Fernando Antônio Nogueira Pessoa (1888-1935) ou,
mais popularmente conhecido, Fernando Pessoa foi não só um dos principais
escritores protagonista na literatura moderna portuguesa como também um dos
maiores escritores a ocupar posição de destaque na literatura universal.
Merecidamente considerado por muitos como o melhor poeta do século XX. Apesar de toda riqueza literária produzida durante a sua vida, ainda assim, teve apenas um livro (Mensagem), em 1934, publicado e o devido reconhecimento, dado a dimensão do valor de sua obra, póstumo, já que atravessou sua existência praticamente desconhecido em meio a sua própria pátria.
Em relação aos seus escritos impossível é falar de Fernando Pessoa sem, ao mesmo tempo, mencionar o fenômeno literário dos heterônimos, tendo em vista que o uso dos heterônimos é algo marcante e predominante da maior parte das suas produções. Ele criou dezenas de heterônimos, dos quais os que mais ficaram famosos foram Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, aonde cada um possui biografia, estilo e personalidade própria.
Falando especialmente desse último (Alberto Caeiro) heterônimo de Fernando Pessoa, considerado o “mestre” dos demais heterônimos, podemos recomendar a leitura de “Poemas Completos de Alberto Caeiro”, tratando-se de um livro que contém um conjunto de poemas, basicamente organizado em três partes: O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e Poemas Inconjuntos. Dedicado à memória de outro poeta português Cesário Verde.
Alberto Caeiro (1889-1915) é um sujeito que passou quase toda sua vida no campo, numa aldeia do Ribatejo. Não teve profissão e nem, muito menos, alguma espécie de educação a nível formal, culta e erudita. Isso por si só explica bastante o fato de que através da leitura dos seus poemas, podemos perceber que ele adota uma linguagem coloquial, com elaboração de frases simples, desenvolvimento de comparações simples, fugindo das palavras rebuscadas e aproximando-se da linguagem falada. Escrevendo em forma de versos livres, com irregularidades métricas e, normalmente, ausências da utilização de rimas.
Alberto Caeiro vem nos oferecer uma maneira inédita e interessante acerca da percepção da natureza, palco dos acontecimentos escolhido pelo poeta; da realidade, referente ao tempo sempre vivendo e valorizando o presente, nunca, portanto, preso as memórias do passado ou agarrado às expectativas do futuro; e da peculiar relação que o poeta estabelecia espontaneamente, a sua maneira sinestésica, vendo e sentido, por vezes, pretendendo até se diluir com as “coisas”.
Sendo considerado não só, de certo modo, um “poeta das sensações”, mas também um “poeta da natureza”, ao passo de dar uma atenção maior aos acontecimentos sentidos na natureza e uma importância especial aos sentidos humanos, ou seja, tocar, falar, ouvir, sobretudo olhar e saborear, submetendo o pensar ao sentir. Nesse sentido, sua poesia é resultado do sensacionalismo e não do pensamento.
O próprio Alberto Caeiro vai reunir grande parte das suas ideias, de modo sintetizado, em apenas dois versos, dizendo: “Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la/E comer o fruto é saber-lhe o sentido”. Aqui o poeta recusa o pensamento e valoriza as sensações, transferindo as compreensões e os sentidos das “coisas”, se é que as “coisas” tem compreensões e sentidos, para a esfera do domínio das sensações como se, muitas vezes, a sensação fosse a única forma de alcançar a realidade.
O poema, assim, flui envolvendo os(as) leitores(as) com o despertar das sensações experimentadas pelo poeta ao ver, cheirar uma flor e ao saborear uma fruta. Em outros fragmentos de poemas, ambos pertencentes também ao livro “Poemas Completos de Alberto Caeiro”, de forma ainda mais clara, o poeta vai afirmar “(...)Porque pensar é não compreender...”, “(...)Eu não tenho filosofias: tenho sentidos...”.O heterônimo evoca novamente a noção de negação do pensar, já que o pensamento a rigor perturba e invariavelmente reduz o entendimento das “coisas” a meros conceitos.
Possuindo basicamente a crença de que as “coisas”, no geral, não têm significação, mas sim existência e é na sua existência que reside a matéria do seu próprio significado. Afinal, segundo as palavras do poeta “o mundo não se fez para pensarmos nele/ Pensar é estar doente dos olhos”. Retomando a valorização dos elementos do sentir que, dentre outras coisas, permite se despir das significações e/ou dos sentidos artificiais prévios para poder, então, essencialmente captar a singularidade das “coisas” e tentar traduzir em palavras do modo como elas mesmas naturalmente são.
Nesse sentido, não é difícil de perceber o papel de destaque que o heterônimo Alberto Caeiro do seu modo peculiar revela em parte significativa da inestimável obra poética de Fernando Pessoa. Certamente contribuindo para o Fernando Pessoa se constituir ao longo do tempo em um dos maiores clássicos da literatura portuguesa, moderna e universal.
Merecidamente considerado por muitos como o melhor poeta do século XX. Apesar de toda riqueza literária produzida durante a sua vida, ainda assim, teve apenas um livro (Mensagem), em 1934, publicado e o devido reconhecimento, dado a dimensão do valor de sua obra, póstumo, já que atravessou sua existência praticamente desconhecido em meio a sua própria pátria.
Em relação aos seus escritos impossível é falar de Fernando Pessoa sem, ao mesmo tempo, mencionar o fenômeno literário dos heterônimos, tendo em vista que o uso dos heterônimos é algo marcante e predominante da maior parte das suas produções. Ele criou dezenas de heterônimos, dos quais os que mais ficaram famosos foram Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, aonde cada um possui biografia, estilo e personalidade própria.
Falando especialmente desse último (Alberto Caeiro) heterônimo de Fernando Pessoa, considerado o “mestre” dos demais heterônimos, podemos recomendar a leitura de “Poemas Completos de Alberto Caeiro”, tratando-se de um livro que contém um conjunto de poemas, basicamente organizado em três partes: O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e Poemas Inconjuntos. Dedicado à memória de outro poeta português Cesário Verde.
Alberto Caeiro (1889-1915) é um sujeito que passou quase toda sua vida no campo, numa aldeia do Ribatejo. Não teve profissão e nem, muito menos, alguma espécie de educação a nível formal, culta e erudita. Isso por si só explica bastante o fato de que através da leitura dos seus poemas, podemos perceber que ele adota uma linguagem coloquial, com elaboração de frases simples, desenvolvimento de comparações simples, fugindo das palavras rebuscadas e aproximando-se da linguagem falada. Escrevendo em forma de versos livres, com irregularidades métricas e, normalmente, ausências da utilização de rimas.
Alberto Caeiro vem nos oferecer uma maneira inédita e interessante acerca da percepção da natureza, palco dos acontecimentos escolhido pelo poeta; da realidade, referente ao tempo sempre vivendo e valorizando o presente, nunca, portanto, preso as memórias do passado ou agarrado às expectativas do futuro; e da peculiar relação que o poeta estabelecia espontaneamente, a sua maneira sinestésica, vendo e sentido, por vezes, pretendendo até se diluir com as “coisas”.
Sendo considerado não só, de certo modo, um “poeta das sensações”, mas também um “poeta da natureza”, ao passo de dar uma atenção maior aos acontecimentos sentidos na natureza e uma importância especial aos sentidos humanos, ou seja, tocar, falar, ouvir, sobretudo olhar e saborear, submetendo o pensar ao sentir. Nesse sentido, sua poesia é resultado do sensacionalismo e não do pensamento.
O próprio Alberto Caeiro vai reunir grande parte das suas ideias, de modo sintetizado, em apenas dois versos, dizendo: “Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la/E comer o fruto é saber-lhe o sentido”. Aqui o poeta recusa o pensamento e valoriza as sensações, transferindo as compreensões e os sentidos das “coisas”, se é que as “coisas” tem compreensões e sentidos, para a esfera do domínio das sensações como se, muitas vezes, a sensação fosse a única forma de alcançar a realidade.
O poema, assim, flui envolvendo os(as) leitores(as) com o despertar das sensações experimentadas pelo poeta ao ver, cheirar uma flor e ao saborear uma fruta. Em outros fragmentos de poemas, ambos pertencentes também ao livro “Poemas Completos de Alberto Caeiro”, de forma ainda mais clara, o poeta vai afirmar “(...)Porque pensar é não compreender...”, “(...)Eu não tenho filosofias: tenho sentidos...”.O heterônimo evoca novamente a noção de negação do pensar, já que o pensamento a rigor perturba e invariavelmente reduz o entendimento das “coisas” a meros conceitos.
Possuindo basicamente a crença de que as “coisas”, no geral, não têm significação, mas sim existência e é na sua existência que reside a matéria do seu próprio significado. Afinal, segundo as palavras do poeta “o mundo não se fez para pensarmos nele/ Pensar é estar doente dos olhos”. Retomando a valorização dos elementos do sentir que, dentre outras coisas, permite se despir das significações e/ou dos sentidos artificiais prévios para poder, então, essencialmente captar a singularidade das “coisas” e tentar traduzir em palavras do modo como elas mesmas naturalmente são.
Nesse sentido, não é difícil de perceber o papel de destaque que o heterônimo Alberto Caeiro do seu modo peculiar revela em parte significativa da inestimável obra poética de Fernando Pessoa. Certamente contribuindo para o Fernando Pessoa se constituir ao longo do tempo em um dos maiores clássicos da literatura portuguesa, moderna e universal.
TEXTO: ANTONIO GUSTAVO
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