Candido Portinari (1903-1962) nasceu em 30 de dezembro de 1903, filho de
imigrantes italianos, numa fazenda de café no interior de São Paulo. Depois se
mudou para a pequena cidade chamada Brodowski/SP, onde passou a maior parte da
época de sua infância e onde agora há o atual Museu Casa de Portinari.
Foi um dos mais importantes artistas brasileiros de todos os tempos, sendo considerado o pintor brasileiro que conseguiu alcançar a maior projeção internacional. Desde muito cedo Portinari já expressava o gosto e vocação pela arte, começando a pintar anos antes mesmo de completar 10 anos de idade, impressionando as pessoas com seus desenhos. Já atuava na sua cidade como ajudante na restauração de igrejas. Aos 15 anos, migrou do interior de São Paulo em direção a grande cidade do Rio de Janeiro. Em 1919, inicia os estudos na ENBA (Escola Nacional de Belas Artes).
Durante seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes, Portinari começa a aprimorar cada vez mais seus trabalhos artísticos e a despertar maior atenção das pessoas. Tentando em 1926 e 1927 ganhar o prêmio artístico da ENBA que equivalia a uma medalha de ouro e a uma viagem para a Europa, acaba destacando-se sobre outros participantes, entretanto não consegue ganhar. Até que, em 1928, em função da apresentação de uma pintura acadêmica diferente das anteriores, consegue ganhar o tão desejado prêmio da ENBA. Sendo agraciado, então, com a medalha de ouro e a viagem para a Europa.
Na aventura da sua viagem a Europa, apesar de ter visitado outros países europeu como a Itália, Inglarra, Espanha, opta por se estabelecer em Paris na França, onde ficou durante apenas 2 anos e, mesmo assim, constituiu-se num dos períodos positivamente decisivos para a sua vida tanto do ponto de vista pessoal quanto do ponto de vista profissional, pois foi lá na capital desse país europeu que teve a oportunidade de ter contato com outros importantes artistas assim como de conhecer a uruguaia de 19 anos, Maria Martinelli (1912-2006), com quem o artista passaria o resto de sua vida junto.
Além disso, outro detalhe importante é que após encerrar a sua viagem pela Europa e retornar ao Brasil, deparamo-nos, de certo modo, não só com uma nova versão de Portinari, no sentido de que o artista passa a colocar em prática mudanças na estética de sua obra, basicamente valorizando mais outros elementos, tais como: as cores e as ideias das pinturas.
Mas, também observarmos que o artista passa a cultivar um interesse mais profundo, sobretudo, pelas temáticas envolvendo questões sociais brasileiras, os cenários das terras brasileiras, na busca muitas vezes de uma interpretação sincera do meio, outras vezes de modo lírico e lúdico com algumas imagens e cenas remetendo ao tempo de sua infância.
Na década de 30 em diante revela-se um artista modernista preocupado com a consolidação de nova estética em andamento, mantendo no centro do seu interesse as temáticas sociais e elementos marcantes das terras brasileiras. Entre algumas das principais obras que podemos destacar do artista, em 1934, o seu quadro “O Lavrador de Café” através do qual retrata uma cena típica, no início do séxulo XX, das fazendas de café da sua região de origem, aparecendo na lavoura de café um trabalhador negro com enxada na mão e plantações ao fundo.
Também é desse mesmo ano de 34 o quadro “O Mestiço” que representa um dos personagens típicos da formação étnica do povo brasileiro, evidenciando no quadro um mestiço no campo. Ambos os quatros, “O Lavrador de Café” e “O Mestiço”, talvez ainda sejam os trabalhos mais conhecidos do artista. No ano seguinte produziu a obra “Café”, esse quadro o levou a torna-se o primeiro artista modernista premiado no exterior ao receber, em 1935, a segunda Menção Honrosa na Exposição Internacional do Carnegie Institute de Pittsburgh, nos Estados Unidos.
Entre os anos de 1936 e 1945, pintou vários painéis com o tema dos “Ciclos Econômicos do Brasil”, entre eles: Pau-Brasil , Algodão, Carnaúba, Fumo, Cana de Açúcar, Borracha, Cacau. Atividades essas que foram cada uma no seu respectivo período fundamental para a evolução econômica do país. Depois de concluídos esses painéis do artista compuseram o antigo prédio do MEC (Ministério da Educação e Cultura).
Em 1944, criou o quadro “Retirantes” que faz parte atualmente do acervo do MASP (Museu de Arte de São Paulo), retratando no quadro um período bastante difícil de miséria e fome vivido pelos migrantes nordestinos, retirando-se da sua região em busca de outra região com melhores condições de vida.
Em 1949, criou o painel “Tiradentes”, referindo-se ao importante mártir do episódio histórico brasileiro da inconfidência mineira. Esse painel levou o artista, em 1950, a receber a Medalha de Ouro da Paz, do II Congresso Mundial de Partidários da Paz, em Varsóvia.
Em 1952, começa a se dedicar aos dois grandes painéis “Guerra e Paz” que os terminou em 1956. Ambos os painéis foram criados para fazer parte da sede da ONU em Nova Iorque. No ano seguinte, em 1957, o artista é premiado com a Menção Honrosa no Concurso Internacional de Aquarela do Hallmark Art Award, de Nova York, pelos painéis Guerra e Paz.
A atividade de pintar que era algo tão presente na vida do artista o levou, de um lado, a produzir, sem dúvida, valiosíssimas pinturas, no entanto, de outro lado, fez com que ele fosse, infelizmente, vítima de intoxicação, devido à presença de substâncias tóxicas nas tintas. Morrendo, em 6 de fevereiro de 1962, aos 58 anos, porém deixando um imensurável legado artístico, dificilmente apagável com o tempo e poucas vezes igualado por outros artistas brasileiros. Na medida em que no conjunto de sua obra realizou um total de quase 5 mil pinturas, além de desenhos, gravuras, painéis e murais assim como alcançou forte prestígio nacional e internacional.
Por esses e outros motivos, assim, não é difícil de perceber a importância do artista brasileiro Candido Portinari com suas pinturas que ainda nos dias de hoje certamente nos inspiram intelectualmente, transmitem sentimentos e facilmente conduzem, dentre outras coisas, a refletirmos sobre aspectos tão interessantes pertencentes ao povo, a terra, a história, a geografia e a cultura brasileira.
08/03/2014
TEXTO: ANTONIO GUSTAVO
Foi um dos mais importantes artistas brasileiros de todos os tempos, sendo considerado o pintor brasileiro que conseguiu alcançar a maior projeção internacional. Desde muito cedo Portinari já expressava o gosto e vocação pela arte, começando a pintar anos antes mesmo de completar 10 anos de idade, impressionando as pessoas com seus desenhos. Já atuava na sua cidade como ajudante na restauração de igrejas. Aos 15 anos, migrou do interior de São Paulo em direção a grande cidade do Rio de Janeiro. Em 1919, inicia os estudos na ENBA (Escola Nacional de Belas Artes).
Durante seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes, Portinari começa a aprimorar cada vez mais seus trabalhos artísticos e a despertar maior atenção das pessoas. Tentando em 1926 e 1927 ganhar o prêmio artístico da ENBA que equivalia a uma medalha de ouro e a uma viagem para a Europa, acaba destacando-se sobre outros participantes, entretanto não consegue ganhar. Até que, em 1928, em função da apresentação de uma pintura acadêmica diferente das anteriores, consegue ganhar o tão desejado prêmio da ENBA. Sendo agraciado, então, com a medalha de ouro e a viagem para a Europa.
Na aventura da sua viagem a Europa, apesar de ter visitado outros países europeu como a Itália, Inglarra, Espanha, opta por se estabelecer em Paris na França, onde ficou durante apenas 2 anos e, mesmo assim, constituiu-se num dos períodos positivamente decisivos para a sua vida tanto do ponto de vista pessoal quanto do ponto de vista profissional, pois foi lá na capital desse país europeu que teve a oportunidade de ter contato com outros importantes artistas assim como de conhecer a uruguaia de 19 anos, Maria Martinelli (1912-2006), com quem o artista passaria o resto de sua vida junto.
Além disso, outro detalhe importante é que após encerrar a sua viagem pela Europa e retornar ao Brasil, deparamo-nos, de certo modo, não só com uma nova versão de Portinari, no sentido de que o artista passa a colocar em prática mudanças na estética de sua obra, basicamente valorizando mais outros elementos, tais como: as cores e as ideias das pinturas.
Mas, também observarmos que o artista passa a cultivar um interesse mais profundo, sobretudo, pelas temáticas envolvendo questões sociais brasileiras, os cenários das terras brasileiras, na busca muitas vezes de uma interpretação sincera do meio, outras vezes de modo lírico e lúdico com algumas imagens e cenas remetendo ao tempo de sua infância.
Na década de 30 em diante revela-se um artista modernista preocupado com a consolidação de nova estética em andamento, mantendo no centro do seu interesse as temáticas sociais e elementos marcantes das terras brasileiras. Entre algumas das principais obras que podemos destacar do artista, em 1934, o seu quadro “O Lavrador de Café” através do qual retrata uma cena típica, no início do séxulo XX, das fazendas de café da sua região de origem, aparecendo na lavoura de café um trabalhador negro com enxada na mão e plantações ao fundo.
Também é desse mesmo ano de 34 o quadro “O Mestiço” que representa um dos personagens típicos da formação étnica do povo brasileiro, evidenciando no quadro um mestiço no campo. Ambos os quatros, “O Lavrador de Café” e “O Mestiço”, talvez ainda sejam os trabalhos mais conhecidos do artista. No ano seguinte produziu a obra “Café”, esse quadro o levou a torna-se o primeiro artista modernista premiado no exterior ao receber, em 1935, a segunda Menção Honrosa na Exposição Internacional do Carnegie Institute de Pittsburgh, nos Estados Unidos.
Entre os anos de 1936 e 1945, pintou vários painéis com o tema dos “Ciclos Econômicos do Brasil”, entre eles: Pau-Brasil , Algodão, Carnaúba, Fumo, Cana de Açúcar, Borracha, Cacau. Atividades essas que foram cada uma no seu respectivo período fundamental para a evolução econômica do país. Depois de concluídos esses painéis do artista compuseram o antigo prédio do MEC (Ministério da Educação e Cultura).
Em 1944, criou o quadro “Retirantes” que faz parte atualmente do acervo do MASP (Museu de Arte de São Paulo), retratando no quadro um período bastante difícil de miséria e fome vivido pelos migrantes nordestinos, retirando-se da sua região em busca de outra região com melhores condições de vida.
Em 1949, criou o painel “Tiradentes”, referindo-se ao importante mártir do episódio histórico brasileiro da inconfidência mineira. Esse painel levou o artista, em 1950, a receber a Medalha de Ouro da Paz, do II Congresso Mundial de Partidários da Paz, em Varsóvia.
Em 1952, começa a se dedicar aos dois grandes painéis “Guerra e Paz” que os terminou em 1956. Ambos os painéis foram criados para fazer parte da sede da ONU em Nova Iorque. No ano seguinte, em 1957, o artista é premiado com a Menção Honrosa no Concurso Internacional de Aquarela do Hallmark Art Award, de Nova York, pelos painéis Guerra e Paz.
A atividade de pintar que era algo tão presente na vida do artista o levou, de um lado, a produzir, sem dúvida, valiosíssimas pinturas, no entanto, de outro lado, fez com que ele fosse, infelizmente, vítima de intoxicação, devido à presença de substâncias tóxicas nas tintas. Morrendo, em 6 de fevereiro de 1962, aos 58 anos, porém deixando um imensurável legado artístico, dificilmente apagável com o tempo e poucas vezes igualado por outros artistas brasileiros. Na medida em que no conjunto de sua obra realizou um total de quase 5 mil pinturas, além de desenhos, gravuras, painéis e murais assim como alcançou forte prestígio nacional e internacional.
Por esses e outros motivos, assim, não é difícil de perceber a importância do artista brasileiro Candido Portinari com suas pinturas que ainda nos dias de hoje certamente nos inspiram intelectualmente, transmitem sentimentos e facilmente conduzem, dentre outras coisas, a refletirmos sobre aspectos tão interessantes pertencentes ao povo, a terra, a história, a geografia e a cultura brasileira.
08/03/2014
TEXTO: ANTONIO GUSTAVO
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