MIGRAÇÃO PENDULAR: O QUE É? QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS?

 

A migração pendular é um termo que se remete a população em estudos da geografia humana com base em pesquisas realizadas em espaços urbanos que, ao contrário do que muitas pessoas erradamente acreditam, não é um tema novo. Segundo MOURA, BRANCO, FIRKOWSKI (2005) passando a ser utilizado durante a segunda metade do século XX mais a partir da década de 1980 em diante.

Sendo identificado como uma das causas principais que favorece o aumento da existência dessa modalidade de movimento: a melhoria nas condições de transporte, viabilizando os deslocamentos e facilitando a conexão entre as cidades. Para isso, sendo utilizado na sua realização transportes individuais ou principalmente transportes públicos.

Podendo variar não apenas a distância desses deslocamentos, ou seja, ser de pouca ou média distância. Mas, também podendo variar os motivos: ser a trabalho ou a estudo em virtude de se buscar melhores perspectivas de vida. No entanto, o que todos esses deslocamentos que são definidos como migração pendular têm em comum é o fato de que acontecem em uma curta duração de tempo, ou seja, esses deslocamentos tem um caráter temporário que se caracterizam por ser realizado diariamente em um certo período de tempo de um mesmo dia.

Logo, isso significa dizer que a migração pendular no sentido temporal não é extensamente duradoura e nem tão pouco permanente, sendo marcada por uma periodicidade peculiar, sendo bem menor quando comparada com outros tipos de migração existente.

Porque a migração pendular acontece por um movimento rotineiro de ida e volta de uma cidade a outra cidade, saindo de um local com destino a outro, mas no final do mesmo dia saindo do local de ida e retornando ao local de volta. Podendo o local que é, ao mesmo tempo, tanto de saída quanto de retorno ser caracterizado como cidade-dormitório, onde fica localizado a residência. E o local de destino e ida como a cidade onde se desenvolve importantes atividades de estudo ou de trabalho. 

Tendendo a acontecer não somente, mas sim geralmente em direção aos centros urbanos de cidades médias ou de cidades grandes que sobretudo apresentam em seus espaços urbanos fatores atrativos, impulsionando a ocorrência do fenômeno da migração pendular.

Por exemplo, a cidade de Campinas no estado de São Paulo, região sudeste do Brasil, é uma cidade considerada com alta qualidade de urbana que tanto sedia importantes instituições de ensino superior, técnico e profissional quanto possui um terceiro setor da economia bastante dinâmico através da diversidade de um conjunto de comércios e serviços que também geram oportunidades de empregos.

O que torna Campinas-SP uma cidade com condição de exercer na realidade uma centralidade urbana, principalmente influenciando em atrair moradores de cidades nas quais fazem parte da sua região metropolitana que geralmente em virtude de estudos e trabalhos diariamente realizam um deslocamento interurbano pelas principais rodovias de acesso até Campinas e após o desempenho de suas atividades retornam as suas cidades (ANTONIO GUSTAVO, 2025).

Das dezenas de municípios paulistas que compõem a RMC (Região Metropolitana de Campinas) é possível de perceber um expressivo fluxo de quantidade de moradores de cidades, tais como Hortolândia, Sumaré, Paulínia e Monte Mor, rotineiramente se deslocando até a cidade de ida (Campinas). Especificamente se caracterizando nessa questão da migração pendular como cidades de volta (Hortolândia, Sumaré, Paulínia e Monte Mor). 

Sendo maior esse tipo de migração entre a população de menor renda. Porque normalmente não tem condição econômica de permanecer morando em Campinas decorrente do elevado custo de vida urbano apresentado nessa cidade (ANTONIO GUSTAVO, 2025). Já que segundo pesquisa realizada pela plataforma Numbio, em 2023, Campinas aparece ocupando o 4º lugar no ranking das 10 cidades mais caras de se viver no Brasil. Atrás apenas de São Paulo (1º lugar), Rio de Janeiro (2º lugar) e Brasília (3º lugar).

Outro exemplo interessante da migração pendular é o que acontece na região nordeste do Brasil, no estado de Pernambuco, podendo ser evidenciado na realidade da dinâmica de deslocamento de pessoas moradoras do município de Olinda, muitas das vezes, em direção ao centro urbano de Recife que concentra serviços e comércios. Numa média de 7 km de distância entre essa cidade de volta (Olinda) e essa cidade de ida (Recife) quando percorrida por estrada.

Na medida em que Olinda, apesar de ser muito famosa por merecidamente ser considerada uma cidade histórica e turística, nesse aspecto passa a ser também caracterizada como uma cidade-dormitório. Tanto pelo fato de possuir um custo de vida menor, dentre outras coisas, em relação a moradia quanto por ser na questão desse tipo de migração sobretudo onde as pessoas residem.

Revelando diariamente uma certa quantidade de habitantes de Olinda exercendo um fluxo significativo de deslocamento em direção a cidade de Recife em busca de realizar suas atividades envolvendo compromisso com os estudos ou jornadas de trabalhos.

Apresentando assim uma certa continuidade na periodicidade desse movimento rotineiro de ida (cidade onde trabalha ou estuda) e volta (cidade onde reside). Por isso, não é à toa que certamente é chamado de migração pendular em função de que esse tipo de movimento diário oscila entre o vai e vem assim como a de um pêndulo, repetitivamente indo de um lado para o outro.

Além disso, o que nem todas as pessoas costumam saber a respeito do fenômeno da migração pendular é que não acontece apenas de uma cidade para outra dentro de um único país, mas também pode acontecer fora do país, envolvendo a cidade de um país e a cidade de outro país. Por isso, é um tipo de migração bastante abrangente se manifestando em diferentes contextos.

Como pode ser observado, por exemplo, acontecendo na região sul do Brasil, no estado do Paraná, envolvendo a cidade de Foz do Iguaçu (Brasil) e a Ciudad Del Este (Paraguai) que estão conectadas através da ponte da amizade (ligação rodoviária entre o Brasil e o Paraguai) em que as pessoas se deslocam para realizar na Ciudad Del Este a partir de compras o consumo com a obtenção de diversos produtos principalmente eletrônicos que possuem preços mais em conta devido aos baixos impostos.

Entretanto, ocorrendo de fato a realização da migração pendular com o movimento diário de moradores dessa cidade brasileira (Foz do Iguaçu) deslocando-se em direção a essa cidade paraguaia (Ciudad Del Este) em função de trabalho nas atividades de serviços e comércios. Tendo em vista que a Ciudad Del Este se destaca como principal ponto comercial fronteiriço com o Brasil.

Contudo, no geral podemos dizer que a migração pendular é um fenômeno que prevalece acontecendo dentro do próprio país, sendo constatado a presença desse tipo de migração ocorrendo mais entre cidades que são próximas uma da outra assim como situadas no mesmo estado e menos entre cidades que são distantes ou envolvendo outro país.

Portanto, podemos assim de forma clara e objetiva entender a respeito da migração pendular, basicamente colaborando não apenas em fornecer ideia certa sobre a definição do que é a migração pendular e as principais características, mas também através de alguns importantes exemplos apresentados, auxiliando na utilização apropriada desse tipo de migração quando na realidade acontece.

 

TEXTO: ANTONIO GUSTAVO

 

REFERÊNCIAS:

ANTONIO GUSTAVO. Principais Aspectos Que Destacam Campinas-SP Como Uma Cidade Brasileira Com Alta Qualidade de Vida Urbana. BLOG: Fragmentos Dos Meus Uni-Versos. Brasil, 1 Nov. 2025. Disponível em: https://antoniogustavobr.blogspot.com/2025/11/principais-aspectos-que-destacam.html Acesso em: 17/12/2025

MOURA, Rosa; BRANCO, Maria Luisa Gomes Castello; FIRKOWSKI, Olga Lúcia  Castreghini de Freitas. Movimento Pendular E Perspectivas De Pesquisas Em Aglomerados Urbanos, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/spp/a/NWrbPYkHk5DXS3sh7yGBnSf/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 18/12/2025

IMPORTANTES ASPECTOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA SEGUNDO ESTIMATIVAS DO IBGE

No que se refere a população brasileira, conforme novas estimativas realizadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), podemos perceber que, apesar da população continuar crescendo mesmo que num ritmo mais lento do que em períodos anteriores, há acontecendo na dinâmica populacional uma tendência de envelhecimento populacional e, sobretudo, de redução tanto na média de fecundidade quanto na taxa de natalidade.

Isso basicamente significa dizer que mesmo com o desaceleramento no ritmo de crescimento, pois caiu a taxa de crescimento populacional, de 2010 a 2022, de 0, 88% para 0, 52%. Ainda passa a haver um acréscimo na quantidade total de pessoas, no entanto mudando o cenário da composição populacional do país com a presença de mais idosos, menos crianças nascidas e menor quantidade de filhos por mulher.

Na questão da população absoluta do Brasil, por exemplo, no censo do IBGE, em 2022, registrou a média de 203.062.512 brasileiros. Mais recentemente, segundo estimativas do IBGE, em 2025, o país chegou a um total de aproximadamente 213, 4 milhões de habitantes. Sendo as regiões Sudeste (1° lugar) e Nordeste (2° lugar) as mais populosas do Brasil. A projeção realizada pelo IBGE com base no censo de 2022 aponta que a população brasileira poderá começar a cair a partir de 2042.

Na questão da população idosa, por exemplo, de 2000 a 2023, em pouco mais de duas décadas, foi constatado que a proporção de idosos (60 anos ou mais) na população brasileira cresceu significativamente até mesmo quase conseguindo duplicar, elevando a média de 8,7% para 15,6%.

Na questão da quantidade de filhos por mulher, por exemplo, de 2000 a 2022, evidenciou que a taxa de fecundidade caiu de 2,32 para 1,55 filho por mulher. A menor taxa de fecundidade na história do Brasil. Destacando-se as regiões Sul e Sudeste na queda da fecundidade. E na questão  de nascimentos, de 2000 a 2022, o Brasil registrou diminuição de 3, 5 milhões de nascimentos para apenas 2, 5 milhões.

Tendo essa redução relação não muito com a pobreza, mas sim com a progressiva inserção da mulher no mercado de trabalho, maior nível de educação e mais acesso a métodos contraceptivos. Inclusive, tendo a ver também com mudanças comportamentais. 

Porque entre as mulheres que desejam ter filhos observa-se que estão postergando este momento, ou seja, as mulheres estão optando, na maioria das vezes, por adiar, decidindo agora a ter filhos só quando tiverem mais idade. Logo, passando a valorizar mais o desenvolvimento pessoal do que a maternidade. 

Além disso, ao longo do tempo importantes fatores foram essenciais ocasionando em elevar as condições de qualidade de vida da população brasileira, principalmente através de melhorias no espaço urbano, ampliação do acesso a saúde e serviços públicos de saneamento básico, impulsionando o aumento da expectativa de vida que, de 2000 a 2023, subiu de 71,1 para 76,4 anos.

Esse conjunto de resultados é um fenômeno populacional que consiste na denominada transição demográfica brasileira, revelando aspectos relacionados a redução da fecundidade e da natalidade assim como aspectos relacionados a desaceleração do crescimento populacional e ao aumento do envelhecimento populacional. Mesmo apresentando menor ou maior intensidade, variando de região para região, podemos dizer que no geral essas são características fundamentais que certamente auxiliam no conhecimento sobre a realidade atual da população brasileira.

TEXTO: ANTONIO GUSTAVO