A arte abstrata, de modo geral, em relação a sua origem há vestígios que possibilitam para alguns estudiosos sustentar a ideia de que ela é tão antiga quanto a humanidade, existindo desde tempos antigos, remontando aproximadamente ao período pré-histórico.
Todavia, a arte abstrata de modo mais sistematizada, tal qual como nos é apresentada e conhecemos hoje em dia, veio a surgir só muito mais recentemente, a partir do início do século XX, na Europa. Com o artista de origem russa Kandinsky (1866-1944) que adquiriu nacionalidade alemã, em 1928, e também a francesa, em 1939, além de precursor do abstracionismo, pintor, teórico da arte, é considerado inegavelmente um dos maiores artista do abstracionismo nas artes plásticas.
Determinados estudiosos, inclusive, buscando dimensionar a genialidade do conjunto da sua obra chegaram ao ponto de afirmar que assim como foi durante o século XX a contribuição de Albert Einstein para física, a de Sigmund Freud para a psicanálise, foi, por sua vez, a contribuição de Kandinsky para a arte, algo, sem dúvida, muito importante.
Kandinsky, porém, antes de diretamente deixar propriamente sua marca no abstracionismo, no decorrer da sua trajetória no campo artístico, compartilhou certas experiências e conhecimentos com artes modernas como o impressionismo e simbolismo.
Nessa etapa podemos, a grosso modo, observar que ele basicamente buscava nas pinturas retratar uma relativa aproximação com elementos visuais da paisagem, da natureza e, assim, correspondência com figuras externas. Fazendo referência a esta etapa de produção artística o seu trabalho nomeado de “Impressões”.
Posteriormente com o abstracionismo, possuindo características diferenciadas, vamos agora observar que, ao invés de se ater as aparências, vai buscar, a medida do possível, alcançar as essências. Algo que passará a ser predominante nas suas obras pelo resto da vida.
Inaugurando essa nova etapa, em 1910, com sua “Primeira Aquarela Abstrata”, mantendo no ano seguinte, em 1911, formando o grupo “O Cavaleiro Azul” que funcionou até 1914 e após de forma bem mais madura e complexa com “Composição”. Resultando numa arte muito mais intuitiva, não-objetiva e não-figurativa.
Provocando com essa passagem, por exemplo, a mudança dos aspectos dominantes, pois se antes o foco da estética nas pinturas estava retratada pelo ver-exterior-visual passa a se manifestar preferencialmente mais na dimensão do sentir-interior-sensorial.
Sendo capazes de proporcionar para quem aprecia as pinturas, dentre outras coisas, tanto sensivelmente tocar na alma quanto produzir efeitos sinestésicos através da maneira singular com que incrivelmente ele consegue envolver na expressão da “linguagem” adotada, sobretudo, das cores e formas geométricas, que numa única pintura, normalmente podem suscitar diferentes sensações e transmitir diversas mensagens.
Contribuindo de modo fundamental para este desenvolvimento nas pinturas abstratas seu interesse e aproximação com a música, especialmente as de Arnold Schonberg (1874-1951). A medida em que permitiu ampliar a profunda relação que estabelecia entre sons e cores, músicas e pinturas. Transmitindo a ideia de que a pintura é, na verdade, uma coisa muito mais complexa do que uma simples representação da realidade.
Por esses e outros motivos, assim, apreciar as obras artísticas de Kandinsky é se dar a oportunidade de despertar os sentimentos, aguçar as percepções, estimular a imaginação, acessar diferentes visões e reconhecer o quão imensurável pode ser a riqueza do valor que mesmo, por vezes, passando despercebidos, há envolvido no artista e seu trabalho.
TEXTO: ANTONIO GUSTAVO
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