ao
setor primário e secundário, mas sim como setor terciário. Na medida em que
pode utilizar recursos naturais, porém não extrai e nem transforma. Mesmo que a
ação humana imprima mudanças no ambiente natural, não podemos estabelecer nesse
sentido uma comparação com o que corre na indústria na qual transforma em bem
de consumo algo retirado da natureza.
A OMT (Organização Mundial
do Turismo) define turismo como “o deslocamento para fora do local de
residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivados por
razões não-econômicas”. Basicamente leva em consideração como critérios
fundamentais o tempo (duração inferior a 1 ano), o espaço (não-habitual) e os
motivos (lazer, negócios ou outros).
O turismo se constitui na
realização do deslocamento de uma área emissora para uma área receptora em
função de diversos motivos possíveis. Tendo um caráter temporário e não
permanente esse fenômeno. A duração da viagem é contada desde o momento da
partida da área emissora e não se encerra com a chegada na área receptora. Mas,
sim com o retorno a área emissora após a realização da atividade turística.
O turismo é um daqueles
temas existentes que desperta o interesse e tem bastante relevância. Segundo a
OMT (Organização Mundial do Turismo) 1,4 bilhão de pessoas viajaram até janeiro
de 2024 em todo mundo. Quanto mais passa o tempo a tendência é que o turismo
cresça.
A CNC (Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) referente ao período de alta
temporada 2023/2024 registrou o maior volume de receita dos últimos 10 anos.
Mais recentemente,
segundo dados levantados pelo Ministério do Turismo, Embratur e Polícia
Federal, o Brasil inicia, em janeiro, o ano de 2025
12
com 1,4 milhão de turistas internacionais.
Sendo uma marca considerada recorde, porque em relação a questão da quantidade
total de turistas estrangeiros é o melhor janeiro desde 1970 (MTUR; EMBRATUR;
PF; 2025).
Os dados levantados equivalem
a um aumento na média de 55% em relação ao mesmo período do ano anterior, em
2024, quando houve um registro de 956.737, sendo assim recentemente uma
quantidade bastante superior de visitantes vindos de outros países.
É uma das atividades
terciárias que mais cresce no Brasil e no mundo. O turismo representa uma
importante atividade. Principalmente pelo fato de ser um gerador de renda e
empregos. Possibilitando avanço econômico e criando alternativas de expansão do
mercado de trabalho. Os dispositivos formais e legais do país no decorrer do
tempo passam a reconhecer cada vez essa atividade.
O
turismo no Brasil foi reconhecido e consolidado na CF (Constituição Federal) de
1988 no artigo 180, onde estabelece que “A União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de
desenvolvimento social e econômico” (BRASIL, 2015). Sendo importante para a valorização ainda
mais a atividade do turismo brasileiro a criação da Política Nacional de
Turismo, em 1995-1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
A
extensa costa brasileira em função das diferenças climáticas e geológicas,
abriga um rico mosaico de paisagens e variado ambientes, recortada por centenas
de praias com predominância de sol praticamente durante todo o ano. A costa
brasileira é composta em sua maioria por águas quentes ocupando grande parte tropicais
do Atlântico Sul Ocidental.
Pesquisas
sobre a demanda turística internacional sinalizam que bem mais da metade dos
turistas têm como motivação das viagens a lazer o Turismo de Sol e Praia
(BRASIL, FIPE, MTUR, 2019). O estado do Pará, ocupando a 9º posição, se
destacou como um dos 10 destinos mais procurados em viagens nacionais (IBGE,
2021).
13
O
turismo pode, ao mesmo tempo, também ser compreendido levando em consideração a
inclusão de outras perspectivas possíveis nas quais, ainda que menos
reconhecidas, podem fazer parte dessa atividade, tais como os benefícios que
proporciona: estimulador de auto realização, bem-estar físico e mental,
enriquecedor psicológico, conforto emocional e promovedor cultural.
Sendo o acontecimento
dessa atividade basicamente caracterizada por área emissora, área de
deslocamento e área receptora. A área emissora, corresponde a origem, ou seja,
local de saída dos turistas e visitantes; área de deslocamento, diz respeito a
estrutura como rodovias, postos de abastecimentos, portos, aeroportos, isto é,
o local aonde se realiza o deslocamento do ponto de saída em direção até o
ponto de chegada; área receptora, local de destino dos turistas e visitantes,
ou seja, onde de fato acontece a realização da atividade turística.
Várias acepções têm sido
utilizadas para o segmento de Sol e Praia, tais como Turismo de Sol e Mar,
Turismo Litorâneo, Turismo de Praia, Turismo de Balneário, Turismo Costeiro,
entre outros.
Pode-se entender o turismo de sol e praia
como o grupo das atividades turísticas relacionadas à recreação realizada em
ambientes naturais de praias, manguezais, dunas, falésias e outros elementos da
zona costeira, onde sobretudo se faz presente em conjunto água, sol e calor.
Já que a combinação desses elementos
constitui um dos principais fatores naturalmente atrativos. Envolvendo em sua
atividade de realização uma gama de ofertas de serviços, produtos e
equipamentos, tais como: transporte, hospedagem, alimentação, recepção e outras
atividades complementares.
Segundo o Ministério do
Turismo, o turismo de Sol e Praia “constitui-se das atividades turísticas
relacionadas à recreação, entretenimento ou descanso em praias, em função da
presença conjunta de água, sol e calor” (BRASIL, 2006)
Dos diferentes tipos
principais de turismo: religioso, negócios, estudos, esportes, ecoturismo e
lazer. O turismo de praia se caracteriza, muitas das vezes, como um turismo de
lazer.
14
O início da utilização e
valorização das áreas litorâneas satisfazendo o desejo de consumo com banhos de
mar começa na Europa a partir do século XVIII. No Brasil segundo SILVA (2012)
no final do século XIX e primeiras décadas do século XX que se inicia nas
cidades brasileiras a utilização pela população do litoral para banhos de mar.
O final do século XIX e
início do século XX representou no Brasil a “incorporação das práticas
marítimas modernas” (DANTAS, 2006, p.82) por parte da elite econômica
brasileira. Sendo essa lógica de uso um novo estilo de vida difundido no seio
da sociedade moderna com a ideia de morar as proximidades domar ou com a
intensificação do veraneio marítimo.
Inicialmente apenas como
uma atividade ligada ao lazer das famílias e pessoas. Posteriormente, atraindo
uma quantidade maior de pessoas principalmente desejosas de recreação,
entretenimento e de passar férias e feriados apreciando o espaço litorâneo. O
litoral dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro foram áreas pioneiras a se
consolidarem no segmento de sol e praia como destinos turísticos e logo em
seguida áreas litorâneas do nordeste brasileiro. No Brasil o processo de
expansão do turismo de Sol e Praia se consolidando na década de 70 com a
construção de segundas residências.
No século XIX, no contexto amazônico a atividade do
turismo era algo até então ignorado e menosprezado frente a outras questões. A
região amazônica era muito
isolada do restante do Brasil, possuindo infraestrutura paupérrima e
insuficiente. Sendo vista
como um exótico destino de aventureiros e exploradores que quando chegavam se
deparavam com condições adversas de acomodação e transportes.
Comumente os
viajantes que na região chegavam se abrigavam em residências de campo. Segundo
Cruz (1973) despertava a curiosidade maior de viajantes que eram em boa parte
constituído por pesquisadores e cientistas especialmente interessados nas
imensas riquezas naturais da região.
O cenário que vai passar a se apresentar não só no
Brasil, mas sobretudo no contexto amazônico a partir de meados do século XX em
diante é em vários aspectos indubitavelmente bastante diferente do cenário
anterior encontrado durante o século XIX. Emergem novas perspectivas de atuação
nessa região
15
que
levam em consideração o desenvolvimento e a integração nacional constituindo-se
na égide denominada de
nacional-desenvolvimentismo.
Sendo promovido, por exemplo, com os PND (Plano Nacional
de Desenvolvimento), PIN (Programa de Integração Nacional) e a EMBRATUR (Agência Brasileira de Promoção Internacional do
Turismo) que viabilizou projetos, financiamentos, incentivos fiscais.
Resultando gradativamente em desenvolver a infraestrutura, construção
de estradas, hotéis, atrativos turísticos, estimular atividades econômicas e
passar a articular cada vez mais a região ao restando do Brasil por meio da
construção de vias e rodovias, ampliação da malha urbana, investimentos em infraestrutura,
tornando mais fluida a produção, circulação, fornecimento e consumo de bens e
serviços
Especificamente no estado
do Pará o turismo até a década de 1970 não despertava o interesse dos
investimentos públicos e não possuía ações e nem estratégias definidas por
órgão estatal para potencializar a atividade. A partir da década de 1970 inicia
as primeiras ações em função do turismo com a criação da PARATUR (Companhia
Paraense de Turismo). Diversos empreendimentos produtivos e infraestruturas
começam a ser instalados no estado.
A PARATUR (Companhia Paraense de Turismo) que foi criada na
década de 70 foi fundamental para impulsionar a atividade turística no estado
do Pará. Contribuindo em estimular a realização de políticas públicas. Segundo
a PARATUR (2001) dos pólos de turismo paraense existentes o município de
Salinópolis foi incluído no pólo Amazônia-Atlântica assim como alguns outros
municípios, tais como: Bragança, Marapanim, Vigia, Augusto Correia, Curuçá,
Maracanã e Tracuateua. No PDT/PA
(Plano de Desenvolvimento Turístico do Pará) Salinópolis é avaliada como uma
das poucas cidades pertencentes ao Polo Amazônia Atlântica a apresentar
serviços turísticos de qualidade e infraestrutura urbana desenvolvida.
Na região do espaço
turístico amazônico também foram pioneiras as ações do poder público para o
desenvolvimento do turismo com políticas
16
públicas, em 1977, com I PTA (Plano de
Turismo da Amazônia) visava uma ocupação ordenada na Amazônia, causando um
impacto positivo na economia regional, buscando viabilizar a geração de emprego
e renda. Porém, o plano enfrentou desafios relacionados a falta de
infraestrutura turística e a necessidade de melhoria na qualidade dos serviços
turísticos.
A partir do II PTA (Plano
de Turismo Amazônia), em 1992, permanece a preocupação em promover o
desenvolvimento turístico buscando o crescimento econômico. A novidade é que
passa a incluir nesse plano noção de desenvolvimento sustentável. Por isso,
busca o crescimento econômico com a conservação ambiental. Ambos os planos,
cada um apresentando tanto aspectos comuns quanto específicos, foram criados e
gerenciados pela SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia).
O turismo apresenta-se na
análise geográfica como uma atividade diversificada que não pode ser definida
apenas por uma única e exclusiva perspectiva. É muito mais que um fenômeno
econômico, pois é, antes de tudo, um fenômeno social que tanto produz quanto
consome espaço (CRUZ, 2001).
Esse segmento de Sol e
Praia tem sido amplamente associado ao turismo de massa, porque consegue
concentrar uma grande quantidade de pessoas na mesma época e em um só lugar.
Especialmente nos meses de verão, períodos de férias ou feriados prolongados.
Por isso, apresenta altas taxas de sazonalidade. Pesquisa realizada pelo
Ministério do Turismo e da Nexus, em 2024, revela que no Brasil em relação aos
segmentos turísticos o turismo de “Sol e Praia” é a categoria preferida com
54%, enquanto que o ecoturismo chegou a 10%, o turismo de aventura a apenas 5%
e turismo cultural/histórico só 4%.
O Plano de Desenvolvimento
do Turismo do Estado do Pará, em 2001, elaborou os polós turísticos do Estado
do Pará. Identificando um total de 6 polos: Amazônia-Atlântica,
Araguaia-Tocantins, Tapajós, Xingu, Marajó e Belém. Cada uma tendo sua
principal representante: Belém (Polo Belém), Santarém (polo Tapajós), Altamira
(polo Xingu), Marabá (polo Araguaia-Tocantins), Soure e Salvaterra (polo
Marajó) e Salinópolis (polo Amazônia Atlântica).
17
Desses pólos turísticos
existentes ao longo do estado do Pará, no que diz respeito ao turismo do tipo
de sol e praia, Salinópolis, principal representante do polo Amazônia
Atlântica, se destaca como um destino turístico consolidado. Constituindo-se no centro de atração das
pessoas (turistas, veranistas e visitantes) que praticam esse tipo de turismo.
Existem três tipos de
praia: praias marítimas, praias fluviais e praias lacustres. As praias
marítimas basicamente são nas praias marítimas identificadas como os lugares
dos maiores atrativos turísticos.
Formada a partir de fatores
exclusivamente naturais. Envolvendo principalmente elementos oceanográficos
(movimento de marés), atmosféricos (ação eólica) e geológicos (deposição de
sedimentos). Compreendendo ambientes adjacentes ao mar que sofrem a influência
tanto de marés quanto de ondas. Correspondendo as áreas de linhas costeiras onde
se estabelece uma certa inter-relação na interface terra/mar. Sendo, por vezes,
compreendida também como uma zona de transição entre o espaço terrestre e o
espaço aquático.
É nesse tipo de praia que
é responsável pelos maiores fluxos de turistas brasileiros ou estrangeiros no
Brasil. Segundo o PNGC (Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro) as praias são
espaços públicos com acesso livre garantido, ou seja, nesses termos definido a
praia pode ser entendida como bem de uso comum do povo.
Salinópolis apresenta um
potencial turístico que não envolve apenas a somatória dos recursos turísticos,
sejam esses naturais ou humanos, conforme muitas pessoas tendem a acreditar ou
imaginar. Mas, também certamente envolve a existência de condições de
acessibilidade ou de proximidade com os locais considerados destinos
turísticos. Podemos destacar de principais pontos turísticos: praia do Atalaia,
morro da Coca-Cola, praia do farol velho, orla do maçarico, praia do maçarico,
orla da avenida beira mar e praia da corvina.
18
QUADRO 1: PRINCIPAIS PONTOS TURÍSTICOS SALINÓPOLIS-PA ____________________________________________ - PRAIA DO ATALAIA; - MORRO DA COCA-COLA; - PRAIA DO FAROL VELHO; - ORLA DO MAÇARICO; - PRAIA DO MAÇARICO; - ORLA DA AVENIDA BEIRA MAR; - PRAIA DA CORVINA. |
FONTE: Antonio Gustavo (autor),
2025.
Muito embora haja diversas
formas de classificação. Segundo DIAS (2003) em relação a distribuição espacial
do turismo no Brasil. Pode-se distinguir três tipos principais de turismo: o do
campo, o do espaço urbano e o do litoral. Sendo assim, o turismo no município
de Salinópolis pode ser considerado como um tipo de turismo de litoral acontecendo
ao longo do litoral paraense.
Segundo o censo de 2022 do
IBGE o litoral continua sendo o lócus privilegiado para a localização das 2ª
residências, manifestando crescimento e concentração nos espaços urbanos
litorâneos. O estado do Pará tem o 2º maior litoral do Brasil com 1.429, 57 km
de linha de costa. Sendo dos estados que compõe a região norte do Brasil o que
possui o maior litoral (IBGE, 2023). O Pará possui 47 municípios em sua zona
costeira. Destacando-se Salinópolis nesse cenário de cidades litorâneas. A
maioria do contingente dos turistas que visitam a cidade de Salinópolis optam
por se hospedarem em hotéis ou pousadas (FAPESPA, 2024).
19
A sazonalidade que diz
respeito a dimensão da temporalidade na qual esse tipo de turismo ocorre por um
determinado período. Tem a ver tanto com a questão humana principalmente o
fator socioeconômico quanto com a questão natural especialmente o fator
climático.
Na medida em que acontece
preferencialmente no período habitual de alta temporada (férias, feriados,
finais de ano) e no período de verão com o predomínio de condições climáticas
favoráveis para a realização da atividade do turismo de sol e praia.
Período esse em que as
ofertas de atrativos e de produtos turísticos se fazem mais presentes de forma
abundante. Pois, no período de baixa temporada em partes significativas do
espaço não são tão comuns seja a disponibilidade ou seja a variedade desses
produtos e serviços turísticos. Projetados e acionados para atender a demanda
turística não somente, mas sobretudo na época do veraneio marítimo.
Segundo a Booking.com uma
das maiores plataformas globais online de hospedagens e viagens. Entre abril e
junho de 2025, o Brasil ocupa a 5ª posição como país mais buscado por turistas
internacionais. Ficando atrás apenas da França, Espanha, Itália e Estados
Unidos. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, em 2024, houve em
2025 um crescimento de 61%.
Pesquisa realizada pelo
FEM (Fórum Econômico Mundial), em 2024, o Brasil ficou entre os 30 principais
países do mundo no ranking do índice de Desenvolvimento de Viagens e Turismo,
subindo 8 posições em relação a 2019, ocupando no momento a 26ª colocação
global. Ficando à frente importante de importantes países, tais como: Chile,
México e Argentina. Entre os países localizados na América-latina é o que está
ocupando a melhor posição.
Mesmo que essas pesquisas
realizadas por diferentes órgãos, instituições públicas ou não-governamentais e
empresas privadas apresentem resultados diferentes na questão da média de
crescimento, ou seja, algumas indicando um crescimento maior e outras apontando
um crescimento mais acelerado. Apesar de possuírem assim suas especificidades,
o que cada uma dessas pesquisas
20
referentes ao turismo tem em comum é o fato
de que evidenciam uma forte tendência de crescimento e interesse maior pelo
turismo brasileiro.
Esse crescimento do
turismo brasileiro está relacionado a posicionamentos público e privado
favoráveis ao desenvolvimento da atividade; elevação do setor de serviços no
mundo; disponibilização maior de capitais estrangeiros para financiamentos;
melhorias nos transportes.
Em relação a dimensão
econômica sobre a importância que assume nos espaços onde há a prática do
turismo. O turismo pode, no geral, desempenhar três funções principais: função
dominante (quando o turismo é a atividade econômica central); função
estruturante (quando o turismo se constitui em um dos fatores econômicos ao
lado de outras atividades econômicas principais); função residual (quando o
turismo é submetido a cumprir um papel periférico no cenário econômico local).
Nesses termos assim mais
simples e claros, pode-se dizer que o turismo no município de Salinópolis
desempenha uma função dominante. Porque ocupa uma posição central responsável
por dinamizar a economia local e transformar a realidade sócio espacial em
função da dinâmica de realização dessa atividade. Já que o turismo envolve
diversos serviços, tais como: transportes; alojamentos (hotéis, pousadas e
resorts); restaurantes; atrações culturais na cidade e naturais no município. Destacando-se
como relevante não apenas na dimensão sub-regional do nordeste paraense, mas
também na escala estadual do Pará e regional do Norte do Brasil certamente como
um dos melhores atrativos turísticos existentes.
Portanto, pode-se dizer
para ser mais preciso que a famosa praia do Atalaia na questão do turismo de
Sol e Praia se constitui não apenas como a melhor praia do estado do Pará, mas
também na melhor praia da região norte do Brasil. Dentre outras razões pelo fato
de possuir um atrativo turístico de qualidade, tendo geralmente uma repercussão
positiva e boa de quem a visita e conhece. Atraindo o maior fluxo de visitantes
praticantes dessa modalidade de turismo de Sol e Praia, ou seja, das opções
disponíveis no litoral paraense e nortista é o ponto turístico que geralmente se
constitui na opção
21
preferida. Estima-se
que Salinópolis receba anualmente mais de 900 mil visitantes (AGÊNCIA PARÁ,
2022).
Apresentando um conjunto
de fatores atrativos: qualidades específicas; aspectos atraentes; capaz de
satisfazer desejos; suprir necessidades vinculadas a demanda turística; dotada
de importantes serviços, infraestruturas, acomodações e produtos de consumo;
produção da sensação de bem-estar aos visitantes e turistas.
A extensão da Praia do Atalaia e da sua
vizinha Praia do Farol é de uma média de 20 km. A praia do Atalaia está a
aproximadamente 14 km da cidade. Localizada na ilha do mesmo nome, Ilha
Atalaia, na qual é ligada ao espaço continental por uma ponte de concreto sobre
o rio Sampaio seguida de uma estrada asfaltada. Situada no setor leste do
município de Salinópolis.
Revelando neste espaço do litoral paraense
uma deslumbrante paisagem tropical com um conjunto peculiar e heterogêneo de
formas naturais e construídas. A praia do Atalaia dispõe de mar de águas
cristalinas e mornas, longas faixas de áreas finas e brancas, céu azul, sol
radiante, brisas suaves soprando no ar dos ventos leves no litoral.
Diferentemente de outras praias é aberta a
circulação de carros, vendedores ambulantes, motos e ônibus. Próximo
à praia da Atalaia, em meio a alguns trechos de campos de dunas cobertas por
vegetação de restinga que, de certo modo, servem como auxílios naturais para
conter determinadas ações de ondas e marés na linha costeira, está localizado o
lago de água doce chamado de Coca-Cola, assim denominado por suas águas serem perceptivelmente
escuras e sensivelmente geladas.
Ao longo da linha costeira
da praia possui diversas e importantes barracas e restaurantes como, por exemplo,
Ribas Grill, Biruta Charm, Marujos Grill, Verde Mar, Brazeiro e Virianduba
Beach, apresentando uma variedade de opções de refeições, tira-gostos e bebidas
deliciosas. Apesar de no local, quando comparado com outros lugares, ser
elevados os preços dos diferentes produtos disponíveis para o consumo na praia.
A pratica do turismo pode ser definido como um turismo de massa. Porque antes o
turismo representava algo restrito aos grupos sociais economicamente mais
privilegiados, atualmente
22
esta atividade passou a ser também
constitutiva dos grupos sociais economicamente menos favorecidos.
Mesmo ficando uma condição
mais favorável de amplo e profundo consumo e serviços para as pessoas de alto
poder econômico. A praia é frequentada por uma quantidade expressiva de
pessoas, inclusive, mesmo de menor poder aquisitivo, não desfrutando do consumo
de maneira tão satisfatória, mas nem por isso deixando de frequentar e visitar
também a praia. Na orla da praia do Atalaia a maior parte da área é ocupada
hotéis, pousadas e moradias de alto padrão.
Algumas das importantes
atividades que podem ser realizadas na praia do Atalaia: observar o nascer do
sol; contemplar o pôr do sol; almoçar, lanchar, beber e degustar da saborosa gastronomia
local com base alimentar da praia: pratos compostos de pescados, mariscos e
frutos do mar; tomar banho de mar; praticar surfe; tomar banho de sol; praticar
esportes, vôlei de praia, futevôlei, futebol de areia; realizar caminhadas.
QUADRO 2: PRINCIPAIS ATIVIDADES QUE PODEM SER REALIZADAS NO TURISMO DE SOL E
PRAIA: - BANHOS E MERGULHOS DE
MAR; - CONTEMPLAR O NASCER E O
PÔR DO SOL; - ESPORTES AQUÁTICOS; - ESPORTES NA ÁREA; - CAMINHADAS E TRILHAS; - APRECIAR A BELEZA DA
NATUREZA NA PAISAGEM; - DEGUSTAR DOS PRATOS
TÍPICOS DA CULINÁRIA LOCAL |
FONTE: Antonio Gustavo (autor),
2025.
A praia do Atalaia em Salinópolis através da Lei Ordinária
Nº 9.684 de 2 de setembro de 2022 foi declarada como patrimônio cultural de
natureza
23
material
e imaterial, paisagístico e ambiental do Estado do Pará. A ilha do Atalaia
também possui o título de Monumento Natural instituído por meio do Decreto
Estadual nº 2. 077, de 23 de maio de 2018. A unidade ocupa uma área total de
256, 58 hectares que equivale a Ilha do Atalaia, o lago da Coca-Cola e áreas
próximas (IDEFLOR, 2022).
Segundo avalição
realizada, em 2022, pela plataforma Airbnb referente escolha de destino de
praias, as praias de Salinópolis foram escolhidas como sendo uma das 10 praias
mais hospitaleiras do Brasil, ocupando o 8º lugar e sendo avaliada com a
excelência de 5 estrelas. Esse resultado foi obtido baseado em avaliações de
usuários brasileiros da importante plataforma Airbnb. Para
BIGNÉ et al. (2001), a imagem assim do destino é um antecedente direto da
percepção da qualidade, da avaliação da satisfação e do comportamento futuro
dos turistas.
Essa atividade do turismo de sol e pratica de Salinópolis
podemos assim afirmar que tem uma avalição positiva e uma boa repercussão
Porém, é válido fazer uma
ressalva no sentido de lembrar que devemos tomar o cuidado para compreender que
mesmo se constituindo como função dominante de Salinópolis-PA, há períodos de
altas temporadas e de baixas temporadas, ou seja, a atividade turista revela
uma dinâmica na qual há momentos em que essa atividade ora se torna mais
intensa (alta temporada) e ora menos intensa (baixa temporada).
O turismo doméstico que
pode ser também conhecido como turismo nacional, turismo interno ou dentro do
próprio país, região ou estado. É o perfil predominante dos turistas que
visitam Salinópolis. Resultando no cenário nacional em Salinópolis ser logicamente
caracterizada como uma cidade que receptora de turistas e não emissora, ou
seja, é local de destino turístico que recebe quantidade significativa de
turistas.
O estado do Pará registrou
crescimento no número de turistas de 699 mil visitantes no ano de 2021 para 938
mil turistas em 2022, o que equivale a um volume maior de 34%.
E a tendência com a urbanização exercendo influência no
turismo e o turismo exercendo influência na urbanização é de continuar a ocorrer
assim
24
forte
atração de pessoas, nesse ritmo de crescimento a atividade do turismo no
município em muito pouco tempo conseguiu superar a cifra de mais de um 1 milhão
de turistas e visitantes.
Haja vista que de acordo com o OBSERVATÓRIO DO TURISMO DO
PARÁ (2025) o crescimento do turismo no Pará em 2024 bateu recorde e gerou mais
de 871 milhões em receita. Um aumento de 16, 2% em comparação com o ano
anterior, em 2024, em que a receita alcançada foi de 750 milhões.
O turismo no Pará segue em uma tendência ascendente, ou seja,
sendo uma atividade cada vez mais impulsionada e alavancada ao longo do tempo.
Atraindo cada vez mais turistas no estado do Pará. Registrando em 2024 uma
média de 1. 204. 944 turistas. Uma quantidade superior a 2023 que o estado
recebeu 1. 044. 156 pessoas aproximadamente o que equivale a um crescimento de
15, 4% superior em relação a 2023 (OBSERVATÓRIO DO TURISMO DO PARÁ, 2025).
4.
TURISMO: VOCAÇÃO NATURAL OU PRATICA SOCIAL?
O dilema, muitas das
vezes, mal colocado ao pretender encerrar definitivamente esta questão com uma
resposta única e fechada sobre a definição do turismo nos termos de ser
originário de uma vocação dada as características naturais existentes no local
ou de ser proveniente de uma humana construção social. Induz, no geral, ao erro as pessoas e até
mesmo estudiosos do assunto. A atividade turística, por exemplo, foi e, muitas
das vezes, ainda é erroneamente associada a vocação natural principalmente por
agentes de turismo e políticas governamentais, reproduzindo e arraigando no
senso comum da sociedade ideias assim superficiais a respeito do turismo.
Transmitindo uma concepção
ultrapassada e defasada que desloca essa questão assim para uma condição limitadamente
dicotômica na qual artificialmente tende a estabelecer uma separação entre
elementos naturais e
25
elementos sociais. Promovendo na geografia o
distanciamento da geografia física e da geografia humana na compreensão dessa
questão. Quando do contrário, na verdade, a ciência da natureza e da sociedade
revelam no estudo do turismo uma profunda unicidade na relação
natureza-sociedade e vice-versa.
O Turismo é um fenômeno social por
decorrer de interações envolvendo deslocamentos humanos com o meio receptivo
(DE LA TORRE, 1997). No entanto, é válido ressaltar que, apesar de ser um
fenômeno social, nem todos os deslocamentos humanos se constituem em pratica do
turismo. O deslocamento, na verdade, se caracteriza como uma parte importante,
isto é, um dos momentos do turismo quando esse movimento de fato assume essa
finalidade.
Uma melhor definição do
turismo enquanto pratica social pode ser a de compreender o turismo como sendo,
antes de tudo, um fenômeno que basicamente envolve o movimento de pessoas do
seu local de residência habitual em direção a outro local, muitas das vezes,
motivados pela busca de lazer envolvendo prazer, diversão e sossego. Residindo
a essência da viagem no viver, conviver, conhecer e experienciar lugares que
geralmente apresentam características distintas dos locais de origem. Além
disso, envolvendo na sua realização:
transporte, consumo, hospedagem, entretenimento, uso de equipamentos urbanos,
serviços, atrativos e destinos turísticos.
Um fenômeno que se
manifesta ao ser humano em determinadas condições, podendo ser não meramente o
que aparenta, mas sim o que se manifesta em si mesmo ou na sua essência. Logo,
o fenômeno envolve tanto o fato da existência da apresentação quanto a vontade
da representação.
Isso basicamente significa
dizer em relação ao turismo que abrange dinâmicos e variados elementos naturais
quanto sociais relativamente apresentados e representados. O atrativo turístico,
por exemplo, já possui certas utilidades reveladas pela condição natural e, por
sua vez, passa a produzir significados e até mesmo ampliar e intensificar suas
utilidades com o desenvolvimento da pratica social do turismo.
Sendo o turismo um
fenômeno diversificado, envolvendo definições, interações sociais, identidades
e valores com os conhecimentos e as
26
experiências incorporadas após a realização
dessa prática social, torna o turismo algo suscetível de ser multifacetado e
polissêmico, ou seja, acontecer de distintas formas e possuir múltiplos
significados, tendo em vista que “o turismo é um fenômeno de experiências
vividas de maneiras e desejos diferentes” (PANOSSO NETTO, 2005, P.30)
Sendo que o fenômeno do
turismo deve, na verdade, ser melhor entendido na imbricação dos elementos
naturais e humanos, ou seja, na dinâmica da relação que se desenvolve entre a natureza
e sociedade e vice-versa. Estabelecendo uma unidade de um conjunto de
diferentes elementos na sua totalidade. De acordo com OURIQUES
(2005:20) “as paisagens naturais e
socialmente construídas tornam-se objetos de consumo turísticos, como se isso fosse uma característica a elas inerente”.
Para Milton Santos (1994) quando os “objetos
naturais”, partes dos elementos naturais, assim como as praias passam a ser
considerados atrativos para o turismo, transformam-se em “objetos sociais”,
partes de elementos humanos. Constituindo o resultado de ações de diversos
elementos que se dá em diferentes níveis. Conjugadas no processo de incremento
de maior valorização do espaço com o turismo cumprindo um relevante papel na
urbanização, produção e transformação espacial.
Sendo assim, não é apenas a urbanização que gera o turismo, mas também o
turismo que gera a urbanização.
Os atrativos podem ser naturais ou
construídos, embora a OMT (Organização Mundial do Turismo) defina que é
necessária alguma intervenção humana para a consolidação do atrativo, pois um
recurso natural em sua forma original pode ser apenas considerado um atrativo
potencial ou recurso turístico (SANCHO, 2001; OLIVEIRA, MINASSE & MARQUES,
2015).
Sendo assim, a potência daquilo que tem
capacidade de ser para que se efetive na realidade é necessário a ação humana,
ou seja, perante a condição natural é essencial a construção social. Nesse
sentido, é possível afirmar que a realização do turismo pode ser dada
primordialmente pelas condições naturais, mas que apenas assume significado e
valor essencialmente por se constituir em uma construção social.
27
Por isso, é impossível a rigor afirmar o
turismo como sendo simplesmente uma vocação natural e nem como sendo absolutamente
uma construção social. Ainda assim, é mais apropriado de se considerar o
turismo como sendo uma pratica social. Porque, apesar de envolver
características especificas e gerais desse fenômeno acontecendo em um
determinado contexto de espaço, tempo e circunstância, o turismo foi uma atividade
criada e desenvolvida a partir do ser humano, logo sem o ser humano não
existiria a pratica do turismo.
O espaço pode ser entendido “como um conjunto indissociável
de que participam, de um lado, certos arranjos de objetos geográficos, objetos
naturais e objetos sociais, e, de outro, a vida que os preenche e os anima, ou
seja, a sociedade em movimento” (SANTOS, 1997). A produção, organização e transformação do espaço a
partir do fenômeno do turismo é resultante da relação que a sociedade
estabelece com a natureza e materialidade advinda ao longo do tempo ocasiona na
produção de formas espaciais de cunho urbano-turísticas.
Tendo em vista que
basicamente o turismo de sol e mar, por exemplo, acontece assim numa dimensão
natural com a combinação de água, sol e calor, elementos típicos de uma praia,
ao mesmo tempo, de forma mais ou menos densa, apresenta uma dimensão humana com
a presença de turistas, espaços de consumos, serviços, materialidades
urbano-turísticas, 2ª residência, resorts, pousadas, restaurantes, bares, entre
outros.
Não impedindo em nenhum
momento nesse raciocínio a definição de turismo continuar sendo vinculada,
dentre outras, ao segmento de turismo de sol e praia e a atividade também de
lazer, conjugando aspectos naturais e humanos. Logo, isso significa dizer que
as dimensões naturais e sociais aparecem assim indubitavelmente
inter-relacionadas.
Por isso, nenhuma
abordagem, desde a menos certa e insuficiente que leve em consideração o
turismo como vocação de características naturais até a mais certa e apropriada
do turismo que percebe como uma pratica social pode ignorar os fatores naturais
e humanos nas suas inter-relações e nem, muito menos, esgotar o debate e
reflexão conceitual existente sobre essa pratica que pode se revestir de novos
significados assumindo diferentes conotações ao
28
longo do tempo. Contudo, é mais pertinente de
levar em consideração a ideia do turismo como uma prática social.
5.
URBANIZAÇÃO TURÍSTICA DE SALINÓPOLIS/PA
A urbanização turística
não estabeleça vinculo somente com a geografia, porém seria incorrer num erro
imenso subestimá-la ou pior ainda ignorá-la. O fenômeno da urbanização
turística representa um campo fértil para a geografia. Não é à toa que a
geografia se destaca jamais como a única área, mas sim como a principal
referência.
A correlação entre o
turismo e o urbano é algo legítimo de estudos para a geografia. Já que
estabelece uma inter-relação na qual a urbanização gera turismo e o turismo
gera a urbanização. Resultando
na urbanização turística dos lugares e a urbanização dos lugares para o
turismo (CRUZ, 2003)
O turismo é uma prática
social que normalmente amplia e diversifica a expansão do comércio e serviço em
geral. Configurando-se em um vetor a impulsionar a urbanização. Nesse sentido,
pode-se falar que acontece uma urbanização turística. Visto o turismo, ao mesmo
tempo, como um produto da sociedade urbana e um vetor de expansão da
urbanização.
A urbanização turística
conforme define Patrick Mullins pode ser basicamente entendida como “a constatação
da existência de formas especificas de produção do espaço urbano engendradas a
partir da atividade turística, sobretudo quando esta se impõe como dominante na
economia local” (MULLINS, 1991, p.326).
O fenômeno da urbanização
pode produzir o fenômeno da turistificação assim como o fenômeno da
turistificação pode impulsionar o processo de urbanização. No caso especifico
de cidades turísticas do litoral brasileiro como, por exemplo, do município de
Salinópolis na zona costeira paraense.
O que podemos evidenciar
acontecendo é logo após a urbanização o fenômeno da turistificação estimulando
a intensificação da urbanização.
29
Chegando ao ponto em que não poucas vezes
esses dois fenômenos chegam a ser concomitantes, ou seja, ganham vida e
realizam-se ao mesmo tempo no espaço.
Urbanização turística
corresponde a “forma de urbanização que, ao contrário da urbanização
industrial, tem a sua produção de significados e identidades sociais deslocada
da produção para o consumo” (LOPES JÚNIOR, 2000). Isso significa dizer que a
lógica de desenvolvimento, organização e transformação espacial não é pautada
na produção, mas sobretudo no consumo de espaços, bens e serviços.
“Enquanto
a urbanização ocidental emergiu no século 19 com base na produção e no
comércio, as cidades turísticas evoluíram no final do século 20 como sítios de
consumo” (MULLINS, 1991). Uma urbanização que não é centrada no trabalho e na
produção, mas sim focada no lazer e consumo.
A urbanização turística
cria toda a infraestrutura, a medida do possível, necessária a realização dessa
atividade. Fomentando os atrativos turísticos da localidade e visando
contemplar a demanda turística.
O processo de urbanização
em Salinópolis, ao contrário do que até certo ponto é comum de ser verificado
na realidade de outras cidades brasileiras e ao longo do mundo, não teve como
vetor de indução o fenômeno da industrialização ampliando a expansão dos
espaços urbanos. Mas, sim teve, em grande parte, como fatores fortemente
estimuladores em promover a intensificação da urbanização em direção a essa
cidade inicialmente a prática do veraneio e posteriormente do turismo se
consolidando. Destacando a cidade de Salinópolis como uma cidade turística. Na
qual tem cada vez mais na turistificação um fator irradiador da sua urbanização.
Salinópolis, situada na sub-região do
litoral do nordeste paraense, de certo modo, está inserido no contexto maior da
dinâmica regional de produção espacial no qual o município passa a assumir
diferentes aspectos, deixando na década de 60 de ser baseado no padrão
“rio-várzea-floresta” e passando a ser no padrão “estrada-terra-firme-subsolo
(GONÇALVES, 2005). Evidenciando, dentre outras coisas, a supremacia do uso das
rodovias em detrimento dos rios, dinamizando o processo de urbanização
turística.
30
Construindo um cenário urbano que revela
condições favoráveis ao crescimento urbano e ao fortalecimento do turismo
através de melhorias infra estruturais e de conexão a outros locais. Transformando
Salinópolis a partir de então, por exemplo, em um destino turístico
gradativamente mais acessível, chegando ao ponto de consolidar o turismo como
principal atividade econômica do município, ultrapassando a atividade da
pesca.
Segundo BRITO (2004), alguns fatores têm
contribuído para esse comportamento de aceleração do processo de urbanização em
Salinópolis, tais como: aumento do fluxo da população flutuante, o aumento das
residências de veraneio, o desenvolvimento da infraestrutura pelo Estado, o
projeto Agro-Industrial (AGRISAL), a doação de terras públicas pelo governador
Alacid Silva Nunes, o crescimento e melhoramento
da infraestrutura local e a instalação de
grandes empreendimentos.
A
cidade de Salinópolis, em 1966, durante o governo de Alacid da Silva Nunes, por
meio do decreto de lei nº 13.798 é elevada a categoria de Estância Hidromineral
ficando nessa condição até 1985. É a partir desse período que o espaço urbano
de Salinópolis passa a apresentar um certo desenvolvimento na estrutura física
através de serviços de saneamento básico, alargamento de ruas, pavimentações de
rodovias que conectam a cidade. Passando esse período os espaços de praias são
vistos menos por um ponto de vista terapêutico e passam a ser vistos mais como
destinados visando o bem-estar com o hedonismo e recreação do turismo litorâneo.
É a
partir do contexto do governo de Alacid da Silva Nunes que Salinópolis passa
certamente a apresentar em sua lógica de produção espacial novas formas e
funções que demonstram cada vez mais características urbanas do que rurais
principalmente vinculadas a atividade turística. Pois, algo que contribuiu
muito para acelerar a urbanização em Salinópolis foi o governador Alacid da
Silva Nunes ter doados terras nas quais foram estimuladas, por exemplo, as
construções de 2ª residência.
Apesar de que há diferentes
explicações sobre a produção do espaço urbano em Salinópolis, uma delas compartilhada
por muitos pesquisadores, geralmente ressalta praticamente a mesma ideia de que
aconteceu pelo o que
31
já foi dito e, sobretudo, em função de dois
fatores principais: produção de segunda residência e o incentivo ao turismo.
Além é válido lembrar das políticas públicas e urbanas desenvolvidas ao longo
do tempo por diferentes governos do estado do Pará.
De acordo com o IBGE se
torna um município considerado urbano a partir da década de 70, ou seja, desse
momento em diante mais da metade da sua população passa a residir nos espaços
urbanos da cidade e não nos espaços rurais do campo. Tendo como vetor de
indução da sua urbanização não a industrialização, mas sim principalmente o turismo.
Entre outros fatores
relacionados ao crescimento da população urbana fosse superior ao da população
rural, pode-se citar: o momento em que Salinópolis passou a condição de
“estação hidromineral” pelo decreto nº 3.789 (1966); aumento do fluxo de
veranistas correlacionado a intensificação da produção de segundas residências.
E características que também
são muitos comuns na realidade de outras cidades brasileiras, ou seja, a busca
da população que de deslocou da área rural em direção ao espaço urbano da
cidade para residir em função de almejar encontrar melhores condições de vida
com emprego, habitação, renda, transporte, serviços e comércios.
Resultando no crescimento do
contingente populacional chegar a alcançar índices elevadas como demonstrado no
censo do IBGE (2000) uma comparação que pode ser estabelecida da taxa de
população urbana em média de 91% já nesse período em contraposição aos aproximadamente
17% de 1950.
Salinópolis se insere,
apesar de manter certas especificidades, na tendência predominante da dinâmica
da urbanização brasileira verificada no país (SANTOS, 1996). Haja vista que com o
êxodo rural, houve a inversão do lugar de moradia da população, ou seja,
outrora volumosamente residindo no espaço rural e partir de então se
dispersando com o seu deslocamento espacial e se concentrando expressivamente
como local agora eleito de moradia no espaço urbano, evidenciando um
aumento do número não somente de
32
habitantes, mas também um
crescimento do número de cidades de pequeno e médio porte.
Além disso, apresenta
aspectos típicos da realidade de outras cidades brasileiras nas quais não são
capazes de oferecer emprego, renda, serviços para suprir a necessidade de toda
população. A urbanização crescente faz com que as cidades de hoje,
ainda que em menor proporção e variando a sua intensidade, apresentem problemas
urbanos parecidos até com os de cidades litorâneas bem maiores (MARINHO, 2009).
Nesse
sentido, levando em consideração o fator populacional, sobretudo, do ponto de
vista local, pode-se dizer que, como a maioria das cidades brasileiras,
Salinópolis cresce com uma característica urbanística até certo ponto
deficitária. Continuando a ser projetada num alto grau de seletividade espacial
para ser capaz em determinados pontos selecionados de suprir a demanda da
população flutuante e externa como turistas e visitantes oriundos de outros
lugares.
Sendo assim, diferente de
outras lógicas de crescimento e avanço da expansão urbana tende a ser menos
marcada pela atividade de produção e mais marcada pela atividade de consumo. O
objetivo potencializado de produzir um espaço urbano com funcionalidade
fortemente direcionada para as atividades que envolve o turismo. Faz com que
nas cidades os espaços além de serem vividos também passam a ser consumidos.
Durante
o governo de Alacid Silva Nunes, entre 1966-1971, a distribuição de terras
públicas somado ao incentivo a construção de segundas residências pela classe
média de Belém promoveram, ao mesmo tempo, a expansão da malha urbana em direção
à praia do Atalaia.
Buscando,
a medida do possível, já naquela época melhorar as condições de acesso à praia
com mudanças estruturais. Isso implica de maneira mais evidente ao longo do
tempo na mudança com novos tipos de ocupações, novas funções e novos agentes
que passam a ocupar e usufruir desse espaço litorâneo paraense. O que permite
se denotar é que partir da década de 70 em diante esse processo passa a ser
intensificado com uma nova dinâmica assim espacial sendo desenvolvida.
Resultando no espaço adquirir outra finalidade,
33
porque a praia deixa de
ser como outrora era um local de trabalho habitado por pescadores e passa a
partir de então a ser o local por excelência do lazer e do consumo.
No período do
governo de Fernando Guilhon, entre 1971-1975, a construção da rodovia PA-324,
em 1974, acelerando o fluxo e diminuindo o tempo de deslocamento numa média
antes de 15h para agora a média de 3h de duração a viagem entre Belém e
Salinópolis. E a construção da ponte do Atalaia sobre o Rio Sampaio não apenas
ligou essa ilha a sede do município, mas também ofereceu as condições
necessárias ao mercado imobiliário para comercialização de lotes residências e
primeiras pousadas na praia do Atalaia e do Farol Velho.
Durante
grande parte desse contexto a centralidade que a capital estadual, Belém,
exerce sobre Salinópolis na sub-região do nordeste paraense é de grande
influência, pois desde antes com o crescimento urbano a partir da construção de
segundas residências compostas predominantemente pela classe média e a elite de
Belém até aos dias atuais continua a exercer influência.
Pois,
Belém se constitui, muitas das vezes, não apenas em porta de entrada, mas
também de onde se destina em direção a Salinópolis o principal mercado
consumidor de turistas, ou seja, atrai turistas tanto externos quanto internos
para o município de Salinópolis.
RIBEIRO
(2015; 2018) também identifica a cidade de Belém como centro difusor do urbano
nessa sub-região. Isso pode ser constatado na relação estabelecida com
Salinópolis, tendo o aumento das interações via o uso intenso das rodovias. A
centralidade que Belém exerce ora atrai e ora dispersa forças econômicas de
acordo com finalidades especificas.
Nesse sentido, dispersa em direção a Salinópolis boa parte
da população flutuante da pratica do turismo doméstico, pois foi percebido em
diversas pesquisas que, até o momento, a maioria de visitantes nacionais a
Salinópolis é proveniente do próprio estado do Pará. O que se caracteriza como
turismo doméstico. Principalmente oriundos de Belém, representando o fluxo mais
significativo de visitantes.
34
Além de a capital estadual ser a porta de entrada de
turistas nacionais de outros estados, regiões e fora do país que se direcionam
para Salinópolis. E atrai as pessoas não somente, mas principalmente em função,
por exemplo, de encontrar serviços específicos ou melhores que não encontram em
outras cidades pertencentes a sub-região do nordeste paraense, fazendo-se
necessário se deslocar até a capital.
Mesmo que a cidade de
Salinópolis, situada na zona costeira do litoral paraense, possui suas
especificidades, apresenta também características em comum com várias cidades
brasileiras na zona costeira das regiões Nordeste, Sul e Sudeste no que diz
respeito ao crescimento dessas cidades relacionado ao desenvolvimento do
turismo de sol e mar.
Algo típico dessas cidades
litorâneas das regiões Sudeste, Sul e Norte. Inclusive, na região norte do
Brasil na cidade de Salinópolis situada no litoral paraense é a presença
predominante de domicílios de uso ocasional (IBGE, 2010) no qual, por outras
palavras, corresponde ao que costumamos chamar 2ª residência.
A produção da 2ª
residência foi de grande relevância na reorganização espacial das cidades
litorâneas. Representando um dos até principais elementos urbanos. Inclusive,
em Salinópolis assim como em certas cidades brasileiras um elemento indutor do
processo de urbanização. No espaço urbano de Salinópolis há um considerável
número de residências de veraneio. Normalmente situadas em bairros centrais e
próximos ao mar.
Válido dizer que na cidade existem problemas que se fazem
presente na maior parte das cidades brasileiras, tais como: a expansão de áreas
periféricas, crescimento urbano desordenado, problemas ambientais, entre
outros.
Sobre a questão do crescimento urbano desordenado podemos
citar, por exemplo, entre 1980 a 1990, acontecendo o crescente aparecimento de
bairros na cidade que ocorreram por meio de ocupações irregulares, tais como:
Jaderlândia, São José, São Tomé, Atlântico I e II, Bom Jesus, Pedrinhas, Nova
Brasília e Bairro da Ponte.
Sendo todos esses bairros surgidos a partir de terras que
antes eram ocupadas pela AGRISAL (BRITO, 2004). O que demandava, dentre outras
35
coisas,
a legalização dessas áreas ocupadas e a produção de infraestrutura no local
(ALVES, 1997).
Outra questão que gera problema foi, por exemplo, durante
muito tempo a ausência de um plano diretor na cidade. No qual pudesse bem antes
ter realizado um zoneamento urbano, indicando áreas designadas para cumprir
diferentes atividades, desde moradia, passando pelo comercial até a industrial.
E assim contribuiria para uma melhor organização e uso do espaço urbano.
De acordo com o estabelecido no art. 182 da Constituição
Federal em seu parágrafo primeiro “O Plano Diretor, aprovado pela Câmara
Municipal, obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes, é o
instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana”.
O que significa dizer em relação ao caso de Salinópolis que
desde 1991 já era para ter o plano diretor. Pois, a partir desse momento a
cidade já havia ultrapassado mais de 20 mil habitantes com uma população
estimada em 22.670 habitantes segundo o censo demográfico. E o plano diretor posteriormente
quando passa a existir vem demonstrando que algumas de suas importantes medidas
tem sido atendidas sendo efetivadas através de ações, enquanto muitas outras
tem ficado apenas relegadas as intenções.
Antigamente, no município
de Salinópolis, o trajeto até a ilha do Atalaia ocorria somente por embarcações
a partir da praia do maçarico. Mas, essas condições de deslocamentos passam a
melhorar ao longo do tempo com mudanças estruturais realizadas que implicaram
em tornar mais fácil o seu acesso, conectando a outros lugares, por exemplo,
com a construção sobre o rio Sampaio ligando a cidade de Salinópolis a ilha. E,
logo em seguida, com a rodovia estadual PA-444 e a rodovia PA-124.
A duplicação da PA-444
compreendeu uma obra que envolveu a pavimentação e duplicação de cerca de 8 km
de rodovia e a média de 200 metros de ponte sobre o rio Sampaio. Foi concluída
e inaugurada em 2019. Com melhorias assim na infraestrutura implica na
intensificação do já existente processo de urbanização turística. Representada
pela presença que passa a ser crescente de empreendimentos e loteamentos
voltados para a população
36
flutuante e nas áreas próximas a PA-444 e a
ponte que liga a sede municipal a ilha do Atalaia.
O avanço ao longo do tempo da atuação seja do
setor privado com empreendimentos imobiliários ou seja com a atuação do setor
público por intermédio de políticas públicas estimulam a urbanização turística
com a ampliação da expansão urbana, atribuindo maior valor e qualidade aos
serviços disponíveis a atividade turística e dinamizando a economia.
Na dimensão econômica podemos verificar a
expressão disso, dentre outras coisas, materializada com uma crescente oferta
de emprego no setor da construção civil utilizada tanto na construção de equipamentos públicos quanto na
construção de empreendimentos
privados, por exemplo, com a construção de residências de veraneio, hotéis,
pousadas, resorts e condomínios.
Segundo
a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), entre 2015 e 2019, o setor de
construção aumentou em média numa proporção de 1200% o número de trabalhadores
contratados nesse município.
Há uma parcela da
população que reside ou se desloca em direção a ilha do Atalaia na qual não
representa a população típica de veraneio, mas que se fazem presente em função
de exercer atividades temporárias ou, algumas vezes, até permanentes de
trabalhos de serviços ou comércios para a população flutuante durante os
períodos de realização de atividades turísticas.
A pratica do turismo, em
2023, gerou cerca de 60 mil empregos e mais de
R$ 750 milhões em receita para o Estado do Pará (SETUR/PA, 2024). Ainda segundo
dados do Observatório do Turismo do Pará, o Pará recebeu, em 2024, 1.204.944
turistas. Um crescimento de 15,4% em relação ao ano anterior, em 2023, quando o
volume foi de 1.044.156 visitantes (SETUR/PA, 2025).
Pode-se conjecturar que,
apesar de Belém ainda liderar na questão turística exercendo uma certa
centralidade e maior participação, uma boa parte dessas quantidades de
turistas, empregos criados e receitas geradas são logicamente oriundas também
do município de Salinópolis. Haja vista que foi o segmento de Turismo de Sol e
Praia constatado na pesquisa como algo decisivo em contribuir potencializando a
elevação desses resultados positivos.
37
Logo, Salinópolis pode ser
considerada como o município que impulsiona o turismo no cenário do litoral
paraense, promovendo o crescimento do turismo exatamente por contribuir
fortemente para a realização do segmento de turismo de sol e praia.
Posicionando-se nesta
tendência ao longo do tempo ascendente de atração e ampliação da pratica
turística no litoral paraense como o atrativo e destino turístico de maior
potencial quando o assunto é turismo não do tipo urbano e nem do tipo de campo,
mas principalmente do turismo de litoral.
Espaços que se destacam como as praias, a orla e o centro
da cidade normalmente apreciados por uma sensibilidade turística são dotados de
infraestrutura receptiva e novas áreas são urbanizadas.
Nesse
contexto não é apenas a espacialidade que se transforma, mas também a vivência
do tempo. O avanço da urbanização turística implica em emergir uma nova forma
de relação espacial na qual se desenvolvem, dentre outras coisas, novas
maneiras de se relacionar com a natureza; se adotam novos ritmos de trabalho
que, muitas das vezes, substituem as relações tradicionais por costumes e
hábitos modernizantes. Nessas novas formas de sociabilidade estabelecidas as
relações sociais passam a ser caracterizadas por serem cada vez mais hibridas e
flexíveis e cada vez menos orgânicas e estáveis.
“A
turistificação, enquanto a materialização do controle do espaço pelo turismo,
apresenta-se como relevante na compreensão desse cenário complexo que envolve a
presença de pessoas fora do seu local habitual e que trazem consigo costumes e
hábitos” (SILVA; ARAÚJO, 2023)
O
processo de desenvolvimento da turistificação corresponde a um conjunto de
aspectos importantes que presentes são capazes de tornar uma determinada localidade
em destino turístico. Com a consolidação do município de Salinópolis a partir
da década de 90 considerado como principal local de atividade turística de sol
e praia no estado do Pará.
Isso é
algo que proporcionou atrair mais investimentos, maior especulação imobiliária
e o desenvolvimento de políticas públicas e urbanas que objetivassem a melhoria
da infraestrutura disponível de tal maneira que,
38
por exemplo, foram construídas
nos bairros centrais ou próximos as principais praias da cidade alguns
equipamentos de infraestrutura turística.
Destacando-se que foi financiada pelo governo do estado
através do Projeto Novo Pará a Urbanização da Orla do Atalaia (2003), a reforma
da fonte caraná (2004) que abriga no seu espaço uma fonte de água potável
gratuita e a Orla do Maçarico (2000) na qual tende a ser a principal atração
noturna da cidade, onde os turistas e visitantes realizam atividades pós-praia
relacionadas com a apreciação de shows musicais, eventos e programações
culturais, serviços e consumos de bebidas e alimentos em restaurantes, bares e
lanchonetes.
Nesse sentido, posteriormente durante outros governos do
estado do Pará houveram a realização de mais políticas públicas e urbanas
importantes que somadas as anteriores fortaleceram ainda mais o turismo: pavimentação
da PA-444 e duplicação da ponte do rio Sampaio (2019); construção da nova
avenida beira mar (2022); nova
passarela de acesso a praia do maçarico (2024); segunda passarela de acesso a praia do maçarico (2025).
Na questão
urbana da produção espacial que permanece atual o desafio do fenômeno da
urbanização turística em conseguir produzir um espaço urbano que seja bom tanto
para os moradores quanto para os turistas (FONSECA; COSTA, 2004). Inclusive, se
possível, invertendo a ordem da lógica de produção sócio espacial vigente, isto
é, passando a ser primeiramente bom para os moradores e depois bom para os
turistas.
Porque se for
bom para os moradores, logo também poderá continuar a ser bom para os turistas.
Por exemplo, os espaços de lazer e entretenimento como dos atrativos e destinos
turísticos possam ser desfrutados não apenas por turistas, mas também por
moradores locais. Além disso, políticas públicas e urbanas possam, a medida do
possível, contemplar com melhorias a vida desses moradores locais.
O que não se
pode perder de vista é almejar que a dinâmica da sociabilidade desenvolvida na
relação entre moradores e turistas expressem menos aspectos conflitantes e
contraditórios e mais aspectos colaborativos e complementares. Nesse sentido, o
ideal é que no geral o fenômeno da
39
urbanização turística possa acontecer
satisfazendo, ao mesmo tempo, os anseios internos de moradores e as demandas
externos de turistas.
Isso tende a
oportunizar, dentre outras coisas, a possibilidade da construção de espaços
urbanos e a potencialização da atividade turista a partir do processo de urbanização
turística com a configuração de uma disposição sócio espacial não segregadora,
mas sim de caráter integradora e inclusiva.
Induzindo a uma
organização espacial urbana que continue a se atentar a dinamização econômica
sem perder de vista a consideração da dimensão social. Tendo o cuidado de tudo
jamais acontecer de ser meramente reduzido a desumanizadora função
mercadológica do espaço que nega a vida urbana. Resgatando essenciais noções de
espaço como caracterizado por ser plural, diverso e de encontro.
6.
URBANIZAÇÃO
TURÍSTICA NA ZONA ESPECIAL DE INTERESSE TURÍSTICO: COMPLEXO DO MAÇARICO, PRAIA
DO ATALAIA E PRAIA DO FAROL VELHO
O
plano diretor, em 2018, do município de Salinópolis cita como “zona especial de
interesse turístico” o Complexo do Maçarico, a Praia do Atalaia e a Praia do
Farol Velho, indicando que as zonas “têm como objetivo servir de apoio aos
empreendimentos de turismo e lazer, além de propiciar a contemplação da
paisagem natural” (SALINÓPOLIS, 2018).
A localização é um
elemento determinante no valor da terra e na prática de maior especulação.
Pois, áreas próximas ao mar os solos urbanos ganham um preço superior em
relação as demais áreas. O preço tende a aumentar quanto mais e melhor for
dotada a área por infraestrutura de acesso, serviços e equipamentos urbanos.
Referente a compreensão da
questão do fenômeno urbano no município de Salinópolis tendo como referência as
praias mais visadas como atrativos e destinos turísticos, pode-se basicamente
compartimentar em três setores principais: setor oeste, correspondendo a área
mais urbanizada, com praias da Corvina e do Maçarico, onde está localizado a
orla do maçarico.
A faixa
litorânea da praia do maçarico foi tombada como patrimônio
histórico-cultural. Tombamento esse realizado, em 1994, pelo DPHAC
40
(Departamento de Patrimônio
Histórico Artístico e Cultural). Das praias de Salinópolis a praia do maçarico
é a que está menos exposta ao oceano.
A praia da Corvina está
limitada por dunas frontais, restingas, manguezais e a Orla do Maçarico. O
acesso é feito por uma ponte edificada sobre área de manguezal. A praia das Corvinas foi tombada, conforme a lei nº
9.686, como patrimônio cultural, de natureza material e imaterial,
paisagístico e ambiental do Estado do Pará.
Setor central, com a praia do Farol Velho e área com a
urbanização, em termos de distância, mais próxima à praia. Tem uma extensão de aproximadamente 3
quilômetros, limitada leste pela praia do Atalaia, ao sul por loteamentos
residenciais e oeste pela ponta do Espadarte.
Nela se
localizam residências de alto padrão, 2ª residências, mansões e as ruínas do
antigo farol. O
primeiro farol construído em meados do século XIX, é o que inspirou a
denominação dessa praia e que atualmente ainda podem ser encontrados vestígios
das suas ruínas. Sendo uma das principais referências espaciais do lugar.
A praia do Farol
Velho está situada na parte mais exposta ao oceano na costa de
Salinópolis. Tornando-a mais suscetível de sentir os efeitos erosivos de ondas,
marés e correntes, sobretudo na área de divisa e entorno. Sendo isso
evidenciado em locais de segundas residências construídas a beira mar como, por
exemplo, na ponta do Farol Velho (Ranieri & El- Robrini, 2016). BRAGA
(2019) também em suas pesquisas define essa área de erosão identificada como
localidade vulnerável.
Esse litoral
sofre várias modificações que resultam em “destruição de obras de engenharia civil pelo mar, a exemplo do Farol
Velho, muros de arrimo”
(COSTA, 1992, p.46). Sendo assim, em
Salinópolis “o impacto ambiental foi muito mais contra o homem do que contra a
natureza” (COSTA, 1992, p. 46).
Já que determinadas construções urbanas avançaram muito
na linha da costa em direção a proximidade do mar o que resultou em uma
situação propicia para ocorrer o impacto de intensas atividades erosivas. Ao
longo do tempo a praia do farol vem mantendo essa tendência erosiva com a
presença de menos proteções naturais como dunas, manguezal e vegetação de
restinga.
Pois, os campos de dunas poderiam conter as ações das
forças das marés e os manguezais poderiam tanto atuar de barreiras contra
tempestades
41
quanto servir
de filtros de poluição, além de ser um local útil de alimentação e agradável de
reprodução de diversas espécies.
Além disso, o aumento do nível do mar tende a
potencializar possíveis erosões e inundações na área. O que torna necessário um planejamento de ocupação urbana para
evitar a degradação do ambiente e garantir a qualidade de vida dos moradores. Contudo,
é válido dizer que as erosões nesses trechos de costa são pontuais, portanto
não representam uma tendência generalizada.
Setor leste, com a Praia
do Atalaia. Apresentando “características de praia oceânica, com declives
suaves, ondas deslizantes, granulometria fina a muito fina, limitada por dunas
frontais e permanentes (campo de dunas), e restinga na linha de costa”
(RANIERI, 2014, p. 41).
A extensão da ilha é de 1.950,48 hectares, incluindo corpos d’água e de
1.822,27 hectares sem eles. O incentivo a ocupação começou no século XX no
final da década de 60 nos governos de Alacid Silva Nunes e do Fernando Guilhon
com a construção de uma ponte sobre o rio Sampaio que permitiu conectar a ilha
a cidade de Salinópolis. Em seguida uma rodovia estadual (PA-444) e a rodovia
PA-124 para facilitar o acesso a ilha (BRITO, 2004).
Em
2003, houve a urbanização da praia do Atalaia com a construção de
estacionamentos para ônibus, instalação de sanitários e melhorias aos acessos
viários. (BRITO, 2004). Entre 2012 e 2018, houve uma alteração mais
significativa das terras na quantidade de parte da Ilha do Atalaia com 8, 89%
em que foram convertidas em áreas urbanas decorrente de ações realizadas por
agentes públicos e privados (GUSMÃO, TOURINHO; MESSIAS, 2022).
A área
urbanizada corresponde, até o momento, a uma média de 20% do espaço, apesar da
expansão considerável nos últimos anos (Gusmão; Tourinho; Messias, 2022). É a área de urbanização em notória
expansão, diferenciada e valorizada com maior especulação imobiliária.
A
expansão urbana foi quase duas vezes maior entre 2000 e 2021 do que entre 1984
e 1999. Levando em consideração a área urbanizada acumulada por hectares em
1984 era de apenas 0,88 hectares passando para 123, 17 hectares entre 1992 a
1999. Mas, de 2000 a 2011 chegou a 140, 43 hectares e de 2019 a 2021 a alcançar
uma quantidade expressiva de 364,21 hectares.
42
Isso
significa dizer que as áreas urbanizadas cresceram de maneira intensa na Praia
do Atalaia nas duas últimas décadas. Inclusive, numa média bastante superior ao
fenômeno da expansão urbana verificado nas duas décadas anteriores (GUSMÃO;
TOURINHO; MESSIAS, 2022).
Geralmente
dois fatores costumam ser evidenciados como principais estimuladores desse fenômeno:
a implantação de políticas públicas com obras de infraestrutura pelo governo do
Pará e o aumento de segundas residências.
Preferida pelo segmento de turismo de sol e
praia; atraindo a população flutuante; realização da prática do turismo
doméstico; concentração principalmente pelo período diurno de turistas e
visitantes. Evidencia uma significativa quantidade de barracas de palafitas de
uso comercial assim como de elevada concentração de edifícios construídos na
parte pós praia. Nas partes mais alteradas por ações antrópicas com construções
a erosão costeira, algumas vezes, tem produzido impactos com o recuo de
determinadas barracas na praia do Atalaia.
Segundo Ranieri &
Robrini (2016) os principais perigos potenciais identificados por banhistas nestas
praias são identificados no setor leste na Praia do Atalaia e no setor central
da Praia do Farol com o trânsito de veículos e as marés altas. Sendo o trânsito
de veículo o que acontece predominantemente na Praia do Atalaia onde há um
fluxo intenso de carros disputando o espaço com banhistas. E as marés altas o
que acontece com mais frequência na praia do Farol Velho decorrente de maior
proximidade com o mar e a praia sendo estreita facilita a maré subir mais
rápida.
No geral o que se
evidencia é que nos diferentes setores de Salinópolis o fenômeno da urbanização
turística se revela como algo mais denso próximo aos limites da praia. Sendo as áreas mais valorizadas, isto é, de
especulação imobiliária elevada situadas próximas a Ilha do Atalaia, Orla do
Maçarico e bairro do Destacado.
Até
antes de meados da década de 60 o ambiente de praia de Atalaia era habitada por
pescadores artesanais assim como visitada por pequenos grupos de veranistas em
busca de descanso, banho de sol e mar. Mesmo a pesca não sendo mais a principal
atividade econômica na cidade de Salinópolis.
43
Não
podemos ignorar que continua com sua parcela de importância. Já que a pesca em
Salinópolis é fundamental no abastecimento do comercial local e até chegando,
por vezes, a contribuir a nível regional. Podendo ser “caracterizada como pesca
artesanal, comercial e de subsistência, e assume papel fundamental na
construção da segurança alimentar” (ICMBio, 2017, p.41)
Nessa
transição de velhas e novas formas de ocupação e apropriação do espaço, podemos
perceber novos conteúdos-formas crescentemente emergindo após o final da década
de 60 diferenciando-se de antigas formas, usos e lógicas de produção do espaço
que prevaleciam anteriormente a década de 60.
O
município de Salinópolis antes era caracterizado por formas espaciais
tradicionais relacionadas a atividade de pesca, passam a ser, em grande parte,
substituídas por uma lógica sócio espacial que tem a atividade turística como
algo central com formas espaciais ligadas ao turismo com a elevação na
quantidade de 2ª residências.
Redefinindo
as relações sociais e dissolvendo formas tradicionais de organização espacial.
Assim a população local é afastada, por exemplo, das orlas e locais próximos as
praias para darem lugar além das 2ª residências aos condomínios, hotéis,
pousadas e outras casas de luxos. Em
Salinópolis a supervalorização dos imóveis na principal praia de atração
turística, Atalaia ou na orla do Maçarico, aumentou o valor da terra e
prejudicou a permanência de pescadores.
“Esta
nova ordem urbana implica no afastamento e/ou substituição das casas de
familiares locais de baixa renda, para a periferia e a instalação de casas de
veraneio, prédios de apartamentos e condomínio de alto padrão, destinadas a
veranistas com maior pode aquisitivo” (ADRIÃO, 2003, P.36)
Empreendimentos
turísticos assim como a Orla do Maçarico e a urbanização da Praia do Atalaia
demonstram a tendência a criação de espaços destinados ao consumo e lazer,
visando proporcionar no aspecto urbano o conforto e no aspecto do turismo a sensação
de bem-estar aos visitantes.
44
7.
TURISMO
DE HOTELARIA: RESORTS
O
conceito de resort basicamente tem a ver, no geral, com a ideia de oferecer a
possibilidade de encontrar em um único local: hospedagem, alimentação, lazer e
entretenimento, preferencialmente próximo a atrativos turísticos. Essa
definição, por outras palavras, é em boa parte parecida com compreensão de
Silva (2009) porque resorts referem-se em meios de hospedagem que agregam
alojamento e lazer em uma mesma área, próxima de atrativos naturais.
Segundo
o Ministério do Turismo (2010) a SBClass (Sistema Brasileiro de Classificação
de Meios de Hospedagem) define os resorts da seguinte maneira: “hotel com
infraestrutura de lazer e entretenimento que oferece serviços de estética,
atividades físicas, recreação e convívio com a natureza no próprio
empreendimento”.
De um
modo ou de outro, são importantes definições existentes de resort, pois tem
correspondência com a realidade. Exigindo a capacidade intelectual de discernir
o contexto em que qual desses definições ora se faz mais apropriada de ser
utilizada.
Os resorts, apesar de
manterem suas próprias características, assim como outros tipos de hospedagem,
remete também essencialmente a noção de hospitalidade, isto é, o ato humano,
exercido neste contexto em âmbito profissional, envolvendo a atividade de
recepcionar, hospedar, alimentar e até
mesmo entreter pessoas temporariamente um
certo local estando deslocadas de seu habitat natural (CAMARGO,2004).
O
imobiliário-turístico representa a articulação do mercado imobiliário com o
mercado do turismo. Esses empreendimentos do imobiliário-turístico são
planejados de forma a se tornar mais autossuficientes e menos dependentes das
sedes municipais. Sua demanda efetiva não é ajustada pela renda local. O funcionamento dos sistemas locais deixa de ser
reflexo do resultado das relações sociais em âmbito local. Estabelecendo
diversas relações, diretas e indiretas, com outros lugares.
São um
grande marco na hotelaria. Oferecendo serviços e acomodações de qualidades que
diferenciam de um hotel convencional (MOURA, 2006).
45
Sendo
o surgimento dos resorts associados ao grande aumento de turistas. Em função
desse seu uso predominante ainda chegam a ser definidos também como hotéis de
lazer. Não é à toa que quase sempre estão localizados em áreas com atrações
turísticas no Brasil com foco nos atrativos litorâneos. Podendo o resort de
acordo com sua localização variar a classificação basicamente em três tipos
espaciais possíveis: resort de campo, urbano ou de litoral. Sendo o resort do
litoral constatado como o que possui a maior taxa de ocupação e melhor receita
média.
Portanto,
esses empreendimentos imobiliários não são criados em espaços isolados e nem muito
menos aleatórios, mas sim em áreas que promovem facilidades de atração de
turistas com acomodação (hospedagem) e favorecendo a circulação (proximidade do
destino turístico).
Do
ponto de vista físico se constituem como sendo a presença de importantes materialidades
com características próprias e diferenciadas no espaço que se apresentam ora
como uma das causas e ora como um dos efeitos da intensificação da urbanização
turística. Além disso, esse tipo de hospedagem de alto padrão passa a crescer
no Brasil em função de outros fatores relacionados, tais como: aumento da
demanda turística; desenvolvimento de infraestrutura e transportes, tornando mais
fácil o acesso aos turistas; crescimento da média de renda dos brasileiros.
Segundo
MOURA (2006) os resorts têm apresentando ao longo do tempo a tendência de
continuar sendo um dos meios de hospedagem cada vez mais procurados e desejados
por turistas.
Um
dentre outros principais diferenciais dos resorts é que apresenta como vantagem
o fato de que, apesar de também precisar do período de alta estação com o verão
quando o movimento de turistas está obviamente maior, não fica tão dependente
assim como fica nessa situação o turismo residencial, por exemplo, de 2ª
residência. Pois, o serviço hoteleiro do resort no período de baixa temporada pode
também funcionar a sua instalação como espaço para a realização de importantes
eventos, vendas e negócios, por exemplo, com a realização de reuniões
corporativas, conferências, celebrações ou qualquer outra ocasião importante.
46
QUADRO 3: PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS DO RESORT - EMPREENDIMENTO HOTELEIRO DE ALTO
PADRÃO; - INSTALAÇÕES E SERVIÇOS DE
QUALIDADES; - ESTRUTURAS DIVERSIFICADAS; - ÁREA DE RECEPÇÃO, HOSPEDAGEM E
RECREAÇÃO; - LOCALIZAM-SE PREFERENCIALMENTE
PRÓXIMO A ATRATIVOS TURÍSTICOS; - OFERECE ACOMODAÇÃO, ALIMENTAÇÃO E
ENTRETENIMENTO; - AMBIENTE QUE PROMOVE A SENSAÇÃO DE
BEM-ESTAR; - IMPORTANTE VETOR DE CRESCIMENTO DA
URBANIZAÇÃO TURÍSTICA; - MELHOR AVALIADO PELO SBCLASS
(SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE MEIOS DE HOSPEDAGEM) CLASSIFICADO
DESDE 4 ATÉ 5 ESTRELAS. |
FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025
Surgiu
a partir de 2010 uma versão de classificação de hospedagem brasileira através
da SBClass apresentando um modelo diversificado e com exigências especificas
para cada categoria. Melhor do que o modelo anterior de 2002 que era de matriz
única, ultrapassado e não contemplava a diversidade da hotelaria brasileira
existente (hotel,
resort, hotel-fazenda, cama e café, hotel histórico, pousada e flat/apart hotel).
Havia
dezenas de tipos de hospedagem no Brasil que, na época, na ânsia de garantir
maior prestígio e atrair maior quantidade de turistas chegaram até em
determinado ponto a colocar resort em seu nome fantasia. Apesar de utilizarem o
termo em seu nome fantasia, não cumpriam os requisitos mínimos exigidos pelo
MTur (Ministério do Turismo) para assumirem no cadastramento essa tipologia de
meio de hospedagem, pois apresentavam características insuficientes (GRAMPA,
NASCIMENTO, WADA, 2012).
47
Sendo
assim, certas quantidades de hotéis na autoclassificação, por um lado,
consideram-se resorts, mas na classificação oficial, por outro lado, não
obtiveram tal reconhecimento, pois não se adequavam as exigências
estabelecidas. Para obter a classificação desejada tinha que, dentre outras
coisas, passar tanto pelo preenchimento e validação de documentos quanto pela
avaliação in loco de representantes do INMETRO (Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia).
Além
disso, ainda é realizado uma avaliação em termos de qualidades por meio de
símbolos de estrelas que vão desde 1 estrela condizendo a pior avaliação até 5
estrelas correspondendo a melhor avaliação. Levando em conta três critérios
essenciais: infraestrutura, serviços oferecidos e sustentabilidade local. Resultando
em um referencial para turistas que buscam informações referente as qualidades dos
diferentes serviços hoteleiros disponíveis.
O
turismo de hotelaria com os resorts no Brasil expressa a espacialização de um
novo modelo de ocupação litorânea. Os resorts surgiram inicialmente no final da
década de 70, mas passam a ocupar forte presença no espaço brasileiro, sobretudo
no litoral durante o final do século XX a partir da década de 90 e
especificamente no município de Salinópolis, principal representante
do polo turístico da Amazônia
Atlântica, situado na zona costeira paraense, a partir do século XXI.
O Gav
Resorts, por exemplo, corresponde a uma das maiores empresas de
multipropriedade no Brasil. Foi fundado em 2014 e iniciou suas atividades no
norte do país e logo após se expandiu para o centro-oeste, sul e nordeste. Em
cidades, tais como: Ipojuca/PE;
gramado/RS; Pirenópolis/GO; Pipa/RN; Maragigi/AL; Barra de São Miguel/Al. Com
mais de década de atuação no segmento de multipropriedade turística. Possui uma
gestão caracterizada como verticalizada que vai desde a construção, passando
pela incorporação imobiliária até o atendimento ao cliente.
É
considerada de padrão internacional em função de apresentar qualidade no seu
espaço através da construção, infraestrutura e serviços de atendimento
personalizados e diversificados que se ajustam tanto a padrões atuais quanto
contemplam critérios exigentes do mercado de turismo.
48
E é
considerada de multipropriedade porque consiste em uma forma de negócio em que
um proprietário pode ter direito de posse e uso do imóvel, ou seja, frações de
unidades do resort, durante um determinado período especifico de tempo, pois
pode dependendo de cada situação variar desde semanas, meses ou anos. Normalmente
ocorrendo a duração conforme previsto em contrato e o valor proporcional ao
tempo de uso.
A
empresa GAV Resorts foi pioneira no lançamento dessa atividade de
empreendimento imobiliário turístico do tipo resort na região norte do Brasil.
Tendo o município de Salinópolis, maior representante do polo turístico
Amazônia Atlântica, como espaço de atuação. Focado no modelo de férias que
compreende principalmente ao período de alta estação com a chegada do veraneio
amazônico. Situado na rodovia estadual PA-444, próximo à praia do Atalaia.
No
município de Salinópolis foi responsável por introduzir uma inovação no cenário
local, apresentando um novo perfil de comodidade e um novo nível de
sofisticação, elevando o padrão da forma em que o turismo pode ser realizado. O
que permite passar a dizer que Salinópolis certamente tem seu potencial
turístico assim reforçado com a chegada do GAV Resorts.
A empresa
GAV Resorts, até o momento, se faz presente em Salinópolis com 3 importantes
empreendimentos: Salinas Park Resort (2018), Salinas Exclusive Resort (2021);
Salinas Premium Resort (2023). Com previsão ao longo do tempo de mais
inaugurações acontecerem não só em outras regiões e cidades do Brasil, mas
também no município de Salinópolis/PA. Especificamente em Salinópolis, segundo
a própria empresa GAV RESORTS (2025), é previsto a inauguração do Salinas Beach
Resort que se constituirá no maior de todos os resorts.
O
Salinas Park foi o primeiro empreendimento de multipropriedade de padrão
internacional do norte do país com esse equipamento hoteleiro imobiliário em
Salinópolis. Posteriormente aparecendo outros empreendimentos imobiliários
turísticos visando esse modelo de férias como o Salinas Exclusive Resort e o
Salinas Premium Resort.
Os
resorts da GAV em Salinópolis são principalmente conhecidos não apenas por
oferecer um serviço de hospedagem de qualidade, mas também de
49
outros serviços personalizados
e diferenciados que superam o que é convencional de encontrar em outros locais,
tais como: a presença de restaurantes e bares com cardápios sofisticados; a
disponibilidade de espaços kids e recreação infantil; opções de atividades
culturais e esportivas (GAV RESORTS, 2025).
Na
ilha do Atalaia o crescimento do setor privado é algo que tem se expandido
amplamente com a construção de novos empreendimentos imobiliários e a
inauguração de mais hotéis, pousadas, resorts, restaurantes, bares,
lanchonetes, entre outras estruturas para melhor atender o fluxo de visitantes.
Confirmando
que a realização da atividade turística envolve um conjunto de diferentes
agentes e dimensões, pois além de esferas governamentais de Estados e
Municípios incorpora a participação da iniciativa privada. Intensificando o
fenômeno da urbanização turística com a substituição das antigas formas
espaciais por outras mais rentáveis e adequadas à lógica socioeconômica
dominante.
O
desenvolvimento imobiliário no litoral modela o crescimento da cidade ao
estimular a expansão do turismo, o que expande a oferta extra hoteleira através
da construção de complexos habitacionais para residentes temporários e/ou
segundas habitações (BAÑOS, 2012).
Com o movimento de novos
investimentos imobiliários de alto valor situados ao longo da rodovia PA 444,
estrada do Atalaia, como, por exemplo, Resort Aqualand e Parque Aquático
Aqualand (2016), Salinas Park Resort (2018), Salinas Exclusive Resort (2021),
Salinas Premium Resort (2023).
O Aqualand compreende
tanto o inovador complexo aquático no qual é o maior parque aquático do Brasil,
inclusive com a presença de piscina com ondas quanto o seu Resort. Ambos foram
inaugurados em 2016 e o Resort tem se expandido com novas torres de
apartamentos e acomodações concluídas em 2023. Até o momento um total de 544
unidades habitacionais distribuídas em 3 torres.
O Aqualand apresenta padrão
de qualidade com excelentes acomodações, agradáveis espaços e bons serviços.
Tem capacidade para
50
receber até 5 mil pessoas por dia. Ocupando
uma área de 70 mil m² na PA-444. A aproximadamente 3 km de distância da praia
do Atalaia.
No Aqualand Park há certos
dias que são temáticos. Celebrando algumas importantes datas comemorativas.
Contando com a realização de diversas atrações que atendem diferentes idades e
muitos gostos. Apresentando atrações que vão desde as mais familiares e calmas
até as mais radicais e divertidas.
No espaço do parque estão
a enseada de netuno com grande piscina de ondas; o aquakids com playground
interativo com 12 metros de altura, 7 toboáguas e uma baldão com capacidade
para 3 mil litros de água. Um espaço pensado também na questão da inclusão,
tendo em vista que possui estacionamento, entrada e banheiro com acessibilidade
para cadeirantes de rodas.
De acordo com Ulli Braga
(2024), diretor executivo do Grupo BR, a inspiração para o Aqualand veio dos
parques aquáticos de Orlando. Atendendo
aos padrões internacionais de qualidade.
Visando não apenas atender a demanda turística da região, mas também ser uma
referência no país.
Salinas Premium Resort,
Salinas Exclusive Resort e Salinas Park Resort correspondem a um empreendimento
de padrão internacional. Dispondo de acomodações e serviços também de
qualidades, tais como: apartamentos confortáveis; restaurantes com pratos
típicos da culinária regional e até internacional; galeria com áreas de lazer,
piscina, quadra poliesportiva, playground, sala de jogos, brinquedoteca e
cinema. Localizado na rodovia 444, SN, Estrada do Atalaia. A uma distância de
um pouco menos de 3km da praia do Atalaia.
Especificamente os
resorts, muitas das vezes, funcionam com base, em boa parte, no modelo econômico
de multipropriedade ou all-inclusive. No modelo all-inclusive através do qual
todos os serviços já estão incluídos na diária paga pelo hóspede. A tradução de
all-inclusive para o português equivale a dizer “tudo incluído” ou significa
dizer “tudo incluso”. Esse tipo de sistema incentiva o hóspede a permanecer no
hotel o maior tempo e usufruir a maior quantidade possível de serviços.
51
Já no modelo de
multipropriedade, um modelo originário a mais de 60 anos de existência em
países desenvolvidos europeus como a França e norte-americano como o EUA
(Estados Unidos da América). Posteriormente foi importado e incorporado no
Brasil. Teve esse modelo de multipropriedade vigorado na legislação brasileira,
em 2018, através da lei 13.777 (MAGNO SILVA, 2025).
Nesse modelo o imóvel pode
ser usado de diversas formas. Podendo usufruir da maneira em que decidir, ou
seja, desde usar totalmente ou parcialmente o período que tem direito. Por
exemplo, pode usar apenas alguns dias de férias e deixar o restante do tempo de
uso alugado ou emprestado para outras pessoas. Sendo que a maioria usa para
programação de férias.
Uma pesquisa realizada por
CALFAT REAL (2024) sobre hábitos de viagens e lazer do multiroprietário
brasileiro revelou que as principais motivações que despertam o interesse em
adquirir uma multipropriedade reside: na possibilidade de viajar com frequência
para o turismo turístico; possibilidade de viajar para outros destinos do
Brasil; retorno sobre o investimento; existência de área de lazer.
Um outro estudo de CALFAT
REAL (2025) sobre o cenário do desenvolvimento de multipropriedade no Brasil
revela que o modelo de multipropriedade vem ganhando força, sendo um
investimento bastante rentável e um segmento promissor. Já movimentando uma
média prevista de 93 bilhões até 2025. Cresceu 16,6% a mais que o ano anterior
de 2024. Alcançando a quantidade expressiva de 92,7 bilhões em VGV (Valor Geral
de Vendas). Além desses resultados, o estudo evidencia que a tendência é de
contínua expansão do modelo de multipropriedade no Brasil.
Contudo, não existe um
padrão único de propriedade e gestão dos resorts. O produto turístico oferecido
é cada vez menos rígido e indiferenciado e cada vez mais flexível e
diferenciado. Pois, não leva em consideração apenas a quantidade de
consumidores, mas também a qualidade, disponibilizando serviços personalizados.
O modelo de consumo é assim reinventado em função da demanda turística se
tornar mais exigente, tendo a disposição uma variedade de opções. Sendo que nos
resorts as diárias costumam ser mais altas do que dos hotéis convencionais.
52
José Augusto Costa, conceituado
corretor de imóveis, a construção dessas torres e condomínios de luxos,
estimularam a valorização imobiliária do local e atraíram mais investimentos no
Atalaia (OLIBERAL, 2024). Salinas possui assim a maior rede hoteleira do estado
do grupo GAV Resorts; o maior parque aquático do Norte do Brasil de propriedade
e gerenciado do Grupo BR e em breve pode contar com o acréscimo de novos
resorts.
Marcelo Botelho, importante empresário
do ramo imobiliário, na questão do turismo também enxerga um futuro próspero
para Salinópolis com a possibilidade de se constituir não mais apenas em uma
referência turística estadual e regional, mas sim em algum momento numa
referência nacional (OLIBERAL, 2024). Em função da sua localização
privilegiada, crescimento acelerado e infraestrutura de qualidade. Tendo em
vista que “Salinópolis é hoje o principal foco dos investimentos turísticos do
estado a nível privado” (MARCELO BOTELHO, 2024).
Atualmente Salinópolis já
conta com uma boa oferta hoteleira que certamente oferece condições de qualidade
para a prática do turismo. O município, de certo modo, acompanhou a tendência brasileira
dos acontecimentos presentes no século XXI. Porque passou a aumentar em um
ritmo maior do que no século anterior, XX, a atuação forte do setor imobiliário
precisamente
na década de 90, final do século XX, e no início do século XXI, em 2000, a rede
hoteleira entra em nova fase de desenvolvimento com a implantação e ampliação
de grandes projetos turísticos, por
exemplo, com a expansão geográfica de redes hoteleiras.
O que alavanca a urbanização turística
vinculada ao segmento de turismo de sol e praia. Evidenciando esse ritmo maior
de crescimentos e investimentos imobiliários no Brasil, especialmente no
litoral da região nordeste, sudeste e posteriormente em alguns pontos também
atrativos de outras regiões como, por exemplo, no litoral paraense da região
norte com Salinópolis em um determinado período: Resort Aqualand e Parque Aquático Aqualand (2016), Salinas Park Resort
(2018), Salinas Exclusive Resort (2021), Salinas Premium Resort (2023).
Reinventando o veraneio em função de quatros
fatores principais: tornam-se mais atraentes investimentos no Brasil; o mercado
imobiliário atravessa um momento de intensa elevação com investimentos e
crescimentos;
53
potencialização
da construção civil; saturação de algumas áreas tradicionais do turismo. O que
significa dizer que aumento do fluxo de turistas estimula a criação de novos
destinos turísticos aumentando a necessidade de ampliação no sentido de
quantidade e adaptação no tocante a qualidade das empresas visando atender as
exigências que passam a ser em proporção maior e desejosas de melhor.
8.
“TURISMO”
RESIDENCIAL: 2ª RESIDÊNCIA
Os domicílios de uso ocasional assim chamado pelo IBGE,
equivale, muitas das vezes, aos domicílios de 2ª residência. O que varia é o nome
mais técnico ou mais popularmente utilizado. Pois, tanto os domicílios de usos
ocasionais
quanto as segundas residências, possuem ambas como característica central em
comum: o fato de serem habitações ligadas ao lazer nas quais servem de
hospedagem temporária para pessoas que possuem o seu domicílio permanente em
outro lugar. Nesse sentido, as segundas residências podem certamente ser
definidas também como domicílios de uso ocasional.
Há outros termos menos em voga que também fazem referência
a segunda residência, tais como: residência secundária e alojamento de uso
sazonal. Quando diz respeito a segundos domicílios situados no litoral brasileiro
em cidades assim como no caso de Salinópolis no litoral da zona costeira
paraense ainda podem ser denominadas de “casas de praia”, “casas férias”,
“casas de temporada”.
Algo bastante comum de ser evidenciado nas cidades
litorâneas das regiões sudeste, nordeste, sul e norte do Brasil. Inclusive, da
própria cidade de Salinópolis é a presença predominante desse tipo de
domicilio. O que não podemos deixar de levar em consideração é que “A segunda
residência não é um mero alojamento turístico, mas um dos elementos
materializados da constituição do urbano e redefinição de novos espaços”
(PEREIRA, 2006).
No Brasil o surgimento da 2ª residência está relacionado a
abertura de rodovias e a ascensão da classe média (ARAUJO; VARGAS, 2013). Muito
mais
54
que
isso pode-se dizer que está relacionado a busca de espaços que ofereçam
momentos de lazer e descanso, preferencialmente próximas de atrativos
turísticos como, por exemplo, as praias do litoral. Inclusive, é valido nesse
sentido ressaltar que a maioria das 2ª residências se localizam em estados
costeiros. Apontadas nas grandes aglomerações do litoral brasileiro como o
fator mais expressivo da urbanização.
Segundo o IBGE o município
de Salinópolis pode ser considerado um entre outros municípios que mais possui
“domicilio de uso ocasional” não apenas do Estado do Pará, mas também da região
norte do Brasil. E isso está fortemente relacionado as chamadas casas de
veraneios, tão conhecidas como moradias de 2ª residência. Porque é residência
temporária. Não é usado como
moradia principal, mas sim utilizado
ocasionalmente para descanso ou lazer nas férias, feriados, finais de semanas,
entre outros fins específicos.
No Brasil houve um aumento
imenso de domicílios de uso ocasional em relação a 2010. Numa proporção bem
superior a 50%, alcançando uma média de 70% (IBGE, 2022). E o município de
Salinópolis segundo essa tendência foi verificado um aumento significativo
desse tipo de moradia.
A alta no número de
domicílios de uso ocasional pode ser atribuída a diversos fatores como, por
exemplo, o crescimento do turismo e a busca por espaços de lazer e descanso. Salinópolis
tem 39%, praticamente 40%, de domicílios de uso ocasional (IBGE, 2022), muitas
das vezes, frequentadas pela parte da população considerada flutuante, ou seja,
pessoas que não residem fixamente na cidade. Passam apenas um certo período.
A maioria dos domicílios
de uso ocasional, não contando com capitais estaduais dos municípios paraenses,
estão localizados no litoral com destaque para Salinópolis. Dependendo da área
especifica no seu espaço verificado esse média geral varia e pode facilmente se
elevar, por exemplo, na área de urbanização turística da ilha do Atalaia, por
exemplo, mais de 90% dos domicílios são compreendidos como de uso ocasional.
(IBGE, 2010).
Tem se verificado uma
crescente tendência de alterações nas formas de produzir e consumir as 2ª
residências com a passagem da produção dos imóveis unifamiliares para a
incorporação de empreendimentos multifamiliares, na forma condominial, seja
horizontal ou vertical.
55
De um modo ou de outro, o
uso do tempo livre é a principal característica da segunda residência. Onde
seus proprietários vão buscar conforto físico, emocional e mental, na medida em
que encontram condições mais favoráveis para descansar e fugir da rotina de
trabalho e do estresse da cidade.
As 2ª residências são
aquisições de uma parcela de indivíduos que tem condições financeiras de manter
2 residências. A primeira de uso de tempo maior e praticamente permanente. E a
segunda residência de uso de tempo menor e certamente temporária.
O perfil social dos
proprietários da habitação segunda residência são identificados como classes
médias e altas. Por isso, ter uma segunda residência significa ter um lugar
para descanso que também representa um símbolo de status social. O fator renda
é o que determina a capacidade de construir e manter uma 2ª residência.
O aumento da quantidade de
segunda residência representa novas formas de uso e ocupação no espaço litorâneo.
Possuindo normalmente como proprietários pessoas com um perfil econômico de
alto poder aquisitivo, ou seja, o conjunto de pessoas nas quais as suas
condições financeiras permitem consumir e adquirir um grande volume de bens e
serviços com seus recursos financeiros, por exemplo, empresários, comerciantes,
advogados, engenheiros, administradores, dentre outros profissionais liberais
economicamente bem-sucedidos. Sendo impulsionadores de setores que envolve
luxo, investimentos e viagens.
Segundo MARINHO (2009) a
disseminação de produção de 2ª residência representa uma nova forma de uso e apropriação
do espaço litorâneo. Exercendo transformações significativas no espaço urbano dessa
cidade costeira paraense ao ponto de se constituir em um dos principais indutores
da urbanização em Salinópolis.
As 2ª residências assim se
constituem não somente em casa para lazer e descanso dos seus usuários e
proprietário (s), mas também em oportunidade rentável com sua venda ou locação.
Sendo um importante indutor da urbanização turística.
“A segunda residência tem se destacado e desempenhado importante papel
nas transformações da organização espacial, uma vez que se reveste de
56
grande
interesse para o capital imobiliário, cujos agentes se constituem nos
principais atores desse processo” (RIBEIRO, 2008)
O crescimento expressivo
de segundas residências em Salinópolis é um dos fenômenos responsáveis por
contribuir para que a cidade na dinâmica do seu espaço urbano manifeste um
duplo comportamento. Porque, por um lado, apresenta um período de baixa
temporada com poucos moradores, menos fluxos de pessoas e menor receita. Por
outro lado, possui um período de alta temporada no qual a população flutuante,
o fluxo de turistas e visitantes aumenta significativamente em busca de desfrutar
paisagens naturais ou construídas assim como consumir os bens e serviços
voltados ao lazer e turismo.
A principal diferença que
pode ser estabelecida entre usuários de 2ª residência e os turistas é que os
usuários de 2ª residência tendem a desenvolver vínculos com o lugar. Enquanto
que o turista não necessariamente sempre, mas, muitas das vezes, tendem a não
criar vínculos com o lugar no qual visita.
Nesse sentido, pode-se dizer que os vínculos
estabelecidos por frequentadores de 2ª residência com os lugares são
normalmente diferentes dos vínculos criados por quem como os turistas frequentam
hotéis ou pousadas (SILVA, 2012).
Tendo em vista que é muito
comum uma certa frequência do retorno e da pratica reiterada vezes do turismo
de sol e praia pelos proprietários e frequentadores de 2ª residência
principalmente no período de alta temporada durante o verão amazônico.
Algo que passa a ser menos comum pelos
turistas oriundos de fora do estado e da região. Os veranistas, por exemplo, conhecem seus vizinhos
e estabelecem laços de sociabilidade. De acordo com PEREIRA (2010) o veranista,
em local diferente de sua moradia principal, na segunda residência vivência a
estadia.
Nesse contexto, para o
veranista que pode ser frequentador(a) ou proprietário(a) da segunda residência
na qual se torna uma habitação de lazer.
Diferentemente do turista que a segunda residência se transforma em uma espécie
de alojamento turístico.
57
“Os proprietários de
segundas residências estabelecem relações mais profundas com o lugar e a casa
construída do que os turistas, devido ao maior número de viagens e ao tempo de
permanência no destino” (GUSMÃO; TOURINHO; MESSIAS, 2022, p.5)
“À medida que o tempo de
residência e período de permanência se estendem intensifica-se os valores atribuídos
ao lugar e, consequentemente, a relação identitária afetiva e familiar”
(FONSECA, 2013). Porque com o tempo vivido possibilita atribuir significados
nas relações acontecidas por diversos motivos, tais como: o lazer, a recreação,
a quebra da rotina, o descanso, o entretenimento, o contato com o ambiente
natural, outros moradores, visitantes e as lembranças. O lugar é assim mais do
que um espaço ou uma paisagem nele estão presentes importantes aspectos que
fazem parte da história de vida de muitas pessoas constituindo memórias
afetivas.
Contudo, em contexto mais recente do século XXI é
possível perceber de forma mais clara que “a identidade do lugar é
constantemente recriada, produzindo um espaço híbrido, onde o velho e o novo fundem-se
dando lugar a uma nova organização socioespacial” (LUCHIARI,
2004).
A segunda residência
parece apresentar um movimento ambíguo de recuperação de aspectos tradicionais
e de renovação com mudanças (FONSECA, 2013). Porque ora contém aspectos que
colabora até certo ponto na recuperação de alguns valores tradicionais, por
exemplo, promovendo relações relativamente horizontais e orgânicas com os
lugares. E ora de renovação com mudanças promovidas pelos ditames do mercado,
promovendo relações mais verticais e artificiais com os lugares.
O que até determinado
ponto preocupa é a função de renovação com mudanças tende a ser algo crescente,
superando antigas lógicas de relações com
os lugares, interações sociais e até mesmo chega a suprimir os valores
tradicionais.
Logo, os proprietários e
frequentadores de segunda residência pode tender em certos aspectos a diminuir
o vínculo, mas ainda continuam em condições mais favoráveis de criar vínculos abrangentes
e profundos com os lugares turísticos do que os turistas estabelecendo relações
pontuais e passageiras que optam por hotéis, resorts, pousadas e apartamentos.
58
Durante grande parte do
século XX predominava em Salinópolis a 2ª residência com essas duas práticas
sócio espaciais: o veraneio e turismo de sol e praia. Essas práticas sócias
espaciais evidentemente continuam a existir. Mas, acontece que com a
intensificação do processo de urbanização turística vão passar a coexistir na
cidade de Salinópolis com novas formas espaciais que emergiram como, por
exemplo, as advindas da aproximação estabelecida entre o mercado imobiliário e
o mercado turístico resultando no imobiliário-
turístico através da construção, instalação e
expansão hoteleira dos resorts, dentre outros.
9.
ORLA
DO MAÇARICO
A Orla do Maçarico é um espaço urbano produzido
visando atender as necessidades turísticas, ou seja, trata-se de um dos
importantes pontos de urbanização turística presentes na cidade de Salinópolis,
constituindo-se em um atrativo turístico. Foi resultado do Projeto Novo Pará
financiado pelo governo estadual na época do governo de Almir Gabriel
(1995-2003).
Governo esse que tinha no turismo um dos focos
impulsionadores do desenvolvimento econômico. Esta obra foi
considerada pelo Estado “como mais um marco do desenvolvimento do turismo no Pará”
(PROVÍNCIA DO PARÁ, 1999, p.4).
A área da Orla do Maçarico, de aproximadamente
80 mil metros quadrados com custo total de R$ 6,5 milhões, foi doada ao Governo
do Estado pela SPTU (Superintendência de Patrimônio da União). Construída pela
Secretaria Executiva de Transportes. Sendo finalizada no final do ano de 2000 e
oficialmente inaugurada, em 2001, pelo governador Almir Gabriel.
Na época da construção da orla foram colocadas
esculturas de concreto de camarão, caranguejo; siri, ostra, tartaruga e de peixe
corvina. Possuindo estacionamentos, calçadão, sinalização de trânsito,
arborização de coqueiros, banheiros públicos, rampa para deficientes físicos e
canteiro de flores. A orla do maçarico teve como preocupação dotar a cidade de
equipamentos de lazer que somados aos recursos naturais já existentes
possibilitasse opções de atratividade ampliando economicamente a atividade.
59
Na época a importância deste
empreendimento, em 2001, foi destacado no PDT/PA (Plano de Desenvolvimento
Turístico do Pará) como principal equipamento de lazer noturno. Algo assim não
tão diferente do que continua a acontecer atualmente. Pois, permanece
desempenhando essa função.
Haja vista que todos os anos, especialmente no mês de
julho, são programados pela PARATUR (Companhia Paraense de Turismo), prefeitura
de
Salinópolis,
dentre outros agentes e instituições importantes, shows e eventos no local.
Shows realizados que contam com a participação de artistas não somente de
expressões locais ou regionais, mas tendendo cada vez mais a apresentações de
artistas de projeção nacional, atraindo uma grande quantidade grande de
pessoas. Foi-se
o tempo em que carimbo, boi-bumbá e a dança de quadrilha eram as únicas
expressões culturais.
A Orla do Maçarico impulsionou profundamente o turismo
doméstico na cidade, valorizando o espaço como principal área noturna de
entretenimento e lazer. Inclusive, repercutindo positivamente em estimular posteriormente
a sua construção a vinda de novos empreendimentos relacionados a busca de oferecer
conforto e satisfação a crescente demanda turística por consumo e serviços.
A orla do maçarico oferece variadas opções de serviços
pós-praia já que ao longo da orla há presente vários bares, restaurantes, pizzarias,
lanchonetes, sorveterias, vendas de água de coco. Possui também áreas para atividades físicas como quadra de areia, ciclo
faixas, academia ao ar livre que possibilitam a realização de exercícios físicos com segurança e bem-estar. Além disso, a
prática de caminhadas, passeios de bicicletas, patins, skates, entre outros.
De acordo
com Adrião (2003) os moradores utilizam esse principal equipamento turístico
noturno de Salinópolis como forma de garantir renda, o que significa dizer que,
ao contrário dos turistas e visitantes que sempre usam como espaço de lazer, os
morados do local com menos frequência e apenas às vezes utilizam esse espaço em
função do lazer.
Antes da orla do maçarico as atividades turísticas em
Salinópolis se resumiam, em grande parte, no segmento de turismo de sol e praia
a ocupação do tempo dedicado as atrações naturais das praias, lagos e ilhas.
Não havia estrutura de entretenimento noturno voltadas para atender a demanda
turística
60
na
cidade. Mas, após a construção da orla do maçarico, sua presença passou a ser
tão significativa ao ponto de influenciar na trajetória turística. Pois, passou
a partir daí em diante a ser mais comum as praias serem atrações diurnas e a
orla do maçarico um dos pontos do espaço urbano da cidade a oferecer atração
noturna.
Passando assim a se constituir em um importante atrativo turístico
principalmente noturno para o entretenimento e lazer.
10. NOVA
ORLA NA AVENIDA BEIRA MAR
Na cidade de Salinópolis, situada no litoral da sub-região
do nordeste paraense, a Avenida Beira-Mar, localizada as proximidades da praia
do Maçarico, representava no passado não apenas um dos principais destinos das
construções das casas de veraneio, mas também até mesmo a costa litorânea mais
frequentada da cidade em virtude da maior facilidade de acesso.
No início dos anos
80 e até meados dos anos 90 foi um lugar normalmente utilizado como de lazer pela
população local e visitantes paraenses. Mas, com o tempo a ação das forças das marés
danificou determinadas partes do lugar prejudicando a preservação da sua
estrutura com o resultante impacto da erosão.
Foi numa
boa parte da avenida beira-mar. Abrangendo uma área denominada de antiga
pracinha, situada na linha de praia do maçarico, de aproximadamente mais de
1.200 metros de extensão em uma área de urbanização de 16 mil m². Onde foi realizada a obra de reconstrução da nova
orla pela SEDOP (Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Obras Públicas) e foi
entregue neste espaço pelo governo do Pará, em 2022, como resultado de um investimento
de mais de R$ 56 milhões (AGÊNCIA PARÁ, 2022).
Próximo
ao histórico e importante Hotel Salinópolis, localizado em frente na avenida
beira-mar, que no passado se chamava Hotel Atlântico que corresponde ao
primeiro hotel a existir em Salinópolis sendo também uma obra do governo do
Pará com a participação da elite econômica e política de Belém.
A partir
dessa renovação urbana, o local em Salinópolis passou a ser contemplado por
quiosques, equipamentos, praça, calçadão e a contar com um muro de arrimo contendo
os efeitos das forças das marés que vinham comprometendo a avenida beira-mar e
drenagem prevenindo a erosão.
61
O projeto
de nova orla a beira-mar com a revitalização dessa área, apresenta uma nova
estrutura, reorganizando parte do seu traçado, trazendo
um espaço de convivência e
lazer para a população com diversos equipamentos urbanos e públicos, tais como:
uma quadra de tênis, academia ao ar livre, quadra poliesportiva e pracinha,
quiosques, lanchonetes, parque infantil, iluminação noturna e área de
contemplação da natureza.
Do ponto de vista técnico, as
transformações que podem ser consideradas as mais importantes do local no
sentido de garantir maior segurança foram basicamente duas: a construção do
muro de arrimo e a drenagem. Pois, funcionam contendo as forças das ondas do
mar e prevenindo a erosão da área.
O governo do Pará teve a
intenção de fazer desse equipamento, somado a orla do Maçarico, um novo ponto
de encontro para a cidade de Salinópolis. Promovendo o turismo, buscando
dinamizar a economia com o local servindo de mais uma opção de atrativo turístico
disponível no espaço urbano.
Algo assim que a Orla do
Maçarico já vem conjugando esses aspectos mencionados e desempenhando essa
funcionalidade há tempos. Inclusive, de forma bastante intensa e ampliada. Agora
a nova orla da beira mar emerge renovada de maneira complementar a exercer um
papel de atrativo turístico possibilitando o encontro de pessoas.
Guilherme
Santos Pereira, morador de Salinópolis, em relação a essa nova orla na avenida
beira-mar diz: “agora, com essa obra magnífica, melhorou a vida de todos, além
de trazer mais turistas” (AGÊNCIA PARÁ, 2022). A fala desse morador frisa uma
característica bastante comum de aparecer na opinião das pessoas, ou seja, que
a obra fosse melhorar a vida de todos. Evidentemente que no geral isso não é
possível, mas deslocando essa fala especificamente para o contexto da realidade
sócio espacial de quem participa e depende mais diretamente dessa área,
certamente que passa a fazer até certo ponto sentido mesmo.
Porque
não é apenas os turistas que se beneficiam com a possível sensação de bem-estar
gerado no lugar ou de ter o desejo de consumo de algum alimento, bebida ou
serviço suprido no lugar. Mas, também se beneficia os moradores com pontos
assim apresentando mais equipamentos urbanos e
62
públicos na cidade e as
pessoas que trabalham de vendedores no local ter a oportunidade de garantir
renda crescendo as suas vendas.
Rosineide
Silva, moradora de Salinópolis, “há muitos anos nos estávamos esperando isso,
eu vi o projeto, ficou lindo, então fico feliz porque vai trazer muitos
turistas para Salinas, vai desenvolver a cidade e beneficiar os moradores”
(AGÊNCIA PARÁ, 2021).
Expressando,
por um lado, a satisfação em ver o projeto sendo concluído, podendo passar a
contribuir para melhoria da cidade ao gerar benefícios aos moradores
oportunizando a geração de emprego e renda com o aumento de turistas. Mas,
antes disso, por outro lado, indicando a grande expectativa na sua espera
prolongada que assim como outras pessoas há tempos aguardava ver essa nova orla
finalmente ser entregue.
Lafayette
Nunes, morador de Salinópolis, relata que “ (...). Sempre foi um espaço muito
importante para o lazer e diversão para a população, mas com o tempo, por conta
dessas erosões, as pessoas foram se afastando e tenho certeza que com a
recuperação que está sendo feita fará o povo voltar a frequentar” (AGÊNCIA
PARÁ, 2022).
Sua fala
destaca que a área recupera a sua importante e histórica característica de ser
ponto de encontro de pessoas em função principalmente de proporcionar, de certo
modo, condições de lazer. Além de assegurar maior segurança passando após essa
renovação urbana a conter os efeitos da erosão que até então representava um
dos motivos maiores das pessoas terem deixado de frequentar o local.
Jonathan
Oliveira Soares, Turista natural de Marabá, diz: “o que chama mais a nossa
atenção aqui é o movimento, a orla é bastante movimentada. A estrutura aqui do
local é muito boa, bem preservada” (AGÊNCIA PARÁ, 2023).
O turista
com essa fala leva a crer que o objetivo da obra foi, de certo modo, alcançado.
Pois, expressa que o local além de movimentado apresenta uma estrutura boa. Causando
entre moradores locais e visitantes assim uma boa impressão a entrega dessa
obra de renovação urbana da nova orla a beira mar.
Comparado
com antes essa revitalização a partir de então ocasionou em melhorar a estética,
com o agradável cenário paisagístico; a funcionalidade, produzindo condições
mais favoráveis de recreação e lazer; acessibilidade,
63
com um calçadão que segue um
padrão moderno e seguro facilitando a circulação e o encontro de pessoas.
Inclusive,
levando em consideração a questão da inclusão com a presença de piso tátil para
auxiliar na orientação e localização durante as permanências e os deslocamentos
no local de pessoas que são cegas, ou seja, apresentam nesse contexto
mobilidades reduzidas e a viabilidade econômica da área, gerando até certo
ponto um aumento de renda com novos empregos e serviços. Oferecendo um espaço
público assim mais equipado, moderno e melhor. Constituindo-se em mais uma
opção a oferecer atrativo turístico no município de Salinópolis.
11. NOVA
PASSARELA DE ACESSO A PRAIA DO MAÇARICO
Foi inaugurada na
sub-região do nordeste paraense no município de Salinópolis, em 29 de dezembro
de 2024, pelo governo do estado do Pará, a nova passarela de acesso à praia do
maçarico. Sendo resultado de um investimento de 20 milhões pelo poder público.
Em uma parceria estabelecida entre governo estadual e a prefeitura municipal de
Salinópolis.
Dotando o espaço, parte da
costa atlântica paraense, não apenas com a passarela de 360 metros de extensão
que moderniza e facilita o acesso à praia do maçarico, mas também melhora o
local com paisagismo, acessibilidade e
equipamentos urbanos.
Possuindo
5 quiosques, assentos, chuveiros, ciclo faixas, sistema inteligente com
luminárias de LED a base de energia solar, 24 banheiros masculinos e femininos,
inclusive até adaptados as PCD (Pessoas com Deficiências) e uma área de
contemplação com vista para o mar.
Além
disso, esta nova passarela ainda conta com a instalação de uma ETE (Estação de
Tratamento de Esgoto) que basicamente pode ser útil em garantir na questão ambiental a preservação do
lugar e na questão social a saúde pública das pessoas.
Essa obra é algo assim que
promoveu uma boa repercussão entre visitantes e moradores. Renee Mercês, morador de Salinópolis, fez uma
importante consideração: “a passarela fortalece a vinda de turistas e
veranistas
64
para essa praia". Pois,
a passarela, dentre outras coisas, segundo ele “é mais um local que Salinas
ganhou de lazer, entretenimento e claro para contemplar a natureza” (AGÊNCIA
PARÁ, 2025)
Nirlene
dos Santos, moradora de Salinópolis, a respeito da nova passarela diz que “essa
é mais uma oportunidade para o turismo da nossa cidade crescer ainda mais”. O
visitante, Wergson Junior, natural de Mato Grosso, também gostou da nova
passarela e afirmou: “uma estrutura que, com certeza, vai trazer muitos
turistas aqui para a região. Salinas segue sendo uma ótima opção turística,
também, para quem é de fora” (SEOP, 2024).
Além
dessa 1ª passarela de acesso à praia do maçarico, inaugurada no final de 2024, posteriormente
foi entregue, em meados de 2025, uma 2ª passarela de acesso também a praia do
maçarico. E, até o momento, mesmo com data ainda não definida, está previsto do
poder público realizar a construção de uma 3ª passarela.
12.
2ª PASSARELA DE ACESSO A PRAIA DO MAÇARICO
A segunda
passarela urbana de acesso a praia do maçarico se constitui em uma extensão do
projeto urbanístico do governo do estado do Pará iniciado, em 2024, quando foi
inaugurada a primeira passarela. Ampliando em média com 380 metros de extensão
o espaço moderno, público e acessível a visitantes, turistas e moradores da
cidade de Salinópolis, localizada na costa Atlântica da sub-região do nordeste
paraense.
Assim
como a primeira passarela, inaugurada no final do ano de 2024, esta segunda
passarela, entregue em meados de 2025, visa não apenas especificamente
facilitar o acesso à praia do maçarico, mas também no geral a
contribuir para aumentar o
fluxo turístico, gerar emprego, elevar a renda e valorizar através dessa
materialidade urbano turística tanto a praia quanto a orla do maçarico.
A área
abrange desde a orla do Maçarico até a Rua João Pessoa. Foi construída pela
SEOP (Secretaria de Estado de Obras Públicas) e custou aproximadamente 20
milhões. Possui pista de passeio para pedestres; ciclovias
65
e bicicletário com
capacidade no momento para suportar 30 vagas; espaços de convivência; áreas de
contemplação, quiosques fixos para alimentação e bancas de comércio; rampas de
acessibilidade e sinalização tátil; postes de iluminação de LED com energia
solar; guarda-corpos; banheiros públicos e chuveiros; bancos e lixeiras
seletivas.
Na
questão da inauguração da 2ª passarela foi evidenciado falha de planejamento do
governo do Pará na entrega da obra concluída. Porque a data de entrega da
segunda passarela foi cancelada duas vezes, 12 de julho e 19 de julho, sendo
finalmente inaugurada em 24 de julho de 2025 em pleno contexto de veraneio
quando o fluxo de pessoas aumenta expressivamente.
Mesmo com
presença de autoridades confirmadas e estrutura já montada, o governo do Pará
cancelou o evento de inauguração nessas datas sem apresentar alguma
justificativa plausível, ou seja, sem esclarecer o real motivo e a real razão
de ter havido o cancelamento. Essa falta de transparência por parte do poder
público gerou uma certa desconfiança na população que aguardava acontecer a
entrega dessa obra nas datas anteriormente definidas.
A falha
no planejamento do governo do Pará não foi apenas identificada porque foi
adiada a data de inauguração, mas também porque a conclusão e a entrega de
materialidades urbano-turísticas desse tipo assim, relacionadas a dinamização
do segmento de turismo de sol e praia, o ideal é que preferencialmente
aconteçam antes do período de alta estação.
Tendo em
vista que esses equipamentos urbanos e serviços públicos já tem que está
disponíveis quando chega o momento do período de estação no qual certamente há
em maior proporção a realização da prática dessa atividade turística.
66
13.
PAVIMENTAÇÃO DA PA-444 E DUPLICAÇÃO DA PONTE
A pavimentação
da PA-444 e a duplicação da ponte sobre o rio Sampaio no município de
Salinópolis, localizado na sub-região do nordeste paraense, compreende a
realização de duas obras que foram iniciadas em 2017 com previsão de
finalização em dezembro de 2018, mas sendo de fato concluídas e entregues apenas
em 2019. Ambas foram realizadas pelo SETRAN (Secretaria de Estado de Transportes)
durante o governo estadual do político Helder Barbalho.
A
pavimentação da PA-444, equivaleu a um investimento em média de 20 milhões
(20.163.548,49) e ocorreu em um trecho de mais de 8 km de extensão que liga até
a praia do Atalaia. E a construção da nova ponte sobre o rio Sampaio, foi
resultado de um investimento avaliado em superior a 14 milhões (14.977.75,69)
consistindo em uma construção em concreto armado e com pista dupla na qual
apresenta praticamente 200 metros de comprimento por aproximadamente 10 metros
de largura (G1 PA, 2019).
Sendo
assim, as duas obras (pavimentação da PA-444 e a duplicação da ponte) foram
avaliadas em mais de 34 milhões de reais. Sendo ambas importantes porque
facilitaram ainda mais o acesso à praia do Atalaia. Pois, foram feitas no
acesso rodoviário principal a praia do Atalaia.
Isso
proporciona condições favoráveis de garantir maior fluidez nesse trecho do espaço.
Em função da realização dos deslocamentos de veículos passarem após essas obras
a ocorrer não apenas em uma média reduzida de tempo, mas também principalmente melhorando
a forma que acontece assim: gerando mais segurança e diminuindo a quantidade de
engarrafamentos.
Engarrafamentos
não deixam em algum momento de ainda ocasionalmente acontecer, sobretudo no
período de alta estação do verão amazônico, pelo fato de haver a existência de
um intenso fluxo em direção à praia do Atalaia que representa o principal
destino turístico do município de Salinópolis para a pratica do turismo do tipo
de sol e praia, mas passam as dificuldades de circulação em função do excesso
de veículos ou de algum outro problema na estrada a ser verificado em menor
67
proporção quando comparado
com o período anterior à conclusão da pavimentação da rodovia e duplicação da
ponte.
Algo
assim que é característico de nossa época: criar de forma crescente no espaço condições
para produzir maior circulação. É a partir da base material que se viabiliza a
realização do movimento. Além de confirmar que o crescimento do turismo
certamente atrai investimentos, dentre outros motivos, porque segundo SANTOS
(1996) a estratégia dos agentes econômicos pressupõe a mobilidade.
Logo, há
investimentos pelo poder público em infraestruturas como, por exemplo, com a
criação, a manutenção e neste contexto dotando de maior qualidade esse trecho
do espaço com o desenvolvimento de infraestrutura e acessibilidade, gerando a pavimentação
da estrada e a duplicação da ponte. Sendo assim, há condições também de
investimentos do setor privado por meio de empreendimentos e serviços continuar
sendo atraídos, direcionados e instalados em Salinópolis.
Fazendo
isso parte de um conjunto de melhorias no sistema rodoviário do estado do Pará
que segundo a SETRAN-PA o governo visa com essas obras fortalecer a atividade
do turismo (AGÊNCIA PARÁ, 2017), consolidando ainda mais o município de
Salinópolis como um grande polo turístico.
14.
MATERIALIDADES URBANO-TURÍSTICAS
A
intensificação da atividade turística leva a introdução, multiplicação e a
concentração de materialidades com características urbano-turísticas, ou seja,
objetos espaciais cuja função tem a ver com o desenvolvimento dessa atividade. Originados
não necessariamente sempre, mas muitas das vezes a partir de políticas urbanas
projetadas e realizadas por diferentes esferas do governo.
“Esses projetos urbano-turísticos são formas de apropriação
do espaço através do Estado, que tem o objetivo de desenvolver o turismo,
criando no
68
lugar
“facilidades” que possibilitem as atividades turísticas, o uso e consumo do
município de forma intensas” (BRITO, 2004).
Sendo
o estado certamente identificado assim como principal agente participante ao
longo do tempo dessa questão do desenvolvimento das materialidades
urbano-turísticas como suporte aos atrativos e destinos turísticos em Salinópolis.
Ainda
que evidentemente é válido ressaltar que não seja o único agente interessado e atuante
nesse contexto. Pois, ora aparecem outras esferas do governo e do setor privado
que podem, por exemplo, participar indiretamente exercendo influências nas
escolhas e projetos ou participar diretamente exercendo decisões e ações.
Além
de outros agentes interessados, sobretudo, nos benefícios advindos com a
produção, qualificação e ampliação dessas infraestruturas e equipamentos
urbanos. Por isso, pode-se dizer que, apesar do estado se posicionar mesmo como
relevante agente, são “diversificados fatores que afetam as políticas públicas
voltadas para a atividade turística” (SETUR, 2017).
Apresentando o que se produz (objetos) e a
condição de sua existência (ações) com a evidência no processo de estruturação e
realização a constituição de formas-conteúdos de um determinado conjunto de
objetos espaciais e ações humanas que geram certas condições de ora propiciar
novo uso e forma ou de ora reforçar a ocupação e apropriação em função de finalidades
urbano-turísticas.
Sendo a materialidade urbano-turística entendida
enquanto um dos elementos constitutivos e importantes no contexto desse espaço.
Equivalente, muitas das vezes, por outras palavras, em partes de um conjunto de
objetos. Onde basicamente os objetos espaciais por si só não agem,
precisam de ação para ter dinâmica social (turística) e as ações dependem do
espaço para ter dinâmica espacial (urbano). Logo, objetos e ações não podem e
nem devem ser considerados separadamente, mas sim no contexto urbano-turístico que
acontece.
Nesse sentido, lembrando a definição do
geógrafo brasileiro Milton Santos: “o espaço
geográfico é formado por um conjunto indissociável, solidário
e também contraditório, de sistemas de objetos e
sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no
qual a história se dá”
69
(SANTOS, 1996). Superando a perspectiva da geografia
tradicional em que o estadunidense Richard Hartshorne limitava a compreensão do
espaço atual, aparecendo, muitas vezes, compartilhando da noção de espaço
absoluto, sendo um receptáculo que apenas contém as coisas nas quais possuem
existências entre si.
Segundo MARINHO (2009) a intenção de transformar a cidade
de Salinópolis em um importante espaço turístico adquire mais força a partir de
meados da década de 90 e claramente se consolida no início do século XXI, em
2000, com a consumação de obras do projeto do governo estadual denominado “Novo
Pará”.
Haja vista que a iniciativa de promover assim a cidade de
Salinópolis como um espaço direcionado ao fomento do desenvolvimento da
atividade turística corresponde a um dos objetivos que consta nesse projeto
político “Novo Pará”.
Revelando que a
tecnoesfera corresponde a dimensão na qual os objetos técnicos e tecnológicos
fazem parte, resultando na materialidade e artificialização do espaço e a
psicoesfera que representa o domínio das ideias,
lógicas, crenças, paixões, produzindo sentidos e envolvendo ações que
desempenham um papel essencial na organização da vida coletiva e na condução da
vida individual (MILTON SANTOS, 1996), pode-se dizer assim que são
elementos indubitavelmente indissociáveis que se inter-relacionam e mutuamente
estabelecem influência na realidade do contexto sócio espacial.
Pois, a materialidade
urbano-turística é um indicativo evidente de finalidade de potencialização
dessa atividade turística, ou seja, a presença dessa materialidade corresponde
em objetos no espaço (tecnoesfera) que dimensiona uma influência exercendo um
certo tipo de comportamento (urbano) e prática (turística) interferindo no
estilo de vida das pessoas (psicoesfera) que resulta em ações na sociedade.
Haja vista que “a cada
dia, esse município vem impregnando-se de um modo de vida e ideia de conforto
que cada vez mais transforma este lugar em um espaço urbano/turístico” (BRITO, 2004).
Porque passa a ser ocupado e materializado em certos pontos
do seu espaço por um perfil de materialidades, muitas das vezes,
urbano-turísticas
70
com
crescentes investimentos no sentido de dotar a cidade de estruturas físicas que
aportam serviços voltados principalmente ao desenvolvimento do turismo, visando
largamente o benefício dos turistas e relativamente o benefício da população
local.
Através da construção da orla do maçarico (2000), a
urbanização da praia do Atalaia (2003) e passa essas materialidades
urbano-turísticas como suporte aos atrativos e destinos turísticos
posteriormente com a atuação de outros governos a ser mais intensificadas a
presença de suas formas e usos como, por exemplo, com políticas públicas e
urbanas desdobradas pelo governo do estado do Pará.
Passando a ser expandidas a partir de novas construções e
reconstruções: pavimentação da PA-444 e duplicação da ponte (2019), nova orla a
beira mar (2022), nova passarela de
acesso a praia do maçarico (2024), segunda passarela de acesso a praia do
maçarico (2025). De acordo com CRUZ (2003)
a prática do turismo demanda assim infraestrutura adequada para atender as
exigências impostas pela lógica do mercado turístico.
Tendendo na dinâmica do processo de estruturação dessas
novas e renovadas formas, condições melhores agora que de outrora de impulsionar
a ampliação de conteúdos a animar e funcionalidades a dinamizar o espaço.
Já
dispondo nessa época, início do século XXI, não apenas de infraestrutura e
acessibilidade urbana considerada desenvolvida, mas também segundo o Plano de
Desenvolvimento Turístico do Estado do Pará de serviços de melhor qualidade
turística do Pólo Costa Atlântica.
O que poderíamos
entender que nas vantagens comparativas em termos de desenvolvimento do turismo
com esse espaço se integrando na lógica espaço temporal dominante oferece assim
as melhores vantagens através dos atrativos e destinos turísticos do que outros
polos turísticos, especialmente no que se refere a perpetuar a atividade do
segmento de turismo de sol e praia.
71
QUADRO 4: MATERIALIDADES
URBANO-TURÍSTICAS: PRINCIPAIS FORMAS ESPACIAIS PRODUZIDAS EM
SALINÓPOLIS-PARÁ __________________________________________________ - CRIAÇÃO E
MELHORAMENTO DA INFRAESTRUTURA DAS RODOVIAS DE ACESSO À CIDADE E AS PRAIAS; - EXPANSÃO DA
QUANTIDADE DE SEGUNDAS RESIDÊNCIAS; - CRESCIMENTO
DE HOTÉIS, POUSADAS E RESORTS; - CRIAÇÃO DA
ORLA DO MAÇARICO; - URBANIZAÇÃO
DA PRAIA DO ATALAIA; - PAVIMENTAÇÃO
DA PA-444 E DUPLICAÇÃO DA PONTE DE ACESSO A PRAIA DO ATALAIA; - NOVAS
PASSARELAS URBANAS DE ACESSO À PRAIA DO MAÇARICO; - RENOVAÇÃO DA
ORLA À BEIRA-MAR NA AVENIDA BEIRA MAR. |
FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025.
Evidentemente que a materialidade urbano-turística não é
absolutamente usada única e exclusivamente com a finalidade de atender a
demanda turística. Ainda que seja essa a sua função principal, estimulando a
lógica de produção, organização, ocupação e uso do espaço. Por um lado, há
formas espaciais que essa função é predominante (orla do maçarico; passarelas
urbanas de acesso à praia do maçarico; segundas residências; orla à beira-mar
na avenida beira mar).
Por outro lado, há
outras formas espaciais que essa função pode em algum momento assumir outras
características. Por exemplo, as rodovias estaduais estabelecem as condições
básicas de deslocamentos com fluxos de diferentes veículos que em algum momento
precisam dessa infraestrutura que
conecta
as cidades umas às outras. Apresentando deslocamentos motivados por diferentes
finalidades.
72
No entanto, até
mesmo as rodovias estaduais nesse contexto ora podem de certo modo, assumir
características de uma materialidade urbano-turística porque revela essa
intencionalidade como algo assim central em função de ser o fortalecimento da
pratica do turismo, muitas das vezes, a razão principal a certamente
influenciar as melhorias como a pavimentação da PA-444 e a duplicação da ponte.
Logo, apesar de sua importância poder ser dimensionada em
diferentes aspectos, um desses aspectos centrais reside no fato de se
constituir em uma materialidade urbano-turística de suporte aos atrativos e
destinos turísticos. Pois, facilita o acesso em direção à Praia do Atalaia
melhorando a fluidez.
Garantia essas de
infraestruturas e serviços que expressam a combinação de sistemas técnicos e de
ações políticas que remetem a palavras chaves da globalização: competitividade
e fluidez (SANTOS, 2001).
Competitividade no sentido mais econômico do termo que se consubstancia
em tornar Salinópolis referência turística frente a diversos outros possíveis
escolhas e destinos. E fluidez no sentido de direcionar um fluxo maior de
informações, comunicações, serviços, investimentos e, sobretudo, turistas e visitantes
para a cidade.
Os
projetos, apesar de serem diferentes, mudando de períodos e governos, passaram
a apresentar de características em comum o fato de evidenciar uma cidade sendo
estimulada a realização do seu potencial turístico através da urbanização
turística, seja inicialmente com a construção já buscando ser modernizadora e
seja posteriormente com determinadas renovações urbanas.
Implicando
na revitalização de certos pontos da cidade promovendo a ampliação tanto dos
equipamentos públicos e urbanos quantos dos serviços disponibilizados para
atender à crescente demanda do mercado de turismo de massa que procura não
apenas encontrar belezas naturais nos destinos turísticos das praias, mas
também comodidade e conforto nos espaços urbanos dos lugares que ofereçam atrativos
turísticos.
Dessa forma, pode-se dizer que urbanização turística é
realizada tendo, muitas das vezes, como preocupação principal atender aos
anseios e as expectativas dos turistas e veranistas produzindo facilidades de
acesso e
73
elevando
a qualidade do local com melhorias de infraestruturas e equipamentos urbanos.
A cidade continua como em qualquer outra cidade tendo
problemas urbanos, eles não deixam do existir, outras vezes acontece de
aumentarem, devem ser cuidados e resolvidos. No entanto, a atividade turística
na cidade resulta não somente em simplesmente suprir aos anseios dos turistas,
mas sim em gerar benefícios com valorização e apreciação espacial na atividade
do turismo dinamizando a transformação urbana da cidade.
Já que o turismo corresponde a principal atividade
econômica da cidade. Acontece a potencialização do desenvolvimento urbano da
cidade, por exemplo, com obras paisagísticas, acessibilidades, infraestrutura e
aquecimento da economia com a geração de mais emprego e renda, atração de novos
investimentos, inauguração de novos empreendimentos, especulação imobiliária,
mais equipamentos urbanos.
Na
dinâmica do fenômeno da urbanização turística segundo HARVEY (2014) o turismo
cria uma paisagem geográfica favorável à sua própria reprodução, apresentando
um duplo comportamento: ora de expansão geográfica e ora de concentração
geográfica. Porque consegue reduzir as barreiras físicas à circulação de bens e
dinheiro no espaço (expansão geográfica) e realiza a construção de
infraestruturas de comunicação e transporte em pontos seletivos do espaço
(concentração geográfica)
Sendo
isso um reflexo de múltiplos fatores, especialmente tanto de ações desdobradas
por políticas públicas quanto por ações provenientes de agentes dos setores
privados com vistas a atender e ampliar a demanda turística na qual o turista
se apresenta com um perfil cada vez mais seletivo e exigente na escolha dos
destinos e dos lugares. Despertando o interesse de investimentos, facilitando a
acessibilidade de turistas, criando condições de geração de renda, promovendo
pontos de atratividade turística valorizando o espaço.
A
urbanização turística basicamente resulta na manifestação de uma diferenciação
espacial no município de Salinópolis que pode ser estabelecida na evidência,
por um lado, de espaços mais equipados, modernos, qualificados e valorizados
nos quais são pontos que interessam e acontecem as atividades
74
turísticas e, por outro lado,
espaços menos equipados, não qualificados e nem apreciados nos quais não são
considerados como atrativos turísticos.
A
dinâmica de funcionalidade desse duplo comportamento da urbanização turística
reorganizando o espaço com momentos de preponderante expansão geográfica e
momentos de concentração geográfica revela a lógica de seletividade espacial
com que acontece a produção do espaço urbano. O que não tende a homogeneização
geográfica, pelo contrário reforça assim a diferenciação geográfica.
15.
TURISMO CONSCIENTE
O turismo consciente mesmo
que seja ora mais conhecido por outras palavras como, por exemplo, “turismo
sustentável”, “turismo ambiental”, de um modo ou de outro, remete a essenciais
noções, ideias e ações que apresentam como características centrais em comum a
finalidade de estabelecer relações menos predatórias e danosas e mais harmônicas
e benéficas não apenas com relação ao ser humano, mas também principalmente com
relação ao meio ambiente.
Levando em consideração o
turismo consciente de que é necessário, dentre outras
coisas, descontruir a mentalidade estabelecida pelo senso comum de que
isso é um compromisso apenas de governos, órgãos e instituições públicas que
são realmente mais diretamente responsáveis.
Porque também passa, de certo
modo, por um envolvimento maior das pessoas tendo ou adquirindo a responsabilidade
socioambiental, visando contribuir com meio ambiente. Com cada qual desenvolvendo
a consciência de que é importante fazer a sua parte, por exemplo, não poluindo
os mares, evitando o descarte incorreto
de lixos, freando o consumo excessivo, optando por atitudes mais sustentáveis
(ANTONIO GUSTAVO, 2025).
Sustentabilidade que pode ser definida como “a capacidade
de desenvolver a atividade econômica atendendo as necessidades da geração atual
sem comprometer as gerações futuras” (ONU, 2007). O turismo consciente que leva em consideração
na pratica dessa atividade a sustentabilidade como um elemento essencial está
de acordo também com o que diz a OMT (2003):
75
“apresenta
maior potencial para a maximização dos benefícios, sejam eles econômicos,
sociais ou ambientais”.
Até porque não
precisa separar crescimento econômico da responsabilidade social e ambiental,
pois ao contrário de uma incompatibilidade pode haver o estabelecimento de
relações complementares de cunho sustentáveis entre essas diferentes dimensões
nas quais estão inter-relacionadas. É a partir dessa possibilidade que o
turismo consciente pode tornar os seus efeitos positivos mais efetivos
irradiando na realidade em maior proporção e intensidade.
Quando se fala em turismo
consciente é quase praticamente inevitável de se falar também da questão do
lixo, seja o produzido na cidade ou nas praias. Haja vista que segundo o PNUMA
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) estima-se que mais de 80% dos
resíduos encontrados nos mares e oceanos tem origem terrestre. Isso significa
dizer que, muitas das vezes, a maior parte da quantidade desse lixo se origina
nas cidades e posteriormente polui e contamina oceanos e partes dos mares como
as praias.
Porque onde há ser humano há
inevitavelmente a produção de lixo. Principalmente em cidades em que há uma cultura
consumista enraizada e uma elevada quantidade de pessoas vivendo praticamente
em uma determinada área do espaço, isto é, apresentando alta densidade
populacional.
A cidade de Salinópolis mesmo normalmente
não produzindo muito lixo quando comparado aos grandes centros urbanos
brasileiros e nem contando com uma expressiva densidade populacional, porém em
função do turismo no período de alta estação, ou seja, o momento temporal de
meses, sobretudo no
contexto do verão amazônico, quando a cidade
recebe muitos turistas, veranistas e visitantes, a quantidade de pessoas logicamente
cresce bastante.
O que significa dizer que onde
há, ao mesmo tempo, mais pessoas e o consumismo sendo fortemente praticado,
logo naturalmente há mais chances de se constatar uma quantidade maior de lixo
sendo produzido. Por exemplo, o
crescimento populacional (mais pessoas) verificado, entre 2000 e 2010, somado
ao fluxo intenso de turistas (consumistas) durante o período de veraneio em
Salinópolis resultou na elevação da geração de resíduos em média de 84.675,50 kg/dia,
configurando-se como preocupante problema socioambiental municipal (NUNES,
2012).
76
Se em décadas anteriores
os resíduos sólidos já eram facilmente identificados como um problema
socioambiental, hoje permanecem sendo ainda mais. Tendo em vista que, ao longo
do tempo, aumentou o fluxo de pessoas em direção a Salinópolis, ampliando a
quantidade de resíduos sólidos produzidos. Por isso, a preocupação com a
questão da produção e descarte dos resíduos sólidos é algo permanente.
Pois, foi
verificado impactos ambientais causados por resíduos sólidos produzidos e
acumulados em áreas litorâneas das praias de Salinópolis, ocasionando, dentre
outras coisas, em negativas alterações como, por exemplo, envolvendo erosões e
assoreamento que estão também relacionadas a intensificação do acúmulo de
resíduos no solo (RANIERI e EL-ROBRINI, 2015).
Nesse
contexto, é válido destacar algumas ações seja no espaço urbano da cidade ou
seja no espaço litorâneo da praia do município de Salinópolis que colaboram
nessa questão como, por exemplo, ação de limpeza no município de Salinópolis,
realizada pela SEOP (Secretaria de Estado de Obras Públicas) em conjunto com a
Prefeitura de Salinópolis. Começaram, em 2023, no dia 27 de julho e
conseguiram, por exemplo, do 1º dia do mês de julho até 12 de julho coletarem
aproximadamente 1.244 toneladas de lixo produzido em todo o município de
Salinópolis (AGÊNCIA PARÁ, 2023).
Onde essa
atuação aconteceu principalmente nas praias do Atalaia, orla do Maçarico,
Avenida Beira-Mar e os demais bairros do município, estiveram
com frentes de serviços para
a coleta do descarte irregular de lixo. Ações desse tipo que tratam de
respeitar, preservar e valorizar o meio ambiente mantendo-o limpo e combatendo
a poluição assim como a contaminação proveniente de descartes irregular de
lixos e resíduos sólidos produzidos certamente são positivas.
No
entanto, é válido também dizer que devem ser de maneira menos pontual e mais
frequente, ou seja, não devem acontecer apenas quando estiver assim próximo ou
já no período da alta estação no qual evidentemente há um aumento considerável
na presença de veranistas, visitantes e turistas, mas deve ter um caráter
permanente de cuidado.
77
Os principais objetos de resíduos sólidos encontrados nas
praias, por exemplo, foram constituídos de: plásticos (sacos, embalagens de alimentos,
garrafas pet, copos e demais materiais descartáveis); vidros (bebidas
alcoólicas principalmente); metais (latas de refrigerante e bebidas
alcoólicas); papéis (guardanapos, embalagens).
Os resíduos
sólidos quando dispostos de forma imprópria no ambiente costeiro, podem ser
responsáveis por diversos prejuízos em várias dimensões, tais como: gastos
relacionados à limpeza das praias pelos órgãos públicos; perda do potencial
paisagístico e turístico do local; contaminação da areia por agentes
patogênicos.
De todos esses causadores de poluição marinha que foram
citados o que se constitui em uma das maiores preocupações é a poluição causada
pelos plásticos. Haja vista que o plástico representa não apenas o lixo mais
comum de ser encontrado especificamente nas praias do litoral paraense de
Salinópolis, mas também o elemento poluidor de resíduo sólido presente
geralmente em maior quantidade nos mares e oceanos do Brasil e do mundo.
Produzindo impactos negativos na vida marinha em função de que o plástico
interfere de forma prejudicial e é considerado não biodegradável, ou seja,
demora muito tempo para se decompor naturalmente, acumulando-se nos oceanos e
poluindo (ANTONIO GUSTAVO, 2025).
Algumas das soluções individuais
ou coletivas que colaboram no combate aos resíduos sólidos consiste: em
reutilização, preferir produtos com embalagens retornáveis ou recicláveis, trocando
garrafas plásticas por opções metal ou de vidro, ao invés de sacolas plásticas usar
sacolas de pano. Otimizar serviços de coleta, diminuindo custo, elevando a
qualidade do serviço e aumentando a quantidade de lixo coletado. Presença de
aterros sanitários, local, muitas das vezes, de destino final dos resíduos. Descarte
correto de resíduos, separando em categorias de recicláveis, orgânicos e
perigosos. Reciclagem, com a reutilização de muitos materiais prolongando a
utilidade. Guardar e levar o próprio lixo produzido utilizando sacolas.
Além disso, educação
ambiental, estimulando o desenvolvimento da consciência evitando desperdícios e
o consumo excessivo. Buscando aprender como reduzir resíduos sólidos através de
ações, mas, antes de tudo,
78
conhecendo soluções já existentes e, se
possível, até desenvolvendo novas alternativas que colaborem na resolução dessa
questão.
QUADRO 5: PRINCIPAIS ALTERNATIVAS INDIVIDUAIS E COLETIVAS NO COMBATE AOS RESÍDUOS SÓLIDOS - EDUCAÇÃO AMBIENTAL -
CONSUMO CONSCIENTE - GUARDAR
E LEVAR O PRÓPRIO LIXO PRODUZIDO - OTIMIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE COLETAS - COMPOSTAGEM - RECICLAGEM - ATERROS SANITÁRIOS ADEQUADOS - DESCARTE CORRETO - REUTILIZAÇÃO - REALIZAÇÃO DE AÇÕES COOPERATIVAS |
FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025
O ideal no combate aos
resíduos sólidos de acordo com a lei nº 12. 305 na qual institui o PNRS (Plano
Nacional de Resíduos Sólidos) é que haja a realização de
ações em caráter de cooperação entre as diferentes esferas do poder público,
setor empresarial e demais segmentos da sociedade. Visando garantir a proteção da saúde pública e
da qualidade ambiental com a redução do volume e da
periculosidade dos resíduos através de estímulos à prática sustentáveis de
produção e consumo, minimizando impactos ambientais (PNRS, 2010).
A pratica do turismo
implica, ao mesmo tempo, em pontos positivos assim como em pontos negativos, por
isso a importância após o conhecimento disso em se ter ou desenvolver um
turismo consciente que consista de alguma
79
maneira em contribuir para diminuir os
impactos dos pontos negativos e potencializar os pontos positivos.
Por um lado, em relação
aos aspectos negativos do turismo podemos citar: degradação dos ecossistemas;
poluição e contaminação dos oceanos; descarte incorreto de resíduos sólidos;
aumento da produção de lixo; tendências a padronização de hábitos e costumes;
aumento abusivo dos preços dos produtos no local; aumento da segregação sócio
espacial; prática do turismo predatório.
QUADRO 6: ASPECTOS NEGATIVOS DO TURISMO - DEGRADAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS; - POLUIÇÃO E CONTAMINAÇÃO DOS OCEANOS; - DESCARTE INCORRETO DE RESÍDUOS SÓLIDOS; - AUMENTO DA PRODUÇÃO DE LIXO; - POLUIÇÃO SONORA E VISUAL; - TENDÊNCIAS A PADRONIZAÇÃO DE HÁBITOS E
COSTUMES; - AUMENTO ABUSIVO DOS PREÇOS DOS PRODUTOS
NO LOCAL; - AUMENTO DA SEGREGAÇÃO SÓCIO ESPACIAL; - PRÁTICA DO TURISMO PREDATÓRIO. |
FONTE: Antonio Gustavo (autor), 2025.
A percepção dos brasileiros no
que se refere a importância dos mares mesmo tendo apresentado uma melhora
quando comparado com antes, infelizmente ainda se demonstra incipiente. Pois,
percebe-se de maneira geral que ao longo do litoral nacional na realização do
turismo de sol e praia há muitas pessoas que ainda não compreendem bem a importância
de valorizar o mar.
80
Isso fica facilmente
perceptível quando visualizamos acontecendo uma das práticas mais comuns de
desrespeito no qual as pessoas insistem em fazer o descarte inadequado de lixo
no ambiente marinho. Algo que muitos pesquisadores há tempos apontam o quão
nossos mares e oceanos são prejudicados pelo descarte incorreto de resíduos
sólidos (ANTONIO GUSTAVO, 2025).
Por outro lado, sobre os
aspectos positivos do turismo podemos destacar: geração de renda e empregos
diretos e indiretos; maior arrecadação de impostos e taxas; promove a
valorização do intercâmbio social e cultural; melhora a imagem dos lugares;
impulsiona o mercado consumidor; dinamização do 3º setor da economia: serviços
e comércios; desenvolvimento de infraestruturas, equipamentos e facilidades de
acesso com materialidades urbanas turísticas; sensação de bem-estar contribuindo
com a saúde física e mental; estimulo a ações de caráter sustentável com a
adoção do turismo consciente.
81
QUADRO 7: ASPECTOS POSITIVOS DO TURISMO - GERAÇÃO DE RENDA E EMPREGOS DIRETOS E INDIRETOS; - MAIOR ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS E TAXAS; - PROMOVE A VALORIZAÇÃO DO INTERCÂMBIO SOCIAL E
CULTURAL; - MELHORA A IMAGEM DOS LUGARES; - IMPULSIONA O MERCADO CONSUMIDOR; - DINAMIZA O 3º SETOR DA ECONOMIA: SERVIÇOS E
COMÉRCIOS; - DESENVOLVIMENTO DE INFRAESTRUTURAS, EQUIPAMENTOS E
FACILIDADES DE ACESSO COM MATERIALIDADES URBANAS TURÍSTICAS; - SENSAÇÃO DE BEM-ESTAR CONTRIBUINDO COM A SAÚDE FÍSICA
E MENTAL DAS PESSOAS; - ESTIMULO A AÇÕES DE CARÁTER SUSTENTÁVEL COM A ADOÇÃO
DO TURISMO CONSCIENTE. |
FONTE: Antonio
Gustavo (autor), 2025
Ações positivas assim que estimulam tanto a valorização
quanto a proteção dos mares na questão da utilização sustentável contemplam
finalidades previstas, por exemplo, na ODS (Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável) da Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas) que dos 17
objetivos, até o momento, estabelecidos, mais exatamente no objetivo 14 que
trata da vida na água. Na medida em que, dentre outras coisas, visa reduzir a
poluição e evitar a contaminação marinha; proteger e restaurar ecossistemas
marinhos e costeiros. Visando assegurar a conservação e o uso sustentável dos
oceanos (ANTONIO GUSTAVO, 2025).
E isso obviamente tem tudo a ver, ao mesmo tempo, com
questão da necessária conscientização da humanidade, optando por práticas mais
sustentáveis assim como optando por buscar reduzir a poluição dos oceanos
82
nesta
década, 2021-2030, que foi considerada pela ONU como “a década do oceano”.
Visitantes,
veranistas e turistas que são conscientes tem compromisso com as questões
socioambientais, pois quando estão no destino turístico que visitam ao mesmo
tempo em que buscam o seu bem-estar, respeitam o meio ambiente, apreciam a cultura,
experimentam a culinária, colaboram valorizando o lugar e interagem com a
população local.
Vale a pena
ressaltar que o turismo consciente abrange não apenas turistas, veranistas e visitantes,
mas também inclui como possíveis participantes em suas ações moradores locais,
sociedade civil, organizações, instituições, governos e setores públicos e
privados, podendo se constituir em fator essencial de ser levado em
consideração na formulação de projetos, elaboração de planejamentos, desenvolvimento
de políticas públicas e implementação do turismo de caráter sustentável.
Algo que pode ser levado
em consideração nas políticas públicas, podendo ser adotadas na educação.
Inclusive isso, de certo modo, é uma questão que consta na legislação municipal
de Salinópolis “IV –
ofertar sistematicamente programas e projetos de Educação Ambiental nas escolas
e comunidades de seu entorno com visitas à consideração das necessidades
ambientais” (SALINÓPOLIS, 2018, p. 24).
Pois, onde há a pratica social do turismo é onde há uma
produção expressiva de resíduos sólidos, logo é necessário, por exemplo, tomar
conhecimento das formas de descartes corretos e adequados dos resíduos sólidos
e ter consciência da importância de fazer isso contribui para não se produzir
danos e manter o ambiente limpo e preservado.
Para DIAS (2008) o planejamento do turismo deve visar
diminuir os pontos negativos com os impactos socioambientais e aumentar os
pontos positivos com os benefícios gerados pela atividade turística. O que está
de acordo com o que também preconiza o turismo consciente aqui proposto, já que
certamente visa ampliar os aspectos positivos e reduzir os aspectos negativos.
Contudo, na perspectiva do turismo consciente se compreende
que buscar diminuir os pontos negativos e aumentar os pontos positivos do
turismo é algo está para além do momento do planejamento, sendo um fator
essencial
83
de ser
visado em todos os momentos. Porque assim se tem cada vez mais chances de
deixar de ser só um ideal e passar a se tornar real.
De tal forma que consiga realmente contribuir para
perpetuar a pratica do turismo, porém sem com isso perder de vista a
preocupação e o cuidado na questão da conservação e preservação dos patrimônios
das localidades nos seus diversos aspectos: sociais, históricos, culturais e,
sobretudo, ambientais.
No Plano Diretor de Salinópolis ainda são previstas ações
que remetem, por outras palavras, a elementos que fazem parte da noção de
turismo consciente. Pois, no artigo. 23 que se refere a “zona especial de
interesse turístico” que corresponde as principais praias nas quais apresentam
atrativos turísticos do município de Salinópolis.
Deve-se dentre outras coisas: garantir o potencial para o
turismo sustentável; evitar a degradação dos recursos naturais; evitar a
poluição dos recursos hídricos; propiciar o desenvolvimento do turismo como
setor econômico (PLANO DIRETOR DE SALINÓPOLIS, 2018).
Um dos desafios com o avanço econômico da atividade do
turismo é não deixar a sua imagem meramente ser reduzida a dimensão
mercadológica. Em vista disso se faz necessário um despertar que pode ser
social e individual na dimensão inter e intrapsíquica do desenvolvimento do
turismo consciente.
Expresso no compromisso humano a nível individual e coletivo
com a questão ambiental e com a questão social de expandir o potencial
turístico da cidade que deve acontecer de forma que seja economicamente possível,
socialmente justo e ambientalmente certo.
Além disso, não podemos incorrer em reproduzir um erro muito
comum cometido pelos críticos do turismo que confundem, muitas das vezes, o
turismo com política pública. O turismo não pode substituir o papel das
políticas públicas e nem as políticas públicas podem substituir a função do
turismo. Por isso, é necessário ter a clareza que embora em algum momento uma e
outra se tornem em alguns aspectos parecidas quando se complementam, mas são
essencialmente distintas.
Logo, pode continuar havendo um incentivo ao turismo com a
utilização de recursos públicos na promoção de políticas urbanas e públicas que
dinamiza a dimensão econômica e potencializa a capacidade competitiva da cidade
sem
84
com
isso deixar de buscar investir em políticas públicas que visem também o bem-estar
social da população local.
A viabilidade do turismo consciente para se concretizar
passa antes por um conjunto de fatores, dentre eles a educação que se constitui
em um dos mais relevantes fatores existentes, pois é como se representasse o
embrião originário do despertar do turismo consciente. Na medida em que não há
como valorizar o que não se conhece, sendo assim primeiro é preciso conhecer
para logo em seguida valorizar.
Exatamente esse papel positivo que a educação pode
desempenhar. Por meio do qual o resultado mais visado do trabalho educativo além
da aprendizagem do conhecimento seja a humanização do indivíduo com a
conscientização (ANTONIO GUSTAVO, 2025). Por exemplo, as ações dessas ideias do
turismo consciente sendo difundidas na educação ambiental e experenciadas pelas
pessoas na realidade.
Inclusive, a PNEA (Política Nacional de Educação Ambiental)
estabelecida pela lei nº 9.795 dispõe: “A educação ambiental, como componente
essencial e permanente da educação nacional devendo estar presente, de forma
articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter
formal e não-formal”.
O que está previamente amparado pelo Constituição Federal
de 1988 na passagem VI do seu art. 255 que corresponde ao meio ambiente quando
diz: “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.
Lembrando que a consciência pode ser considerada uma das
funções humanas mais amplas e profundas. Auxiliando tanto na questão
intrapsíquica (individual) quanto na questão Inter psíquica (social) (ANTONIO
GUSTAVO, 2025). Por isso, promover a educação ambiental visando a preservação
do meio ambiente passa essencialmente pela busca da conscientização pública.
Não é à toa que a consciência é reconhecida como um dos
elementos mais elevados que compõe a FPS (Função Psicológica Superior) no ser
humano (VYGOSTKY, 1988). Por isso, desenvolver a consciência é algo que poderá
motivar as pessoas para importância de adotar ações provenientes de ideias do turismo
consciente, passando a valorizar ainda mais o ambiente e a vida humana
estabelecendo relações de cunho sustentáveis.
85
Outro problema que preocupa e chama bastante atenção na
questão socioambiental no contexto do turismo de sol e praia que acontece na
praia do Atalaia em Salinópolis corresponde a poluição sonora provocando
interferências sociais e ambientais negativas.
A lei Nº 9. 605/98 conhecida como a “lei de crimes
ambientais” na seção III que trata “da poluição e outros crimes ambientais”
basicamente diz no seu art. 54 que é crime causar poluição de qualquer natureza
que resulte ou possa resultar em danos à saúde humana ou ao meio ambiente
(BRASIL, 1998).
Ainda de acordo com esta lei nº 9. 605/98, podemos afirmar
que as pessoas nos carros de sons automotivos que invadem a praia de Salinópolis
e praticam poluição sonora, claramente cometem infrações que se caracterizam
como passíveis de punição. Pois, sem dúvida alguma, violam essa lei. Interferindo
negativamente nas demais pessoas e no ambiente.
Porque as pessoas normalmente vão para a praia querendo
sentir sossego, tranquilidade e descanso que, muitas das vezes, não encontram
no cenário urbano do cotidiano caótico, frenético e estressante das suas
rotinas. E os carros com equipamentos
sonoros conhecidos como carros de sons automotivos, carretilhas e paredões
geralmente geram bastante incomodo e estresse perturbando com o barulho que
emitem produzindo poluição sonora.
Chegando ao ponto que apresenta potencial expressivo de
afetar a saúde humana e até, inclusive, dos animais presentes no ambiente do
litoral paraense como, por exemplo, espantando também as aves do local que
certamente ficam desorientadas e incomodadas pelo fato de ser negativamente
afetadas por essa interferência.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) os níveis
sonoros acima de 65 decibéis podem ser considerados como poluição. A PNUMA
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) alerta que os níveis de ruído
recomendados para ambientes assim externos de áreas são de 55 decibéis. Esse
limite de ruído estabelecido e estipulado como recomendável é
algo
que costuma ser evidentemente ultrapassado na praia do Atalaia em Salinópolis
pelos carros de sons automotivos.
A fonoaudióloga Alessandra Giannella Sameli da FM-USP
(Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) sobre a poluição sonora
relata que
86
“Além
de distúrbios de audição, quanto maiores os níveis de ruído a que as pessoas
estão expostas, maior o risco de desenvolverem problemas cardiovasculares e
doenças metabólicas” (PESQUISA FAPESP, 2024).
Por isso, a questão da poluição sonora é algo mesmo
preocupante, já que os possíveis problemas originados a partir desse tipo de
poluição são não apenas auditivos, mas sim de vários tipos, tais como: problema
cardiovascular, estresse, dor de cabeça, desorientação, dificuldade de
concentração, insônia e mau humor.
QUADRO 8: POLUIÇÃO
SONORA: PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE CAUSA A SAÚDE
HUMANA -
PROBLEMAS AUDITIVOS -
PROBLEMAS CARDIOVASCULARES -
ESTRESSE -
DOR DE CABEÇA -
MAU HUMOR -
DISTÚRBIOS DO SONO -
DIFICULDADE DE CONCENTRAÇÃO |
FONTE: Antonio Gustavo
(autor), 2025.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) a poluição
sonora pode ser considerada, ao lado da poluição da água e do ar, como uma das
que mais afeta o meio ambiente. Diferentemente dos outros tipos de poluição nos
quais produzem algo tangível como resíduos, a poluição sonora tem como
característica ser intangível quando acontece afetando organismos de seres
vivos, sejam esses seres vivos humanos ou animais presentes no ambiente.
Dessa forma, são essenciais a existência de leis e a
aplicação de diversas ações visando contribuir com a questão socioambiental,
por exemplo, combatendo a pratica da poluição sonora provocada por carros de
87
equipamentos
de sons como no caso do que ocorre na praia do litoral paraense de Salinópolis.
De acordo com o artigo 228 da lei nº 9.503 de 1997 que
institui o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) é considerado infração do tipo
grave a utilização de equipamento de som em veículo que produza volume ou
frequência ao ponto de configurar em poluição sonora, provocando perturbação e atrapalhando
o sossego público.
A penalidade prevista com base no COTRAN (Conselho Nacional
de Trânsito), órgão máximo de representação normativa e consultiva do sistema
de trânsito brasileiro, consiste na aplicação de multa, 5 pontos na CNH
(Carteira Nacional de Habilitação) e, dependendo de cada caso, até na retenção
do veículo (BRASIL, 1997).
Quando há assim ações como, por exemplo, dos agentes de
trânsitos e demais autoridades aplicando a lei no combate a pratica do crime de
poluição sonora. Certamente se caracterizam de fato não apenas como ações de
defesa da vida, valorizando a preservação da saúde humana e do meio ambiente,
mas também segundo o SNT (Sistema Nacional de Trânsito) como ações de caráter
prioritário para acontecerem (BRASIL, 1997).
No contexto assim do turismo de sol e praia, o turismo
consciente além de se preocupar com aspectos importantes que já foram
destacados, revelando fatores essenciais que apresentam possibilidades,
desafios, problemas e soluções. O turismo consciente ainda também se preocupa
com a aplicação desse conhecimento, pois deve ser útil na pratica do turismo de
sol e praia, fornecendo, por exemplo, dicas de segurança para as pessoas.
Uma das questões que gera bastante preocupação nas praias
do litoral paraense diz respeito a dinâmica das enchentes das mares. Algo que
por si só já evidencia que a natureza longe de ser estática, conforme já
houveram estudiosos sobre esse assunto que pensassem errado assim, ela é
bastante dinâmica. O que não deve ser motivo para se assustar até porque é um
fenômeno natural, logo é normal de continuar acontecendo.
O que deve mesmo gerar mesmo é atenção nas pessoas com
relação a pratica do turismo de sol e praia se atentando a questão da
segurança. Porque há momentos em que a pratica desse tipo de turismo na
realidade acaba
88
assumindo
condições naturais menos favoráveis e até impropria a sua realização.
Por exemplo, quando nas praias da costa atlântica paraense
de Salinópolis o nível da mare está alta a água do mar avança em direção a
terra, ou seja, basicamente acontece nos trechos de linha costeira - área de
transição entre o mar e a terra - de parte oceânica da água do mar ocupar por
um determinado período de tempo parte de algumas áreas continentais, geralmente
cobrindo as areias das praias. Tornando suscetível junto com essa elevação do
nível do mar, surgirem maiores riscos também com alagamentos, formação de
canais, ondas fortes, afogamentos e carros atolados.
Além disso, até mesmo nos momentos em que normalmente as
condições naturais são favoráveis e apropriadas a pratica do turismo de sol e
praia como de maré baixa com diminuição do nível dos oceanos. Ainda é
certamente necessário de levar em consideração a questão da segurança, dentre
outras coisas, evitando faixas da praia nas quais não são identificadas como
seguras e ocupando faixas da praia onde costumam ser protegidas por
guarda-vidas, não nadando longe da margem.
89
QUADRO
9: PRINCIPAIS DICAS DE SEGURANÇA NO TURISMO DE SOL E PRAIA -
FREQUENTAR ÁREAS PRÓXIMAS A GUARDA-VIDAS -
EVITAR NADAR PARA LONGE DA MARGEM -
ATENÇÃO TOTAL COM AS CRIANÇAS -
MANTER CRIANÇAS À VISTA E A UMA DISTÂNCIA SEGURA -
FICAR ATENTO COM OS HORÁRIOS DE MARÉ -
OBEDECER ÀS SINALIZAÇÕES -
TER CUIDADO COM OS SEUS PERTENCES PESSOAIS -
BUSCAR MANTER PERTENCES PESSOAS CONSIGO MESMO. -
NÃO CONDUZIR VEÍCULOS ALCOOLIZADO -
NÃO CONFIAR A DESCONHECIDOS FILHOS E NEM PERTENCES PESSOAS. |
FONTE:
Antonio Gustavo (autor), 2025.
Outras dicas apesar de que básicas que não podemos jamais
deixar de lembrar porque também são importantes de levar em consideração
durante a realização do turismo de sol e praia corresponde a se proteger do sol
com o uso de protetor solar; hidratar-se regularmente; nunca nadar alcoolizado;
evitar nadar sozinho; não praticar brincadeiras perigosas na água; optar pelo
uso de roupas leves; se possível for utilizar chapéu conhecidos como chapéu de
praia para se proteger dos efeitos negativos advindos da exposição prolongada a
radiação solar ou óculos conhecidos como óculos de sol que possui proteção
contra RU (Radiação Ultravioleta). Por isso, a realização do turismo consciente
também
corresponde à pratica de um turismo seguro. Porque preocupa-se além da
preservação do meio ambiente com a preservação da vida humana.
90
16. EXEMPLO
DA IMPORTANTE CAMPANHA “PRAIA LIMPA, PRAIA LINDA”
É importante destacar algumas ações que aconteceram como,
por exemplo, a da importante campanha “Praia Limpa, Praia Linda” que foi
realizada durante alguns anos em certas áreas como a da praia do Atalaia do
município de Salinópolis, situado na sub-região do nordeste paraense. E que
certamente se caracterizam como práticas socioambientais que levam em
consideração o desenvolvimento de um turismo mais consciente.
Contando de maneira integrada com a colaboração conjunta de
diferentes agentes ambientais, servidores de órgãos públicos e voluntários,
tais como: SEMAS (Secretaria de Estado
de Meio Ambiente e Sustentabilidade), SETUR (Secretaria Estadual de Turismo),
SEEL (Secretaria de Esporte e Lazer), SEGUP (Secretaria de Estado de Segurança
Pública e Defesa Social) com apoio do Instituto Alachaster, prefeitura de Belém
e Salinópolis (SEMAS, 2021).
A campanha “Praia Limpa, Praia Linda” foi responsável por
promover ações essenciais não apenas de limpeza da praia, mas também de
atividades de conscientização através de educação ambiental, distribuindo
sacolas, recolhendo diferentes tipos de lixos produzidos na praia e
disseminando informações fundamentais da campanha que tinham a ver com a
questão socioambiental.
Por exemplo, agentes ambientais, servidos públicos e
voluntários percorriam partes do litoral paraense da praia do Atalaia tentando
sensibilizar as demais pessoas para despertarem também a consciência sobre a
importância de dar destinos apropriados para os resíduos sólidos gerados na
praia. Além disso, incentivando as pessoas, principalmente crianças e jovens, a
pratica de esporte na praia, promovendo partidas de futebol, vôlei, futevôlei e
até fit dance.
O interessante dessa campanha é perceber que além de
contribuir com a questão socioambiental focando principalmente em manter a
praia limpa é que ainda pode acontecer de ajudar na questão socioeconômica,
oportunizando
91
condições
de gerar renda para empreendedores e cooperativas que trabalham com a
reciclagem. Porque da quantidade total de lixo recolhido, uma boa parte ao
invés de ser destinado para lixões ou aterros sanitários podem ser reaproveitados.
A campanha “Praia Limpa, Praia Linda” ocorreu também em
outros locais além de Salinópolis. Conseguiu arrecadar um total de mais de 2
toneladas e meia de resíduos em Mosqueiro e Salinópolis (AGÊNCIA PARÁ, 2021).
Sendo apenas em Salinópolis coletado muito mais da metade dessa quantidade
absoluta de lixo. Em uma média de aproximadamente 1 tonelada e 800 quilos de
resíduos.
É válido lembrar
que a ocorrência de ações desse tipo assim caracteriza-se como o que defende o PDTIS
(Plano de Desenvolvimento integrado do turismo sustentável) no polo turístico
Amazônia Atlântica do litoral paraense quando diz que “As atividades do Turismo
de Sol e Praia desenvolvem-se em áreas consideradas de preservação permanente e
ecologicamente frágeis, devendo, portanto, contar com uma gestão adequada, de
maneira a evitar e/ou minimizar impactos” (PDTIS, 2019, 42).
O que permite dizer que essa campanha certamente pode ser
avaliada como positiva em função de ter manifesto importante contribuição.
Atendendo diferentes aspectos da sustentabilidade. Viabilizando assim, apesar
dos inúmeros desafios existentes, a possibilidade de realmente acontecer a
pratica de um turismo consciente.
Um dos desafios existentes verificado na realidade de
Salinópolis consiste em que campanhas assim aconteçam de forma mais frequente e
menos esporadicamente, ou seja, não apenas apareçam ou reapareçam de modo
pontual em um determinado período do ano, mas que passem a assumir um caráter
mais permanente. Nesse sentido, possibilitando ampliar e aprofundar os
benefícios socioambientais e até, inclusive, socioeconômicos resultantes dessas
ações.
92
17. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Preocupou-se ao longo desta atividade intelectual em
apresentar principais aspectos referente a urbanização e o turismo do município
de Salinópolis, pertencente a sub-região do nordeste paraense. Para isso, apresentou-se
importantes aspectos de Salinópolis com a urbanização gerando o turismo e com o
turismo gerando urbanização.
Através de fatores essenciais relacionados esse
acontecimento na realidade. Nesse contexto, evidenciou-se que o município de
Salinópolis ao longo do tempo apresentou diferentes dinâmicas de produção
espacial, assumindo novas formas, funções e características a partir da década
de 60 em diante. Algo que aconteceu no geral em outras cidades litorâneas
brasileiras que apresentaram também em comum o fenômeno da urbanização
turística.
Confirmou-se que a partir da década de 90 com o estimulo de
políticas públicas Salinópolis se consolida como destino turístico.
Evidenciando a partir de então a relevância do turismo de Salinópolis como o
principal destino turístico não apenas no estado do Pará, mas posteriormente também
na região norte do Brasil. Ainda com potencial de Salinópolis ampliar a sua
projeção, passando a se constituir além do cenário estadual e regional em uma
referência turística no segmento de sol e praia na escala nacional.
Verificou-se o surgimento e crescimento de 2ª residências,
resorts, pontos turísticos e importantes políticas públicas e urbanas
acontecendo resultando em importantes materialidades urbano-turísticas. Melhorando
a qualidade e aumentando a quantidade das infraestruturas, acessos,
equipamentos e serviços urbanos. Durante o século XXI, por exemplo, houve a orla do maçarico; a nova passarela de acesso a
praia do maçarico; a 2ª passarela de acesso a praia do maçarico; a nova orla na
avenida beira mar; pavimentação da PA-444 e duplicação da ponte.
Entendeu-se na
questão urbana da produção espacial que permanece atual o desafio do fenômeno
da urbanização turística em conseguir produzir um espaço urbano que seja bom
tanto para os moradores quanto para os turistas (FONSECA; COSTA, 2004).
93
Antes de tudo, de forma clara e objetiva, se entendeu,
explicou e definiu o turismo enquanto uma prática social e não como uma vocação
natural. Além disso, ainda foi proposto, apesar dos desafios existentes, a
viabilidade da pratica de um turismo consciente com a possibilidade do fenômeno
social do turismo continuar acontecendo e crescendo promovendo o bem-estar das
pessoas, mas buscando que seja de forma mais consciente e segura.
Levando em consideração ideias e ações que permitam os
indivíduos estabelecerem relações na dimensão social e na dimensão ambiental
menos predatórias, egoístas e nocivas e mais sustentáveis, colaborativas e benéficas
no
ambiente contribuindo com a preservação. Certamente ocasionando em minimizar os
aspectos negativas e maximizar os aspectos positivos na realização do turismo
de sol e praia com a aplicação da proposta do turismo consciente.
Empenhou-se nesse contexto em destacar não apenas os
principais problemas relacionados as questões socioambientais, mas também em focar
possíveis alternativas e soluções. Ficou claro assim que a inclusão da ideia
proposta de turismo consciente além de ser relevante pode ser bastante útil
quando de fato experimentado na realidade. Reconheceu-se durante esta produção
intelectual que o valor da ciência deve está não apenas em fornecer informações
certas, mas também em ficar a serviço de promover a vida (ANTONIO GUSTAVO,
2025).
94
18.
REFERÊNCIAS:
ALVES, Alda Judith. Revisões bibliográficas em teses e dissertações: meus tipos
inesquecíveis. Cad. Pesq. n. 81, São Paulo, p. 53-60, 1992.
ALVES, Joana Valente
Santana. Belém: A Capital das Invasões.
1997. Dissertação (Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento). Núcleo de
Altos Estudos Amazônicos – Universidade Federal do Pará.
ADRIÃO, Denize Genuína da Silva. Pescadores
de Sonhos: Um olhar acerca da Mudança nas relações de Trabalho e na Organização
Social entre as Famílias de Pescadores Diante do Turismo Balnear em Salinópolis
– Pará. São Paulo: s.n., 2003, p.254.
ARAÚJO, Cristina Pereira de; VARGAS, Heliana
Comin. Empreendimentos turísticos imobiliários: um novo modelo de
ocupação do litoral brasileiro. 2013, Anais..
Uberlândia: Lab.Com, 2013.
AGÊNCIA GOV, Brasil inicia 2025 com recorde: 1,4 milhão de turistas internacionais. Brasil: Ministério do
Turismo, 2025. Disponível em: https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202502/brasil-2025-recorde-1-4-milhao-turistas-internacionais-melhor-janeiro-desde-1970 Acesso em: 07/05/2025
AGÊNCIA PARÁ, Ação de limpeza, em
Salinópolis, coletou mais de mil toneladas de lixo no município. Disponível
em: https://www.agenciapara.com.br/noticia/45483/acao-de-limpeza-em-salinopolis-coletou-mais-de-mil-toneladas-de-lixo-no-municipio Acesso em: 12/09/2025
AGÊNCIA PARÁ, Turismo no Pará Cresce. Pará: Secretária de Estado do Turismo. 2024.
Disponível em: https://setur.pa.gov.br/noticia/turismo-no-para-cresce-mais-de-13-em-um-ano-com-receita-de-r-750-milhoes Acesso em: 17/05/25
AGÊNCIA PARÁ, Turismo Cresce
Mais de 15% no Pará. Pará: Secretária de Estado
do Turismo. 2025. Disponível em: https://agenciapara.com.br/noticia/63978/turismo-cresce-mais-de-15-no-para-e-supera-expectativas-do-setor Acesso em 17/05/2025
AGÊNCIA PARÁ, Orla de
Salinópolis é opção de lazer e renda. SECOM: Pará, 2023. Disponível em: https://www.agenciapara.com.br/noticia/50447/orla-de-salinopolis-e-opcao-de-lazer-e-renda-extra-para-trabalhadores-locais Acesso em: 21/05/2025
AGÊNCIA PARÁ, Em Salinas, Nova
Avenida Beira-Mar é Incentivo ao Turismo e a Economia. SECOM: Pará, 2022.
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