Longe de ser o que a princípio poderíamos ter a
possibilidade de pensar se tratar de algum tipo de história literária ou alguma
nova espécie de conto pelo motivo de possuir esse nome poético de rios
voadores, podendo ser tecnicamente também chamados de “cursos de água
atmosféricos” ou "cursos d’água aéreos", na verdade, apesar de ainda serem tão pouco conhecidos, eles
existem.
Até onde se sabe a existência dos rios voadores é do conhecimento de determinados estudiosos da meteorologia e hidrologia desde a década de 60, porém só algumas décadas posteriormente, com a colaboração de outros estudiosos interessados na questão, é que se foi capaz de aprofundar os conhecimentos e obter novas descobertas científicas. Conseguindo revelar importantes informações referentes aos rios voadores, tais como: a origem dos vapores, a formação de nuvens gigantes além da dinâmica do modo como interagem com a superfície da terra.
Rios voadores basicamente correspondem ao fenômeno natural através do qual se verifica a enorme quantidade de água liberada pela Floresta Amazônia em forma de massas de vapor d'água para a atmosfera, oriundas do processo de evapotranspiração, essa significativa quantidade de água vão sendo transportadas por meio de correntes de ar que em certos momentos, por fim, caem do céu em forma líquida, retornando para a terra em chuvas.
O processo de origem e formação acontece, de modo geral, da seguinte maneira: inicialmente, a água que evapora do oceano atlântico, formando as primeiras nuvens que são empurradas pelos ventos alísios passando depois pela floresta Amazônica, elevando expressivamente a sua umidade, incorporando mais água e formando mais nuvens. Essas massas de ar carregadas de grande quantidade de água em forma de vapor, em outro momento, viajam em direção a Cordilheira dos Andes, entretanto não conseguem ultrapassar e esbarram nas montanhas da Cordilheira dos Andes que apresentam uma altitude bastante elevada numa média de 4.000 metros, fazendo com que grande parte do curso d’água aéreo ao invés de seguir adiante mude sua trajetória curvando-se para o interior do território brasileiro, promovendo chuvas ao longo de amplas áreas do território nacional e de alguns outros países pertencentes ao subcontinente da América do Sul.
Na medida em que não unicamente, mas boa parte das chuvas que ocorrem dentro do território brasileiro nas regiões centro-oeste, sudeste e sul do país e em porções fora do Brasil nos países da Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai, Chile, são provenientes da Amazônia. Acredita-se que em determinados períodos do ano, inclusive, mais da metade das chuvas que acontecem especialmente com destino ao sudeste e centro-oeste brasileiro, chegam a serem decorrentes do fenômeno dos rios voadores que impressionantemente transportam umidades a longínquas distâncias (mais 3 mil km) na atmosfera da terra e favorecem a formação de nuvens densas carregadas de águas.
Evidenciando ao longo da dinâmica do acontecimento desse fenômeno natural, dentre outras características interessantes, a intrínseca relação que é estabelecida entre um elemento natural e outro, pois certamente é preciso ter floresta para se ter água e é preciso de água para se ter floresta. Tendo em que vista que segundo o INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), uma única árvore bem desenvolvida com copa de 10 metros de diâmetro é capaz de conseguir emitir uma média de 300 litros de água por dia, ou seja, uma quantidade muito mais que superior ao valor médio equivalente à água consumida durante um dia por uma pessoa ou até por uma família.
Nesse sentido, não é difícil perceber que o desequilíbrio em algum único desses elementos naturais (água ou floresta), já seria capaz de colocar em risco a existência dos rios voadores tal como os conhecemos e prejudicar a importante função natural que os mesmos desempenham.
Uma vez que agravamento das mudanças climáticas a partir, por exemplo, do desmatamento da floresta Amazônica, sobretudo em função da expansão da nova fronteira agrícola, negativamente implicará na redução da umidade em diferentes regiões do Brasil e de outros países, enfraquecendo o efeito dos rios voadores de amenizador do clima em algumas regiões com temperaturas mais elevadas assim como afetando a agricultura que poderá não mais contar com o mesmo regime de chuvas, consequentemente favorecendo a produção de climas inóspitos.
Portanto, podemos, assim, estimular a consciência ambiental ao verificar referente aos rios voadores a importância da proteção e valorização da Floresta Amazônica, evitando o seu desmatamento, afinal ela é indispensável para a existência desse fenômeno natural assim como podemos reconhecer que os rios voadores são extremamente importantes, não só no sentido de serem fundamentais para regular o clima do Brasil, mas também por naturalmente contribuírem com outros países.
TEXTO: ANTONIO GUSTAVO
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