quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

CARNAVAL: ESSE FESTEJO CULTURAL TEVE A SUA INVENÇÃO NO BRASIL?



O carnaval, ao contrário do que é mais comum de se imaginar ou pensar, não é um evento cultural popular que tem sua invenção no Brasil, apesar do Brasil certamente ser um país a nível internacional bastante reconhecido como o que possui não só o maior carnaval do mundo, mas também o que possui o carnaval, muitas vezes, considerado o melhor do mundo.
Não é atoa que o Carnaval de uma das principais cidades brasileiras, Rio de Janeiro, de acordo com o Guinness Book (Livro dos Recordes), é considerado a maior festa popular do mundo, conseguindo reunir milhares de pessoas nas ruas durante a realização desse evento cultural.
Contudo, a respeito da invenção do carnaval na humanidade, na verdade, não se sabe exatamente afirmar a partir de quando, onde e como o mesmo surgiu. O que se pode dizer, a base de pesquisas realizadas por diversos estudiosos do assunto, é que a a história da origem do carnaval remonta a antiguidade, sendo normalmente apontado como possíveis lugares de origem: Mesopotâmia, Egito, Grecia e Roma. Ainda assim, talvez o que fosse mais correto de se dizer, no geral, é que o carnaval é uma herança cultural oriunda de várias comemorações realizadas ao longo do espaço de tempo da antiguidade.
Na mesopotâmia, historicamente aparece associado ao rito que os reis realizavam em períodos que compreendiam a comemoração do ano novo. Acontecendo, na época, no templo de Marduk que era tido como um dos primeiros deuses mesopotâmicos, durante a realização do rito o rei perdia temporariamente o seu poder para ser surrado em frente a estátua de Marduk, servindo, de certo modo, como um ato de submissão a divindade, logo após encerrar-se o rito o rei novamente assumiu o seu poder. Caracterizando, assim, o carnaval na mesopotâmia, basicamente como uma subversão do papel social.
Porém, a associação até nos dias de hoje mais predominante que se faz de associar o carnaval com orgias tem sua possível a origem apontada em festas gregas e romanas. Tendo em vista que na grecia havia a realização de festas conhecidas como "bacanais" dedicadas ao Baco, Deus do vinho, através das quais eram frequentes tanto o uso de bebidas quanto a busca de satisfação dos prazeres da carne.
Assim como em Roma essas festas duravam dias sendo celebradas com comidas, danças e bebidas. Dedicadas a grandes colheitas e a divindades. Ocorrendo os "saturnais", enaltecendo Saturno, considerado o deus da agricultura. Apareciam, às vezes, alguns elementos também relacionados a subversão do papel social, na medida em que temporariamente os escravos assumiam o papel de senhores e, por sua vez, os senhores assumiam o papel de escravos.
O carnaval pode ser considerado, assim, a festa de origem popular mais antiga na humanidade e uma das mais antiga realizada no Brasil. Em relação ao Brasil, mesmo perdendo o sentido da origem histórica do carnaval, a origem desse importante evento cultural só veio a acontecer em meados do período colonial do século XVII, sendo fortemente marcado inicialmente pelo “entrudo”, uma folia carnavalesca oriunda de Portugal.
Haviam os entrudos familiares e os entrudos populares, os primeiros envolviam famílias ricas dos centros urbanos e os segundos em bairros populares participavam a população na sua maioria economicamente pobres. Era comum no "entrudo", as pessoas saírem com seus rostos pintados e brincarem de jogarem comidas umas nas outras, costumando ser farinha, água e ovos.
Mesmo surgindo interessantes marchinhas de carnaval no século XIX. Foi durante o século XX que o carnaval veio a consolidar-se no Brasil, ganhando mais destaque, porque passa não só a ser considerado uma atividade cultural, mas também passa a ser uma atividade comercial e mais popularizada, contribuindo de maneira fundamental para esse avanço a introdução tanto do gênero muscial do samba que ao longo do tempo logrou torna-se o principal representante musical do carnaval quanto o surgimento e desfiles das primeiras escolas de sambas.
Apesar desse fato não podemos desconsiderar jamais a riqueza existente de uma variedade de outras formas de expressões e ritmos regionais que obtiveram espaço na realização dessa atividade cultural em diferentes lugares do país. Por exemplo, no Estado da Bahia, em Salvador, o carnaval costuma ser acompanhado de trios elétricos, escutando-se músicas dançantes, especialmente o gênero musical do axé. Já, por outro lado, o carnaval em Pernambuco, Recife e Olinda, os ritmos regionais que mais embalam é o som das batidas musicais do frevo e maracatu, onde milhares de pessoas que vão as ruas, a maioria fantasiadas, dividem, ainda, espaço com a presença de bonecos gigantes desfilando nas ruas.
Portanto, mesmo não tendo sua invenção no Brasil, é praticamente impossível, assim, se falar de cultura no Brasil sem mencionar o carnaval. Pois, de fato, faz parte da construção cultural do povo brasileiro e ao longo do tempo só veio a adquirir enorme importância. Afinal, não podemos esquecer que é o maior evento popular de rua do mundo. Conseguindo de maneira livre e espontânea reunir milhares de pessoas que querem sentir o calor humano, experimentando a liberdade, alegria e diversão que é capaz de proporcionar o festejo de carnaval.

TEXTO: ANTONIO GUSTAVO

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O QUE É O IDH?




O IDH (Indíce de Desenvolvimento Humano) corresponde a um índice elaborado, em 1990, pelo economista indiano Amartya Sen e pelo paquistanês Mahbub Ul Haq que busca principalmente medir o nível de desenvolvimento socioeconômico dos países analisados. Diferenciando-se bastante na sua metodologia de outros índices existentes, pois o IDH não se baseia somente em fatores econômicos, mas também em fatores sociais.

Tendo em vista que além do elemento econômico, outros dois elementos importantes são levados em consideração na sua análise: educação e saúde. Na economia, verifica-se o PIB per capita e a taxa de desemprego, na medida em que fornece informação referente ao padrão de vida estabelecido e ao poder aquisitivo alcançado por cada país, já que indica soma de toda a riqueza produzida por um país em determinado período dividido pela quantidade total de habitantes.  Na saúde, aspectos relacionados a longevidade como expectativas de vida ao nascer, acesso a medicina e tratamentos para se obter dados a respeito da qualidade de vida. E na educação, constata-se a taxa de alfabetização e o tempo de escolaridade visando revelar a situação da educação identificada em cada país.  

Na prática, o IDH é normalmente utilizado de modo comparativo, porque permite distinguir o nível de desenvolvimento socioeconômico de cada país. De acordo com o resultado apresentado pelo índice, os países podem ser diferentemente classificados em: países com IDH alto, países com IDH mediano e os países com IDH abaixo da média. Ou, por outras palavras, ainda há também a possibilidade de classificar os países em: desenvolvidos, emergentes ou subdesenvolvidos.

O que vai ser determinante para definir o modo como cada país é classificado é o resultado na mensuração da escala de valor utilizada no IDH. Basicamente consistindo numa escala numérica que mede o nível de desenvolvimento de 0 à 1. Aonde se entende que quanto mais próximo for do número 1, mais desenvolvido é o país. Enquanto que, por outro lado, quanto mais próximo for do 0, menos desenvolvido é o país.

Países com índice de desenvolvimento superior à 0,800, possuem um IDH alto. Países com IDH menor que 0,800 são considerados com IDH mediano. E países com IDH inferior a 0,499, são classificados abaixo da média. No ranking do IDH elaborado, em 2018, pela ONU (Organização das Nações Unidas) e divulgado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), demonstra que os países que apresentam os quatros IDH mais altos são: Noruega, Suíça, Irlanda e Alemanha. Enquanto os que ocupam as quatro últimas posições são países africanos: Sudão do Sul, Chade, República Centro-Africana e Níger.

Especificamente o Brasil manteve-se estagnado, ou seja, não apresentou melhoras significativas no seu desenvolvimento socioeconômico. Chegando, inclusive, a perder uma posição no ranking do IDH, deixando de ocupar a posição de 78º lugar para passar a ser 79º lugar entre o total de 189 países pesquisados. Apesar disso, o IDH do Brasil, em 2018, foi de 0,761. Superior a 0,499 e inferior a 0,800. Portanto, sendo um nível de IDH que pode ser considerado mediano.

Entretanto, como todo índice o IDH possui obviamente algumas limitações. Muito dos seus críticos e estudiosos geralmente afirmam que é um índice incompleto, porque acaba deixando de lado diversos elementos importantes que implicam positivamente no desenvolvimento humano, tais como: meio ambiente, autonomia e emancipação dos indivíduos, condições de trabalho e lazer, segurança política e económica, entre outros.

Ainda assim, não podemos deixar de perceber como o IDH é fundamental, tanto no sentido de auxiliar órgãos como o PNUD e a ONU, compondo o RDH (Relatório para o Desenvolvimento Humano) quanto também orientando os estudiosos a ter, de certo modo, uma noção sobre o nível de desenvolvimento socioeconômico dos países pesquisados ao longo do mundo.

TEXTO: ANTONIO GUSTAVO

FATORES QUE CONTRIBUEM PARA CRIAÇÃO DO ESTADO DE CARAJÁS: CENTRALIDADE ECONÔMICA E POLÍTICA DE MARABÁ

  Para compreendermos melhor a influência não só da centralidade urbana que a cidade média de Marabá exerce hoje, polarizando na dimensão ...